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PROPOSTA METODOLÓGICA E ASPECTOS PEDAGÓGICOS NO ENSINO DOS
ESPORTES DE COMBATE
Danilo Gomes de Arruda1
Daniel Cavalcante Briski1
Aretusa de Jesus Camargo1
Keith Sato Urbinati1
1Grupo de Estudos em Comportamento Motor (GECOM) – Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUC/PR)
1. INTRODUÇÃO
Os esportes podem ser definidos como atividades competitivas, com regras, que
envolve algum esforço físico de grande ou baixa intensidade (BARBANTI, 2006).
Quanto a sua classificação, podem ser de lazer, educacional e alto rendimento
(MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2012).Pedagogicamente são divididos em esportes
coletivos e individuais (SCHMIDT; WRISBERG, 2010).
Dentre os esportes individuais encontram–se os esportes de combate (EC),
definidos como atividades marcadas por uma oposição entre sujeitos, usando de
situações de ataque e defesa para alcançar o objetivo, que pode ser nocautear, tocar,
desequilibrar e imobilizar (CORREIA; FRANCHINI, 2010).
Apesar dos inúmeros benefícios (BU; HAIJUN; YONG; CHAOHUI; XIAOYUAN;
SINGH, 2010) encontrados na prática dos esportes de combate, a literatura aponta
poucos trabalhos quanto aos procedimentos pedagógicos (MOREIRA, 2003; GOMES,
2008; PRADO, 2009) que devem ser adotados no processo de iniciação desportiva no
ensino das lutas. Ao contrário dos esportes coletivos, onde existem algumas
metodologias pedagógicas para iniciação desportiva (BROTTO, 1999; BALBINO, 2001,
2005; GRAÇA, 2001; DAOLIO, 2002; OLIVEIRA, 2002; GALATTI; PAES, 2005;
GALLATI, 2006; COSTA, 2007).
Para que adequados resultados sejam alcançados no ensino dos EC, a
metodologia empregada deve ser aadequada, de maneira que desenvolva todas as
potencialidades da criança, tanto físicas e psicológicas (COSTA; NASCIMENTO, 2004;
GRAÇA, 2001; NASCIMENTO; RAMOS; MARCON; SAAD; COLLET, 2009).A prática
esportiva sugere uma prática pedagógica que priorize, além dos métodos,
procedimentos nos quais a preocupação central seja voltada para o gesto técnico,
estimulando-o a identificar e resolver problemas, e proporcionar a criação de novos
gestos motores (PAES, 2006).
A prática da iniciação desportiva em esportes de combate deveria visar não
somente o desempenho, mas também, buscar trabalhar o acervo motor da criança
(PRADO, 2009), cuja deficiência poderácausar prejuízos motores (WEINECK, 2005).
Diversos estudos (FIORESE, 1989; MOREIRA, 2003; COSTA; NASCIMENTO, 2004;
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RAMOS; NEVES, 2008; REGA; SOARES; BOJIKIAN, 2008; VIEIRA; BOJIKIAN, 2008;
VILLAS; LIMA, 2008; MACHADO; GOMES; BRANDÃO; PRESOTO, 2009; WILLRICH;
AZEVEDO; FERNANDES, 2009) alertam que a prática do exercício de maneira
inadequada gera danos àcriança. Portanto éfundamental que o técnico ou professor
tenha conhecimentos de aspectos pedagógicos relacionados ao processo de iniciação
desportiva (GRAÇA, 2001).
Dentre diversas metodologias de ensino para iniciação desportiva, o ‘modelo
pendular’apresentado por Claude Bayer (1994), inicialmente criado para os esportes
coletivos (DAOLIO, 2002),poderia trazer importantes contribuições para os esportes
de combate.
O ‘modelo pendular’(BAYER, 1994) aborda a questão pedagógica do
aprendizado, onde o autor classifica processo de aprendizagem em três fases:
princípios operacionais, regras de ação e gestos técnicos, que norteiam no fato da
criança estar em desenvolvimento e dimensionar que a técnica (nas duas primeiras
fases) não seja o único objetivo final do processo de aprendizagem (DAOLIO, 2002).
Deste modo, o presente estudo busca relacionar o ‘modelo pendular’proposto
por Bayer (1994) com as conceituações e características dos princípios pedagógicos
para os esportes de combate.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
O estudo decorreu sobre a pesquisa bibliográfica de revisão e análise reflexiva,
com o objetivo de desenvolver uma proposta metodológica de intervenção nos
aspectos pedagógicos para o ensino das lutas a partir do ‘modelo pendular’proposto
por Bayer (1994).
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
MODELO PENDULAR E ESPORTES DE COMBATE
Propostas metodológicas para a iniciação esportiva nos esportes de combate
(EC) poderiam facilitar e aprimorar o ensino e aprendizagem. O modelo pendular
proposto por Bayer (1994) éum recurso pedagógico criado com base na literatura
científica e que pode ser aplicado nas lutas partindo basicamente dos mesmos
princípios.
Bayer (1994) em seu modelo original divide o esporte coletivo em seis variantes
em comum; sendo elas: uma bola (ou implemento similar), um espaço de jogo,
parceiros com os quais se joga, adversários, um alvo a atacar (e de forma
complementar, um alvo a defender), e regras específicas.
Simões, Morato, Duarte e Almeida(2010), constataram cinco princípios
condicionais das lutas, contato proposital, fusão ataque/ defesa, imprevisibilidade,
oponentes ou alvos e regras. Formando assim o conjunto de ações para os princípios
operacionais.
Contato proposital definido como principal condição para que haja luta, o ato
ocorre através das mãos, dos punhos, dos braços, das pernas, do corpo inteiro ou com
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um implemento (GOMES; MORATO; DUARTE; ALMEIDA, 2010).
Fusão Ataque/Defesa que se constata nos esportes de combate como duas
ações simultâneas, no momento em que o individuo ataca ele age defendendo-se
também (GOMES; MORATO; DUARTE; ALMEIDA, 2010).
Imprevisibilidade seria a condição de uma luta, aonde o lutador não cria ações
antecipadamente, por exemplo, golpe treinado em um treino, mas na luta o adversário
não dascondições para tal ação, a organização deve ser refeita buscando outra
maneira para goleá-lo, diferentemente dos jogos desportivos coletivos, onde jogadas
são pré-destinadas (GOMES; MORATO; DUARTE; ALMEIDA, 2010).
Oponente ou Alvo certamente o que justifica o contato, aonde o alvo éo próprio
adversário.
Regras ações permitidas ou proibidas, o que leva os lutadores a adaptar e criar
técnicas e táticas. Essa condição também define se para atingir um alvo, e utilizado as
mãos, as pernas ou ate implementos.
Dentro desta perspectiva, tratar-se-áaqui, com maior ênfase a descrição da
fusão ataque/defesa. Os EC podem ser classificados conforme a ação motora e
distância (GOMES; MORATO; DUARTE; ALMEIDA, 2010).
Quanto ação motora: domínio, cuja principal ação motora éo agarrar;
percussão, cuja principal ação motora éo tocar (GOMES; MORATO; DUARTE;
ALMEIDA, 2010); e, acrescentando, lutas mistas que envolvema combinação das lutas
de percussão e domínio,como por exemplo o MMA –mixed martial arts (BREDA;
GALLATI; SCAGLIA; PAES, 2010).
Conforme a distância pode-se dividir os EC em: curta (lutas de domínio), média
(lutas de percussão) e longa (com utilização de armas como a esgrima) (BREDA;
GALLATI; SCAGLIA; PAES, 2010; GOMES; MORATO; DUARTE; ALMEIDA, 2010).
Na concepção de Olivier (2000) os esportes de combate possuem ações
motoras divididas em duas áreas: (1) ataque: agarrar, reter, imobilizar e desequilibrar,
e (2) defesa: resistir, esquivar e livrar-se (OLIVIER, 2000). No entanto, ao considerar
que a principal ação motora dos EC de percussão éo tocar (socar, chutar etc.)
(BREDA; GALLATI; SCAGLIA; PAES, 2010), considerou-se neste trabalho a inclusão
do tocar como ação motora de ataque e bloquear como ação motora de defesa. A
tabela 1 apresenta as ações de ataque e defesa e suas possíveis diversificações de
movimentos.
Na classificação das ações motoras das lutas sugerida por Olivier (2000), existe
uma lacuna, nas ações motoras de ataque, deveria ser colocado a ação do “toque”,
como vemos em determinadas modalidades, a exemplo karate, taekwondo, kung fu,
onde o objetivo não éagarrar, reter, imobilizar ou desequilibrar, mas sim o toque no
oponente. A metodologia de ensino deve desenvolver essas ações motoras,
principalmente deve proporcionar a vivência motora na criança de diversas maneiras,
para que essa no futuro possa executar de maneira correta os movimentos no combate
(GRECO; BENDA; CHAGAS, 1997).
Tabela 1.Classificação das ações motoras das lutas
Ações motoras específicas Diversificações possíveis
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ATAQUE
Agarrar
Reter
Desequilibrar
Imobilizar
- apanhar os braços, pernas, cintura e tronco
/apanhar as roupas
- com as mãos / pelo meio do corpo
- puxando / empurrando / puxando e empurrando /
carregando, levantando / fazendo barreira com as
pernas /projetando / fazendo virar
- virando / esmagando no chão / recobrindo o corpo /
fixando os membros / combinando as ações
Tocar
DEFESA
Esquivar-se
Resistir
Livrar-se
Bloquear
- realizar socos, chutes, cotoveladas, joelhadas
(inerentes as lutas de percussão
- rolando / saltando / abaixando-se / desviando as
mãos / afastando-se / virando
- opondo-se / empurrando / desviando / atacando
- agarrando / empurrando / girando em torno de si
mesmo / virando-se
- defender-se na altura da cabeça, tronco e pernas
(realizar o movimento com braços e pernas)
Fonte: Adaptado de Olivier (2000)
O modelo pendular baseado nos estudos de Bayer (1994) sugere uma descrição
do processo de aprendizagem dos esportes coletivos, de acordo com uma sequência
lógica de ensino, composto em três fases, da base para a extremidade do pêndulo,
respectivamente: princípios operacionais, regras de ação e gestos técnicos (DAOLIO,
2002).Como um pêndulo em balanço, este modelo evidencia cada fase (Figura 1).
Conforme o modelo de ampulheta para o desenvolvimento de habilidades motores
proposto por Gallahue (2005), sugerimos que as fases do modelo pendular sejam
trabalhados com as seguintes idades cronológicas: princípios operacionais atéos 7
anos,regras de ação dos 7 aos 11 anos de idade, e gestos técnicos a partir dos 11
anos de idade.
390
Figura 1. Descrição do modelo pendular
Fonte: Adaptado de Daolio (2002)
Na base do pêndulo se encontram os princípios operacionais, sendo a fase mais
importante na iniciação esportiva, onde vários autores (GALLAHUE; OZMUN, 2005;
GARRETT, 2003; MALINA; BOUCHARD, 2002; WEINECK, 2005) concordam que uma
boa base motora ajudarános esportes, as capacidades de coordenação motora são à
base de uma boa capacidade de aprendizagem sensório-motora, e deve ser
desenvolvida para sustentar uma futura especialização (PAES, 1997; GRECO; BENDA;
NOVELINO, 1998; BOMPA, 2002; FREIRE, 2011).Esta fase engloba todos os
esportes, éa formação de base para qualquer indivíduo praticar modalidades
esportivas coletivas. Nesta fase deveriam ser aplicadas atividades que contemplem um
repertorio grande de ações sensório-motoras e de caráter coordenativo, iniciando
basicamente com os padrões motores fundamentais de locomoção, manipulação e
estabilizadoras (GALLAHUE; OZMUN, 2005), desenvolvendo a base motora.
Caso algum dos padrões motores fundamentais, não sejam trabalhados na
infância, não se desenvolverão de maneira correta, acarretando dificuldades na fase
adulta (WEINECK, 2005). A partir deste princípio entende-se que antes de estimular a
especificidade técnica em esportes, deve-se primeiro preparar o indivíduo com um
vasto acervo motor, que poderáseráutilizado em todos os esportes (REGA; SOARES;
BOJIKIAN, 2008). O treinamento de alto nível precoce em crianças, tem se tornado
cada vez mais comum (DARIDO; FARINHA, 1995; KNIJNIK; MASSA, 2008;
MACHADO; GOMES; BRANDÃO; PRESOTO, 2009), gerando também problemas
psicológicos, sociais e motores (WEINECK, 2005, PAES, 1997).
Crianças têm suas estruturas fisiológicas, psicológicas e motoras diferentes de
um adulto, a criança éum indivíduo que ainda estáem fase de desenvolvimento em
quase todas as áreas (GALLAHUE; OZMUN, 2005), pensando nisso o técnico ou
professor deveráproporcionar as melhores situações para que a criança se desenvolva
Princípios
operacionais
Regras de ação
Gestos
técnicos
Processo
de
aprendizagem
391
em todas as suas áreas, motora, psicológica, fisiológica e social (REGA; SOARES;
BOJIKIAN, 2008). A utilização de jogos lúdicos nesta fase éindicada por ser um
excelente material pedagógico, assim como bem aceita pelas crianças, proporcionando
alcance dos objetivos do professor para com a criança e atraindo-a para prática e
permanência nos esportes (SOUZA; ASSUMPÇÃO; ZABAGLIA; GARCIA, 2010).
A primeira fase, conhecida como princípios operacionais, éo início do pêndulo e
atua como base para todas as lutas, neste período deveriam ser aplicados os jogos de
oposição (CARTAXO, 2008; OLIVIER, 2000), cuja principal ação éo ato de oposição
ao adversário (GOMES; MORATO; DUARTE; ALMEIDA, 2010; OLIVIER, 2000).Os
princípios operacionais, são àbase de todo o ensino, nesta fase devem ser priorizados
as atividades lúdicas,habilidades motoras fundamentais e os valores e princípios.
Os princípios operacionais devem compreender as idades até7anos. Nesta
fase a criança tem seus primeiros contatos com as atividades de oposição, objetivando
a construção de uma base de ações compatíveis das varias modalidades dos esportes
de combate.
Os jogos de oposição circundam todos os princípios das lutas (OLIVIER, 2000),
proporcionando principalmente os estímulos para desenvolvimento motor da criança,
que deve ser estimulado principalmente nas fases sensíveis, que éa fase ou idade
onde a resposta aos estímulos éaumentada (WEINECK, 2005), consequentemente o
aprendizado das técnicas futuramente se tornarámais fácil, sendo realizada da
maneira correta sem nenhum problema por parte de seu acervo motor (MALINA;
BOUCHARD, 2002).Em todas as atividades nessa fase como nos jogos de oposição, o
objetivo deve ser alcançado sem a exigência da técnica, desenvolvendo prazer por
parte do individuo e facilitando seu aprendizado, que não existe sem atividade
intelectual e sem prazer (PINTO, 1997).
Na região intermediária do pêndulo, encontram-se, as regras de ação, essa fase
édefinida por Bayer (1994) como sendo “mecanismos de gestão necessários para
realização dos princípios operacionais”. É nesta fase que a criança começa a ter mais
contato com o esporte propriamente dito, submetendo-se a regras e normas de ação,
porém ainda as regras de ação se assemelham em alguns esportes. A fase
intermediaria do pêndulo, proporciona certa diferenciação entre os esportes. Segundo
Daolio (2002), nas regras de ação, a criança deve ser situada, tendo conhecimento das
regras básicas da modalidade, gerando uma leve especificidade esportiva. O ensino da
técnica jáéministrado, no entanto a técnica não deve ser reproduzida com grandes
repetições, se o ensino da técnica for muito enfatizado nesta fase, pode gerar no
praticante,frustrações na realização, e possível desmotivação e desistência da
atividade (COSTA; NASCIMENTO, 2004).
Na fase de regras de ação (7 aos 11 anos), é o momento que a criança se
mostra pronta para receber informações mais diretas, apontando objetivos de
diferentes modalidades de combate.
Deve ocorrer diferenciação e classificação de ações que ainda se encaixam à
grande maioria das modalidades de combate. Nessa fase basicamente a criança
aprende regras como, encostar as costas do adversário no chão e não deixar ser
derrubado da mesma forma, ou então, resolver problemas de formas variadas. Mesmo
com uma tipificação de modalidades a fase, a técnica não deve ser priorizada,
392
respeitando as fases de desenvolvimento motor do aluno e evitando uma
especialização precoce, o desenvolvimento motor e as atividades lúdicas ainda são
priorizados.
Ainda, na fase de regras de ação, os alunos devem ser estimulados a resolução
de problemas com golpes construídos, especificados e produzidos para o momento
específico, caracterizando a interação lutador / oponente / ambiente (FRANCHINI,
2010), ou seja,oportunizar que o mesmo golpe seja realizado em diferentes situações,
como alvos móveis, com entradas diferentes, etc.
Na extremidade do pêndulo situam-se os gestos técnicos (11 anos em diante),
diferenciando as modalidades (DAOLIO, 2002). Esta éa fase do processo de
aprendizagem mais avançada e complexa. Nesta fase o gesto técnico deve ser
aprendido pelo atleta de maneira correta, para que gere menor dispêndio de energia,
maior eficácia e maior segurança (MAGILL, 2002).
O jogo nesta fase não deve ser tratado comoprioridade, mas sim a técnica.
Quando níveis técnicos desejados forem alcançados (COSTA; NASCIMENTO, 2004),
então jápoderão ser aplicados juntos situação de combate.
Nesta etapa a especificidade esportiva éfundamental para a aquisição da
habilidade motora inerente ao esporte, este período édeterminante para que o
aprendiz siga ou não na modalidade pretendida, um bom acervo técnico proporcionará
ao atleta os requisitos para seguir na modalidade e inclusive chegar ao alto rendimento
(MILISTETD; MESQUITA; NASCIMENTO; SOBRINHO, 2009).
Na fase dos gestos técnicos devem ser implementadas estratégias que
beneficiem os desempenhos técnicos, físicos e cognitivos, de forma específica para a
modalidade esportiva escolhida.
Para um melhor desempenho na modalidade, a caracterização de um indivíduo
dessa fase determina que o atleta tenha um bom acervo motor previamente
desenvolvido nas outras fases, facilitando a retenção dos gestos técnicos exigidos pela
modalidade de combate, e boa capacidade de resolução de problemas, para aplicação
em competições que estáinserida nessa fase.
Esta metodologia pedagógica deve incluir elementos de ludicidade, aptidão
física, habilidades motoras, especificidade esportiva,valores e princípios, cada uma
destas deve ser aplicada nas três fases do pêndulo, variando a intensidade de acordo
com a fase. A intensidade de cada elemento por fase encontra-se abaixo na tabela 2:
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Tabela 2.Elementos trabalhados nas fases e intensidade
Princípios Operacionais Regras de Ação Gestos Técnicos
Ludicidade muito alta alta baixa
Aptidão Física muito baixa baixo alta
Desenvolvimento Motor muito alta alta baixa
Especificidade Esportiva muito baixa média muito alta
Valores e Princípios muito alta muito alta muito alta
Fonte: presente estudo
Assim, asprincipais característicasdo modelo pendular, são base motora e as
ações que abrangem todas as modalidades esportivascoletivas, que servirão de
conceitos básicos para a metodologia nos esportes de combate, onde o ensino será
dividido em três grandes fases, assim como sugere Daolio (2002).
Em todas as fases do modelo pendular aplicado aos EC, tanto técnica,
ludicidade e outros elementos, devem ser aplicados, variando apenas a intensidade de
acordo com a fase que o aluno se encontra. Éimportante ressaltar sobre os valores e
princípios que devem ser trabalhados em intensidade muito alta em todas as fases, o
técnico deve sempre lembrar e trazer a tona os valores que estão no esporte, para que
além de formar bons atletas formar também boas pessoas, assim se utilizando de todo
o potencial que o esporte proporciona (OLIVEIRA; PERIM, 2009).
Após discorrer por todas as fases do modelo pendular (BAYER, 1994), sugere-
se uma proposta metodológica de modelo pendular para as lutas, conforme figura 2.
Figura 2. Modelo Pendular aplicado as lutas
Fonte: adaptado de Daolio (2002)
O modelo pendular como aspectos pedagógicos para o ensino dos esportes de
Até7 anos
De 7 aos 11 anos
Apartir de 11 anos
Princípios
operacionais
Regras de ação
Gestos
técnicos
Processo
de
aprendizagem
(-)
Especifici-
dade
(+)
Atividades Lúdicas
Habilidades
motoras
fundamentais
Jogos de Oposição
Jogos com
objetivos
técnico
táticos
Habilidades
específicas
Regras de
Combate
Preparação
física
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combate pode ser uma importante ferramenta para o processo de iniciação desportiva
e prescrição do treinamento, cujo objetivo éa formação no físico, social e psicológico.
A dimensão técnica deverá estar presente no modelo pedagógico, respeitando as
diferentes fases do modelo pendular. Qualquer gesto constitui-se numa técnica
corporal, ou seja, que qualquer movimento com um determinado tempo de prática será
uma técnica (DAOLIO, 2002), porém, a responsabilidade édo professor que estáa
frente do grupo em gerenciar o como étratada essa “técnica”, nunca sendo o principal
objetivo nas fases de base buscar totalmente a técnica esportiva.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
No desenvolver deste trabalho, abordamos as questões pedagógicas do esporte
de combate, caracterizando uma proposta pedagógica para o ensino nesta
modalidade. Apostura do professor também éimportante, tentar ao máximo em cada
fase do modelo pendular adaptado aos EC, motivar e cativar os alunos. Ao refletir
sobre modelospedagógicos, o professor deve buscar sempre adequar da melhor forma
possível, todo seu conhecimento técnico, tático e desenvolvimentista para o processo
de iniciação desportiva do atleta.
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