Mundialmente reconhecidos como suporte da biodiversidade da Natureza, os manguezais ocupam cerca de 150.000 km2 , distribuídos em 123 países, em zonas tropicais e subtropicais. Aproximadamente 7% da área ocupada encontram-se no Brasil, desde o Amapá até o Santa Catarina. Apesar do elevado nível de salinidade e das variações das marés, os mixomicetos compõem a microbiota dos manguezais, comportando-se como lignícolas, corticícolas e foliícolas. Estudos recentes em manguezais africanos demonstraram que podem atuar como biorremediadores, colaborando para a manutenção da qualidade do ambiente, além de terem potencial como bioindicadores. O primeiro registro, publicado em 1969, relata a presença de Arcyria cinerea em troncos mortos de Rhizophora mangle infestados por Phellinus gilvus, no Havaí. Até 1999, registros esporádicos informavam a ocorrência de 11 espécies, em manguezais norte-americanos e asiáticos. Atualmente, sabe-se que representantes de todas as subclasses e ordens de mixomicetos habitam manguezais na Ásia, África, América do Norte, Central e do Sul. Tem-se registro de 47 espécies, 22 gêneros e 10 famílias, destacando-se Stemonitaceae e Trichiaceae. Cerca de metade das espécies são raras, embora sejam frequentes em outros ecossistemas. Estudos desenvolvidos no Brasil avaliaram a associação dos mixomicetos com Avicennia germinans, A. shaueriana, Conocarpus erectus, Laguncularia racemosa e Rhizophora mangle. Espécies r-estrategistas, como Echinostelium minutum, habitam a casca das árvores vivas e o folhedo aéreo, enquanto as K-estrategistas, menos frequentes, desenvolvem-se em troncos mortos, como Lycogala epidendrum e Fuligo septica. Análises moleculares poderão determinar a presença dos mixomicetos no solo e na vegetação periodicamente submersa, contribuindo para um melhor entendimento da sua diversidade em microhabitates ainda inexplorados.