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Estácio de Sá – Ciências da Saúde.
Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES - GO
VOL. 01, Nº 04, 154 – 166. Set. 2010/Dez. 2010.
PREVENÇÃO E CONTROLE DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UNIDADE DE
URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Kássio Henrique Rodrigues Corrêa
Valdete Pereira
Gleydson Ferreira Melo
Francino Azevedo
Resumo:
Abstract:
Trata-se de um estudo bibliográfico de caráter
retrospectivo, que teve como objetivo analisar fatores
que pré-dispõem ao desenvolvimento de infecção
hospitalar em unidade de urgência e emergência,
indexados em bancos de dados no período de 1999 a
2009. Foram pesquisadas as bibliotecas virtuais
Bireme, Lilacs e Scielo. A amostra foi constituída
por 14 publicações que foram analisadas quanto aos
fatores que pré-dispõe a infecção hospitalar em
unidades de urgência e emergência. Os resultados
foram lançados em tabelas, em seguida apresentado
as discussões a respeito de cada temática. Destaca-se
nos artigos estudados o fator que mais predispõe a
infecção hospitalar na unidade de urgência e
emergência é a falta de adesão às medidas de
controle e prevenção de infecção.
This is a retrospective bibliographical study, which
aimed to analyze factors that pre-disposes to
development of hospital infection in emergency and
rescue unit, indexed in databases in the period of 1999
to 2009. Virtual libraries as Bireme, Lilacs and
Scielo. Were searched the sample consisted of 14
publications which were analyzed for factors that
have pre-hospital infection in emergency and rescue
units. The results were classified on tables, the
discussions about each topic. Were presented stands
out in the articles studied the factor which mostly
predisposes predisposing to infection in hospital
emergency rooms and in the unit is the lack of
adherence to control measures and prevention of
infection.
Palavras-chave:
Enfermagem, Infecção Hospitalar, urgência e
emergência.
Key-words:
Nursing, Infection, urgency and emergency.
INTRODUÇÃO
No Brasil, ao longo dos anos, a infecção hospitalar (IH) vem constituindo como
um problema da saúde pública, e se faz necessário à intervenção do governo, através do
Ministério da Saúde, instituindo políticas de saúde para a área hospitalar, foi criado às
comissões de controle de infecções hospitalares (CCIH), com ações educativas como
treinamentos e cursos específicos, abordando aspectos técnicos e biológicos, voltados para os
profissionais de saúde (SANTOS et. al. 2008, p.442).
Neste contexto a infecção hospitalar torna-se um evento histórico, social e não
apenas biológico o que requer investimentos científicos, tecnológicos e humanos para a
criação de medidas preventivas e de controle, sem perder de vista a qualidade do cuidado
prestado pela enfermagem (PEREIRA, 2005, p. 256).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154-
166. Set. 2010/Dez. 2010.
As infecções representam a causa mais comum de morte e sequelas entre
pacientes que sobrevivem ao trauma inicial. Em relação aos agentes infecciosos, a maioria dos
presentes no serviço de emergência está relacionada com os comunitários, aqueles trazidos
pelo paciente, porém a permanência prolongada aumenta a colonização de pacientes por
agentes hospitalares, podendo desencadear uma infecção (MORAES, 2007, p.207-208).
Grande parte das infecções hospitalares revela-se como complicação de pacientes
gravemente enfermos, que decorre de um desequilíbrio entre sua microbiota normal e seus
mecanismos de defesa (VALLE et. al. 2008, p. 305).
Isso pode ocorrer devido à própria patologia de base do paciente (doenças pré-
existentes como: Diabetes, cardiopatias e outras), procedimentos invasivos (intubação
orotraqueal, cateter venoso central e outros) e alterações da população microbiana, as quais
geralmente são induzidas pelo uso irracional de antibióticos (PEREIRA, et. al. 2005, apud
WEBER; RULATA, 1997, p. 491-514).
A infecção hospitalar pode ser adquirida desde o atendimento emergencial ou
durante toda permanência do individuo na unidade de saúde. Entretanto as infecções na
unidade de emergência sem dúvida representam um importante problema tornando fatores de
risco para os pacientes e para toda equipe que participa da sua assistência, principalmente a
equipe de enfermagem (GOMES, 2008, p.135).
Segundo o estudo realizado por Oliveira (2007), verificou-se que o tempo médio
de internação observado é de 15,9 dias na sala de emergência, este é bastante superior ao
limite de 24 horas recomendado pelo Ministério da Saúde para tais unidades. Prevalecendo o
uso de dispositivos, destacando-se a alta prevalência da ventilação mecânica (52,4 %) e do
cateter venoso central (42,9 %), sendo menos expressivo o uso da sonda vesical de demora
(4,8 %) (OLIVEIRA, 2007, p. 6).
De acordo com Siqueira (2008), a maior parte da população brasileira não tem
acesso regular a um serviço de saúde ambulatorial de qualidade, isto contribui para as
precárias condições de saúde dos habitantes, aumentando a procura pelo serviço de
emergência. Pode-se somar a isto à falta de leitos para internação na rede pública e o aumento
da expectativa de vida da população, assim sendo os serviços de emergência enfrenta
inúmeras dificuldades para realizar um atendimento com eficácia (SIQUEIRA, 2008, p.25).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
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166. Set. 2010/Dez. 2010.
Domiciano, Fonseca (2008) ressalta que a própria estrutura dos serviços de saúde
no país gera uma primazia pelos serviços de emergência, pois são mais ágeis do que o
atendimento ambulatorial (DOMICIANO, FONSECA, 2008, p.187).
A unidade de emergência tem como finalidade prestar atendimento imediato a
todos os pacientes que necessitam de assistência à saúde, visando qualidade, eficiência e
segurança, promovendo meios para uma assistência contínua e centrada em programas de
cooperação, orientação e desenvolvimento de práticas específicas (GOMES, 2008, p.36).
Certos procedimentos na emergência nem sempre respeitam os métodos
assépticos preconizados, devido à necessidade e agilidade para garantir a sobrevida do
paciente, o que leva a incidência de infecções relacionada à assistência de emergência
(OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 05).
Devido a grande demanda de pacientes politraumatizados, com sangramentos e
eliminações de secreções nos serviços de emergência, aumenta os riscos inerentes à prestação
da assistência de enfermagem aumentando consideravelmente o índice de infecções, pois os
profissionais e clientes ficam expostos a um ambiente de trabalho que facilita o surgimento de
infecções cruzadas (VALLE et. al. 2008, p. 305).
Diferentemente de todas as outras unidades hospitalares, a unidade de emergência
não delimita a entrada de pacientes, trabalha na maioria dos casos com leitos extras (macas),
com número fixo de profissionais e em uma área física restrita e que pode se tornar imprópria
para o atendimento (CALIL, 2008, p. 17).
Assim a planta física inadequada, recursos humanos ineficientes, equipe de
trabalho não treinada, condições clínica dos pacientes, recursos materiais insuficientes e
impróprios são fatores agravantes que contribuem para o risco de infecção hospitalar
(GOMES, 2008, p.136-137).
A enfermagem responde por vários mecanismos de prevenção e controle de
infecção em diversas áreas na unidade de saúde, seja em atividades administrativas, de
supervisão e de treinamento de pessoal ou nos cuidados prestados aos pacientes admitidos nas
unidades de urgência e unidade de terapia intensiva (UTI) (FREIRE, 2006, p. 379).
É neste contexto que as infecções hospitalares tornam intrínseco ao processo de
cuidar, constituindo um dos parâmetros para garantir a qualidade do cuidado da assistência
prestada, ou seja, um índice elevado de infecção mostra que o cuidado não está sendo
prestado adequadamente (PEREIRA, 2005, p.252-254).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154-
166. Set. 2010/Dez. 2010.
Santos et. al. (2008) afirma, que apesar de todo conhecimento e tecnologia
disponível incluindo medidas profiláticas comprovadamente eficazes, ainda há o desafio de
Semmlweis, de tornar as ações de prevenção e controle das infecções, práticas rotineiras nas
instituições de saúde, principalmente no que diz respeito à lavagem das mãos (SANTOS et al.
2008, p. 442).
Os serviços na Unidade de Urgência e Emergência constituem um grave problema
de saúde pública no Brasil, mantendo-se o descaso governamental com a medicina preventiva
e os temas relacionados à emergência relegados a segundo plano, como pode-se constatar com
o reduzido número de publicações e revistas dedicadas ao tema (CALIL, 2007, p. 22).
Devido ao grande índice de morbimortalidade decorrente de infecções
nasocomiais e pela grande demanda da assistência de urgência e emergência, e ao número
insuficiente de pesquisas desenvolvidas sobre a infecção hospitalar relacionada à assistência a
saúde na unidade urgência e emergência, que torna-se necessário entender porque as medidas
de prevenção e controle adotadas, não estão repercutindo na mudança dos dados que indicam
IH nos serviços de saúde, desse modo surge o objetivo de analisar fatores que pré-dispõem ao
desenvolvimento de infecções hospitalares na unidade de urgência e emergência.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa elaborada através do método de revisão integrativa, a
qual inclui a análise de pesquisas relevantes que dão suporte para a tomada de decisão e a
melhoria da prática clínica, o que possibilita a síntese do estado do conhecimento de um
determinado assunto, além de apontar lacunas do conhecimento que precisam ser preenchidas
com a realização de novos estudos (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO 2008 apud
BENEFIELD, 2003 p. 804-811, POLIT, BECK, 2006, p. 457-494).
A revisão integrativa da literatura consiste na construção de uma análise ampla da
literatura, contribuindo para discussões sobre métodos e resultados de pesquisas, assim como
reflexões sobre a realização de futuros estudos. O propósito inicial deste método de pesquisa é
obter um profundo entendimento de um determinado fenômeno baseando-se em estudos
anteriores. É necessário seguir padrões de rigor metodológico, clareza na apresentação dos
resultados, de forma que o leitor consiga identificar as características reais dos estudos
incluídos na revisão (MENDES, SILVEIRA, GALVÃO 2008 apud BEYEA, NICOLL 1998,
p. 877- 880, BROME 2000, p. 231-250).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
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166. Set. 2010/Dez. 2010.
Estudo bibliográfico de caráter retrospectivo que analisou as publicações sobre
Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar em Unidade de Urgência e Emergência, no
período de 1999 a 2009. Foram realizados levantamento nas publicações nacionais
relacionados ao tema, nas seguintes revistas brasileiras: Rev. Texto e contexto, Rev. Gaúcha,
Anais UFMG, Rev. Esc. Enf. USP, Rev. Nursing, Rev. Esc. Enf. Anna Nery, Rev. Enf.
Global, Rev. Act. Paul., Rev. REME, Cad. Saúde Pública-RJ, Rev. Bras. Enf., Rev. Enf.
UFG, Rev. Lat-am. Enf, também foram realizadas buscas nas bases de dados: Scielo, Bireme,
Lilacs, para esses periódicos, para isso foram utilizados os seguintes descritores:
Enfermagem, Infecção Hospitalar, urgência e emergência, para identificar as publicações.
O período da pesquisa dos artigos nas bases de dados compreendeu entre os dias
27 e 30 de outubro de 2009, e foram pesquisados 17 artigos dos quais foram selecionados 14
artigos que se relacionam com os fatores que podem ocasionar infecção em unidade de
urgência e emergência e medidas de prevenção. Os critérios de Inclusão foram: artigos na
integra, estar disponível on-line, e os de exclusão foram: artigos teóricos, os artigos de
revisão, reflexão e atualização.
Foi utilizado um formulário para a coleta de dados, que foi validado por três
profissionais da área, compostos pelas seguintes unidades temáticas: Fatores predisponentes
para aquisição de infecção hospitalar na urgência e emergência, Ações de Enfermagem frente
ao controle da infecção relacionada à assistência de urgência e emergência, Fatores que
dificultam o controle de infecção relacionado à urgência e emergência, comentários sobre a
pesquisa relacionados ao objetivo do estudo, os dados foram apresentados em quadros e
tabelas descritivos sob uma óptica quantiqualitativa.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Desde 1999 até o ano de 2009 foram catalogados 14 artigos que tratam do tema e
que se enquadram nos descritores do estudo. A distribuição dos artigos nos periódicos
estudados no período delimitado pode ser analisada conforme destacado na tabela 1, em que
se verificou que a Revista Brasileira de Enfermagem foi o periódico que mais publicou sobre
a temática, totalizando dois artigos ao longo do período estudado. O período de 2008 foi o
destacado pelo maior número de publicações: 4 (quatro), seguido dos anos de 2005 e 2007
respectivamente com 3 (três) artigos. Como podem ser observados os anos de 2000, 2001,
2002 e 2009 não houve nenhuma publicação a respeito do tema e relacionado aos descritores.
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154-
166. Set. 2010/Dez. 2010.
Ressalta-se que a produção científica sobre esse assunto, ao longo do período
pesquisado é escassa, se considerarmos a importância e expansão da temática no contexto das
organizações de saúde. Oliveira, Braz e Machado (2005), enfatizam que há uma carência de
estudos que abordem a problemática da qualidade assistencial nas salas de emergência,
comparando-as com estudos realizados em unidade de terapia intensiva (OLIVERIA, BRAZ,
MACHADO, 2005, p.03).
Tabela 1 - Artigos publicados em periódicos nacionais sobre prevenção e controle de infecção hospitalar em
unidade de urgência e emergência 1999 a 2009.
A tabela 2 expõe fatores predisponentes à aquisição de infecção hospitalar na
unidade de urgência e emergência. Esta analise foi realizada incluindo todos os artigos
selecionados que tratam do tema proposto no estudo. É destacada a falta de adesão às medidas
de controle e prevenção de infecção hospitalar em todos os artigos analisados, tais como: a
falta de higienização das mãos, não adesão às técnicas padrão para realização de
Periódicos
Ano publicado
Total
99
00
01
02
03
04
05
06
07
08
09
Rev. Texto e contexto
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01
-
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01
Rev. Gaúcha
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01
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-
01
Anais UFMG
-
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01
-
-
-
-
01
Rev. Esc. Enf. USP
01
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-
01
Rev. Nursing
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-
-
-
-
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01
-
01
Rev. Esc. Enf. Anna Nery
-
-
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-
-
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01
-
01
Rev. Enf. Global
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-
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-
-
01
-
-
01
Rev. Acta Paul.
-
-
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-
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01
-
-
01
Rev. REME
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-
-
-
01
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-
-
-
-
-
01
Cad. Saúde Pública-RJ
-
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-
-
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-
-
-
01
-
01
Rev. Bras. Enf.
-
-
-
-
-
-
-
-
01
01
-
02
Rev. Enf. UFG
-
-
-
-
-
-
-
01
-
-
-
01
Rev. Lat-am. Enf.
-
-
-
-
01
-
-
-
-
-
-
01
Total
01
-
-
-
02
-
03
01
03
04
-
14
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Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
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166. Set. 2010/Dez. 2010.
procedimentos entre outros. A adesão às medidas de controle e prevenção deve ser um hábito
entre os profissionais de saúde, e a sua prática um desafio a ser atingindo. Para que esses
objetivos sejam alcançados, os profissionais deverão ser conscientizados, motivados e
orientados em um processo permanente de educação (SANTOS et. al. 2008, p. 446).
Tabela 2 - Principais fatores predisponentes para aquisição de infecção hospitalar na unidade de urgência e
emergência.
Artigos
Falta de adesão às medidas de controle e prevenção de infecção.
14
Superlotação da unidade, estrutura física inadequada, sobrecarga de trabalho,
fragilidade nos cuidados de enfermagem.
13
Má distribuição e falta de recursos hospitalares, más condições de trabalho,
recursos humanos insuficiente, limpeza inadequada do ambiente hospitalar.
7
Riscos intrínsecos e extrínsecos.
7
Agentes infecciosos multirresistentes, desequilíbrio da microbiota humana, uso
indevido de antibióticos.
4
Tempo prolongado de permanência dos pacientes na unidade de emergência.
4
Total
49
Segundo Martini, Dall‟Agnol (2005), o fato de se trabalhar em equipe, e de
muitos profissionais não adotarem a lavagem das mãos como medida de controle de infecção,
faz com que haja certa desmotivação, pois, enquanto algumas pessoas estão cuidando dos
pacientes, outras estão descuidando, dando margem para a transmissão de infecções
(MARTINI, DALLL‟AGNOL, 2005, p. 92).
A superlotação do setor de emergência aparece como consequência de vários
fatores, constituindo como um fator que contribui para diminuir a qualidade da assistência,
assim o quantitativo de profissionais fica reduzido frente ao aumento do número de pacientes
em atendimento e a revisão do quadro de pessoal por parte dos dirigentes se faz necessária
(OLIVERIA, BRAZ, MACHADO, 2005, p. 4).
Martini, Dall‟Agnol (2005) enfatizam que a falta de funcionário também pode
estar relacionada a outros fatores além da superlotação, gerando sobrecarga de trabalho e
grande prejuízo nas condições de trabalho. (MARTINI, DALL‟AGNOL 2005, 94).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
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São essenciais as iniciativas das comissões de controle de infecção com a clientela
das salas de emergência das unidades de pronto-atendimento, no sentido de verificar a
adequação da estrutura física, recursos humanos e adoção de práticas básicas de controle de
infecções e da disseminação de microrganismos resistentes. (OLIVEIRA, 2007, p.8).
Vale ressaltar que a qualidade da estrutura física existente para a prestação dos
cuidados de enfermagem constitui uma importante condição para a prevenção e controle da
infecção hospitalar, bem como as condições dos recursos materiais utilizados que estão em
contato com o paciente (SANTOS, 2008, p. 444).
No que diz respeito à má distribuição e falta de recursos hospitalares, convêm
repensar a complexa situação dos hospitais e demais serviços de saúde do país, representadas
pela escassez de recursos humanos qualificados para a prestação de assistência de qualidade
que tanto se defende, muitas vezes conflitante com a responsabilidade de atender um amplo
número de pacientes, a falta de recursos materiais adequados e condições de trabalho
(OLIVEIRA, 2003, p.141).
Nos riscos intrínsecos e extrínsecos, embora não se possa precisar o risco de cada
procedimento ou situação do paciente, é notório que eles variam em graus, e mesmo
procedimentos menos complexos podem se tornar de grande risco, dependendo, entre outros
fatores, da prática dos profissionais da saúde (MARTINI, DALL‟AGNOL 2005, 89).
A patologia de base surge como um dos fatores que favorece a ocorrência da IH,
por afetar os mecanismos de defesa antiinfecciosa: grande queimado; acloridria gástrica;
desnutrição; deficiências imunológicas, bem como o uso de alguns medicamentos e os
extremos de idade. Além disso, favorecem o desenvolvimento das infecções os procedimentos
invasivos terapêuticos ou para diagnósticos, podendo veicular agentes infecciosos no
momento de sua realização ou durante a sua permanência (PEREIRA, et. al. 2005, apud
FERNANDES, RIBEIRO, BARROSO, 2000, p.215-265).
Santos (2008) ressalta que os agentes infecciosos multirresistentes têm surgido
como um novo problema que contribui para o aumento do índice de IH, seleção de flora
hospitalar, antimicrobianos que não são mais utilizados, por não mais atuarem, constituindo
novos desafios no controle de infecção para todos os profissionais da saúde. Vale lembrar que
o surgimento das bactérias multirresistentes é um fator agravante das infecções hospitalares,
tendo como causa principal o uso indiscriminado e indevido da antibióticoterapia (SANTOS,
2008, p. 442).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
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– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154-
166. Set. 2010/Dez. 2010.
O tempo prolongado de permanência dos pacientes na unidade de emergência se
torna evidenciado na prática diária, onde se observa que as unidades de urgência e emergência
se parecem cada vez mais com as unidades de terapia intensiva, tendo as mesmas funções que
esta, pelo número insuficiente de vagas para pacientes críticos nas UTIs. Tal fato leva,
entretanto, as salas de emergência dos pronto-atendimentos a manterem pacientes que
necessitam de cuidados intensivos, procedimentos invasivos, uso de agentes antimicrobianos
e permanência por um tempo superior ao recomendado. (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO,
2005, p. 2).
Tabela 3 - Ações de enfermagem frente ao controle da infecção relacionada à assistência em urgência e
emergência.
Na tabela 3, demonstra a importância das ações de enfermagem relacionadas ao
controle da infecção em unidade de urgência e emergência. Dos artigos selecionados 9 (nove)
destacaram a educação continuada com os profissionais de saúde, visando à motivação
profissional e a mudança de comportamento.
O processo educativo está intimamente relacionado às subjetividades individuais
de cada profissional, pois se sabe que a prática em saúde, embora embasada em uma teoria
científica, é profundamente dependente dos valores morais, éticos, ideológicos e subjetivos
destes profissionais, envolvendo interpretação, ajuizamento e decisão pessoal na aplicação do
conhecimento científico às situações concretas e singulares (SANTOS, 2008, p. 446).
A educação em saúde tem como objetivo explicitar valores, aumentar a
autopercepção acerca do problema, promover informações e habilidades necessárias tomando-
se decisões acertadas. (PEREIRA, 2005, p.253-254).
Ações de Enfermagem
Total de
artigos
Educação continuada com os profissionais de saúde, Motivação profissional visando à
mudança de comportamento.
9
Criação do serviço de controle de infecção hospitalar com vigilância constante, Estudos
epidemiológicos relacionados à infecção hospitalar.
4
Adoção das precauções padrão conforme o Centers for Disease Control and Prevention
(CDC), Adoção de precauções de acordo com a via de transmissão (contato, aerossóis,
gotículas).
5
Educação em saúde da população e serviço de triagem.
5
Infecção hospitalar como disciplina nos cursos de graduação superior e técnico.
1
163
CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
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166. Set. 2010/Dez. 2010.
Os estudos epidemiológicos assim como a vigilância constante são atividades
práticas e diárias das comissões de controle de infecções, não sendo tarefa fácil para seus
executores. Entende-se, portanto, que a vigilância epidemiológica das infecções só faz sentido
se houver implementação de medidas eficientes de redução de riscos e consequentemente das
taxas de infecções, assim a criação do serviço de controle de infecção hospitalar com
vigilância constante, estudos epidemiológicos relacionado à infecção hospitalar fazem parte
das ações que podem ser desenvolvidas pela enfermagem (OLIVEIRA, BRAZ, MACHADO,
2005, p.1).
A responsabilidade de prevenir IH não é apenas dos profissionais de saúde, esses
devem ser analisados como parte essencial no processo de controle e prevenção de infecção
hospitalar, porém essa tarefa deve ser dividida com o poder público, a administração dos
hospitais, as Comissões de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), os serviços de apoio, os
pacientes e seus familiares. Apesar disso, é fundamental ressaltar a importância do trabalho
visando o controle de infecção nos vários setores do hospital, já que a prática dos
profissionais é determinante na redução das infecções hospitalares (MARTINI,
DALL‟AGNOL, 2005, p. 90).
As indicações do CDC de 1996 sugerem que o paciente submetido a precauções
(contato, gotículas e aerossóis), deva ser colocado preferencialmente em quarto individual e,
quando isto não for possível, deverá ser colocado junto a paciente(s) portador (es) do mesmo
microrganismo, porém sem outras infecções (OLIVEIRA et. al., 2007, p. 6).
O serviço de triagem é um dos serviços realizados pelo enfermeiro que também se
constitui como uma ação fundamental, e tem por finalidade direcionar o cliente e priorizar o
atendimento emergencial. Após a triagem, o cliente é encaminhado à consulta médica para
conduta de alta, internação ou transferência (DOMINICIANO, FONSECA, 2008, p.184).
Para que o acesso dos pacientes em um serviço de emergência aconteça de forma
eficiente e eficaz faz-se necessário políticas e procedimentos que padronizem o processo de
admissão, e priorizem aqueles que necessitam de cuidados imediatos, roteiros para facilitar a
avaliação dos pacientes, treinamentos frequentes, informações e orientações compatíveis com
os pacientes. (SIQUEIRA, 2008, p. 29).
A otimização do atendimento associada a um programa de educação da população
quanto ao real papel de um serviço de emergência constituem ferramentas fundamentais para
a redução do tempo médio de permanência do cliente no departamento de emergência
(DOMICIANO, FONSECA, 2008, p. 187).
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
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166. Set. 2010/Dez. 2010.
A formação educacional foi tomada como fator bastante incisivo que leva à
adesão ou não das medidas de controle de infecção, mas a ênfase não se restringi ao processo
educativo formal direcionado à profissão (MARTINI, DALL‟AGNOL, 2005, p. 98).
A formação e a educação continuada representam os esforços que alavancarão o
controle de infecção, na sua interdisciplinaridade e intersetorialidade, caminha-se para um
novo fazer de Enfermagem, com modelos de cuidados mais seguros (PEREIRA, 2005, p.
254).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A demanda nos serviços de urgência e emergência tem aumentado em nosso
meio, contribuindo também para o aumento do numero de casos de IH nesse setor, embora
não tenhamos dados nacionais sobre tal realidade. Portanto, nos fatores envolvidos neste
aumento inclui-se o número crescente de acidentes e a dificuldade de acesso aos serviços de
atendimento ambulatorial, especialmente na rede pública, associado ao período de permanecia
do paciente nessa unidade, acima do preconizado pelo Ministério da Saúde, a não observância
dos métodos assépticos nos procedimentos invasivos entre outros.
A responsabilidade de prevenir e controlar a IH é individual e coletiva, ou seja,
não apenas do enfermeiro e sim de toda equipe. Sem a assimilação e implementação dos
procedimentos corretos por quem executa no paciente, com a necessária integração com a
equipe da CCIH, o problema da IH sempre será um percalço na prestação de serviços à saúde
(PEREIRA, 2005, p. 253).
É necessária a compreensão dos mecanismos geradores de infecção nos serviços
de emergência e do papel dos fatores ligados ao agente causador, ao meio ambiente e ao
hospedeiro, estabelecendo as medidas de prevenção e controle de infecção.
É neste contexto que há a necessidade de intervir com adoção de novos
comportamentos proporcionando maior conhecimento profissional com uma visão mais
ampliada sobre a temática.
A educação continuada, adoção de medidas profiláticas e de controle da IH, o uso
de alta tecnologia, por si só não refletem na mudança de comportamento das pessoas,
requerendo uma transformação de hábitos e de padrões éticos e culturais dos profissionais da
saúde.
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CORRÊA, Kássio Henrique Rodrigues; PEREIRA, Valdete; MELO, Gleydson Ferreira e AZEVEDO,
Francino. Prevenção e controle de infecção hospitalar em unidade de urgência e emergência. Estácio de Sá
– Ciências da Saúde. Rev. da Faculdade Estácio de Sá. Goiânia SESES – GO - VOL. 01, Nº 04, 154-
166. Set. 2010/Dez. 2010.
Contudo não se pretende com este estudo esgotar o assunto abordado e nem
buscar “soluções prontas” para a prevenção e controle da IH e, sim contribuir para o
desenvolvimento de novos estudos relacionados ao tema e oferecer subsídios para o ensino e a
prática, abrindo um “leque” para novas pesquisas.
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