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Macapá, v. 4, n. 1, p. 100-105, 2014
Disponível em http://periodicos.unifap.br/index.php/biota
Biota Amazônia
ISSN 2179-5746
Aspectos da Estrutura Populacional do Trachelyopterus coriaceus, Amarra Tarrafa, Valenciennes,
1840 (Siluriformes, Auchenipteridae) na APA do Rio Curiaú, Estado do Amapá, Brasil
1 2 2 1
Paulo Arthur de Abreu Trindade , Júlio César Sá de Oliveira , Huann Carllo Gentil Vasconcelos , Álvaro José de Almeida Pinto
1. Instituto Evandro Chagas (IEC), Seção de Meio Ambiente (SEMAM), Laboratório de Biologia Ambiental. E-mail: pauloaatrindade@gmail.com
2. Universidade Federal do Amapá, Departamento de Ciências Biológicas, Laboratório de Ictiologia e Limnologia, NEPA - Núcleo de Estudos em Pesca e Aquicultura.
E-mail: juliosa@unifap.br; huannvasconcelos@unifap.br
RESUMO: A espécie Trachelyopterus coriaceus, conhecida popularmente como amarra tarrafa, está entre as
espécies de peixes residentes da Área de Proteção Ambiental (APA) do rio Curiaú no Amapá. O estudo avaliou a
estrutura populacional da espécie T. Coriaceus na APA do rio Curiaú, através das relações peso-comprimento,
proporção sexual e estrutura da população em crescimento. A amostragem foi realizada entre Abril de 2007 e
Fevereiro de 2008, levando em conta os períodos de maior e menor pluviosidade (Cheia e Seca). No total, foram
coletados 45 indivíduos de T. Coriaceus. Os machos foram maiores que as fêmeas, entretanto as fêmeas foram mais
pesadas que os machos. A espécie apresentou incremento alométrico positivo. A proporção foi de 1,14F:1M . A
partir da estrutura em comprimento sazonal e bimestral foi possível observar que houve um maior número de
indivíduos de ambos os sexos entre as classes 70 – 80 mm. Observou-se também diferença no comprimento total dos
indivíduos apenas em relação aos bimestres. Fatores como temperatura, época do ano, alimentação, estádio de
maturidade, sexo e períodos do ano, podem ser os causadores das diferenças nos aspectos da estrutura da
população de T. Coriaceus na APA do rio Curiaú.
Palavras-Chave: Amazônia, crescimento, alometria, proporção sexual, Trachelyopterus coriaceus.
ABSTRACT: The species Trachelyopterus coriaceus, popularly known as Moors Flue, is among the fish species residing
in the Environmental Protection Area (EPA) of the river Curiaú Amapá, and presents itself to the system markedly
river-floodplain. The study aimed to assess the population structure of T. coriaceus in APA Curiaú the river, through the
length-weight relationships, sex ratio and population structure on growth. Sampling was conducted between April
2007 and February 2008, taking into account the periods of high and low rainfall (rainy and drought). We collected
a total of 45 individuals of T. coriaceus. Males were larger than females, but females were heavier than males. The
species showed positive allometric growth. The ratio was 1.14:1 (F / M). The length structure seasonal and bimonthly
showed that there was a greater number of individuals of both sexes between classes 70 - 80 mm. Difference was
observed in the total length of individuals only in relation to the marking periods. Factors such as temperature, time of
year, feeding, stage of maturity, sex and periods of the year, may be the cause of differences in aspects of the
population structure of T. coriaceus in EPA Curiaú River.
Keywords: Amazon, Increase, Allometric, Sex ratio, Trachelyopterus coriaceus.
Aspects of Population Structure of Trachelyopterus coriaceus, Moors Flue, Valenciennes, 1840 (Siluriformes,
Auchenipteridae) in EPA of Curiaú River, State of Amapá, Brazil.
1. Introdução O Amarra Tarrafa, Trachelyopterus coriaceus, está
O gênero Trachelyopterus (Valenciennes, 1840) entre as espécies de peixes residentes da Área de
possui cerca de 13 espécies com distribuição para o Proteção Ambiental do Rio Curiaú, Estado do Amapá
Brasil, Argentina e Guianas, sendo mais observado nos (Brasil), e apresenta-se de forma marcante no sistema
ecossistemas Amazônicos (BRITSKI et al., 1999; REIS et rio-planície de inundação, possivelmente pela grande
al., 2003; FERRARIS JR., 2007). Este grupo é disponibilidade de alimento (invertebrados aquáticos,
representado por organismos de pequeno e médio insetos e sementes) que são abundantes no período de
porte, os quais a cabeça é completamente ossificada, cheia neste ambiente, além do que, constituem parte de
com olhos laterais e boca terminal, sua nadadeira sua dieta (SARMENTO-SOARES; MARTINS-PINHEIRO,
dorsal localiza-se na parte anterior do corpo, assim 2007). É uma espécie típica de climas tropicais e
como a peitoral, apresentam espinhos e os barbilhões ambientes dulcícolas sem grandes fluxos de água,
em geral são curtos, sendo um par maxilar e dois pares podendo atingir aproximadamente 18 cm de
mentonianos. Sendo encontrados principalmente em comprimento total. Morfologicamente, apresenta
águas lênticas e possuem hábitos noturnos (SANTOS et mandíbula prognata, cabeça larga e longa,
al., 1984). apresentando coloração castanho-claro com manchas
ARTIGO
Trindade et al. | Aspectos da Estrutura Populacional do Trachelyopterus coriaceus
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Biota Amazônia
castanho-escuras alongadas; nadadeiras também Curiaú, através de diferentes características como a
manchadas, às vezes com listras (BRITSKI et al., 1999). relação peso-comprimento, a proporção sexual e a
Possui natureza agressiva, e seu hábito alimentar é estrutura da população em crescimento, a fim de
carnívoro tendendo a onivoria, quando adulto e contribuir com maiores informações sobre a biologia
zooplanctônico na fase de alevino e larva. Sua populacional da espécie.
reprodução começa no início da estação chuvosa
(BRITSKI et al., 1999). T. coriaceus não tem 2. Material e Métodos
representatividade econômica na região de estudo, e
pouco se sabe sobre a biologia desta espécie em Área de Estudo
ambientes de planície inundáveis (MPA, 2013). A Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Curiaú
Desse modo, faz-se necessário avaliar a estrutura (Fig.1) localiza-se no Município de Macapá-AP e ocupa
populacional de T. coriaceus, uma vez que informações uma área de aproximadamente 23.000 ha. A APA está
sobre as populações de peixes são de grande delimitada ao sul pelas coordenadas 00° 14' 58” S, ao
relevância para compreender a ecologia das espécies norte 00° 14' 17” N, a leste 50° 56' 54” W Gr e a oeste
(VAZZOLER; AMADIO, 1990; AGOSTINHO et al., 51° 07' 46” W Gr. A APA do Rio Curiaú é influenciada
1994). Uma vez que por meio dos resultados, pode-se predominantemente pela bacia do Rio Curiaú e de seus
inferir ou interpretar os aspectos que regem e tributários , formados a partir de pequenos riachos
influenciam a dinâmica das populações como a margeados por ecossistemas florestais como cerrado,
estratégia de vida, assimilação de energia, crescimento, floresta tropical úmida, além de ecossistemas aquáticos
reprodução e proporção sexual.
Assim, o presente estudo visou avaliar a estrutura como lagos intermitentes e perenes (SÁ-OLIVEIRA;
populacional da espécie T. Coriaceus na APA do rio MENDES-JÚNIOR, 2012).
Figura 1. Localização da área de estudo: APA do Rio Curiaú, Macapá-AP.
A confluência do rio Curiaú com o rio Amazonas inundação periód ica, cuja flora altamente
apresenta características meândricas distintas da sua especializada é composta tanto por elementos de
região m eso-rio. E s s a diferença d e ve-se, la rga d istribuição como muit as mac rófitas
provavelmente, a suas características morfológicas e à aquáticas, quanto por espécies de distribuição
maior turbulência no rio (SILVA et al., 2003) provocada restrita como é o caso de algumas gramíneas (SÁ-
pela maior velocidade de correnteza da água do rio OLIVEIRA; MENDES-JÚNIOR, 2012). É importante
Amazonas e pelo regime de maré. ressaltar que, em ambas as condições, observam-se
A flutuação sazonal do regime hidrológico na APA é modificações na estrutura composição florística
marcante, com o período de estiagem compreendendo desses ambientes.
os meses de julho a dezembro e o chuvoso de janeiro a A composição florística das margens da planície
junho, onde o nível da água eleva-se de modo a inundar inundável é representada por uma estreita faixa
grande parte da planície alagável. florestada típica das várzeas de águas paradas,
A vegetação da planície inundável da APA do Rio influenciadas principalmente pelo regime pluvial,
Curiaú é constituída principalmente por um estrato onde se observa árvores de grande e médio porte e
herbáceo, bastante denso, adaptado ao regime de arbustos (SÁ-OLIVEIRA; MENDES-JÚNIOR, 2012).
Biota Amazônia
Procedimento de Campo 3. Resultados
Foram realizadas coletas bimestrais durante o Foram capturados um total de 45 indivíduos de T.
período de abril de 2007 a fevereiro de 2008, Coriaceus, variando em CT de 69 – 137 mm (98 ± 21,19
considerando os períodos de estiagem e chuvoso (seca e mm) e PT de 2,62 – 36,22 g (13,21 ± 10,22 g). Entre os
cheia) respectivamente do rio. A captura dos peixes foi sexos o CT das fêmeas variou de 69 – 129 mm (94,92 ±
realizada com redes de espera de diferentes malhas de 19,05 mm) e PT de 3,41 – 36,22 g (12,51 ± 9,11 g), e
aberturas (12, 20, 25, 30, 35 cm) medindo 10m x 1,5m machos CT variou de 71 – 137 mm (99,33 ± 22,81 mm)
de altura, puçá, rede de arrasto (12 e 20 cm) medindo e PT de 2,62 – 35,90 g (14,21 ± 11,36 g).
de 5m x 1,5 m altura e tarrafa. As redes de espera A fórmula da relação peso-comprimento foi estimada
3,5485
foram distribuídas de forma aleatória, por um período para sexos agrupados (PT = 1E-06CT ), mostrando
de 15 horas realizando-se aferições a cada 4 horas, que a espécie apresenta crescimento alométrico
durante intervalos das despescas foram realizados positivo (b = 3,5485; r = 0,965194; Figura 2).
arrastos nas margens da planície, lançamentos de
tarrafas e pescarias com puçás. Os espécimes de T.
Coriaceus coletados foram acondicionados em sacos
plásticos devidamente etiquetados, fixados em formol a
10%, encaminhados ao laboratório de limnologia e
ictiologia da Universidade Federal do Amapá
(UNIFAP).
Procedimento de Laboratório
Em laboratório, os espécimes foram lavados para
remover o formol e conservados em álcool 70%. Em
seguida, foram mensurados o comprimento total (CT) em
milímetros através de fita métrica e/ou paquímetro,
estimado o peso total (PT) em gramas através de
balança de precisão 0,001 g; e realizado a sexagem Ao comparar a relação peso-comprimento entre
3,4644
através da abertura da região ventral e visualização sexos, registrou-se para as fêmeas PT = 1E-06CT (r
3,669
das gônadas (VAZZOLER, 1996). = 0,972471; Fig.3A) e para machos PT = 5E-07CT (r
= 0,964935; Fig.3B).
Relação Peso-Comprimento
Foi determinada a relação peso-comprimento
calculada para fêmeas, machos e sexos agrupados
b
através da equação PT = a*CT , onde PT = Peso Total,
CT = Comprimento Total, a = intercepto da regressão e
b = coeficiente angular (LE CREN, 1951). Os resultados
foram plotados em gráficos.
Proporção Sexual
A proporção sexual foi calculada a partir da
frequência relativa (%) de F:M (fêmeas e machos), onde
o número total de fêmeas/ número total de machos
presentes nas amostras (para o período total, por
bimestre e por classe de comprimento). Aplicou-se aos
resultados o teste do Qui-Quadrado.
Estrutura da População em Comprimento
A estrutura em comprimento foi analisada por
histogramas, construídos a partir das frequências de
classes de comprimento total e comparados visualmente,
entre períodos e bimestres de coleta. O tamanho dos
indivíduos foi testado entre os períodos do ano e por
bimestres através do teste não paramétrico de Kruskall-
Wallis, já que os pressupostos de normalidade e
homocedasticidade não foram atendidos. O nível de
significância adotado foi de 5% (á = 0,05).
020 40 60 80 100 120 140
0
5
10
15
20
25
30
35
40
CT(mm)
PT(g)
3,5485
PT = 1E-06CT
r = 0,965194
Figura 2. Relação peso-comprimento para sexos agrupados de T.
coriaceus.
020 40 60 80 100 120 140
0
5
10
15
20
25
30
35
40
CT(mm)
PT(g)
3,4644
PT = 1E-06CT
r = 0,972471
020 40 60 80 100 120 140
0
5
10
15
20
25
30
35
40
CT(mm)
PT(g)
3,669
PT = 5E-07CT
r = 0,964935
A
B
Figura 3. Relação peso-comprimento entre fêmeas (A) e machos (B)
de T. coriaceus.
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Trindade Aspectos da Estrutura Populacional do Trachelyopterus coriaceuset al. |
Biota Amazônia
Do total de 45 indivíduos com sexo determinado, A estrutura populacional em comprimento mostrou
53% eram fêmeas e 47% machos. A razão sexual foi que no período da estiagem (bimestres agosto, outubro
1 , 1 4: 1 ( f êm e a / ma c ho ) , n ão v a r i a n d o e dezembro de 2007) ocorreram maiores números de
2indivíduos, especificamente nas classes de tamanho 70 e
significativamente para o total de indivíduos (÷ = 80 mm. Nas demais classes, houveram poucos espécimes
0,7656; p > 0,05). Bimestralmente, verificou-se (Fig.7). Notando-se diferença altamente significativa
diferença nos meses de agosto e outubro de 2007 entre
2 2 da estrutura da população, quando comparados por
os sexos (÷ = 9,1; p = 0,02 e ÷ = 5,58; p = 0,04; bimestre (KW – H = 22,27; p = 0,0005; Figura 8). A
Figura 4). Concomitantemente, nos demais bimestres mediana do CT (mm) foi diferente entre os bimestres Jun
não registraram-se diferenças. 2007 (Cheia) e Out 2007 (Seca) (p = 0,006) e Out
2007 (Seca) e Fev 2008 (Cheia) (p = 0,004), nos
demais não ocorreu diferença significativa.
A estrutura da população amostrada por
comprimento e período sazonal demonstrou que, nas
classes entre 70 – 80 mm, houve um maior número de
indivíduos de ambos os sexos. Nas classes 70, 80 e 120
mm o número de indivíduos no período chuvoso (cheia)
foi superior em relação ao período de estiagem (seca).
No período seco, foram registrados indivíduos entre
todas as classes, exceto para 60 mm. Nas classes 90,
4. Discussão
100, 110 e 130 o número de indivíduos foi maior no
período de estiagem (seca) (Figura 6). Entretanto, não É possível verificar que a relação peso-comprimento
ocorreu diferença significativa entre os períodos (KW = da espécie T. Coriaceus na planície de inundação da
U = 229,50; p = 0,062). APA do rio Curiaú, os machos são maiores que as
fêmeas, sendo as mesmas mais pesadas do que os
machos. A espécie apresenta incremento alométrico
positivo, ou seja, há mais ganho de peso do que
comprimento. O valor de b nesta espécie foi maior nos
machos do que nas fêmeas. Maia et al. (2013) constatou
que, em três lagoas da costa subtropical do sul do Brasil,
a espécie Trachelyopterus lucenai apresentou um
padrão similar de comprimento e alometria entre os
sexos, onde os machos tiveram valores médios de
comprimento total superior ao das fêmeas.
Figura 4. Variação da proporção sexual por bimestre de T.
coriaceus.
Figura 5. Proporção sexual por classe de comprimento total (mm)
para a espécie T. coriaceus na APA do rio Curiaú.
Figura 6. Estrutura da população em comprimento nos periodos
chuvoso (cheia) e estiagem (seca).
Figura 7. Estrutura da população de T. coriaceus por comprimento e
por bimestre.
Abr20 07 Jun20 07 Ago200 7 Out2 007 D ez200 7 Fev2 008
Bi m e st re
60
70
80
90
10 0
11 0
12 0
13 0
14 0
CT (mm)
Figura 8. Relação do comprimento total (mm) entre bimestres da
espécie Trachelyopterus coriaceus.
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Trindade Aspectos da Estrutura Populacional do Trachelyopterus coriaceuset al. |
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No reservatório de Banabuiú no Ceará, observou-se (proporcional) machos e fêmeas nos tamanhos maiores,
que a espécie Trachelyopterus galeatus (Trachychorystes existindo uma desproporção a favor dos machos nas
galeatus) também apresentou machos maiores que as classes menores. O aumento do número de fêmeas e seu
fêmeas (NOMURA et al., 1976). Vale ressaltar que na tamanho está relacionado ao período chuvoso, devido
ordem dos Siluriformes as fêmeas tendem ser maiores ao aporte de nutrientes e espaço pela inundação, assim
que os machos (AGOSTINHO e JÚLIO 1999, GOMIERO melhorando a eficiência reprodutiva. Vale destacar que
e BRAGA 2007). Entretanto, para os Auchenipteridae, o são necessários maiores estudos a respeito desta
padrão encontrado para os Siluriformes não incluem os espécie, além da bioecologia de peixes em planície de
peixes desta família. Ricker (1979) admite que quando inundação, uma vez que estes ambientes apresentam-se
o coeficiente alométrico é maior que 3, a espécie de maneira favorável a existência da ictiofauna.
aumenta em peso, consequentemente, em volume numa
proporção acima da necessária para equilibrar as 6. Referências Bibliográficas
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Sabe-se, porém, que a composição de uma
população em classes de comprimento é uma
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Biota Amazônia
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