A disfagia espasmódica é uma doença que foi revelada em 1740 por F. Hoffmann. Desde então apareceu em pontos imprevistos por todo o mundo e, consequentemente, o interesse em desvendá-la foi crescendo. Porém, tudo não passou de um conhecimento de sua patologia, sem maiores benefícios para os atingidos pela doença. No Brasil, um mal semelhante, embora mencionado anteriormente, teve sua primeira abordagem médica, em 1857, numa descrição no livro Brazil and brazilians, de dois missionários norte-americanos, Kidder e Fletcher(l), que reproduzem as observações de um Dr. ... (nome não revelado) que, em l" de julho de 1855, em seu consultório em Limeira, São Paulo, lhes dá notícia de uma nova doença e descreve detalhadamente os sintomas, a gravidade e sua marcha progressiva, terminando com a morte por pura fome, devido à impossibilidade da passagem dos alimentos para o estômago. Os autores presenciaram a consulta de dois casos atendidos e ficaram sabendo que a doença, além de grassar em Limeira, atacava numa ampla região do sertão. O Dr. ... conta que atendeu um paciente a 80 milhas de distância e, para sua surpresa, encontrou na mesma casa mais nove portadores dessa "nova" doença -o mal de engasgo -que, dizem, grassava pelo sertão adentro até em Goiás. Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, perto de Limeira. Numa sucessão de eventos detetivescos, com outros participantes, Meneghelli acabou conhecendo por acaso uma descendente direta do procurado médico e tudo se esclareceu (2). Tratava-se do médico norte-americano Dr. Joseph Cooper Reinhardt que, depois de perambular pela Ásia e pela Oceania, se fixara em Limeira e, por último, em Campinas, onde faleceu em 1873, aos 63 anos, deixando descendência. A segunda abordagem médica do agora conhecido mal de engasgo aparece na edição em português da Geographia Physica do Brasil Refundida de J. E. Wappoeus (Edição Condensada), publicada por J. Capistrano de Abreu e A. do Valle Cabral -Rio de Janeiro, 1884. Nesta edição adaptada à nossa patologia há uma nova e detalhada informação sobre o mal de engasgo, de autoria do Prof. Martins Costa que diz textualmente: Há também nessas regiões [o autor refcre-se a Curvelo, MG] uma moléstia endémica, a que seus habitantes chamam mal de engasgo e que consiste, diz o Dr. A. Idelfonso Gomes, em uma 'paralisia da faringe'; os que padecem esta moléstia não podem engolir alimento; cada bolo é empurrado por alguns goles de água.