Nas últimas décadas temos assistido a grandes alterações no mundo, mudanças em diversas dimensões, tanto a nível económico, político, cultural e sociológico, em grande medida fruto da globalização. Atualmente esta realidade tem afetado todas as sociedades, umas com maior, outras com menor gravidade. Angola está atravessar uma forte crise económica e financeira por causa da queda dos preços do barril de petróleo e, com isso instalou-se uma incerteza dentro do país, ou seja, aumentou o desemprego, a precariedade e a instabilidade nos locais de trabalho. Como consequência há a perceção de que o país está perder o seu capital humano qualificado, sobretudo estudantes que residem na diáspora e que se mostram reticentes em regressar devido à instabilidade em que se encontra o país. No entanto, habitamos num mundo de alterações repentinas, em que somos afetados por tudo o que fazemos e que não fazemos, para o bem ou para o mal, somos empurrados para uma ordem global que não entendemos na sua totalidade, mas cujos efeitos já se fazem sentir em todos nós (Giddens, 2000: 19). Desta nova ordem global faz farte a emigração massiva de quadros qualificados dos países em desenvolvimento para os países desenvolvidos, juntamente com a crise dos refugiados. Nesta tese procuramos essencialmente perceber se há “fuga de cérebros” em Angola, identificar as motivações da mobilidade angolana, e de igual forma descrever o impacte destas saídas no desenvolvimento do país. A presente investigação é realizada através de uma pesquisa exploratória e descritiva, sedimentada numa pesquisa qualitativa, onde a principal fonte de recolha de dados foi um conjunto de 26 entrevistas com emigrantes angolanos. Para a análise da informação recolhida foram relevantes duas hipóteses que guiaram a investigação, e que os resultados que obtivemos confirmam: em Angola, o problema da chamada “fuga de cérebros” é um dos fatores que podem estar a atrasar o desenvolvimento; este problema parece estar a agravar-se, pois à medida que há cada vez mais jovens angolanos com qualificações mais elevadas, também aumenta o número do que optam por sair do seu país de origem, com prováveis prejuízos para o desenvolvimento do país.
In the last decades we have witnessed major changes in the world, changes in various dimensions, both economically, politically, culturally and sociologically, largely as a result of globalization. Today this reality has affected all societies, some with larger, others with less severity. Angola is going through a severe economic and financial crisis because of falling oil prices and, as a result, there has been uncertainty within the country, which means increased unemployment, precariousness and instability in the workplace. As a consequence, there is a perception that the country is losing its qualified human capital, especially students living in the diaspora who are reluctant to return due to the instability of the country. However, we live in a world of sudden change, where we are affected by everything we do (and don't), for better or worse, we are pushed into a global order that we do not fully understand but whose effects are already present in all of us (Giddens, 2000: 19). This new global order is filled with the massive emigration of skilled workers from developing to developed countries, along with the refugee crisis. In this thesis we essentially seek to understand if there is a “brain drain” in Angola, to identify the motivations of Angolan mobility, and to describe the impact of these outputs on the country's development. This research is conducted through an exploratory and descriptive research, based on a qualitative research, where the main source of data collection was a set of 26 interviews with Angolan emigrants. For the analysis of the information we collected, two hypotheses that guided the research were relevant, and were partially confirmed by the results: in Angola, the problem of the so-called “brain drain” is one of the factors that may be holding back development; this problem seems to be getting worse, despite the increase in the number of young Angolans with higher qualifications, given the number of those who choose to leave their home country, with probable losses to the country's development.