ArticlePDF Available

O Desinteresse dos Alunos nas Aulas de Geografia: Estudo de Caso de Uma Escola Privada em Belém – PA

Authors:

Abstract

São várias as realidades e experiências com as quais o professor se depara na prática escolar. Entre as dificuldades está a falta de interesse do corpo discente nas aulas de Geografia. Buscando identificar alguns dos motivos que contribuem para que os alunos não tenham interesse nas aulas da referida disciplina, este trabalho tem como objetivo analisar, na perspectiva dos educandos, as principais causas da falta de interesse nas aulas de Geografia. Para tanto, foi realizada uma pesquisa em uma escola privada de Ensino Fundamental em Belém, estado do Pará, com um universo de 90 alunos de três turmas: 7º, 8º e 9º anos. Os resultados demonstraram que 43% pensam que a maior causa da falta de interesse nas aulas são as metodologias usadas pelos professores; para 30% o motivo é o caráter muito descritivo da Geografia; para 14% é a distância entre os conteúdos ministrados e a realidade; e para 10%, a principal causa é falta de interesse dos próprios alunos. Palavras-chave: Ensino de Geografia; Metodologias de Ensino; Aulas de Geografia. THE LACK OF INTEREST OF STUDENTS IN GEOGRAPHY CLASSES: A case study of a private school in Belém – PA ABSTRACT There are several realities and experiences that the teacher comes across in school practice. Among the difficulties is the lack of interest of the student body in Geography classes. Trying to identify some of the reasons that contribute to students not interested in the lessons of that discipline, this paper aims to analyze, from the perspective of students, the main causes of lack of interest in Geography classes. For this purpose, a survey was conducted in a private school of elementary school in Belem, state of Para, with a universe of 90 students from three classes: 7th, 8th and 9th grades. The results showed that 43% think that the major cause of the lack of interest in class are the methodologies used by teachers; to 30% the reason is very descriptive of Geography; 14% is the distance between the content taught and reality; and 10%, the main cause is lack of interest from the students themselves. Keywords: Geography Teaching; Teaching Methods; Geography Lessons. LA FALTA DE INTERÉS DE LOS ESTUDIANTES EN CLASES DE GEOGRAFÍA: Un estudio de caso de una escuela privada en Belém – PA RESUMEN Hay varias realidades y experiencias que el maestro viene a través de la práctica escolar. Entre las dificultades es la falta de interés de los estudiantes en las clases de Geografía. Tratar de identificar algunas de las razones que contribuyen a los estudiantes que no están interesados en las lecciones de esa disciplina, el presente trabajo tiene como objetivo analizar, desde la perspectiva de los estudiantes, las principales causas de la falta de interés en las clases de Geografía. Para ello, se realizó una encuesta en una escuela privada de la Educación Primaria en Belém, estado de Pará, con un universo de 90 estudiantes de tres clases: séptimo, octavo y 9º grados. Los resultados mostraron que el 43% piensa que la causa principal de la falta de interés en la clase son las metodologías utilizadas por los profesores; y el 30% de la razón es muy descriptivo de Geografía; 14% es la distancia entre el contenido enseñado y realidad; y el 10%, la causa principal es la falta de interés por parte de los propios estudiantes. Palabras clave: Enseñanza de la Geografía; Metodologías de Enseñanza; Lecciones de Geografía.
ISSN: 2446-6549
DOI: 10.18766/2446-6549/interespaco.v1n3p317-330
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 317
O DESINTERESSE DOS ALUNOS NAS AULAS DE GEOGRAFIA:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
Bacharel e Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Pará UFPA. Cursa
Especialização em Relações Étnico-raciais no Ensino Fundamental UFPA.
marcos_jonatas@hotmail.com
RESUMO
São várias as realidades e experiências com as quais o professor se depara na prática
escolar. Entre as dificuldades está a falta de interesse do corpo discente nas aulas de
Geografia. Buscando identificar alguns dos motivos que contribuem para que os
alunos não tenham interesse nas aulas da referida disciplina, este trabalho tem como
objetivo analisar, na perspectiva dos educandos, as principais causas da falta de
interesse nas aulas de Geografia. Para tanto, foi realizada uma pesquisa em uma escola
privada de Ensino Fundamental em Belém, estado do Pará, com um universo de 90
alunos de três turmas: 7º, 8º e anos. Os resultados demonstraram que 43% pensam
que a maior causa da falta de interesse nas aulas são as metodologias usadas pelos
professores; para 30% o motivo é o caráter muito descritivo da Geografia; para 14% é
a distância entre os conteúdos ministrados e a realidade; e para 10%, a principal causa
é falta de interesse dos próprios alunos.
Palavras-chave: Ensino de Geografia; Metodologias de Ensino; Aulas de Geografia.
THE LACK OF INTEREST OF STUDENTS IN GEOGRAPHY CLASSES:
A case study of a private school in Belém PA
ABSTRACT
There are several realities and experiences that the teacher comes across in school
practice. Among the difficulties is the lack of interest of the student body in
Geography classes. Trying to identify some of the reasons that contribute to students
not interested in the lessons of that discipline, this paper aims to analyze, from the
perspective of students, the main causes of lack of interest in Geography classes. For
this purpose, a survey was conducted in a private school of elementary school in
Belem, state of Para, with a universe of 90 students from three classes: 7th, 8th and
9th grades. The results showed that 43% think that the major cause of the lack of
interest in class are the methodologies used by teachers; to 30% the reason is very
descriptive of Geography; 14% is the distance between the content taught and reality;
and 10%, the main cause is lack of interest from the students themselves.
Keywords: Geography Teaching; Teaching Methods; Geography Lessons.
LA FALTA DE INTERÉS DE LOS ESTUDIANTES EN CLASES DE
GEOGRAFÍA: Un estudio de caso de una escuela privada en Belém PA
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 318
RESUMEN
Hay varias realidades y experiencias que el maestro viene a través de la práctica
escolar. Entre las dificultades es la falta de interés de los estudiantes en las clases de
Geografía. Tratar de identificar algunas de las razones que contribuyen a los
estudiantes que no están interesados en las lecciones de esa disciplina, el presente
trabajo tiene como objetivo analizar, desde la perspectiva de los estudiantes, las
principales causas de la falta de interés en las clases de Geografía. Para ello, se realizó
una encuesta en una escuela privada de la Educación Primaria en Belém, estado de
Pará, con un universo de 90 estudiantes de tres clases: séptimo, octavo y grados.
Los resultados mostraron que el 43% piensa que la causa principal de la falta de
interés en la clase son las metodologías utilizadas por los profesores; y el 30% de la
razón es muy descriptivo de Geografía; 14% es la distancia entre el contenido
enseñado y realidad; y el 10%, la causa principal es la falta de interés por parte de los
propios estudiantes.
Palabras clave: Enseñanza de la Geografía; Metodologías de Enseñanza; Lecciones
de Geografía.
INTRODUÇÃO
Na prática escolar são diversas as realidades e experiências com as quais o professor
se depara. Entre elas cabe destacar o desinteresse dos alunos nas aulas de geografia. Essa
situação de desinteresse tem graves reflexos no aprendizado dos alunos, uma vez que, estes
não prestam atenção nas aulas e acabam se distraindo com alguma outra atividade em sala
de aula, pouco se importando com a presença do professor e assim deixam de aprender o
assunto ao qual está sendo explicado. Diante dessa realidade torna-se imperioso
desenvolver um trabalho docente que tenha efetivamente como objetivo a aprendizagem
significativa (CAVALCANTI, 2008).
As causas dessa falta de interesse dos alunos nas aulas muitas vezes é
responsabilidade dos próprios professores. Como mostra Libâneo (1994), a falta de
entusiasmo do professor e a dificuldade de tratar os conteúdos de forma dinâmica
contribuem para tornar a aula enfadonha, chata e rotineira, levando os alunos a se
desinteressarem e a perderem o gosto pela escola.
As metodologias, em geral, não contribuem para despertar no aluno o interesse
pelos conteúdos geográficos e geralmente os professores acabam recorrendo ao uso
exclusivo dos livros didáticos quando há uma enorme variedade de recursos que podem ser
utilizados para tornar as aulas mais dinâmicas (LIBÂNEO, 1994). Desta forma nenhum
aluno se interessa por conteúdos que não possuem sentidos, que não possuem significados
(MAGNOLI, 2000). Os livros didáticos são apenas mais um recurso, mas não podem ser
os únicos e nem podem ensinar sozinhos, como acontece em muitas escolas (KIMURA,
2008).
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 319
Existem, conforme Libâneo (1994), inúmeras aulas e tarefas não atrativas que
contribuem para que o aluno perca o interesse pelas aulas e o gosto por estudar e não
relação entre os conhecimentos e as experiências que os alunos possuem. Dessa forma,
os alunos não sabem porque estudam aquele assunto e o resultado é que eles decoram
sem compreender os assuntos.
Este trabalho tem como objetivo analisar as principais causas da falta de interesse
dos alunos do Ensino Fundamental nas aulas de Geografia. O interesse na investigação
desse tema surgiu ainda na graduação, durantes os estágios docentes realizados no Ensino
Fundamental, em escolas privadas de Belém. Durante os estágios, era notória a falta de
interesse dos discentes nas aulas de Geografia e as reclamações dos alunos em relação à
forma como a disciplina é ensinada nas escolas. Após concluir a graduação decidi investigar
as causas que levavam o educando a não se interessar pelas aulas da disciplina. Neste
sentido, foi realizada a aplicação de questionários para um universo de 90 alunos de três
turmas de anos diferentes. Diante das causas apontadas pelos alunos, procurou-se
desenvolver também uma análise em cima das mesmas, mostrando, com base no
referencial teórico, o que pode ser feito para deixar as aulas mais atrativas aos alunos e
assim despertar neles o interesse pelo estudo desta disciplina.
Este trabalho envolveu um levantamento bibliográfico para subsidiar a elaboração
do marco teórico e conceitual, onde se utilizou com embasamento os trabalhos de Libâneo
(1994), Arroyo (1999), Cavalcanti (2008), Kimura (2008), Pontuschka, Paganelli e Cacete
(2009), Farias et al. (2011), entre outros autores.
Além disso, foi realizada uma pesquisa, no ano de 2013, com um universo de 90
alunos do Ensino Fundamental de uma escola privada de Belém, estado do Pará, em três
turmas: 7º, e anos. A intenção da referida pesquisa era identificar quais as principais
causas da falta de interesse dos alunos nas aulas de Geografia, na perspectiva dos próprios
discentes, pois gostaríamos de saber o que pensam os alunos sobre o ensino de Geografia
no Ensino Fundamental. Neste sentido, foi feita uma única pergunta a todos os 90 alunos
das três turmas. A saber, Em sua opinião, qual é a principal causa da falta de interesse dos
alunos nas aulas de Geografia?”.
Não foi abordada neste trabalho a falta de interesse dos alunos nas aulas de
Geografia na perspectiva dos professores, pois a intenção é identificar as principais causas
dessa falta de interesse a partir do ponto de vista dos educandos. Porém, em trabalho
posterior será discutida essa questão a partir da visão dos docentes.
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 320
CAUSAS DA FALTA DE INTERESSES DOS ALUNOS PELAS AULAS DE
GEOGRAFIA
A Geografia enquanto a ciência que estuda o espaço geográfico é tão importante
quanto a História, Biologia, Matemática e as outras disciplinas. A Geografia possibilita ao
aluno o conhecimento dos processos e das constantes transformações que ocorrem no
espaço geográfico, possibilita a localização do homem neste espaço, o estudo das diferentes
paisagens além de estudar a relação entre a sociedade e natureza.
Conforme afirma Oliveira (2001), cabe à Geografia levar o aluno a compreender o
espaço produzido pela sociedade em que vivemos hoje, suas desigualdades e contradições,
as relações de produção que nela se desenvolvem e a apropriação que essa sociedade faz da
natureza. Ou seja, a Geografia tem grande importância para o estudo do espaço geográfico
e do entendimento do que nele ocorre.
Não restam dúvidas que o Ensino de Geografia é de suma importância. Entretanto,
toda essa importância da Geografia para a sociedade não tem sido aproveitada pelos
alunos, pois estes apresentam constantes falta de interesses pelo estudo e pela
aprendizagem dos conhecimentos geográficos. Mas qual ou quais as causas de tanta falta de
motivação? Um dos objetivos deste trabalho é justamente responder a esta pergunta e é o
que será feito ao longo deste artigo.
O conhecimento geográfico é um dos mais antigos da história da humanidade,
porém, a sistematização da Geografia, enquanto ciência, só foi realizada no início do século
XIX e na sua origem, de acordo com Lacoste (1988), era uma área do conhecimento
meramente descritiva e esteve a serviço do poder, uma vez que, tinha uma função
ideológica, pois mascarava através de processos que não são evidentes, a utilidade prática
da análise do espaço, sobretudo para a condução da guerra, assim como para a organização
do Estado e a prática do poder.
Entretanto, esse caráter descritivo da Geografia atravessou gerações e ainda hoje é
muito evidente nas escolas tanto públicas quanto particulares, onde a referida disciplina é
conhecida pelo famoso método da “decoreba”, em que os alunos memorizam os
conteúdos sem tê-los de fato aprendido. Essa situação se perpetuou ao longo do tempo nas
escolas.
É bem verdade que tentativas de mudanças com a chamada “Geografia Crítica”,
que rompe com a “Geografia Tradicional”, marcada pelo caráter descritivo dos conteúdos.
Como afirma Vesentini (2008):
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 321
Desde alguns anos, no ensino de Geografia notadamente entre aquela parcela
do professorado preocupada com o papel social da escola e com a renovação de
suas lições vem ganhando corpo a ideia de que uma transição da Geografia
escolar tradicional descritiva, mnemônica, compartimentada para uma
Geografia escolar crítica (VESENTINI, 2008, p. 32).
Segundo Vesentini (2008), a Geografia Tradicional escolar tem como função
difundir uma ideologia patriótica e nacionalista, enaltecer o Estado-nação e inculcar de que
ele é natural e eterno, dar ênfase não à sociedade, mas à terra, ao território. Dessa forma,
ainda de acordo com o mesmo autor, a escola e a Geografia Tradicional escolar, foram e
são interligadas desde o século XIX, período em que a ciência geográfica foi sistematizada.
O questionamento da Geografia Tradicional surge, de acordo com Vesentini
(2008), com a insatisfação de professores e geógrafos com a disciplina, com seu caráter
descritivo e mnemônico e sua metodologia pouco séria. Além disso, o espaço mundial se
transformou, tornando-se descontinuo, móvel e difícil de ser captado por meras descrições
e a Geografia Tradicional, tanto a acadêmica quanto a escolar, não conseguiu mais explicar
esse espaço. Diante da crise da Geografia Tradicional, de acordo com Vesentini (2008),
surgem novas “Geografias” que a substituem e a Geografia Crítica é uma delas.
A Geografia Crítica:
Trata-se de uma Geografia que concebe o espaço geográfico como espaço
social, construído, pleno de lutas e conflitos sociais. Ele critica a Geografia
Moderna no sentido dialético do termo crítica: superação com subsunção, e
compreensão do papel histórico daquilo que é criticado (VESENTINI, 2008, p.
14).
Ao contrário da Geografia Tradicional, a Geografia Crítica propõe desenvolver no
aluno maior capacidade critico-reflexiva. “Ela se preocupa com a criticidade do educando e
não em arrolar fatos para que ele memorize” (VESENTINI, 2008, p. 14). Enfim:
Não se trata de ensinar fatos, mas de levantar questões, ou seja, negar o discurso
competente. Em outros termos, o conhecimento a ser alcançado no ensino, na
perspectiva de uma Geografia Crítica, não se localiza no professor ou na ciência
a ser “ensinada” ou vulgarizada, e sim no real, no meio em que aluno e
professor estão situados e é fruto da práxis coletiva dos grupos sociais. Integrar
o educando ao meio significa deixá-lo descobrir que pode tornar-se sujeito da
história (VESENTINI, 2008, p. 15).
Na Geografia Crítica, o ensino “não se trata de aplicar ou simplificar suas idéias e
conceitos para uso escolar. Trata-se fundamentalmente de buscar uma relação dialética
entre esse conhecimento mais crítico e a realidade do aluno” (VESENTINI, 2008, p. 33).
Assim, procura inibir o caráter meramente descritivo do Ensino de Geografia.
Porém, apesar das mudanças, a Geografia Tradicional persiste nas escolas públicas ou
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 322
privadas e junto com ela sobrevive também seu caráter descritivo (PONTUSCHKA;
PAGANELLI; CACETE, 2009). Apesar da persistência da Geografia Tradicional nas
escolas, de acordo com Vesentini (2008), ela vem perdendo terreno.
Em Belém, em muitas escolas persiste o ensino da Geografia Tradicional, centrada
na memorização, na descrição. Pouco se estimula o pensamento crítico-reflexivo dos
educandos. Mas a culpa nem sempre é do professor. Às vezes, o trabalho docente enfrenta
empecilhos, pois muitas escolas, como é o caso da escola em que foi realizada esta
pesquisa, não dispõem de recursos materiais s vezes não possuem nem biblioteca)
necessários para o professor ministrar, como dizem os alunos, “uma aula diferente”.
Entretanto, aqueles professores que se acomodam em sua prática educativa e assim a
Geografia Tradicional continua nas escolas, pois o professor tradicional não prepara suas
aulas depois de alguns anos de experiência (VESENTINI, 2008). Suas aulas são repetitivas,
pois ele as memorizou, a aula vira uma simples rotina e não necessidade de grandes
atualizações. Em compensação, surge o desinteresse dos alunos” (VESENTINI, 2008,
p.51).
A tabela abaixo mostra uma pesquisa realizada com um universo de 90 alunos de
três turmas em uma escola privada em Belém, Pará. Os alunos são das turmas: 7º, e
anos. Foi perguntado aos discentes sobre o que eles consideravam como as principais
causas dos desinteresses dos alunos nas aulas de Geografia. A pergunta foi feita de maneira
aberta e as respostas foram interpretadas de acordo com os termos usualmente utilizados
na academia.
Tabela 1 Causas do desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia
Causas do desinteresse dos alunos nas aulas
de Geografia
Quantidade de
respostas
Porcentagem
(%)
A metodologia utilizada pelo professor
39
43,3%
A disciplina é muito descritiva
27
30%
Falta de relação entre o conteúdo e a realidade
13
14,4%
Falta de interesse do aluno
9
10%
Fonte: o autor, 2013. Pesquisa de campo, 2013.
De acordo com a ampla maioria dos alunos entrevistados, 43,3% consideram que a
metodologia utilizada pelo professor é a maior causa da falta de interesse dos alunos nas
aulas de Geografia. Segundo os alunos, o professor não varia os recursos didáticos a serem
utilizados nas aulas. Na maioria das vezes, o professor recorre ao uso do velho e conhecido
livro didático.
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 323
Sobre o uso dos recursos didáticos, o depoimento a seguir revela o
descontentamento dos alunos com as práticas pedagógicas de muitos professores.
A aula ficaria bem mais agradável e produtiva se o professor variasse os
recursos didáticos. Por exemplo, se criasse um grupo de discussão em uma aula,
exibição de filme em outra e assim por diante. Mas toda aula é a mesma coisa, só
assunto copiado no quadro e livro didático (depoimento de uma aluna do
ano).
A falta de entusiasmo do professor e a dificuldade de tratar os conteúdos de forma
dinâmica contribuem para tornar a aula enfadonha e rotineira, levando os alunos a se
desinteressarem e até mesmo a perderem o gosto pela escola (LIBÂNEO, 1994).
O depoimento de outra aluna reitera que:
Muitas vezes, a aula se torna “chata”, porque o professor passa parte
considerável da aula lendo o livro didático. Às vezes queremos uma aula
diferente e quando a aula inicia lá vem de novo o professor pedindo para abrir o
livro em tal página e às vezes pede para nós lermos. Quando o professor o
usa o livro didático, ele utiliza apresentações em Power Point e vai lendo o que
aparece nos slides. Parece que existem essas maneiras de dar aula
(depoimento de um aluno do 8º ano).
A metodologia que o professor utiliza para trabalhar é, sem dúvida, uma das causas
da falta de interesse dos alunos pelos conhecimentos geográficos. Observa-se no
depoimento dos alunos que eles consideram as aulas monótonas e chatas pelo fato de o
professor não se esforçar para variar o uso dos recursos didáticos em sala de aula.
Além disso, vê-se recorrentemente o professor simplesmente “jogando”
informações sobre os alunos, sem sequer procurar saber sobre os conhecimentos prévios
que os alunos possuem a respeito daquele assunto e sem procurar conhecer e levar em
consideração a realidade dos alunos. Não considerar o conhecimento prévio dos alunos é,
segundo Libâneo (1994), umas das práticas que levam os alunos a perderem o interesse e o
gosto por estudar.
É necessário considerar no processo de ensino-aprendizagem o saber trazido de
casa pelo aluno. “Esse saber serve como porta de entrada para novos conhecimentos”
(KIMURA, 2008, p. 109) e, segundo o psicólogo norte-americano David Ausubel (1980)
apud Libâneo (1994), um dos traços mais típicos da aprendizagem significativa é relacionar
os novos conhecimentos com os conhecimentos que o aluno possui. Portanto,
desconsiderar os conhecimentos prévios dos alunos é um grande erro.
Além disso, os professores, geralmente, utilizam o livro didático como único
recurso didático em sala de aula, quando, na verdade, deveria ser mais um dos recursos que
o docente dispõe para sua pratica pedagógica. O professor está muito preso e
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 324
extremamente dependente do livro didático. É quase impossível imaginar um professor
trabalhando sem o livro didático.
Ademais, “o professor, ao escolher um livro didático, não pode fazê-lo de forma
aleatória, pois alguma reflexão necessita ser realizada se o mestre tem consciência de que o
alvo é, no presente caso, o aprendizado geográfico” (PONTUSCHKA; PAGANELLI;
CACETE, 2009, p. 340).
Além dessa dependência que o professor possui em relação ao livro didático, a
forma com que o docente trabalha com o livro em sala de aula também é enfadonha, uma
vez que os professores ao trabalharem o conteúdo em sala de aula lêem o assunto
estudado, ou escrevem no quadro para os alunos, o que torna a aula monótona e
extremamente desagradável. Como mostram Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009),
professores utilizando o livro didático como sua única bibliografia, copiando o assunto no
quadro com explicações rápidas do conteúdo e às vezes até mesmo sem explicações. Tais
práticas inibem o interesse até mesmo dos melhores alunos.
Existem livros didáticos que, além dos conteúdos geográficos, apresentam também
estratégias didáticas a serem desenvolvidas pelos alunos. Nessas condições “esses livros
acabam ensinando sozinhos, pois, em geral, os encaminhamentos estão determinados e
explicitados. Cabe apenas aos alunos lerem os textos, realizarem as atividades e
acompanharem as estratégias didáticas indicadas” (KIMURA, 2008, p. 22). Tais obras,
ainda segundo esta autora, se não substituem o professor, o dispensam de construir seu
fazer-pensar pedagógico, uma vez que ele já vem pronto.
uma enorme variedade de recursos didáticos que pode ser usada para dar mais
dinamicidade às aulas e assim torná-las mais agradáveis, tais como uso do laboratório de
informática, uso de representações gráficas como, por exemplo, desenhos, mapas mentais,
croquis, mapas, maquetes entre outras, debates, seminários, visitas de campo e outros
tantos procedimentos. O livro didático é sim um bom recurso, mas não pode o único. É
preciso variar o uso desses recursos. Libâneo ressalta que:
O ensino deve ser dinâmico, variado. Num dia a aula pode ser iniciada pela
explicação da matéria, em outro com tarefas como discussão, conversação,
relatos dos alunos, etc. Podem ser usadas ilustrações, gravuras, para dar mais
vida ao conteúdo. Uma parte da aula pode ser dada no pátio da escola (...)
(LIBÂNEO, 1994, p. 107).
Concordamos com Cavalcanti (2002), quando afirma que um uso indevido do
livro didático, uma vez que o professor que se encontra em sala de aula, na maioria das
vezes tem certa dependência do livro didático e não procura novos conteúdos que possam
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 325
complementar os assuntos do livro didático e assim tornar a aula mais produtiva e
dinâmica.
Neste sentido, não é exagero afirmar que esta postura tem contribuído para uma
aprendizagem mecânica a qual o corpo discente está submetido, que em nada o ajuda a dar
sentido aos saberes geográficos que tem aprendido em sala de aula. Esta é,
lamentavelmente, uma realidade que perdura em muitas escolas brasileiras, tanto públicas
quanto privadas.
Diante dessa situação, o ensino de geografia fica desacreditado, pois os alunos, de
maneira quase generalizada, não têm mais paciência para ouvir os professores fazerem
sempre a mesma coisa: pegar o livro didático e ler para a turma ouvir e depois dar uma
explicação ligeira ou encher os alunos de conteúdos sem abordá-los de maneira mais
profunda, para que os alunos possam entender de maneira mais prazerosa.
Outros 27 dos 90 alunos entrevistados, ou seja, 30% deles consideram como a
principal causa do desinteresse dos alunos nas aulas de o caráter descritivo que a disciplina
possui.
A Geografia escolar tem se caracterizado por ter um caráter descritivo e esta é uma
das causas da falta de interesse dos alunos pela disciplina. A mera descrição faz com que a
disciplina seja vista como decorativa, pois não se fazem relações do conteúdo com a
realidade. Neste sentido, podemos afirmar que a própria postura do professor em sala de
aula tem sido um dos motivos de tanta desmotivação por parte do corpo discente.
O professor de ao explicar os conteúdos para a turma, na maior parte das vezes,
simplesmente os descrevem e não se preocupa em mostrar que o que ele está explicando
pode ser visto pelos alunos no seu cotidiano. Muitas vezes, de acordo com Pontuschka,
Paganelli e Cacete (2009), o conteúdo o é nem explicado. Assim, os alunos, acabam
vendo aquele assunto como algo estranho à realidade deles e não como algo que eles
frequentemente vivenciam. Com a simples descrição de conteúdos, o aluno nem sabe o que
está estudando e acaba simplesmente memorizando os assuntos (LIBÂNEO, 1994).
Não consigo me interessar pelas aulas de Geografia. Aque me esforço, tento
prestar atenção nas aulas. Os conteúdos não têm relação com o nosso dia a dia,
com a minha vida. Muitas vezes o professor simplesmente descreve o conteúdo
sem estabelecer relações com as nossas vidas e acabamos tendo que memorizar
várias coisas sem sentido (depoimento de aluno do 9º ano).
O professor de Geografia precisa estabelecer relações entre o conteúdo e a
realidade e o apenas descrever tais conteúdos. Como afirma Magnoli (2000), o aluno tem
interesse de sobra naquilo que faz sentido. Libâneo (1994, p. 144) complementa que “o
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 326
domínio efetivo dos conhecimentos não se garante, pois, apenas pela memorização e
repetição das formulas e regras”.
As aulas são caracterizadas pelo verbalismo docente marcadas pelo afastamento do
conteúdo ministrado e o contexto político, social e econômico. Tais práticas em vez de
despertar o interesse dos alunos, aguçam o desinteresse deles pela Geografia escolar.
Às vezes o professor fala, fala e eu não entendo nada. o há como ter interesse
numa matéria que apenas repete o que está escrito no livro didático e que apenas
descreve os climas de um lugar, o tipo de vegetação desse lugar. Temos que
saber o nome de várias cidades, vários rios. Não sei para que isso vai me servir
(depoimento de aluno do 7º ano).
Não adianta descrever rios ou tipos de vegetação de um país ou regiões. O aluno
precisa compreender os conteúdos geográficos. A aprendizagem envolve:
Compreensão, pois o que se aprende sem compreender não é verdadeiro.
Estudar os nomes dos rios do Brasil ou da Rússia e os eixos viários que dão
acesso às principais metrópoles do país, somente será válido se for para a
construção de significados, ou seja, se esses estudos tiverem significados na vida
dos alunos (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2009, p. 30).
Magnoli (2000) afirma que uma das características do ensino tradicional de
Geografia é a descrição de paisagens. É preciso superar essa mera descrição. Ainda de
acordo com o mesmo autor, é necessário fazer um ensino que possua sentido e que mostre
relações e que não apenas descreva. É essa a Geografia que interessa ao aluno. Nenhum
aluno tem interessar em simplesmente decorar.
O professor enquanto mediador do processo de ensino-aprendizagem precisa
buscar novas maneiras de trabalhar em sala de aula e não se acomodar com a velha postura
do professor tradicional de ficar enchendo o quadro de conteúdos, sem procurar
entender a realidade e o dia a dia dos seus alunos e procurar relacionar tais conteúdos com
a vida.
É necessária uma mudança desta situação para que o aluno e a sociedade possam
ver a Geografia como uma disciplina que pode despertar através da abordagem dos
diversos aspectos da vida humana (economia, meio ambiente, cultura, etc.) um pensamento
crítico no aluno e possa se desvincular da imagem de disciplina decorativa e sem graça, que
é como a maioria dos alunos enxerga a Geografia.
A terceira maior causa da falta de interesse dos alunos nas aulas é, para 14% dos
estudantes, a falta de relação entre o conteúdo ensinado pelo professor e a realidade, o
contexto social. Diversos alunos reclamaram que o professor não estabelece relações entre
o conteúdo e a realidade. Desse modo, o conteúdo parece estranho à realidade dos alunos.
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 327
Muitos professores têm dificuldade para relacionar o conteúdo que está
ministrando à realidade, ao cotidiano de seus alunos. Dessa forma, o assunto perde
importância para o aluno, uma vez que ele não consegue ver ligação entre tal conteúdo e o
seu dia a dia.
Isso faz com que muitas vezes a Geografia seja vista como uma disciplina de difícil
aplicação ou mesmo sem quase nenhuma aplicabilidade, pois há uma grande distância entre
muitos conteúdos e a realidade dos alunos. “É preciso desenvolver o saber geográfico de
maneira contextualizada, colocando ao aluno as diversas facetas possíveis de uma
determinada questão, apresentando-lhe problemas a serem analisados” (KIMURA, 2008, p.
109).
De acordo com Libâneo (1994), o trabalho docente tem como ponto de partida e
de chegada a realidade social, política, econômica e cultural da qual tanto o professor
quanto os alunos são parte integrante. Ou seja, o trabalho docente o pode estar
desvinculado da prática social do professor e de seus alunos.
Um aluno do ano respondeu que ele não consegue ver uma ligação clara entre
parte dos conteúdos ministrados com sua realidade, com o bairro, a cidade e a escola, por
exemplo. Isso acontece porque não há uma preocupação por parte do professor em
estabelecer tais relações. Assim, o conteúdo torna-se sem significado para o aluno e isso
acaba levando o aluno a ter a equivocada ideia de que a Geografia é uma disciplina sem
aplicação, como relatou o aluno.
A Geografia não é uma disciplina estranha à realidade, como acham alguns alunos.
É como as demais ciências, um conhecimento plenamente aplicado na realidade. É preciso
que o professor de Geografia tenha em mente que é imprescindível fazer a relação do
conteúdo ministrado com o dia a dia do aluno, para que este aluno possa ver que aquele
conteúdo não é estranho à nossa realidade.
Concordamos com Magnoli (2000) que um aspecto importante do ensino de
Geografia é a capacidade de relacionar os conteúdos da disciplina com fatos da realidade e
da atualidade. Um professor com tal capacidade, sem dúvida, transformará a forma de o
aluno ver a geografia, enquanto disciplina escolar e também a forma de ver o mundo.
hoje uma infinidade de informações. Informações descontextualizadas não
fazem sentido para o aluno. O professor tem que: “problematizar questões da realidade
geográfica, na busca de sentido que colabore para a formação de uma consciência espacial,
reconhecendo a interação entre os elementos dessa realidade e o cotidiano da vida de
alunos e professores” (PONTUSCHKA; PAGANELLI; CACETE, 2009, p. 29).
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 328
Nesse sentido, existe a necessidade de se levar em consideração o conhecimento e a
importantíssima realidade do educando, a qual jamais deve ser desprezada e deve ser
tomada como referência para o estudo do espaço geográfico e seus processos.
É necessário que o professor leve em consideração a realidade de seus alunos e para
que isso seja possível é igualmente preciso que haja maior interação entre o professor e os
alunos. Arroyo (1999) defende que se mude a relação professor-aluno, pois atualmente o
professor ainda se mantém distante dos alunos.
É preciso que o professor relacione a teoria e a prática a fim de tornar o ambiente
escolar, para o aluno, um local do encontro com a própria realidade, com os processos que
ocorrem no espaço no qual habita, pois a construção da aprendizagem na Geografia é
baseada na consideração da realidade vivenciada no dia a dia para se buscar diversas
questões que levem o professor a realizar da melhor forma possível as explicações dentro
da sala de aula.
Desta maneira, o ensino de Geografia pode levar os alunos a compreenderem de
maneira mais ampla e abrangente a realidade que os cerca, possibilitando que nela
interfiram de forma mais consciente. Para que isso aconteça, é de fundamental importância
que os alunos dominem categorias, adquiram conhecimentos, dominem conceitos e
procedimentos básicos com os quais a Geografia trabalha e constitui suas teorias e
explicações, de maneira a poder não somente compreender as relações socioculturais e o
funcionamento da natureza às quais pertence, mas, sobretudo, também conhecer e ter a
capacidade de utilizar uma forma singular de pensar sobre a realidade.
Para outros 10% dos alunos entrevistados, a maior causa da falta de interesse nas
aulas de Geografia é o próprio desinteresse dos próprios alunos.
Muitas vezes se observa que vários alunos simplesmente não prestam atenção
nas aulas, seja nas aulas de Geografia ou de qualquer disciplina. Além disso,
ainda atrapalham aqueles alunos que querem prestar atenção nas aulas, que vem
para a escola com a intenção de estudar, que desejam aprender alguma coisa
(depoimento de aluno do 9º ano).
Outro colega afirma que:
nas aulas é comum grupos de alunos conversando, atrapalhando as aulas e
acabam prejudicando os alunos que vem para a escola para adquirir
conhecimento. Um aluno que conversa durante as explicações não tem interesse
em aprender. Por isso, entendo que muitas vezes o aluno é o próprio
responsável pelo seu desinteresse nas aulas (depoimento de aluno do 8º ano).
Em relação a essas questões é preciso reconhecer que existem sim alunos
desinteressados, que vai para a aula muitas vezes para “passar o tempo”, que passam a
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 329
maior parte das aulas em brincadeiras e conversando com outros colegas e acabam
atrapalhando o apenas os seus colegas, mas também o próprio professor que, diversas
vezes, tem que interromper a aula para chamar a atenção dos grupinhos nas salas de aula.
Entretanto, os professores e suas práticas pedagógicas também têm contribuído
bastante para a falta de interesse dos alunos nas aulas de Geografia. É necessário que o
professor possa buscar alternativas para dinamizar suas aulas e deixá-las menos monótonas
e enfadonhas. Como mostra Magnoli (2000), às vezes, o aluno não se interessa pela aula
porque ele não tem sua curiosidade despertada por alguns tipos de aulas que se limitam ao
uso do livro didático e outros recursos mecânicos. Porém, se o professor buscar usar em
sala de aula, recursos que venham tornar suas aulas mais dinâmicas e menos monótonas,
isso irá despertar os interessados de um grupo bem maior de alunos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O docente necessita buscar novas metodologias e recursos de ensino para a sala de
aula, deixando de trabalhar apenas com o livro didático e com assuntos que não m
relação com o cotidiano e com a realidade dos educandos. Isso acaba desencadeando
desinteresse pelas aulas de Geografia, tida por muitos alunos como uma disciplina
decorativa e sem graça. Diante dessa situação incômoda, a Geografia enquanto ciência que
estuda o espaço geográfico perde a sua importância como matéria útil para que o educando
possa ler e pensar o espaço sobre o qual habita.
Nesse sentido, é fundamental encurtar a distância do aluno com o seu próprio
espaço, com sua própria realidade e fazer relações para que eles possam interpretar
diferentes realidades a partir da própria realidade deles. É necessário partir da realidade do
aluno para que ele possa compreender as outras realidades a partir da realidade que ele
vivencia cotidianamente.
Para que o ensino de Geografia passe a ter sentido para os alunos, é necessário que
o professor diversifique seus recursos didáticos e não se prenda apenas ao uso do livro
didático, o qual, segundo Kimura (2008), tem, muitas vezes, ensinado sozinho. Além disso,
é preciso estabelecer relações dos conteúdos ensinados com a realidade social tantos dos
alunos quanto dos professores, para que o aluno possa realmente saber o que está
estudando e não apenas decore os conteúdos.
Corroboramos com Pontuschka, Paganelli e Cacete (2009) que o trabalho
pedagógico na Geografia tem que permitir que o aluno assuma posições diante dos
ISSN: 2446-6549
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia:
Estudo de caso de uma escola privada em Belém PA
Marcos Jonatas Damasceno da Silva
InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015
Página 330
problemas enfrentados na família, na escola, no trabalho, na sua cidade, fazendo do aluno,
efetivamente, um agente de mudanças desejáveis para a sociedade.
REFERÊNCIAS
ARROYO, Miguel G. Ciclos de Desenvolvimento Humano e Formação de Educadores.
Revista Educação e Sociedade, Campinas, ano 20, n. 68, especial, p. 143-162, dez. 1999.
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Ensino de Geografia: práticas e textualizações
no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2002.
CAVALCANTI, L. S. Geografia e prática de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
CAVALCANTI, L. S. A Geografia escolar e a cidade: ensaios sobre o ensino de
Geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas, SP: Papirus, 2008.
FARIAS, I. M. S. [et al.]. Didática e docência: aprendendo a profissão. 3. ed. Brasília:
Liber Livro, 2011, 192 p.
KIMURA, S. Geografia no ensino básico: questões e propostas. o Paulo: Contexto,
2008, 217 p.
LACOSTE, Yves. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas,
SP: Papirus, 1988.
LIBÂNEO, J. C. Didática. o Paulo: Cortez, 1994, 263 p. (Coleção magistério. Série
formação do professor).
MAGNOLI, D. Geógrafo defende renovação continuada de professor. 2001.
Disponível em: <http://www2.uol.com.br/aprendiz/n_revistas/revista_educacao/maio01
/entrevista.htm>. Acesso em: 15 out. 2015.
OLIVEIRA. Elvira de. Geografia: o Brasil e o mundo em detalhes. São Paulo: Klick, 2001.
(Coleção Fique por Dentro).
PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. e CACETE, N. H. Para ensinar e aprender
Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
VESENTINI, J. W. Para uma Geografia Crítica na escola. São Paulo: Editora do autor,
2008.
Recebido para publicação em 07/11/2015
Aceito para publicação em 13/01/2016
... A escolha de fazer esse estudo com alunos do ensino médio foi devido à faixa etária, que os classificam como pertencentes à GI. Já a disciplina Geografia foi escolhida devido ao fato das autoras do artigo perceberem o desinteresse dos alunos nessa disciplina; desinteresse que pode gerar graves reflexos no aprendizado, como alerta Silva (2015). Aguiar (2014) esclarece a importância da Geografia no auxílio aos alunos na compreensão da realidade do mundo no qual ele vive, a interpretar as relações entre a sociedade e o meio físico. ...
... Geografia é a ciência que estuda os fenômenos naturais e humanos do planeta, como por exemplo, seus acidentes físicos, climas, relevo, populações e suas relações com o ambiente. Silva (2015) amplia esse conceito e demonstra a importância dessa ciência ao lembrar que: ...
Article
Diante do paradoxo da importância do ensino da Geografia e o desinteresse dos alunos por essa disciplina, esse artigo teve como objetivo investigar quais Tecnologias Digitais da Informação e Comunicação (TDIC) são usadas na sala de aula pelos professores de Geografia do ensino médio do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), bem como verificar se o uso dessas tecnologias tem despertado o interesse dos alunos nas aulas dessa disciplina. Optou-se pela pesquisa científica de natureza qualitativa e, de acordo com o objetivo traçado, os tipos escolhidos de pesquisa foram: descritiva e exploratória. Em relação aos procedimentos técnicos, escolheu-se o estudo de caso no CEFET-MG Campus I. Como instrumentos de coleta de dados, foram realizadas observação sistemática nas salas de aula e aplicação de questionários aos alunos. Os resultados permitem afirmar que as TDIC podem diminuir o desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia, devido ao fato dessas tecnologias atuarem como mediadoras no processo de ensino e aprendizagem, tornando suas aulas mais significativas, dinâmicas e motivadoras. Como contribuição e no intuito de aproveitar o interesse crescente dos jovens e a popularização dos smartphones, esse estudo propôs algumas tecnologias digitais possíveis como recursos pedagógicos a serem utilizados na disciplina de Geografia.
Chapter
A Geografia é uma ciência interdisciplinar com alto potencial e valor didático, seja através do método teórico ou prático, a qual aliada ao conhecimento empírico é capaz de transformar as concepções do individuo enquanto participante ativo da vida social e coletiva. A intenção do presente trabalho é proporcionar aos alunos do Ensino Fundamental das escolas dos municípios de Jardim e Guia Lopes da Laguna (MS), o desenvolvimento de habilidades cognitivas, que aprimorem as observações aprendidas em sala de aula através exercícios práticos desenvolvidos em laboratório com o manuseio de amostras litológicas, com uma abordagem que almeja despertar o interesse deles para as Geociências. O Núcleo de Educação e Divulgação (NED) que administra o projeto CAP – CEPEMA - USP, apoia a iniciativa de operar com a Metodologia das atividades práticas dentro da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Jardim.
Article
Full-text available
Os ciclos não são mais uma proposta isolada de algumas escolas, a nova LDB os legitimou e estão sendo adotados por muitas redes escolares. Este texto se pergunta pelo tipo de profissional que está sendo formado nessa modalidade de organização do trabalho pedagógico. A reflexão está estruturada em duas partes. A primeira reflete sobre o caráter formador do repensar das concepções e práticas de formação que acontecem na implantação dos ciclos. A segunda parte reflete sobre as virtualidades formadoras de todo o processo de desconstrução de uma estrutura centrada nas Temporalidades ou Ciclos do Desenvolvimento Humano.
Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano
  • Antonio Castrogiovanni
  • Carlos
CASTROGIOVANNI, Antonio Carlos. Ensino de Geografia: práticas e textualizações no cotidiano. Porto Alegre: Mediação, 2002.
Didática e docência: aprendendo a profissão. 3
FARIAS, I. M. S. [et al.]. Didática e docência: aprendendo a profissão. 3. ed. Brasília: Liber Livro, 2011, 192 p.
Geografia: o Brasil e o mundo em detalhes
  • Elvira De
OLIVEIRA. Elvira de. Geografia: o Brasil e o mundo em detalhes. São Paulo: Klick, 2001. (Coleção Fique por Dentro).
Estudo de caso de uma escola privada em Belém -PA Marcos Jonatas Damasceno da Silva InterEspaço Grajaú/MA v. 1
  • O Desinteresse
  • De Geografia
O desinteresse dos alunos nas aulas de Geografia: Estudo de caso de uma escola privada em Belém -PA Marcos Jonatas Damasceno da Silva InterEspaço Grajaú/MA v. 1, n. 3 p. 317-330 Ed. Especial 2015 Página 330
Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra
  • Yves Lacoste
LACOSTE, Yves. Geografia: isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas, SP: Papirus, 1988.
Geografia: o Brasil e o mundo em detalhes. São Paulo: Klick
  • Elvira Oliveira
  • De
OLIVEIRA. Elvira de. Geografia: o Brasil e o mundo em detalhes. São Paulo: Klick, 2001. (Coleção Fique por Dentro).
Para ensinar e aprender Geografia. 3
  • N N Pontuschka
  • T Paganelli
  • N H Cacete
PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. e CACETE, N. H. Para ensinar e aprender Geografia. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
Geografia escolar e a cidade: ensaios sobre o ensino de Geografia para a vida urbana cotidiana
  • L S Cavalcanti
CAVALCANTI, L. S. A Geografia escolar e a cidade: ensaios sobre o ensino de Geografia para a vida urbana cotidiana. Campinas, SP: Papirus, 2008.
Geografia no ensino básico: questões e propostas
  • S Kimura
KIMURA, S. Geografia no ensino básico: questões e propostas. São Paulo: Contexto, 2008, 217 p.