Esta tese de doutorado, relacionada à linha de pesquisa Literatura e Intermidialidade
e vinculada ao projeto intitulado “Do livro impresso às hipermídias: literatura e outras
artes”, trata de obras literárias com enredos não lineares, a fim de demonstrar as
diferentes perspectivas sobre a leitura literária e como o ambiente tecnológico e
virtual possibilita a interação com as múltiplas linguagens. Abordaremos os estudos
sobre o pós-estruturalismo e a literatura moderna e pós-moderna, sendo o corpus de
nossa tese formado por excertos de textos de enredo não linear das seguintes obras:
O jogo da amarelinha (CORTÁZAR, 2019); Se um viajante numa noite de inverno
(CALVINO, 1999); O mez da grippe (XAVIER, 2020); S. (ABRAMS; DORST, 2015),
além do conto O jardim dos caminhos que se bifurcam (BORGES, 2007).
Utilizaremos uma pesquisa qualiquantitativa inédita para analisar o gosto e o
processo de formação leitora, além de dados da pesquisa Retratos da leitura no
Brasil (INSTITUTO PRÓ-LIVRO, 2022a, 2022b, 2022c, 2022d). Abordaremos a
multiplicidade semiótica e as diferentes mídias que compõem o mundo da leitura.
Traçaremos uma reflexão sobre o ensino de literatura, a partir de algumas
características do perfil do leitor. A seguir, discutiremos a questão da leitura de
literatura clássica e de massa, destacando alguns pontos importantes, como a
entronização de uma e o preconceito com a outra. Lançaremos reflexões sobre a
questão da leitura como hábito. Abordaremos a leitura e a formação do leitor, por
meio das leituras em diferentes suportes e tipos de textos, com um público leitor
transformado pela tecnologia, que requer uma mediação adequada, levando em
conta o multiletramento digital como uma ferramenta que pode contribuir com a
formação do leitor, não apenas no que se refere aos ambientes virtuais, por meio
dos dispositivos tecnológicos, mas também nos suportes físicos (livros impressos).
Como base teórica, amparamo-nos, principalmente, nos estudos de Gérard Genette
(1995; 2006), James Williams (2012), Michael Peters (2000), Linda Hutcheon (1980;
1989; 1991), Roland Barthes (1970; 2001; 2004; 2006), Antônio Candido (2002;
2004), Terry Eagleton (1998; 2006), Claus Clüver (2012), Irina Rajewvsky (2012),
Harold Bloom (2013) e Muniz Sodré (1988). A fim de compreender o universo da
literatura na Internet e a estrutura dos hipertextos, refletindo sobre a capacidade
destes para uma melhor compreensão de textos fragmentados, valemo-nos de
autores como Pierre Lévy (2003; 2010), André Lemos (2004), Lúcia Santaella (1983;
2005; 2007; 2013; 2013a), Ted Nelson (1987; 2022), Vannevar Bush (2022), Espen
Aarseth (1997), George Landow (2007), Gunther Kress (1997; 1998; 2006; 2015) e
Katherine Hayles (2012), além de muitos outros que compõem nossas referências e
que nos auxiliaram no aprofundamento das questões propostas. A partir de um
enforque multidisciplinar, defendemos que a leitura vai além da interpretação e que
precisa de uma metodologia de ensino adequada para os meios hiper e
multimidiáticos atuais, além de um mediador capacitado a fornecer a base adequada
para a nova geração de (hiper) leitores, que os possibilite tecer relações e
associações com o mundo e com os diversos contextos, leituras e linguagens.