ArticlePDF Available

Columba livia and Pitangus sulphuratus as environmental indicators in urban areas

Authors:

Abstract and Figures

Biological communities have been widely used to evaluate environmental impacts and, in urban areas, they are important instruments to determine the environmental quality of this ecosystem. The main goal of this work was to study the potential of the Columba livia and Pitangus sulphuratus as bioindicators of urban environmental quality, and thus, evaluate the influence of this environment in the ecology of these species. Six neighborhoods in Uberlândia, Minas Gerais, Brazil, were selected for this research and four observation spots were established in each neighborhood. The data was collected during the following intervals: 7:00-9:00, 12:00-14:00 and 16:00-18:00. Each interval was sampled twice a season (twice in the wet season and twice during the dry season), totalizing 144 h. The researched areas were characterized according to the level of urbanization and the intensity of flow of both vehicles and people. Columba livia can be considered as a bioindicator of negative environmental quality because it was more abundant in areas with high flow of vehicles and people. Pitangus sulphuratus, although common in urban areas, wasn't considered a good bioindicator of urban environmental quality because no correlation was found with the your abundance and human direct intervention and not with the level of impact areas.
Content may be subject to copyright.
ARTIGO
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras
de qualidade ambiental em área urbana
Suélen Amâncio1,2, Valéria Barbosa de Souza2 e Celine Melo2
Rua Rio Grande do Sul, 1087, 38400-650, Uberlândia, MG, Brasil. E-mail: suelenbio24@yahoo.com.br
Laboratório de Ornitologia e Bioacústica, Instituto de Biologia, Universidade Federal de Uberlândia. Rua Ceará, s/n, 38400-902, Uberlândia,
MG, Brasil. E-mails: valerybsouza@yahoo.com.br e celinemelo@gmail.com
Recebido em: 15/06/2007. Aceito em: 04/03/2008.
ABSTRACT: Columba livia and Pitangus sulphuratus as environmental indicators in urban areas. Biological communities
have been widely used to evaluate environmental impacts and, in urban areas, they are important instruments to determine the
environmental quality of this ecosystem. The main goal of this work was to study the potential of the Columba livia and Pitangus
sulphuratus as bioindicators of urban environmental quality, and thus, evaluate the influence of this environment in the ecology
of these species. Six neighborhoods in Uberlândia, Minas Gerais, Brazil, were selected for this research and four observation spots
were established in each neighborhood. The data was collected during the following intervals: 7:00-9:00, 12:00-14:00 and 16:00-
18:00. Each interval was sampled twice a season (twice in the wet season and twice during the dry season), totalizing 144 h. The
researched areas were characterized according to the level of urbanization and the intensity of flow of both vehicles and people.
Columba livia can be considered as a bioindicator of negative environmental quality because it was more abundant in areas with
high flow of vehicles and people. Pitangus sulphuratus, although common in urban areas, wasn’t considered a good bioindicator of
urban environmental quality because no correlation was found with the your abundance and human direct intervention and not
with the level of impact areas.
KEYWORDS: bioindicator, urban environment, Columba livia, Pitangus sulphuratus.
RESUMO: A utilização de comunidades biológicas para avaliação de impactos ambientais vem sendo amplamente difundida, e
no ambiente urbano é uma ferramenta útil na determinação da qualidade ambiental desse ecossistema. O objetivo do trabalho
foi determinar o potencial de Columba livia e Pitangus sulphuratus como bioindicadores de qualidade ambiental urbana, e assim,
avaliar a interferência deste ambiente nas populações das espécies estudadas. Foram selecionadas seis áreas em Uberlândia (MG),
com quatro pontos cada. As coletas ocorreram nos horários de 7:00-9:00, 12:00-14:00 e 16:00-18:00. Cada intervalo foi amostrado
duas vezes por estação (chuvosa e seca), totalizando 144 h. Foi realizada a caracterização das áreas quanto à urbanização, fluxo de
veículos e pessoas. Columba livia pode ser considerada uma bioindicadora de qualidade ambiental negativa, pois foi encontrada em
maior abundância em áreas com alta movimentação de pessoas e veículos. Pitangus sulphuratus mesmo sendo comum no ambiente
urbano não foi considerada bioindicadora de qualidade ambiental urbana, pois não foi encontrada correlação de sua abundância com
a intervenção humana direta nem com o nível de impacto das áreas.
PALAVRASCHAVE: bioindicação, ambiente urbano, Columba livia, Pitangus sulphuratus.
1.
2.
mutum-do-nordeste (Mitu mitu) e arara-azul-pequena
(Anodorhynchus glaucus)].
O processo de urbanização ocorre de forma acele-
rada e como conseqüências têm-se efeitos intensivos e
localizados que provocam profundas alterações nos siste-
mas naturais e na paisagem original das cidades e, con-
sequentemente, nos padrões de qualidade ambiental do
meio urbano. Dessa forma, em face às ações antrópicas, a
vegetação natural desaparece gradativamente dos centros
urbanos e cede lugar à paisagem construída (Pereira et al.
2005).
Mendonça-Lima e Fontana (2000) afirmaram que,
em decorrência às essas mudanças, muitos animais, prin-
cipalmente as aves, têm encontrado refúgios para sua so-
brevivência em áreas urbanas como praças, bosques, par-
A Região Sudeste vem sendo historicamente desma-
tada, onde a cobertura florestal do estado de Minas Gerais
foi reduzida a 2% do original (Andrade 1997). A redução
da cobertura florestal a fragmentos pequenos tem trazido
conseqüências negativas para a avifauna (Marini 1996)
como a diminuição no número de espécies mais especia-
lizadas, e manutenção em sua maioria, das generalistas
(D’Angelo Neto et al. 1998).
De acordo com Marini e Garcia (2005) as interven-
ções humanas afetaram, significativamente, as espécies de
aves que habitam os ecossistemas naturais brasileiros. A
resposta das aves a essas alterações varia desde aquelas que
se beneficiaram com as alterações do habitat e aumenta-
ram suas populações [p. ex., bem-te-vi (Pitangus sulphu-
ratus)], até aquelas que foram extintas da natureza [p. ex.,
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1):32-37
março de 2008
ques, hortos, cemitérios, que de alguma forma, mantém
um mínimo de arborização. Neste contexto, a arborização
urbana é um dos fatores primordiais a ser contemplado no
planejamento urbano de cidades, pois desempenha neste
ambiente uma referência para qualidade de vida (Pereira
et al. 2005).
A utilização de comunidades biológicas para avalia-
ção de mudanças e impactos ambientais vem sendo am-
plamente difundida, e no ambiente urbano é uma ferra-
menta útil na determinação da qualidade ambiental deste
ecossistema. Muitos grupos animais ou espécies têm sido
propostos como indicadores da qualidade ambiental, po-
rém poucos estudos abordam a questão essencial sobre a
correlação entre o status do indicador e as mudanças nas
variáveis ambientais (Ramos et al. 2006).
As aves são indicadores biológicos interessantes, pois
possuem comportamento conpíscuo, são de fácil e rápi-
da identificação, têm elevada diversidade e especialização
ecológica, são de fácil amostragem, riqueza de infor-
mações sobre elas e são altamente sensíveis a distúrbios
(Rutschke 1987, Stotz et al. 1996). O conhecimento das
exigências ecológicas de muitas famílias, gêneros e espé-
cies de aves pode ser suficiente em diversas situações para
indicar condições ambientais às quais são sensíveis (Do-
natelli et al. 2004).
Columba livia (Gmelin 1789), “pomba doméstica” foi
introduzida no Brasil no século XVI. É comum em cidades
e fazendas, onde nidifica em construções e edificações hu-
manas. É uma espécie abundante em praças públicas, pois
consome restos de alimento no chão (Sigrist 2006). No
Brasil, gera problemas sanitários pelos dejetos que produz e
pelo seu potencial na transmissão de doenças (Sick 1997).
Pitangus sulphuratus (Linnaeus 1766), “bem-te-vi” é
uma das espécies mais comuns em quase todo o Brasil,
ocorrendo em diversos tipos de ambientes, inclusive ur-
banos. Possui dieta onívora e é agressiva (Sigrist 2006).
Ajusta-se a qualquer meio e descobre facilmente novas
fontes de alimentos (Sick 1997).
Segundo Matarazzo-Neuberger (1995), as aves são
partes significativas da fauna urbana, e com o crescimento
acelerado das cidades, torna-se importante o estudo da
ecologia desses organismos neste ecossistema. Muitos le-
vantamentos já foram realizados nestes ambientes (Argel-
de-Oliveira 1995, Franchin e Marçal Júnior 2002, 2004),
porém na região tropical pouca atenção tem sido dada aos
estudos envolvendo as respostas da avifauna aos processos
de urbanização (Reynaud e Thioulouse 2000, Marzluff
et al. 2001, Lim e Sodhi 2004).
O objetivo do trabalho foi realizar uma estimativa
populacional de duas espécies comuns em ambientes ur-
banos (Columba livia e Pitangus sulphuratus) e determinar
quais são os fatores que interferem na abundância e distri-
buição dessas aves, e a partir destes, avaliar o potencial de
serem indicadoras da qualidade (positiva ou negativa) em
ambientes urbanos.
MÉTODOS
O trabalho foi realizado entre os meses de junho de
2006 e março de 2007 no ambiente urbano do município
de Uberlândia, MG (18°52’34”S; 48°15’21”O), que está
inserido no domínio do Cerrado (lato sensu) (Araújo et al.
1997). O clima na região apresenta sazonalidade eviden-
te com verão chuvoso (outubro a março) e inverno seco
(abril a setembro) (Rosa et al., 1991).
Foram amostrados 24 pontos distribuídos igualmen-
te em seis áreas. Os quatro pontos de cada área estavam a
uma distância mínima de 100 m, para diminuir a sobre-
posição entre eles. Estas áreas foram escolhidas de acordo
com o grau de urbanização, fluxo de pessoas e de veículos
que conjuntamente resultaram em três níveis distintos
(baixo, médio e alto) de qualidade ambiental. Para cada
nível foram amostradas duas áreas.
O grau de urbanização foi classificado em nível 1,
quando a área construída e/ou pavimentada era de até
30%; nível 2, quando possuía de 30% a 70% de área
construída e/ou pavimentada; e em nível 3, para áreas
com 100% de construção e/ou pavimentação.
Os fluxos de veículos e pessoas foram registrados nos
três períodos de coleta de dados (07:00-09:00, 12:00-
14:00 e 16:00-18:00 h), totalizando 72 h. Para fluxo de
pessoas, estimado em número de indivíduos por hora, fo-
ram considerados os seguintes níveis: 1) quando inferior
a 100; 2) entre 100 e 300; e 3) superior a 300. O fluxo de
veículos, mensurado em número de veículos por hora, foi
classificado em: 1) se inferior a 200; 2) entre 300 e 600; e
3) quando superior a 600.
Em cada ponto, os parâmetros foram medidos seis
vezes, e para a classificação das áreas quanto ao nível de
impacto foram calculadas as médias dos três parâmetros
(urbanização, fluxo de veículos e pessoas) (Tabela 1).
A abundância de cada espécie foi obtida pelo núme-
ro de indivíduos contatados em cada ponto, em um raio
de cobertura de aproximadamente 20 m. As observações
foram em seções de 15 minutos, cobrindo três intervalos
horários: 7:00-9:00, 12:00-14:00 e 16:00-18:00 h. Cada
intervalo horário foi amostrado duas vezes por estação
TABELA 1: Caracterização prévia das áreas estudadas de acordo com
os parâmetros urbanização, fluxo de veículos e pessoas.
TABLE 1: Characterization of the studied areas according to the level
of urbanization, intensity of flow of both vehicles and people.
Impacto Bairros
Média dos parâmetros:
urbanização, fluxo de
veículos e pessoas
Baixo Morada da Colina (B1) 1,6
Alto-Umuarama (B2)
Médio Tabajaras (M1) 2,21
Santa Mônica (M2)
Alto Centro (A1) 2,34
Taiamam (A2)
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de qualidade ambiental em área urbana
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo 33
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
(chuvosa e seca) nas áreas. Assim, foram feitas 24 h por
área, totalizando 144 horas de observação.
Para as análises, foi feita a média horária de indivídu-
os registrados por espécie, fluxo de veículos e de pessoas,
levantados nos oito pontos de cada nível de impacto. O
teste de normalidade utilizado foi Shapiro-Wilk. O Co-
eficiente de Correlação de Pearson (r) foi utilizado para
correlacionar a abundância das espécies e o fluxo de veí-
culos e de pessoas. O Teste Kruskal-Wallis (H) foi reali-
zado para verificar se havia diferença na abundância das
espécies de acordo com o horário. O Teste de Mann-Whi-
tney (Z) foi calculado para constatar se ocorreu diferença
na abundância de cada espécie entre as duas estações es-
tudadas. Qui-Quadrado (χ2) foi calculado para constatar
se existiu diferença na abundância das espécies de acordo
com o nível de impacto. Utilizou-se o software BioEstat
3.0 (Ayres et al. 2003).
RESULTADOS
Todas as áreas apresentaram o mesmo padrão para
fluxo de veículos, nas quais as maiores intensidades fo-
ram entre 12:00-14:00 e 16:00-18:00 h. Nas áreas com
alto impacto, o fluxo de pessoas foi mais intenso entre
07:00-09:00 e 12:00-14:00 h, enquanto que para áreas
de médio e baixo impacto foi entre 07:00-09:00 e 16:00-
18:00 h (Figura 1).
As áreas com alto impacto apresentaram eleva-
da abundância de Columba livia em ambas as estações,
seca e chuvosa (Figura 2). Sua abundância foi correla-
cionada positiva e significativamente ao fluxo de pesso-
as (r = 0,862; gl = 16; p = 0,000) e veículos (r = 0,924;
gl = 16; p = 0,000). A população de C. livia não sofreu
flutuação acentuada, e consequentemente não apresentou
variação significativa entre as duas estações seca e chuvosa
nas áreas estudadas (Z = 0,4804; U = 15; p = 0,631).
Em cada área, C. livia apresentou um padrão dife-
renciado de horário de atividade. Nas áreas com baixo
impacto, foi mais abundante entre 12:00-14:00 h, en-
quanto que em áreas com médio e alto impacto concen-
trou sua atividade nos horários de 07:00-09:00 e 16:00-
18:00 h (Figura 3). Para C. livia foi possível constatar
diferença significativa na abundância de acordo com os
horários estudados nas duas estações (H = 15,9708; gl =
5; p = 0,0069) e sua abundância foi maior em áreas de
alto impacto tanto na estação seca (χ2 = 209,09; gl = 2;
p = 0,00) e quanto na chuvosa (χ2 = 129,92; gl = 2;
p = 0,00).
Pitangus sulphuratus não sofreu influência da sazona-
lidade, mantendo padrão similar de sua abundância entre
as estações (Z = 1,0408; U = 11,5; p = 0,298). Não hou-
ve diferença na sua abundância entre os níveis de impacto
das áreas na seca (χ2 = 3,49; gl = 2; p = 0,174) quanto na
chuva (χ2 = 4,89; gl = 2; p = 0,087) (Figura 2).
FIGURA 1: Fluxo de veículos e pessoas nas áreas com diferentes níveis
de impacto de acordo com o horário.
FIGURE 1: Vehicles and people flow in areas with different levels of
impact in accordance with the schedule.
FIGURA 2: Abundância (N/hora) de Columba livia e Pitangus
sulphuratus na estação seca e chuvosa pelo nível de impacto das áreas.
FIGURE 2: Columba livia and Pitangus sulphuratus abundance (N/
hour) in the dry and rainy season for the level of impact in areas
FIGURA 3: Abundância (N/hora) de Columba livia na estação seca e
chuvosa por horário.
FIGURE 3: Columba livia abundance (N/hour) in the dry and rainy
season in accordance with the schedule
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de qualidade ambiental em área urbana
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo
34
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
Na estação seca, P. sulphuratus apresentou maior ati-
vidade no início da manhã e final de tarde, enquanto na
chuvosa, foi observado um declínio nos registros ao lon-
go dia (Figura 4). Embora não tenha ocorrido diferença
na abundância entre os horários (H = 10,4886; gl = 5;
p = 0,0625) foi observada uma tendência a concentrar ati-
vidade no início da manhã. Diferente de C. livia, a abun-
dância de Pitangus sulphuratus não foi correlacionada sig-
nificativamente ao fluxo de pessoas (r = -0,1168; gl = 16;
p = 0,6445) e veículos (r = -0,179; gl = 16; p = 0,4772).
DISCUSSÃO
A urbanização altera a composição da comunidade
de aves, pois aumenta o sucesso de espécies que apresen-
tam relações específicas com o homem e diminui para
aquelas que necessitam de habitats naturais (Anjos e La-
roca 1989, Donnely e Marzluff, 2006). A estrutura do
ambiente urbano pode influenciar a distribuição e abun-
dância da avifauna, e fatores como grau de urbanização,
arborização e fluxos de veículos e pessoas podem ser os
principais indicativos desta influência.
Alguns estudos já foram realizados para compreender
a interferência da urbanização sobre a avifauna neste tipo
de ambiente, e a conseqüência mais imediata é a redução
da diversidade em zonas de maior antropização (Mata-
razzo-Neuberger 1995, Argel-de-Oliveira 1995, Men-
donça-Lima e Fontana 2000, Blair 1996; Clergeau et al.
2001, Donnely e Marzluff, 2006, Torga et al. 2007).
As cidades, independente de sua localização geográ-
fica, seguem um padrão em sua estrutura. Geralmente,
bairros mais periféricos possuem um menor grau de área
construída e vegetação mais similar àquela encontrada
em áreas naturais, enquanto os bairros centrais possuem
grande quantidade de prédios, pouca arborização e eleva-
do número de pessoas (Jokimäm e Suhonen 1993; Rey-
naud 1995, Reynaud e Thioulouse 2000).
No presente trabalho, foi possível verificar que esta
estrutura influencia o tamanho populacional de espécies
de aves comuns neste ambiente como Columba livia e Pi-
tangus sulphuratus. Columba livia foi registrada em maior
abundância em áreas com alto índice de urbanização
(presença de pessoas, prédios, resíduos e movimentação
de veículos), pois depende diretamente dos produtos dis-
ponibilizados pelo homem (Anjos e Loroca 1989, Gibbs
et al. 2001, Rose et al. 2006). Pitangus suphuratus parece
não depender do grau de urbanização, pois foi mais en-
contrado em áreas com baixo e médio impacto.
Para as duas espécies estudadas não foi possível
constatar flutuação populacional durante o ano. Segundo
Jokimäm e Suhonen (1993, 1998), no ambiente urbano
não existe uma evidente variação em relação à oferta de
recursos entre as estações, como ocorre em ambientes na-
turais. Isto proporciona a possibilidade das espécies pre-
sentes nestas áreas, manterem suas populações com baixas
flutuações durante o ano.
A distribuição das aves no ambiente urbano está di-
retamente relacionada com as respostas individuais das es-
pécies à heterogeneidade ambiental destes locais. O ajuste
das espécies ocorre, provavelmente, por razões de sobrevi-
vência como, por exemplo, Columba livia, que é favoreci-
da pela oferta abundante de abrigo e alimento e ausência
de predadores (Nunes 2003, Donnely e Marzluff, 2006).
Alguns trabalhos realizados em áreas temperadas (Buijs
e Wijnen, 2004, Rose et al. 2006, Savard et al. 2000) e
tropicais (Anjos e Loroca 1989) confirmaram a correlação
positiva entre o aumento populacional de C. livia e a alta
densidade populacional humana, edificações e resíduos
orgânicos.
Em áreas temperadas, C. livia era encontrada em
ambientes naturais, sua dieta baseava-se em grãos, folhas
verdes e ocasionalmente invertebrados. Sua nidificação
ocorria em áreas rochosas litorâneas, porém com o avanço
da urbanização e a perda de habitat, conseguiu ajustar-se
ao ambiente urbano e atualmente é dependente direta da
presença humana e explora todas as vantagens destas áreas
(Gibbs et al. 2001, Polomino e Carrascal 2006).
De acordo com Emlen (1974), Columba livia e Pas-
ser domesticus não são afetadas pela alta urbanização, pois
são gregárias e despendem baixo custo na defesa e ma-
nutenção de território, podendo assim, ser encontradas
de forma abundante em centros urbanos. Um estudo de
controle e manejo realizado em ambiente urbano na Eu-
ropa mostrou que C. livia nidifica preferencialmente em
áreas próximas aos locais utilizados para alimentação, ge-
ralmente regiões centrais e comerciais (Rose et al. 2006).
Pitangus sulphuratus, mesmo sendo uma espécie
comum em áreas urbanas (Sigrist 2006), não apresen-
ta correlação entre o número de indivíduos e os fatores
analisados, fluxo de veículos e pessoas, que consistem em
FIGURA 4: Abundância (N/hora) de Pitangus sulphuratus na estação
seca e chuvosa por horário.
FIGURE 4: Pitangus sulphuratus abundance (H/hour) in the dry and
rain season in accordance with the schedule.
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de qualidade ambiental em área urbana
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo 35
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
uma interferência humana direta. Lim e Sodhi (2004)
mostraram que em regiões tropicais, as espécies onívoras
geralmente, não se aproveitam de restos de alimentos pro-
duzidos pela ação antrópica, mas sim de novas fontes de
recursos disponibilizados nas áreas urbanizadas.
Ruszczyk et al. (1987) realizaram um estudo em
Porto Alegre (RS) que verificou a influência do gradien-
te urbano no padrão de distribuição de oito espécies,
incluindo Pitangus sulphuratus, e constataram que esta
possuía distribuição em todo o ambiente urbano, sendo
mais abundante nas proximidades do centro da cidade.
Este fato não foi detectado no presente estudo, possivel-
mente pela diferença na estrutura e localização das duas
cidades.
A presença de um gradiente urbano possibilita uma
ampla variedade ambiental, com diferenças na oferta de
recursos e estrutura física (Blair 1996, Torga et al. 2007).
Esta instabilidade ecológica resulta em padrões de ativida-
des diversificadas entre as áreas e horário estudados para
uma mesma espécie, pois cada setor da cidade possui ca-
racterísticas próprias. Em áreas de alto impacto, C. livia
demonstrou que sua atividade e abundância estão correla-
cionadas à presença humana (Anjos e Loroca 1989), isto
pôde ser evidenciado em horários de pico de movimenta-
ção de pessoas.
Em regiões tropicais, poucos trabalhos são realizados
para demonstrar a capacidade das aves como indicadoras
ambientais (Rutschke 1987, Donatelli et al. 2004, Ramos
et al. 2006), sendo importante a realização de estudos da
constante interferência humana nas áreas urbanas sobre as
populações das aves. As duas espécies estudadas são exem-
plos de aves que se ajustaram ao meio urbano e, mes-
mo sendo comuns nestes ambientes podem ser utilizadas
como indicadoras de qualidade ambiental urbana.
Este estudo demostrou que Columba livia, em am-
biente urbano, pode ser considerada uma espécie indi-
cadora de qualidade ambiental negativa, pois as áreas
com maior nível de interferência antrópica suportam
altas populações, sendo dependentes dos recursos produ-
zidos pelo homem para sua sobrevivência. Este fato foi
bem visualizado nas áreas com alto impacto. Pitangus
sulphuratus não pode ser considerada uma bioindicadora
de qualidade ambiental urbana, pois não foi encontrada
correlação de sua abundância com a intervenção humana
direta (fluxo de pessoas e veículos) e nem entre os níveis
de impacto das áreas.
AGRADECIMENTOS
Somos gratas a: Oswaldo Marçal Júnior; Everton T. Pedroso,
Cyntia A. Arantes e Zélia da P. Pereira pelas críticas ao manuscrito. A
Carlos E. R. Tomé pela revisão do Abstract. Ao CNPq pela bolsa de
Iniciação Científica concedida à primeira autora durante o desenvolvi-
mento deste e à FAPEMIG pelo apoio na divulgação em evento. Aos
corretores anônimos pelas pertinentes críticas e sugestões.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Andrade, M.A. (1997). A vida das aves. Belo Horizonte: Fundação
Acangaú.
Araújo, G.M.; Nunes, J.J.; Rosa, A.G. e Resende, E.J. (1997).
Estrutura comunitária de vinte áreas de cerrado residuais no
município de Uberlândia, MG. Daphne, 7(2):7-14.
Argel-de-Oliveira, M.M. (1995). Aves e vegetação em um bairro
residencial da cidade de São Paulo (São Paulo, Brasil). Revista
Brasileira de Zoologia, 12(1):81-92.
Anjos, L. dos e Loroca, S. (1989). Abundância relativa e diversidade
específica em duas comunidades urbanas de aves de Curitiba (Sul
do Brasil). Arquivos de Biologia e Tecnologia, 32(4):637-643.
Ayres, M.; Ayres-Junior, M. e Santos, A.S. (2003). BioEstat 3.0:
aplicações estatísticas nas áreas das ciências biológicas e médicas.
Belém: Sociedade Civil Mamirauá.
Blair, R.B. (1996). Land use and avian species diversity along urban
gradient. Ecological Applications 6(2):506-519.
Buijs, J.A. and Wijnen, J.H.V. (2004). Survey of feral rock doves
(Columba livia) in Amsterdam, a bird-human association. Urban
Ecosystems, 5(4):235-241.
Clergeau, P.; Jokimäki, J. and Savard, J.P.L. (2001). Are urban birds
communities influenced by the diversity of adjacent landscape?
Journal of Applied Ecology, 38:1122-1134.
D’angelo-Neto, S.; Venturin, N. e Oliveira-Filho, A.T. (1998). Avifauna
de quarto fisionomias florestais de pequeno tamanho (5-8 ha) no
campos da UFLA. Revista Brasileira de Biologia, 58(3):463-47.
Donatelli, R.J.; Costa, T.V.V. e Ferreira, C.D. (2004). Dinâmica
da avifauna em fragmento de mata na Fazenda Rio Claro,
Lençóis Paulista, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia,
21(1):97-114.
Donnelly, R. e Marzluff, J.M. (2006). Relative importance of habitat
quantity, structure, and spatial pattern to birds in urbanizing
environments. Urban Ecosystems, 9:99-117.
Emlen, J.T. (1974). An urban bird community in Tucson, Arizona:
derivation, structure, regulation. Condor, 76:184-197.
Franchin, A.G. e Marçal-Júnior, O. (2002). A riqueza da avifauna
urbana em praças de Uberlândia (MG). Revista Eletrônica
Horizonte Científico, 1(1):1-20.
Franchin, A.G. e Marçal-Júnior, O. (2004). A riqueza da avifauna
do Parque do Sabiá, zona urbana de Uberlândia (MG). Biotemas,
17(1):179-202.
Gibbs, D.; Barnes, E. and Cox, J. (2001). Pigeons and Doves: A guide
to the Pigeons and Doves of the World. New Haven, Connecticut:
Yale University Press.
Jokimäki, J. e Suhonen, J. (1993). Effects of urbanization on the
breeding bird species richness in Finland: a biogeographical
comparison. Ornis Fennica 70:71-77.
Jokimäki, J. and Suhonen, J. (1998). Distribution and habitat
selection of wintering birds in urban environments. Landscape and
Urban Planning, 39:253-263.
Lim, H.C. and Sodhi, N.S. (2004). Responses of avian guilds to
urbanization in a tropical city. Landscape an Urban Planning,
66:199-215.
Marini, M.A. (1996). Menos mata, menos pássaros. Ciência Hoje,
20(1):15-22.
Marini, M.A. e Garcia, F.I. (2005). Conservação de aves no Brasil.
Megadiversidade, 1(1):95-102.
Marzluff, J.M.; Bowman, R. and Donnelly, R. (2001). A historical
perspective on urban bird research: trends, terms, and approaches,
p. 1-17. Em: Marzluff, J. M., R. Bowman e R. Donnelly (ed).
Avian ecology and conservation in an urbanizing world. Boston:
Kluwer Academic Published.
Matarazzo-Neuberger, W.M. (1995). Comunidade de aves de cinco
parques e praças da Grande São Paulo, Estado de São Paulo.
Ararajuba, 3:13-19.
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de qualidade ambiental em área urbana
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo
36
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
Mendonça-Lima, A. e Fontana, C.S. (2000). Composição, freqüência
e aspectos biológicos da Avifauna de Porto Alegre Country Clube,
Rio Grande do Sul. Ararajuba, 8(1):1-8.
Nunes, V.F.P. (2003). Pombos urbanos: o desafio de controle. Biológico
65(1-2):89-92. http://www. biologico.sp.gov.br/biológico/ (Acesso
em 15/1/2007).
Pereira, G.A.; Monteiro, C.S.; Campelo, M.A. e Medeiros, C. (2005).
O uso de espécies vegetais, como instrumento de biodiversidade
da avifauna silvestre, na arborização pública: o caso do Recife.
Atualidades Ornitológicas, 125:10-18.
Polomino, D. and Carrascal, L.M. (2006). Urban influence on birds
at a regional scale: A case study with the avifauna of northern
Madrid province. Landscape and urban planning, 77:276-290.
Ramos, C.A.; Carvalho-Júnior, O. e Nasi, R. (2006). Animais como
indicadores: Uma ferramenta para acessar a integridade biológica
após a extração madeireira em florestas tropicais? Belém: IPAM.
Reynaud, P.A. (1995). Avifauna diversity and human population in
some West African urbanized areas; comparison with the tropical
town of Cayenne, French Guiana, p. 478-497. Em: Bellan, D., G.
Bonin e C. Emig (eds). Functioning and dynamics of natural and
perturbed ecosystems. Lavoisier: Intercept Ltd.
Reynaud, P.A. and Thioulouse, J. (2000). Identification of birds
as biological markers along a neotropical urban-rural gradient
(Cayenne, French Guiana), using co-inertia analysis. Journal of
Environmental Management, 59:121-140.
Rosa, R.; Lima, S.C. e Assunção, W.L. (1991). Abordagem preliminar
das condições climáticas de Uberlândia (MG). Sociedade &
Natureza, 3:91-108.
Rose, E.; Haag-Wackernagel, D. and Nagel, P. (2006). Pratical use
of GPS-localization of Feral Pigeons Columba livia in the urban
environment. IBIS, 148(2):231-239.
Ruszczyk, A.; Rodrigues, J.J.S.; Robert, T.M.T.; Bentati, M.M.A.;
Del Pino, R.S.; Marques, J.C.V. and Melo, M.T.Q. (1987).
Distribution patterns of eight species in the urbanization gradient
of Porto Alegre, Brazil. Ciência e Cultura, 39(1):14-19.
Rutschke, E. (1987). Waterfowl as bio-indicators, p. 167-172. Em:
International Council for Bird Preservation Technical Publication.
Cambridge: International Council for Bird Preservation.
Savard, J.P.L.; Clergeau, P. and Mennechez, G. (2000). Biodiversity
concepts and urban ecosystems. Landscape and Urban Planning,
48:131-142.
Sick, H. (1997). Ornitologia Brasileira. Rio de Janeiro: Editora Nova
Fronteira.
Sigrist, T. (2006). Aves do Brasil: uma visão artística. São Paulo: Tomas
Sigrist.
Stotz, D.F.; Fitzpatrick, J.W.; Parker, T.A. and Moskovists, D.K.
(1996). Neotropical birds: Ecology and Conservation. Chicago: The
University of Chicago.
Torga, K.; Franchin, A.G. e Marçal Júnior, O. (2007). Avifauna
em uma seção da área urbana de Uberlândia, MG. Biotemas,
20(1):7-17.
Columba livia e Pitangus sulphuratus como indicadoras de qualidade ambiental em área urbana
Suélen Amâncio, Valéria Barbosa de Souza e Celine Melo 37
Revista Brasileira de Ornitologia, 16(1), 2008
... oito espécies no gradiente de urbanização em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul; Amâncio et al. (2008) ...
... Vários outros estudos já haviam constatado sua presença em altas abundâncias em cidades na região Neotropical (Jebai et al. 2009, Leveau & Leveau 2004, Ruszczyk et al. 1987. Columba livia é uma indicadora de qualidade ambiental negativa, pois foi encontrada em maior abundância em áreas mais intensamente urbanizadas, com maior movimentação de pessoas e veículos na área urbana de Uberlândia, Minas Gerais, sudeste do Brasil (Amâncio et al. 2008). Pitangus sulphuratus apresenta ampla distribuição em todos os níveis de urbanização da cidade de Porto Alegre (RS) e sua abundância é maior na área central e urbanizada da cidade, onde representa mais de 80% das aves registradas. ...
... Em áreas periféricas da cidade, com baixo grau de urbanização, sua abundância é menor que 40% das aves contabilizadas (Ruszczyk et al. 1987). Porém, em Uberlândia, apesar de ser considerada uma espécie abundante, sua frequência não possui correlação com indicadores de urbanização (fluxo de pessoas e veículos) (Amâncio et al. 2008). Já F. rufus apresenta sua distribuição em Porto Alegre relacionada com áreas com graus menores de urbanização, situadas em torno do núcleo intensamente urbanizado, onde sua frequência é menor do que 10% dos registros obtidos (Ruszczyk et al. 1987). ...
Article
Full-text available
Urbanization causes changes in the composition and diversity of biotic communities. The goals of this work are to present a list of bird species that use the urban area in the city of Pelotas (RS), in the southernmost end of Brazil, and to describe the bird assemblages structure underlining the richness, composition, and relative abundance of species and their seasonal variability. Data collection took place between October 2007 and September 2008, at 216 fixed points, distributed in groups of 6 equidistant points at each 200 meters in streets with varied levels of urbanization, sampled once a season. The observer stayed for 8 minutes at each point, resulting in a sampling effort of 28.8 hours each season and 115.2 hours during the year. A total of 9,595 contacts of 84 bird species were found, belonging to 34 families and 14 orders. In regard to relative abundance, 72 species presented less than 200 contacts; 7 presented between 200 and 1,000; and 4 presented over 1,000 contacts. The species with more than 1,000 contacts were Furnarius rufus, Columba livia, Myiopsitta monachus, and Pitangus sulphuratus, accounting for 5,136 contacts. In all 84 species, 67 were present in less than 20% of the sampled points; 7 were registered at between 20-40% and between 40-60% of the points; and 3 were sighted at between 80-100% of the observation points. Species with the highest frequency of occurrence were P. sulphuratus, Passer domesticus, and F. rufus. Total richness ranged from 55 species in the fall to 61 in the winter. Of the 84 species, 21 were present in 1 season, 17 in 2, 9 in 3, and 37 were present in all four seasons. The season with the highest relative abundance was spring, with 2,936 contacts; the one with the least abundance was autumn, with 2,149 contacts. The bird assemblages presented a representative richness relative to the region, though very few species are abundant and well distributed. Such pattern may be a reflection of the low quality and heterogeneity of the urban matrix, which has few parks and green areas, no reserves with native vegetation and lakes, and a low degree of tree coverage.
... It occurs from Texas to Argentina (Sick, 1997), including a wide distribution throughout Brazil. It is one of the most common bird species in Brazil, occurring in various environments, including urban areas (Amâncio et al., 2008). Its diet is classified as omnivorous, with high adaptability, always finding new sources of food (Sick, 1997;Martins-Oliveira et al., 2012). ...
Article
Full-text available
In order to increase the knowledge about the aspects of interaction and predation by P. sulphuratus, we present the first predation record on B. cinerascens. The event was observed on 5 October 2022, during a bird watching session in the Santa Luzia Community, municipality of Santarem, Pará State, Brazil. We observed an individual of P. sulphuratus that was perched on a trunk while it captured a B. cinerascens with its beak. The bird repeatedly hit the prey against the trunk with force and speed, giving no chance for the tree frog to perform any defensive behaviour. After a few blows, the tree frog no longer showed any signs of resistance. As we approached the Great Kiskadee to take photographs, it flew away with its prey.
Article
Full-text available
A maior biodiversidade em ambientes urbanos propicia menor vulnerabilidade aos problemas normalmente encontrados nestes contextos, como a poluição, assim, a conservação dos recursos naturais relaciona-se à melhor qualidade de vida da população. A partir disso, objetivou-se analisar a estrutura vegetacional em três áreas verdes urbanas e sua importância para a manutenção da avifauna em Campo Grande, MS. Os elementos considerados foram tamanho, utilização, entorno, estrutura da vegetação e os corpos hídricos para comparar riqueza e frequência de ocorrência das espécies de aves. Através de levantamento qualitativo, foram registradas 107 espécies de aves nas áreas estudadas. As aves encontradas com maior frequência absoluta de ocorrência foram Patagioenas picazuro e Ara ararauna. A área de vida de 89% das aves não se configura como ‘áreas alteradas’, indicando que a cidade, atualmente, apresenta boas condições ambientais.
Article
Full-text available
Resumen. – Pelotas de pichones del Ben-te-veo (Pitangus sulphuratus) en ambiente urbano brasileño. – El Ben-te-veo es una especie común en las áreas urbanas de Brasil, pero no se ha estudi-ado mucho. Este estudio tuvo como objetivo vigilar su dieta mediante el análisis de pelotas en su ambi-ente. Los nidos fueron examinados y controlados en un ambiente urbano en Brasil, entre julio de 2007 y octubre de 2008. Se analizaron 218 pelotas y no tuvo preferencia por un tipo de alimento. Geco casero tropical (Hemidactylus mabouia) fue el único vertebrado que ofreció a los pichones, registrados por el Abstract. – The Great Kiskadee (Pitangus sulphuratus) is a common species in Brazilian urban areas, but it is not well studied. This study aimed to monitor its diet through pellet analysis. Nests were screened and monitored in a Brazilian urban environment from July 2007 to October 2008. We analyzed 218 pel-lets and found no preference for one type of food item. The African House Gecko (Hemidactylus mabouia) was the only vertebrate offered to nestlings. The pellets were composed of several items of human origin, which demonstrates the ability of the Great Kiskadee to make use of these items. This study shows the wide food niche of this species beginning with the nestling stage, and its ability to adjust successfully to the urban environment due to its opportunistic feeding behavior. Accepted 26 June 2012.
Article
Full-text available
The authors compiled literature data on bird assemblages at five different levels of urbanization (forest, countryside, village, small and large city centers) and along an urban gradient (park, residential area and city center in different towns) in the three ornithogeographical zones in Finland. Estimated number of breeding bird species decreased with urbanization. Highest species richness was found in the countryside (21.8 species in 50-pair sample), the lowest in the large city center (7.4 spp.). Data support the hypothesis that moderate disturbance will increase biotic diversity. The estimated number of breeding bird species was lower in the city centers (6.8 species in a 25-pair sample) than in the urban parks (12.1 spp.), pointing to the important role of trees and shrubs as shelter, and as nesting and feeding places. Species richness was similar at different latitudes, when the level of urbanization was the same. The great productivity (amount of food) and high predictability of resources (food available throughout the year) in urban habitats may explain why the species richness does not decrease northwards in the urban environments. -from Authors
Article
Full-text available
This paper discusses a qualitative and quantitative survey of the avian community in the Fazenda Rio Claro (22°27'S, 48°51'W), Lençóis Paulista, São Paulo State. The quantitative survey was conducted in the period August 2001-July 2002 using the Point Counts method. Diversity, frequency of occurrence (FO), abundance and evenness were measured for the community, which was classified into food categories and vertical occupancy of plant strata. The qualitative survey recorded 216 species, 82 of which were non-Passeriformes and 134 Passeriformes. The quantitative survey recorded 74 species and 761 contacts, with an average of 12.7 contacts per sample. The Abundance Index (IPA) varied from 0.001 (one contact) to 0.07 (53 contacts); the Diversity Index was H' = 3.10, showing a significant increase between September and November. Evenness averaged 0.95. Insectivores accounted for almost half the total number of species recorded in the quantitative survey (44%), followed by frugivores (24.9%), omnivores (16.4%), carnivores (8.5%), detritivores (1.4%), and a small proportion of nectarivores. Insectivores were the most abundant category in the understory, while frugivores were most abundant in the canopy and on the ground. The bird community of Fazenda Rio Claro is relatively stable, balanced and even in terms of richness, number of species, and IPA. Some endangered species are found in the area.
Article
Abordageo preliminar das condições climáticas de Uberlândia (MG)
Article
The distribution of eight bird species (Vanellus chilensis, Crotophaga ani, Guira guira, Furnarius rufus , Tyrannus savan, Pitangus sulphuratus, Turdus rufiventris, Zonotrichia capensis ) within the urban area of Porto Alegre is discussed. Distributions were correlated with the gradient of urbanization, out from the centre of the city, with high buildings or skyscrapers, through a mixed area with houses and buildings to the periphery with houses only. This gradient plays a fundamental role in the distribution of birds; different species are associated with or limited by specific zones of the gradient. The border between the house-and-building zone and the zone of houses represents a barrier for some species and is the main transition are for bird distributions in the city.
Article
A problemática da urbanização desordenada das cidades, associada à falta de políticas de controle ambiental urbano, rural e silvestre eficientes, vem criando nos últimos anos, dificuldades e desafios na relação homem/ambiente. Os pombos são aves classificadas no gênero Columba que conta com mais de 50 espécies distribuí-das no mundo todo, apresentando ampla variação de cor de plumagem, tamanho e hábitos. O pombo doméstico Columbia lívia é o mais conhe-cido por sua proximidade no convívio com o homem, especialmente em ambiente urbano. Originou-se por cruzamento seletivo da espécie selvagem, conhecida como "pombo das rochas". Existem relatos da domesticação dos pombos desde a Idade do Bronze, no Oriente Médio e Egito antigo. Foram trazidos ao Brasil pela família real portuguesa e rapidamente aqui se adaptaram. Muitas dificuldades vêm surgindo com a intensa proliferação de animais sinantrópicos em áreas urbanizadas, fundamentalmente, pelo desconheci-mento e desordenação do homem ao ocupar novos espaços para lazer, moradia e trabalho, desafiando nossa capacidade de apresentar soluções a tempo de conter o avanço das diferentes espécies. Na área urbana estes animais se adaptaram rapi-damente a qualquer estrutura arquitetônica, mesmo em superfícies reclinadas, que muitas vezes lembram estruturas do habitat selvagem. Alimentam-se principalmente de grãos e sementes colhidos em áreas abertas. Acredita-se que a expansão da atividade agrícola tenha contribuído para a ex-pansão do habitat destas aves. Muitas das deficiências no transporte e armazenagem dos grãos, no trato das diversas culturas e na destinação de resíduos das culturas foram fatores de grande contribuição para iniciar e fortalecer o vínculo entre o pombo e o homem. Devido a este estreito contato os pombos tem sido introduzidos, em novas áreas pelo homem ou em con-seqüência da atividade humana. É bastante interes-sante o relato da extinção de uma população bastante numerosa de pombos de uma ilha inglesa, subseqüente ao despovoamento humano na ilha. O ciclo reprodutivo dos pombos é regulado pela disponibilidade de alimento. Em centros urbanos, é observada a reprodução destas aves durante o ano todo, exceto na época de muda das penas, antes do inverno. Os pombos são monogâmicos. Normalmente a fêmea coloca 2 ovos que demoram de 17 a 18 dias para chocar, fazendo 2 a 3 oviposições ao ano. O f ilhote é alimentado com uma secreção do papo sendo sua composição muito parecida com o leite, por isso é cha-mado "leite de papo". Os filhotes podem voar em 3 ou 4 semanas. Entretanto quando recebem alimentação em abun-dância podem aumentar sua capacidade reprodutiva para várias posturas ao ano. Esta capacidade reprodutiva em ambiente urbano é um dos principais fatores para a grande proliferação dos pombos na maioria das cidades. Em muitas localidades pela desordenada ocupação e crescimento populacional humano a expansão dos pombos também se tornou explosiva.
Article
Urban and suburban environments, commonly shunned by field ornithologists, provide a special opportunity for studying the formation and regulatory dynamics of avian communities, especially in recently developed areas such as the American West. The establishment of cities may be regarded as ecological experi-ments in which a relatively simple array of novel features and resources (lawns, orna-mentals, buildings, telephone lines, traffic, etc.) are rather suddenly introduced into a restricted area from which many of the natural features have been removed. The new syn-thetic habitats lie open to invasion and coloni-zation by any birds that can reach them, utilize their peculiar constellation of resources, and survive their special hazards. The structure and balance of the new community will re-flect not only the nature of these local re-sources and features but also the interactions of the species which converge on them from a variety of geographic and ecological sources. Relatively undisturbed tracts of the native landscape can generally be found near a new city to provide directly comparable control sites, while other cities of similar age may be available in the region as experimental repli-cates. During the spring of 1972, I censused the adult birds on an 87-acre urban residential area in Tucson, Arizona. To provide a base for comparison, I also censused the birds on a nearby tract of "undisturbed" creosotebush desert selected for the similarity of its vegeta-tion and terrain to the conditions that existed on the residential area before development was started 70 years before. The differences between the modern urban and the modern desert bird life at these two sites are treated in this report as changes attributable to urbani-zation. STUDY AREAS The urban site, a relatively uniform and quiet 24 square block area of small houses and lawns, known as Speedway Heights, lies about 2 miles (3.2 km) east of the center of Tucson at 32"14' N, llO"57 W. Bounded by First Street, Tucson Blvd., Fourth Street, and Campbell Ave., the area is a rectangle, six blocks long and four blocks wide covering 87.3 acres (see fig. 1). First surveyed for development between 1906 (west part) and 1920 (east and central parts), the streets were laid out between 1907 and 1924, and most of them paved between 1930 and 1940. Most of the houses were built between 1928 and 1948. The city now extends 10 miles to the east so that the site is located near the center of a sprawling metropolis of about 150 square miles and 370,000 people. The desert site, a broad area of relatively uniform and undisturbed creosotebush vegetation, lies 10.0 miles (16 km) south of the urban site at 32"04 to 07' N, llO"52' to 57' W, a few miles south and east of the Tucson International Airport. Selection of this site for its resemblance to predevelopment condi-tions at the urban site was based on (a) considera-tions of the local topography, drainage, and soil pat-terns; (b) studies of old maps including a 1904 USGS map and a 1936 aerial photo map; (c) interviews with early settlers; (d) checks of desert vegetation relics on undeveloped lots in the area; and (e) ex-amination of old photographs. In this report I will attempt to describe the two habitats, emphasizing avian resources, and compare the bird communities at the two sites in terms of species composition, geographic and ecological prov-enance, species diversity, population density and bio-mass, feeding and nesting guild structure, and spacing characteristics. I will also examine the circumstances of urban colonization and the ecological and behavioral attributes of successful urban colonizers and consider the specific habitat changes accompanying urban de-velopment in Tucson as factors in population regula-tion and community balance.