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Psicol. Argum. 2014 abr./jun., 32(77), 75-83
doi: 10.7213/psicol.argum.32.077.AO01
Psicol. Argum., Curitiba, v. 32, n. 77,
PSICOLOGIA ARGUMENTO ARTIGO
[R]
Abstract
This paper presents is a brief critical presentation of the history of DSM. From fragments of a
clinical case treated at a Psychosocial Care Center (CAPS) and based on the controversy created
perspective of DSM and Psychoanalysis in order to demonstrate that different diagnostic rea-
sons entail distinct clinical interventions. We also demonstrate the clinical consequences of the
from his/her speech. We point out some consequences of the prevailing diagnostic reason in con-
[#]
[K]
Keywords: Psychoanalysis. DSM. Diagnosis. Hysteria. [#]
[R]
Resumo
mentos de um caso clínico atendido em um Centro de Atenção Psicossocial () e com base
modus operandi
característico da instituição médica.[#]
[P]
Palavras-chave:[#]
[T]
Histeria e diagnóstico psiquiátrico
na contemporaneidade: tensões com a psicanálise
[I]
Hysteria and psychiatric diagnosis in contemporary times: tensions with Psychoanalysis
[A]
Fuad Kyrillos Neto[a], Carlos Lemes e Silva[b],
Aquinoã Abigail Pederzoli[c], Maria Luísa Azôr Hernandes[d]
[a] Doutor em Psicologia
Departamento de Psicologia da
[b]
da Universidade Federal do
[c]
Psicologia da Universidade
[d]
da Universidade Federal do
Received: 03/23/2012
Aprovado: 16/10/2012
Approved: 10/16/2012
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Kyrillos, F. Neto., Silva, C. L., Pederzoli, A. A., & Hernandes, M. L. A.
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Breve apresentação crítica do DSM
na investigação intitulada A psicopatologia e o DSM
IV: um diálogo com a Psicanálise
de um Centro de Atenção Psicossocial () e suas
um municipal e modular, uma linha de debate
político, ideológico e até mercadológico.
siste em “importunar” a sociedade implicada na
ças e transtornos mentais e da necessidade de cria
ção de uma linguagem de comum entendimento
possibilidades de diagnóstico entre todos os estu
a necessidade de catalogação e coleta de dados es
tatísticos acerca dos transtornos mentais por cau
co na clínica. O primeiro desenvolvimento de uma
Association [APA], 2002).
Com a necessidade de uma terminologia mais
ciado principalmente pelos ideais da perspectiva
tores psicológicos, sociais e biológicos.
A partir de então, os colaboradores das reedi
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Histeria e diagnóstico psiquiátrico na contemporaneidade 77
tamento deve começar com uma avaliação médica
precisa.
para dados empíricos em detrimento do humanis
manual.
criados com uma ideologia estritamente ateórica e
com uma abordagem predominantemente descriti
ve nenhuma menção de uma possibilidade de outro
ponto de vista. Eles simplesmente ignoraram o corpo
do conhecimento com base em uma hipótese alterna
individuais. (p. 2)
Uma perspectiva semelhante é adotada por
e mensuração. Para ele, “a abordagem descritiva do
elementos da teoria comportamental, embora eles
manual.
interpretação do clínico.
abordagens tentam contornar o problema dessa
composto por uma síndrome ou padrão de compor
na sociedade:
p. 3)
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gia a descrição dos sintomas ao invés da patologia.
e Fendrik (2011), intitulada O livro negro da psico-
patologia contemporânea. A obra denuncia a pato
sentado como avanço na capacidade de curar tenha
levado a ampliar em uma progressão geométrica a
Fendrik, 2011, p.6)
Advertido das controvérsias criadas em torno da
mentos de um caso clínico a ser apresentado e um
modus operandi
Fragmentos clínicos do caso
Através da discussão de vinhetas clínicas de um
caso atendido em um, a intenção é apresentar
1
por apresentar comportamentos de risco
novo. Por morar perto da casa deles, o irmão mais
nascer.
muito sobre doenças.
¹
identidade da paciente.
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para ela, ri.
Mônica na perspectiva do DSM
de: delirium
paciente apresenta algumas ideias delirantes com
transtorno da personalidade paranoide (301.0) e
como um critério importante para se estabelecer
Com a propriedade apresentada no manual de se
esquizofrenia do tipo
indiferenciado (295.90) com delirium por into-
xicação com álcool (291.0), transtorno da perso-
nalidade histriônica (301.5) com problemas no
grupo primário de apoio.
O viés psicanalítico
ceio da sua rivalidade com o progenitor do mesmo
Édipo. Os resultados da resolução da crise edipia
edipiano e, de outro, a subtração do perigo da cas
As psiconeuroses partilham dos mesmos pro
uma saída no corpo.
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medo, pois os homens a olhavam com cobiça. Ainda
segundo Freud, a aversão aos homens possivelmen
proteção contra o renascimento de uma percepção
recalcada. Essa percepção corresponderia ao re
Introdução
ao narcisismo,
nuíno de mulher. Com a puberdade, a maturação dos
mulheres amam apenas a si mesmas com intensidade
A citação evidencia a lógica histérica, não de
terapeuta em um lugar privilegiado, elegido como
sedutor, o histérico é um ser de medo” (p. 113), pois
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para ele represente a possibilidade de desintegra
sua autoimagem negativa em busca de cuidado em
e academia são caros e sempre pensa em se relacio
nar com homens casados para nunca ter um relacio
estão “dando em cima” dela, pois ela
pergunta se ela não estaria se colocando nesse lugar
respeito disso.
Considerações finais: a histeria e a razão diagnóstica
predominante na Psiquiatria contemporânea
pilar da modernidade, é possível posicionar o saber
do “mestre antigo” (a opinião e a realidade social
mente construída) como permanentemente em
do inconsciente.
em uma supervisão institucional como um caso con
estatísticas, é tratado predominantemente com me
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a ser desconsiderado.
do como um semblante contra o real. As estruturas
coram no real.
lisando histérico”.
O analista não abre mão de ocupar um lugar e de
ideia de conservar seu estado.
Essa possibilidade aponta para o risco da
2 Os psica
assim como a demanda dirigida ao analista, não é
puramente uma demanda de cura. E, no momen
tratamento:
não corresponde pura e simplesmente a uma possibi
² O discurso é um modo de relacionamento social repre
discursos como modos de uso da linguagem como vínculo
como
“eucracia”.
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Introdução ao narcisismo
Companhia das Letras. (Originalmente publicado em
O livro negro da psi-
copatologia contemporânea
A querela dos diagnósticos
O avesso da Psicanálise
Philosophical perspectives on psychiatric
A histeria: teoria e clínica psicanalítica.
ou psicopatologia para quê?
maio de 2011, de http://www.estadosgerais.org/
Os nomes da loucura
Histeria e Psicanálise depois de Freud.
Campinas: Unicamp.
Um novo lance de dados. Psicanálise e
Medicina na contemporaneidade
.
co e do paciente o alicerce dessa relação. A partir
do mestre.
Referências
Histeria
Casa do Psicólogo.
DSM-
IV-TR Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais
Chaves da Psicanálise
A ordem médica: poder e impotência
do discurso médico
Estruturas e clínica psicanalítica
Revista
Latino-americana de Psicopatologia Fundamental,
4
Figueiredo, A. C., & Tenório, F. (2002). O diagnóstico em
Revista Latino-americana