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Maria Amélia Matos e o estudo do controle aversivo: uma contribuição exemplar

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Abstract

Este artigo foi escrito com o objetivo de destacar, entre as contribuições de Maria Amélia Matos para a análise do comportamento, aquelas que, de modo especial, se referem ao estudo do controle aversivo. São feitos alguns comentários sobre parte do material de estudo de Maria Amélia sobre controle aversivo e sobre algumas de suas atividades nessa área (orientações, disciplinas ministradas), em especial sobre algumas palestras que fez e que geraram o artigo “A ética do exercício de controles aversivos”, publicado originalmente em 1981.
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USP,
São Paulo, abril/junho, 2010, 21(2), 241-251.
MARIA AMÉLIA MATOS E O ESTUDO DO CONTROLE AVERSIVO: UMA CONTRIBUIÇÃO... Ter e z a M. d e a. Pi r e s sé r i o e Nil z a Mi c h e l e T T o
MARIA AMÉLIA MATOS E O ESTUDO DO CONTROLE AVERSIVO:
UMA CONTRIBUIÇÃO EXEMPLAR
Tereza Maria de Azevedo Pires Sério
Nilza Micheletto
Resumo: Este artigo foi escrito com o objetivo de destacar, entre as
contribuições de Maria Amélia Matos para a análise do comportamento, aquelas que, de modo
especial, se referem ao estudo do controle aversivo. São feitos alguns comentários sobre parte do
material de estudo de Maria Amélia sobre controle aversivo e sobre algumas de suas atividades
nessa área (orientações, disciplinas ministradas), em especial sobre algumas palestras que fez e que
geraram o artigo “A ética do exercício de controles aversivos”, publicado originalmente em 1981.
Palavras-chave: Maria Amélia Matos. Prática cientíca. Análise do comportamento. Controle aversivo.
Há vinte anos atrás, procuramos1 Maria Amélia Matos, em sua sala na USP, para
solicitar auxílio na escolha de bibliograa para um curso que daríamos na PUC sobre
controle aversivo. Não foi preciso pedir duas vezes, prontamente ela nos entregou
um conjunto de textos que vinha reunindo, ao longo dos anos, em seu estudo sobre
controle aversivo: Aí está o que tenho, não está completo e está desorganizado. Mas é
para devolver, hein!”.
1 Ao recorrer a segunda pessoa do plural nem sempre estamos nos referindo às autoras deste artigo, alguns
desses episódios tiveram também a participação da professora Maria Amália Pie Abib Andery, como é o
caso da busca do material aqui referido; outros envolveram apenas uma das autoras (Nilza Micheletto),
como é o caso da organização do material sobre controle aversivo de Maria Amélia Matos.
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Claro que nunca devolvemos. Passado algum tempo, depois de algumas
cobranças, Maria Amélia nos autorizou a car com seu material. Foi a partir des-
se material que iniciamos um estudo mais sistemático sobre controle aversivo.
Ao organizar os textos, descobrimos que tínhamos recebido mais do
que textos sobre controle aversivo. Havia também uma boa quantidade de
textos sobre controle de estímulos e sobre esquemas de reforçamento. Mais
do que isto, alguns dos textos eram separatas de artigos históricos, tanto so-
bre controle de estímulos como sobre controle aversivo. Só para dar alguns
exemplos, encontramos uma separata de Keller, de 1941, Light-aversion in
the white rat; uma de Dismoor, de 1954, Punishment: I. The avoidance hypoth-
esis; uma de Azrin, de 1956, Some effects of to intermittent schedules of imme-
diate and non-immediate punishment; uma de Sidman e Boren, de 1957, The
relative aversiveness of warning signal and shock in an avoidance situation; e
uma de Schoenfeld, da própria Matos e de Snapper, de 1967, Cardiac condi-
tioning in the rat with food presentation as unconditional stimulus.
Encontramos também algumas curiosidades, talvez a maior delas
um artigo em japonês: The fear drive and the reversibleness of the reinforcing
value, publicado no Japonese Journal Psychology, em 1958, cuja única parte
para nós compreensível foi um breve resumo, ao nal, em inglês.
Se isso não bastasse, os textos tinham trechos grifados, comentários
nas margens e uma indicação de classicação que nos pareceu, dada sua
letra peculiar, terem sido feitos pela própria Maria Amélia. E, junto com tudo
isso, encontramos também várias anotações em folhas de papel (até hoje
nos perguntamos: por que não aprendemos a decifrar bem sua letra?
Organizamos todo esse material, separando os textos por ano e
classicando-os segundo o assunto tratado. Esse trabalho produziu o que
chamamos de Arquivo Maria Amélia e revelou que 152 textos eram sobre
controle aversivo. Eram em sua grande maioria artigos, mas havia algumas
teses, monograas (monographs) e alguns textos pertencentes a uma série
que tinha o título Technical Report, publicada pela Columbia University. A
data de publicação dos textos ia de 1938 até 1977 e a quantidade de tex-
tos por ano era desigual; o maior número de textos concentra-se entre os
anos de 1958 e 1967, com um aumento progressivo de textos arquivados
por ano, durante esse período, de forma que, só em 1967, o arquivo tinha
22 artigos. Os artigos arquivados tinham sido publicados em diversas revis-Os artigos arquivados tinham sido publicados em diversas revis-
tas: Psychological monographs, The Journal of Comparative and Physiological
Psychology, Psychological Review, Journal of Experimental Psychology, Psycho-
logical Reports, Journal of Experimental Analysis of Behavior, entre outros. Nos
textos, eram abordados vários temas: punição, esquiva, fuga, propriedades
dos estímulos aversivos e supressão condicionada, tema que concentrava
a maioria deles. Supressão condicionada foi o tema da tese Acquisition and
extinction of conditioned suppression in the rhesus monkey as a function of
probability of unavoidable shock, que Maria Amelia defendeu, em 1969, na
Columbia University, sob orientação de W. N. Schoenfeld.
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A dedicação de Maria Amélia ao estudo de controle aversivo pode
ser vista também nas atividades que realizou nos primeiros anos de seu
retorno ao Brasil, após concluir seu mestrado (Matos, 1964), sob orienta-
ção de Fred Keller, e seu doutorado (Matos, 1969). Maria Amélia, já em sua
chegada em 1969, passou a ministrar disciplinas no curso de graduação
de Psicologia da USP e no Programa de Psicologia Experimental da USP e,
dentre estas, como indica seu Currículo Lattes, ministrou disciplinas sobre
controle aversivo, em 1970, 1971, 1973 e 1976.
No Programa de Pós-Graduação em Psicologia Experimental da USP,
que ajudou a desenvolver, destacam-se suas orientações de teses e disser-
tações, atividade que realizou também em outras universidades. Sob sua
orientação foram defendidos 60 trabalhos em análise do comportamento2
e parte deles (13) voltados para o estudo do controle aversivo. Na Figura 1,
2 A Figura 1 foi elaborada a partir do Banco de Dados de Dissertações e Teses em Análise do Com-
portamento no Brasil 1968-2007 (BDTAC). Este Banco contém informações sobre tais dissertações
e teses defendidas no Brasil entre 1972 e 2007 e foi elaborado por Micheletto, Guedes e Per-
reira (2008), a partir de sites ou bibliotecas das universidades com cursos de pós-graduação
em Análise do Comportamento (USP, UnB, UFSCar, UFPA e PUC-SP) e de sites de universidades
reconhecidas por agregar pesquisadores em AC; do banco de teses e dissertações da CAPES;
de Currículos Lattes de orientadores localizados (o Currículo Lattes de todos os orientandos
dos primeiros orientadores foram também acessados, para vericar se tinham orientado teses
e dissertações em Análise do Comportamento. Isto foi feito ainda por três gerações). A seleção
das teses e dissertações para elaboração deste banco ocorreu a partir de título, palavras-chave,
autor, resumo; foram selecionados aqueles trabalhos em que foram identicados conceitos da
Análise do Comportamento.
Figura 1. Número acumulado de teses e dissertações orientadas
por Maria Amélia Matos, por ano.
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pode-se observar o número acumulado de dissertações e teses em análise
do comportamento orientadas por Maria Amélia, por ano, e, em uma das
curvas, pode-se observar quantos destes trabalhos foram realizados com o
objetivo investigar aspectos relacionados ao controle aversivo.
Dos 60 trabalhos, 13 foram realizados com o objetivo de investigar
diferentes aspectos relacionados ao controle aversivo: supressão condi-
cionada (3), efeitos de choque livre (2) ou de choques não contingentes
(2), esquiva (3), time-out (1), autoagressão (1), propriedades aversivas dos
estímulos (1). No período inicial de seu trabalho de orientação (1972-1979),
houve um destaque forte de investigações sobre este tema: dos 24 traba-
lhos orientados (teses e dissertações) nesses sete anos, 10 são sobre con-
trole aversivo. Depois desse ocorreu uma diminuição de orientações sobre
este tema, sendo que o último trabalho orientado sobre controle aversivo
foi defendido em 1989. É importante destacar que as duas primeiras dis-
sertações concluídas sob sua orientação (Ferrara, 1972, e Carvalho, 1972) e
também a primeira tese (Ferrara, 1976) foram sobre controle aversivo.
A redução no número de orientações sobre controle aversivo ocorre
em período razoavelmente próximo do período em que Todorov (2001), em
polêmico artigo sobre as diculdades do estudo da punição em análise ex-
perimental do comportamento, arma que tais diculdades aumentam; se-
gundo esse autor, a quase ausência do tema nas publicações voltadas para
difundir o conhecimento produzido em análise do comportamento parece
estar relacionada também a barreiras concretas impostas pelos próprios ava-
liadores de artigos e editores de revistas para tais publicações. No caso do tra-
balho de orientação realizado por Maria Amélia, tal redução é acompanhada
por um aumento crescente no número de orientações de teses e dissertações
voltadas para o estudo de processos envolvidos no controle de controle de
estímulos. A mesma mudança pode ser observada nos cursos ministrados.
Tomando como fonte o Banco de Dados de Dissertações e Teses em
Análise do Comportamento no Brasil 1968-2007, observa-se que duas de
suas orientandas que estudaram controle aversivo também orientaram
trabalhos na área: Maria Lucia Dantas Ferrara (que orientou 2 dissertações
e 2 teses entre 1983 e 1987 sobre choque não contingente, choque livre,
propriedades aversivas do estímulo) e Maria Helena Leite Hunziker (que
orientou 10 dissertações, no período de 1991 até 2006, e 2 teses, em 2004 e
2005, predominantemente sobre incontrolabilidade).
Nada mais esperado que procurássemos reexos de todo esse seu
trabalho em suas publicações. Voltando ao Currículo Lattes de Maria Amé-
lia, encontramos indicações de quatro livros publicados, 15 capítulos de
livros e quase 50 artigos publicados em revistas com seletivo corpo edito-
rial ou em revistas de importância na área de análise do comportamento;
dentre essas publicações apenas uma delas parece ter relação direta com
controle aversivo: o artigo intitulado A ética do exercício do controle aversivo
(Matos, 1981). A leitura desse artigo nos faz, imediatamente, pensar mui-
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to sobre a palavra ‘apenas como um indicador de suas publicações sobre
controle aversivo e, também, sobre outros indicadores aos quais tão fre-
quentemente recorremos para descrever ou caracterizar o nosso trabalho
intelectual e o de nossos colegas.
Encontramos neste artigo, no melhor sentido do termo, uma das sín-
teses possíveis do conhecimento produzido, até então, em análise do com-
portamento sobre controle aversivo e uma síntese historicamente signi-
cativa: possibilita-nos, por assim dizer, a compreensão ‘comportamental’ do
momento histórico que vivíamos. Não fosse isso já mais do que suciente,
de forma extremamente sensível, Maria Amélia o faz de forma duplamente
poética: sugere relações entre as descobertas feitas em laboratório e ver-
sos de diversas músicas do, como ela mesma apresenta, “poeta, compositor,
intérprete e teatrólogo Francisco Buarque de Hollanda” (Matos, 1982/1981,
p. 2) e sua escrita informa e emociona.
A versão que temos do artigo é uma publicação, um tipo de separata,
publicada pela UFSCar, em 1982. Nela encontramos informações sobre a
história do artigo. Ele se origina de três palestras apresentadas sucessiva-
mente na 2ª Semana de Psicologia de São Caetano do Sul, em 1976, na VI
Reunião Anual da Sociedade de Psicologia de Ribeirão Preto, também em
1976, e no Encontro de Psicologia, promovido pela Associação Bahiana de
Psicologia, em Salvador, no ano de 1977; o artigo é uma versão modicada
da última palestra.
No que pode ser considerado como a introdução do artigo/palestra,
dois aspectos merecem destaque. A forma como Maria Amélia se apresenta:
tenho trabalhado na área de Psicologia Operante, pesquisando variáveis
procedimentos e fenômenos relativos a aquilo que se convencionou chamar
“controle aversivo do comportamento”. Traduzindo, isso signica que estudo
o comportamento de seres biologicamente vivos, investigando como esse
comportamento é afetado por técnicas aversivas, isto é, técnicas que envolvem
variáveis ou procedimentos de caráter desagradável, nocivo, e que representam
um prejuízo às chances de sobrevivência do organismo em questão. Como
trabalho em situação de laboratório, escolhi, como variável analógica, o choque
elétrico, e como sujeito, o rato branco. (Matos, 1982/1981, p. 1)
E a forma como apresenta a palestra que irá proferir:
Não pretendo realmente falar sobre ética, deixo, esperançosamente, para que
vocês o façam após esta palestra. O que gostaria mesmo é falar sobre alguns
mecanismos e procedimentos de controle aversivo, estudados e usados,
respectivamente, dentro e fora do laboratório. Gostaria de falar sobre as
consequências desse uso sobre o comportamento daqueles que o usam e sobre o
daqueles sobre os quais eles são usados. acredito, nossas práticas verbais afetam
nossas ações e então, importante se torna falar. (Matos, 1982/1981, pp. 2-3)
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Se pudermos estender a análise que Todorov (2001) faz das diculda-
des em se estudar punição também para a comunidade cientíca brasileira
e para o estudo do controle aversivo em geral, é preciso ter muito claro o
papel e as características da produção de conhecimento cientíco como
uma prática cultural para se apresentar como uma estudiosa do controle
aversivo. Desnecessário dizer que isso deveria ser ainda mais “difícil” de ser
feito naquele momento histórico que vivíamos: nossa oposição às práticas
coercitivas como forma de controle do comportamento humano crescia e
se difundia, mesmo que não conseguíssemos identicar algumas de suas
piores consequências (aquelas menos imediatas, mais sutis e sem uma re-
lação óbvia com tais práticas de controle). Além disso, Maria Amélia não
deixou nada de fora ao falar de seu trabalho: apresenta de forma simples e
precisa o trabalho de laboratório.
Dentro desse contexto parece ganhar signicado especial a apresen-
tação de sua palestra: 1) “falar dos mecanismos e procedimentos de con-
trole aversivo “estudados” “dentro do laboratório” e “usados” “fora dele” e
2) falar sobre as consequências desse uso”, tanto para quem recorre a tais
procedimentos como forma de comportamento do comportamento de
outros como para quem está submetido a tais procedimentos. Deixa claro,
para aqueles que a ouviam (e depois para seus leitores), que esse falar com-
pleta, em alguma medida, seu trabalho como estudiosa do comportamen-
to: ele poderia ser uma das maneiras de mudar comportamentos. “Acredito
que nossas práticas verbais afetam nossas ações”; como uma boa analista
do comportamento e behaviorista radical, Maria Amélia fazia ciência para
mudar comportamentos; podemos, assim, considerar esse seu falar como
um momento do processo de produção de conhecimento cientíco e re-
conhecer nele algumas características especiais. Só para dar um exemplo:
é possível encontrar, após cada uma das conclusões que apresenta, a indi-
cação da fonte (é importante notar que não apenas os experimentos são
indicados e que, em muitos casos, mais de um experimento é indicado)
que serviu de fundamento para aquela conclusão; falar de forma a ser en-
tendida não a eximia de fornecer a sustentação que julgava básica, crítica
para as armações que descreviam e explicavam comportamentos.
E especialmente sobre o assunto controle aversivo o que podemos
aprender com esse artigo de Maria Amélia?
Começa apresentando o que se descobriu sobre os efeitos da pu-
nição (no caso, a apresentação de um evento aversivo após a ocorrência
de uma resposta) e parece seguir uma trajetória histórica para falar disso:
diminuição na força das respostas ou supressão das respostas pertencen-
tes à classe da resposta que antecedeu o evento aversivo, produção de es-
tímulos aversivos condicionados, mudanças nas dimensões das respostas
que pertencem à classe da resposta que antecedeu o estímulo aversivo,
alteração em respostas relacionadas de alguma forma com a resposta em
questão e, nalmente, aumento da força de respostas anteriormente supri-
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midas. Destacando a supressão como o “principal efeito, e o mais comum,
de contingências aversivas” (p. 4), Maria Amélia introduz de forma muito
simples e clara o debate que até hoje marca as discussões sobre punição:
como entender a supressão dessas respostas? Lida com duas possibilida-
des e deixa claro que mais do que uma mera discussão de teorias ou me-
todologias cientícas, o estudo dessas possibilidades pode trazer consequ-
ências para nossa história futura.
A existência de “mecanismos inibitórios” (p. 4); cita como exemplos de
tais mecanismos a ansiedade, a dor e o medo e apresenta as possíveis carac-
terizações de ansiedade (de forma bem resumida as que enfatizam como
fator determinante básico os estados siológicos, as que enfatizam os es-
tados emocionais, as que consideram ansiedade como a “própria mudança
comportamental” (p. 5)), destacando que, em determinadas condições, ela
pode transformar-se em um evento automantido. Mesmo para quem não
está acostumado com a oposição entre explicações mentalistas e compor-
tamentais, a exigência que se coloca para a possibilidade da ‘supressão dire-
ta’ e as diferentes alternativas que ela contém cam apresentadas.
A segunda possibilidade abordada é a da ‘supressão indireta’: os
eventos aversivos
não agiriam diretamente suprimindo a resposta atingida; agiriam indiretamente,
produzindo outras respostas ou comportamentos. Comportamentos esses que,
de certo modo, removeriam ou atenuariam o evento aversivo.
Essas respostas, que removem ou atenuam o evento aversivo, acabariam por
ocupar o espaço comportamental; isto é, assumiriam uma tal posição na hierarquia
de respostas do organismo, que acabariam por eliminar todas as demais. (p. 5)
Maria Amélia, resumindo o percurso experimental que conduziu à
conclusão, ressalta que isso pode acontecer mesmo em situações nas quais
o evento aversivo não mais é apresentado e apresenta como analogia não
as várias práticas coercitivas que marcavam aquele momento histórico,
mas uma quase que invisível e que marcava e continua marcando o coti-
diano de muitos de nós:
A analogia, entre essa situação e a do operário que rotineira e exaustivamente
conduz seu trabalho apenas para evitar um mal maior, e que, de pé, entre
uma parada e outra do ônibus caro, sujo e superlotado, cochila (porque esta
é sua oportunidade de recuperar algum tempo de sono), não é uma analogia
impossível. (p. 6)
Maria Amélia ressalta que a discussão entre as duas possibilidades de
entendimento de quais são mesmo os efeitos do controle aversivo ou de
como eles podem ser descritos e/ou explicados não deveria encobrir que
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muitos dos problemas que marcam nosso convívio social possivelmente
têm sua origem e manutenção na difusão, generalização e predominância
de tais práticas de controle como forma de organização social, política e
econômica. Reconhecer isso, como ela também ressalta, já é parte da prática
cientíca que além de identicar as variáveis que caracterizam as contin-
gências de controle aversivo e os parâmetros críticos de tais variáveis, busca,
também, identicar como as relações assim estabelecidas podem ser alte-
radas; talvez o que esteja faltando seja a produção de conhecimento mais
dirigida para a identicação de alternativas a tais práticas. Tal conhecimento
pode se transformar num instrumento de planejamento social colocado
à disposição de todos e não apenas daqueles que, dada sua proximidade
maior com os diversos centros de poder (econômico, religioso, social, políti-
co), têm também o domínio do conhecimento cientíco. Termina sua pales-
tra fazendo um convite: “Acho que nós também deveríamos tentar desen-
volver uma outra tecnologia. A programação de contingências adequadas
é muito mais ecaz e barata que o uso da punição” (p. 14).
Em palestra feita três anos depois, no Japão, e publicada após sua
morte, Skinner (1990) propõe que esta é a tarefa da análise da análise expe-
rimental do comportamento: “a modicação de comportamento no senti-
do exato da aplicação de uma análise experimental do comportamento é,
creio, o primeiro esforço organizado para desenvolver alternativas a práti-
cas punitivas” (p. 100). Sua armação encontra suporte na análise que faz
de parte da história do homem:
Três grandes exemplos históricos [de coisas desagradáveis] às quais a espécie
humana tem sido exposta são a fome intensa, doença e trabalho exaustivo. A
espécie fez grandes progressos ao lidar com elas. Por meio da descoberta da
agricultura e de maneiras de armazenar e transportar alimento, a humanidade (em
parte, pelo menos) escapou de padecer de inanição. Por meio da medicina e do
saneamento, escapou de muitos dos sofrimentos de doenças e de morte prematura.
Por meio da tecnologia física ela tem escapado de padecer com trabalho exaustivo.
Os únicos sofrimentos aos quais muitos membros da espécie humana estão ainda
expostos são aqueles que nós inigimos uns sobre os outros. (p. 98)
Para Skinner (1990), a análise cientíca das consequências do recurso
a reforçamento positivo e a punição permitirá o surgimento de uma tecno-
logia comportamental que “será, no nal das contas, comparável, em seu
efeito sobre a vida humana, à agricultura, medicina e tecnologia física na
eliminação dessa última grande fonte de sofrimento humano” (p. 100).
É a mesma tarefa que Maria Amélia havia proposto, em suas palestras
de 1976 e 1977, para os estudiosos do comportamento, em especial, para
os analistas experimentais do comportamento. Podemos dizer que esta é a
sua contribuição exemplar no estudo do controle aversivo.
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Como excelente analista do comportamento, não podia apenas pro-
por uma tarefa, ela já apresenta algumas indicações de que essa tarefa exi-
girá muito trabalho de pesquisa, de análise e de discussão. Tendo como
base, mais uma vez, resultados experimentais, deixa claro que além de
identicarmos quais podem/devem ser as novas práticas de controle, pre-
cisaremos também identicar como fazer a transição de relações predo-
minantemente estabelecidas por contingência de controle aversivo para
relações predominantemente estabelecidas por contingência de reforça-
mento positivo; a mera suspensão das contingências aversivas pode gerar
problemas inéditos: a simples suspensão da punição produz um aumento
muito grande na frequência das respostas anteriormente punidas.
Maria Amélia Matos and the study of the aversive control: an
exemplary contribution
Abstract: This article was written with the goal of highlighting,
among the contributions of Maria Amelia Matos for the analysis of behavior, those that,
in particular, refer to the study of aversive control. Some comments are made about
part of the study material of Maria Amelia on aversive control and about some of her
activities in this area (advisement, courses taught), especially on some lectures that she
did and that led to the article “A ética do exercício de controles aversivos” originally
published in 1981.
Keywords: Maria Amelia Matos. Scieptic practice. Behavior analysis.
Maria Amélia Matos et l’étude du contrôle aversif: une
contribuition exemplaire
Résumé: Cet article a pour but de mettre en exergue, parmi
les diverses contributions de Maria Amélia Matos à l’analyse comportementale, celles
qui se réfèrent spéciquement à l’étude du contrôle aversif. On y retrouve également
quelques commentaires sur une partie du matériel d’étude de Maria Amélia Matos sur
le contrôle aversif et sur quelques unes de ses activités dans le domaine (direction de
thèse, disciplines enseignées), et particulièrement sur quelques présentations qu’elle
a faites, et qui sont à l’origine de l’article “L’étique dans l’exercice de contrôles aversifs”,
publié pour la première fois en 1981.
Mots clés: Maria Amélia Matos. Pratique scientique. Analyse du comportement.
Contrôle aversif.
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Maria Amélia Matos y el estudio del control aversivo: una
contribución ejemplar
Resumen: Este artículo fue escrito con el objetivo de destacar, de
las contribuciones de Maria Amélia Matos para el análisis del comportamiento, aquellas
que de un modo especial se reeren al estudio del control aversivo. Se hacen algunos
comentarios sobre parte del material de estudio de Maria Amélia sobre el control
aversivo y sobre algunas de sus actividades en esta área (orientaciones, asignaturas
dadas), en especial, sobre algunas conferencias que pronunció y que dieron origen al
artículo La ética del ejercicio de controles aversivos, publicado originalmente en 1981.
Palabras clave: Maria Amélia Matos. Práctica cientíca. Análisis del comportamiento.
Control aversivo.
Referências
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immediate punishment. Journal of Psychology, 42, 3-21.
Carvalho, A. A. (1972). Esquiva discriminada do peixe dourado (Carassius auratus):
efeitos da intensidade do choque. Dissertação de Mestrado, Universidade de São
Paulo, São Paulo, SP.
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MARIA AMÉLIA MATOS E O ESTUDO DO CONTROLE AVERSIVO: UMA CONTRIBUIÇÃO... Ter e z a M. d e a. Pi r e s sé r i o e Nil z a Mi c h e l e T T o
251
P
s i c o l o g i a
USP,
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MARIA AMÉLIA MATOS E O ESTUDO DO CONTROLE AVERSIVO: UMA CONTRIBUIÇÃO... Ter e z a M. d e a. Pi r e s sé r i o e Nil z a Mi c h e l e T T o
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Tereza Maria de Azevedo Pires Sério, Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo. Avenida Professor Alfonso Bovero, 260, apto. 22. CEP: 01254-000. São Paulo-SP.
Endereço eletrônico: teiaserio@uol.com.br
Nilza Micheletto, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Avenida Higienópolis,
148, apto. 121. CEP: 01238-000. São Paulo-SP. Endereço eletrônico: nimicheletto@uol.
com.br
Recebido em: 25/01/2010
Aceito em: 23/03/2010
... Já foram produzidos no Brasil estudos sobre fenômenos específicos dentro de controle aversivo, como estudos conceituais sobre as diferentes teorias de punição (Carvalho Neto & Mayer, 2011;Gongora,Mayer,& Mota, 2009;Mayer e Gongora, 2011); posicionamentos de autores acerca da recomendabilidade do uso de controle aversivo (Martins, Carvalho Neto,& Mayer, 2013) e estudos sobre a contribuição de pesquisadores -mais especificamente, da professora Maria Amelia Matos -para o estudo do controle aversivo no Brasil (Sério & Micheletto, 2010). Entretanto não foi encontrado nenhum estudo que fizesse uma caracterização do que tem sido estudado sobre controle aversivo, em geral, no Brasil. ...
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Controle aversivo é um tema controverso na Análise do Comportamento. Classicamente, engloba reforça-mento negativo (fuga e esquiva) e punição. Entretanto, a nomenclatura “controle aversivo” é utilizada para se referir a uma série de outros fenômenos comportamentais (supressão condicionada, desamparo aprendi-do).Alguns autores têm afirmado que o estudo do controle aversivo tem sido negligenciado pelos analistas do comportamento.Este trabalho teve como objetivo caracterizar as pesquisas sobre controle aversivo no Brasil, por meio da análise de teses e dissertações produzidas no país.Foram selecionadas teses e disser-tações entre 1968 e 2013 nas seguintes fontes: Banco de Dados de Dissertações e Teses em Análise do Com-portamento (BDTAC/Br); Bibliotecas digitais de universidades brasileiras; Banco de teses e dissertações da Capes; e Currículos Lattes. Foram encontradas 104 teses e dissertações sobre controle aversivo no Brasil. As universidades em que mais trabalhos foram produzidos foram: USP, PUC-SP, UnB, UFPA, USP-RP e UEL. A grande maioria dos trabalhos foi do tipo básico, sobre incontrolabilidade/desamparo aprendido. O sujeito mais utilizado foi o rato; e o estímulo aversivo, o choque elétrico. Espera-se que este trabalho contri-bua para que interessados pelo tema possam refletir sobre os rumos que seu estudo vem tomando e planejar o seu futuro.
... A história do estudo sobre controle aversivo, entretanto, tem sido pouco desenvolvida. Dos estudos que se propõem a revisar a literatura da área (Balsam & Bondy, 1983;Dinsmoor, 1977;Hineline & Rosales-Ruiz, 2013;Lerman & Vorndran, 2002;Matson & LoVullo, 2008;Matson & Taras, 1989;Santos & Carvalho Neto, 2019, 2020Santos & Mazzilli Pereira, 2015;Sério & Micheletto, 2010) apenas três tentam desenvolver análises históricas (Hineline & Rosales-Ruiz, 2013;Santos & Carvalho Neto, 2019, 2020 e dentre as revisões da literatura (históricas ou não) apenas duas citam autores anteriores aos primeiros experimentos de Skinner. Esses estudos (Balsam & Bondy, 1983;Hineline & Rosales-Ruiz, 2013) mencionam a teoria inicial de Thorndike (1898) sobre punição e sua revisão (Thorndike, 1931(Thorndike, , 1932, e passam diretamente a discutir a proposta de Skinner e de outros analistas do comportamento contemporâneos. ...
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John B. Watson é conhecido principalmente por ter formalizado uma proposta geral e alternativa de psicologia: o behaviorismo. Suas contribuições específicas (empíricas, teóricas, metodológicas, conceituais) para uma ciência do comportamento raramente são mencionadas. Uma dessas contribuições diz respeito ao conceito de punição e sua inserção no debate sobre o uso ou não do controle aversivo. O presente ensaio apresenta o tratamento dado por Watson ao tema da punição. Argumenta-se que os estudos empíricos realizados ou analisados pelo autor, suas interpretações a respeito do uso da punição como estratégica de intervenção comportamental (uso científico vs. tradição cultural; ausência de parâmetros adequados; etc.) e de seus subprodutos (respostas emocionais, pareamento do punidor com a punição, supressão do responder; etc.), bem como o papel da punição no estabelecimento de comportamentos encobertos, antecipam, em alguma medida, muitas das discussões atuais sobre o uso da punição. Considerações sobre influência intelectual e sobre a importância da história são apresentadas.Palavras-chave: John B. Watson, Behaviorismo Clássico, punição, controle aversivo.
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Duas definições de punição são comumente citadas por analistas do comportamento: a de Skinner e a de Azrin e Holz. A definição de Skinner é operacional; a de Azrin e Holz é operacional e processual, sendo a mais citada na literatura internacional. O objetivo deste trabalho foi caracterizar as definições de punição apresentadas em teses e dissertações brasileiras e identificar os autores utilizados para referenciá-las. A busca pelos trabalhos foi feita em bases de dados e currículos Lattes. Foram analisadas 17 teses e dissertações. Foi identificado se os estudos apresentavam ou não definição de punição e, no caso dos estudos que apresentavam, as definições foram classificadas em: Operacional; Operacional/Processual; Ambas. Verificou-se que o número de trabalhos sobre punição vem crescendo desde os anos 2000 e que a maior parte dos estudos ou não apresentou definição de punição ou apresentou ambas as definições. A maioria dos estudos que apresentaram ambas as definições tinham como foco a temática da simetria versus assimetria entre reforçamento e punição, e os estudos que não apresentaram definição investigaram efeitos da punição sobre diferentes operantes. Embora a análise indique uma tendência ao posicionamento simétrico nos estudos que não apresentaram definição, nota-se que, recentemente, trabalhos sobre o debate simetria versus assimetria têm sido realizados.Palavras-chave: Análise do comportamento; Punição; Revisão de literatura.
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An avoidance situation was arranged in which the animals could either (a) postpone the shock and prolong the warning signal or (b) take the shock and terminate the warning signal." A low rate of avoidance responding was observed in the presence of the warning signal and a high rate in its absence. "The animals behaved in such a way as to terminate the stimulus as quickly as possible, even though a shock accompanied each stimulus termination. When the signal duration was made independent of the animal's behavior, the rate of avoidance responding in the stimulus increased." Avoidance contingencies in the presence and absence of the warning stimulus are suggested as important determiners of the relative aversiveness of stimulus and shock. 18 references.
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The author tested the temporal relation between electric shock and response to an aversive stimulus, using pecking response of 5 pigeons. Fixed and variable intervals were used, with both immediate and nonimmediate punishment. Immediate punishment proved far more effective than nonimmediate in reducing the number of responses during the warning periods, with both fixed and variable time intervals. Patterning of responding varied, however, fixed intervals produced a sharp negative acceleration prior to the appropriate time of delivery of each shock, and with variable intervals responding occurred at a reduced, but fairly uniform, rate. (PsycINFO Database Record (c) 2012 APA, all rights reserved)
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Pavlovian conditioning of heart rate in the white rat was attempted using milk presentation as reinforcement, and with both trace and delay paradigms. Delay conditioning produced positive results that were statistically significant, whereas trace conditioning exhibited the same trends but did not reach statistical significance. In both cases, CR had the same direction as UCR to milk (acceleration of heart rate) and opposite to the unconditional reaction to CS. Extinction and reconditioning were both accomplished. Some indications of complex response interactions were noted in the occurrence of the cardiac CR on conditioning trials where the instrumental response to the UCS (drinking) eventually occurred, as against the absence of cardiac CR on trials where the instrumental response did not occur. The existence of such interactions was also indicated by the fact that CR on individual trials within any single session could vary in direction between acceleration and deceleration, although averages might be stable.
Efeitos do choque livre em esquemas múltiplos. dissertação de Mestrado, universidade de São Paulo
  • M L D Ferrara
Ferrara, M. L. D. (1972). Efeitos do choque livre em esquemas múltiplos. dissertação de Mestrado, universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Uma análise de alguns efeitos de choques livres sobre o comportamento. tese de doutorado, universidade de São Paulo
  • M L D Ferrara
Ferrara, M. L. D. (1976). Uma análise de alguns efeitos de choques livres sobre o comportamento. tese de doutorado, universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Delayed Reinforcement -Parametric Study of Delayed Reinforcement. dissertação de Mestrado, columbia university
  • M Matos
Matos, M. a. (1964). Delayed Reinforcement -Parametric Study of Delayed Reinforcement. dissertação de Mestrado, columbia university, new York.
A ética do exercício de controles aversivos
  • Matos M. A.
Matos, M. a. (1981). a ética do exercício de controles aversivos. Boletim de Psicologia, 33, 126-133. (a versão consultada do artigo foi uma separata publicada pelo Programa de Mestrado em Educação Especial da Universidade Federal de São carlos, São carlos, 1982).