Todos consideramos a leitura como uma habilidade natural e automática porque a realizamos sem esforço algum. Entretanto, para muitas crianças e adultos, o ato de ler é um verdadeiro pesadelo e esta é a realidade para 10 a 15% da população. A leitura é a habilidade mais difícil e complexa que a espécie humana desenvolveu. Embora sejam necessários muitos anos para aprender a falar, exigimos apenas um ano ou pouco mais para que as crianças aprendam a ler (Refs. 1-3). Ler não é intuitivo como falar. Embora haja uma área do córtex específica para a linguagem, isto não ocorre na leitura.
Quando se lê, há estimulação da parte posterior do cérebro, incluindo o lobo occipital, que se ativa pelo formato das letras. O giro angular transcreve os grafemas em fonemas e a região de Wernicke acessa o significado. Em síntese, percebe-se como são complexos os processamentos neurológicos da leitura e linguagem e, infelizmente, não concedemos aos alunos tempo adequado para este aprendizado.
Na realidade, a pressão atual é muito maior: Espera-se que crianças na educação infantil (antiga pré-escola) já sejam capazes de reconhecer uma letra, associá-la ao respectivo som e reconhecê-las em palavras. Não há dúvidas que há uma exigência excessiva desde cedo e muitas crianças não estarão maduras o suficiente para lidar com a complexidade exigida para a leitura (Refs. 4 - 23). As dificuldades podem afetar a autoimagem das crianças, como também seu interesse pelo aprendizado em geral, tornando a mágica do acesso à escola um terrível pesadelo. Por isto, é necessário identificar esta população e resgatá-las precocemente, antes que a leitura se transforme em uma dificuldade intransponível.
Excluindo-se os déficits mentais e a cegueira, a Dislexia de desenvolvimento e a Síndrome de Irlen são duas as principais causas especificas de aquisição da Leitura. A Dislexia vem sendo amplamente discutida e já há amplo conhecimento sobre a importância do apoio multidisciplinar que, não raro, será necessário ao longo de toda a vida de seu portador em suas formas mais severas de manifestação.
É oportuno que professores e gestores tenham acesso às informações sobre a Síndrome de Irlen.