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Orações completivas em posição argumental de sujeito e alçamento a sujeito sob perspectiva funcional.

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Abstract

O XVII Congresso Internacional da ALFAL foi realizado na Universidade Federal da Paraíba-Brasil no período de 16 a 19 de julho de 2014. Muitas foram as atividades ao longo do congresso, entre elas cursos, conferências, sessões coordenadas, comunicações individuais e pôsteres, sem contar as reuniões dos 24 Projetos temáticos que constituem o ponto alto da ALFAL. Para celebrar os 50 anos da ALFAL, tomamos a iniciativa de reunir neste e-book um conjunto de trabalhos significativos para a área da Linguística, cuja seleção se deu a partir de uma avaliação criteriosa por pares, membros da própria associação. Assim, trazemos à comunidade acadêmica textos que contemplam as seguintes áreas: análise de estruturas linguísticas, dialectologia e sociolinguística, filologia e linguística histórica, letramento, linguística ameríndia, política linguística, psicolinguística e aquisição, texto e discurso.
ALFAL
50 ANOS
CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS
LINGUÍSTICOS E FILOLÓGICOS
Dermeval da Hora
Juliene Lopes R. Pedrosa
Rubens M. Lucena
(Organizadores)
O XVII Congresso Internacional da ALFAL foi
realizado na Universidade Federal da Paraíba -
Brasil no período de 16 a 19 de julho de 2014. Muitas
foram as atividades ao longo do congresso, entre
elas cursos, conferências, sessões coordenadas,
comunicações individuais e pôsteres, sem contar as
reuniões dos 24 Projetos temáticos que constituem
o ponto alto da ALFAL.
Para celebrar os 50 anos da ALFAL, tomamos a
iniciativa de reunir neste e-book um conjunto de
trabalhos significativos para a área da Linguística,
cuja seleção se deu a partir de uma avaliação criteriosa
por pares, membros da própria associação. Assim,
trazemos à comunidade acadêmica textos que
contemplam as seguintes áreas: análise de estruturas
linguísticas, dialectologia e sociolinguística, filologia
e linguística histórica, letramento, linguística
ameríndia, política linguística, psicolinguística e
aquisição, texto e discurso.
D  H
J L R. P
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ALFAL 50 ANOS:
CONTRIBUIÇÕES PARA OS ESTUDOS LINGUÍSTICOS E FILOLÓGICOS
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J P
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FICHA TÉCNICA
Capa e Editoração Digital
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José S. Magalhães (UFU)
Marco Antônio Martins (UFRN)
Marianne Carvalho Cavalcante (UFPB)
Maria Elizabeth A. Christiano (UFPB)
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(NAMID/DEMID/PPGC/UFPB)
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de Acordo com o Artigo 46 dA lei 9610, sendo gArAntidA A propriedAde
dAs mesmAs Aos seus criAdores ou detentores de direitos AutorAis.
A385 ALFAL 50 anos: contribuições para os estudos linguísticos e lológicos
/ Dermeval da Hora, Juliene Lopes R. Pedrosa, Rubens M. Lucena (Orgs.). -
João Pessoa: Ideia, 2015.
2328p.: il.
ISBN: 978-85-463-0003-7
1. Linguística. 2. Argumentação na língua. 3. Análise linguística. 4. Hora,
Dermeval da. 5. Pedrosa, Juliene Lopes R. 6. Lucena, Rubens M.
CDU: 801(043)
EDITORA
Av. nossA senhorA de fátimA, 1357, bAirro torre
cep.58.040-380 - João pessoA, pb
www.ideiAeditorA.com.br
ideiAeditorA@uol.com.br
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SumÁriO
ApreSeNtAçãO ..................................................................................................................................... 13
ANÁLiSe de eStruturAS LiNguíSticAS ................................................................................... 17
LA PRODUCCIÓN DE LAS CONSONANTES OCLUSIVAS DEL PORTUGUÉS POR HABLANTES NATIVOS DE ESPAÑOL
Luciene Bassols Brisolara, María Josena Israel Semino ........................................................................................................................................................ 18
ANÁLISE EXPERIMENTAL DE UM CORPUS ESPONTÂNEO:
A CONSTRUÇÃO DA IMAGEM SOCIAL DO PROFESSOR A PARTIR DA PROSÓDIA
Sabrina Lima de Souza Cerqueira ................................................................................................................................................................................................... 46
TEORIA DA MARCA NOS PROCESSOS FONOLÓGICOS
Teresinha de Moraes Brenner ........................................................................................................................................................................................................... 85
SEPARAÇÃO SILÁBICA FONOLÓGICA AUTOMÁTICA PARA O PORTUGUÊS BRASILEIRO:
CAMINHOS PERCORRIDOS E ESTADO DA ARTE
Vera Vasilévski ........................................................................................................................................................................................................................................ 129
A LATERAL SILÁBICA DO INGLÊS: UM MODELO COMPUTACIONAL DE GRAMÁTICA E AQUISIÇÃO
Fernando Cabral Alves, Rubens Marques de Lucena ............................................................................................................................................................. 172
A MARIA ENVIOU A CARTA AO JOÃO OU PARA O JOÃO:
UM ESTUDO SOBRE AS PREPOSIÇÕES INTRODUTORAS DE ARGUMENTOS EM PORTUGUÊS BRASILEIRO
Ana Regina Vaz Calindro ................................................................................................................................................................................................................... 215
DIFERENCIAS INDIVIDUALES EN LA INTERPRETACIÓN TEMPRANA DE LA CUANTIFICACIÓN
Y DEL ASPECTO EN EL ESPAÑOL IBÉRICO
Tania Barberán, Isabel García del Real, Maria José Ezeizabarrena ..................................................................................................................................... 238
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L
INFORMAÇÕES DISCURSIVAS NO CÁLCULO DA COMPLEXIDADE SINTÁTICA
Eduardo Kenedy ................................................................................................................................................................................................................................... 265
ORAÇÕES TEMPORAIS INICIADAS POR QUANDO: UMA COMPARAÇÃO ENTRE O PORTUGUÊS E O ESPANHOL
Cristiany Fernandes da Silva ............................................................................................................................................................................................................ 289
OS PARÂMETROS DE CONDICIONALIDADE: UM ESTUDO COM O SUPONDO QUE
Aline Fernanda Bueno ........................................................................................................................................................................................................................ 315
A SUBSTITUIÇÃO DE HAVER POR TER EM CONTEXTOS EXISTENCIAIS:
ECOS DA MUDANÇA NA REMARCAÇÃO DO PARÂMETRO DO SUJEITO NULO
Elyne Giselle de Santana Lima Aguiar Vitório ........................................................................................................................................................................... 340
ORAÇÕES COMPLETIVAS EM POSIÇÃO ARGUMENTAL DE SUJEITO
E O ALÇAMENTO A SUJEITO SOB PERSPECTIVA FUNCIONAL
Sebastião Carlos Leite Gonçalves ................................................................................................................................................................................................... 367
ALGUNS ASPECTOS SEMÂNTICOS DA LIBRAS: UM ESTUDO DO LÉXICO DE SEUS SINAIS
EM SUAS RELAÇÕES DE SINONÍMIA, ANTONÍMIA, HOMONÍMIAS, HOMÓGRAFAS E POLISSEMIA
Ediane Silva Lima .................................................................................................................................................................................................................................. 418
METÁFORAS DO TRABALHO EM TEXTOS ONLINE
Eliane Santos Leite da Silva .............................................................................................................................................................................................................. 455
DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA EXPRESSIONAL A PARTIR DO LÉXICO:
UMA ABORDAGEM ICÔNICO-FUNCIONAL
Darcilia Simões, Maria Teresa G. Pereira, Eleone F. de Assis, Claudio Artur O. Rei ...................................................................................................... 483
LÉXICO E PRÁTICAS LINGUÍSTICAS:
DA INSTRUMENTALIZAÇÃO DAS MÁQUINAS ÀS FUNÇÕES INTELECTUAIS
Everaldo dos Santos Almeida .......................................................................................................................................................................................................... 515
LÉXICO E ARQUIVO: A QUESTÃO DA VIOLÊNCIA NOS REGIMES DITATORIAIS
Eliana Correia Brandão Gonçalves ................................................................................................................................................................................................. 544
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S
L
diALetOLOgiA e SOciOLiNguiSticA ..................................................................... 574
VARIAÇÃO FONÉTICA EM CAPITAIS BRASILEIRAS: A DITONGAÇÃO DIANTE DE /S/
E AS REALIZAÇÕES FONÉTICAS DO /S/ EM CODA
Amanda dos Reis Silva ....................................................................................................................................................................................................................... 575
PERÍFRASE DE FUTURO E FUTURO SINTÉTICO EM ESPANHOL ORAL:
UM ESTUDO SOBRE VARIAÇÃO E GRAMATICALIZAÇÃO
Ana Kaciara Wildner, Fernanda Lima Jardim Miara, Leandra Cristina de Oliveira ....................................................................................................... 614
CREENCIAS Y ACTITUDES HACIA LAS VARIEDADES DEL ESPAÑOL EN EL SIGLO XXI:
AVANCE DE UN PROYECTO DE INVESTIGACIÓN
Ana M. Cestero, Florentino Paredes .............................................................................................................................................................................................. 652
ESTUDIO COORDINADO DE LA “ATENUACIÓN” EN EL MARCO DEL PRESEEA: PROPUESTA METODOLÓGICA
Ana M. Cestero, Marta Albelda, Antonio Briz ........................................................................................................................................................................... 684
ATITUDE E AVALIAÇÃO LINGUÍSTICA EM DADOS DE FALA ESPONTÂNEA
Josenildo Barbosa Freire .................................................................................................................................................................................................................... 709
A SELEÇÃO LEXICAL E A IDENTIDADE SOCIAL DE FAIXA ETÁRIA NA BAHIA
Marcela Moura Torres Paim ............................................................................................................................................................................................................. 742
TERMINOLOGIA MÉDICA E VARIAÇÃO
Maria da Graça Krieger, Márcio Sales Santiago ........................................................................................................................................................................ 764
LA INTEGRACIÓN SOCIOLINGÜÍSTICA DE LA POBLACIÓN ECUATORIANA DE LA CIUDAD DE MADRID (ESPAÑA)
María Sancho Pascual ......................................................................................................................................................................................................................... 785
CONSTRUCCIONES COLABORATIVAS EN LOS DIÁLOGOS DE JÓVENES HISPANOHABLANTES EN ESTOCOLMO
Nadezhda Bravo Cladera .................................................................................................................................................................................................................. 814
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO IMPERFEITO DESIDERATIVO EM CONTOS ESCRITOS EM ESPANHOL
Valdecy de Oliveira Pontes ............................................................................................................................................................................................................... 847
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L
LOS FRASEMAS EN EL MACRO ACTO DE NARRACIÓN:
HABLANTES MAYORES DE EDUCACIÓN Y BÁSICA SUPERIOR
Yazmín M. Carrizales Guerra, Lidia Rodríguez Alfano ............................................................................................................................................................ 873
FiLOLOgiA e LiNguíSticA hiStóricA .................................................................... 903
O SER HUMANO É UM ANIMAL? E O QUE MAIS? METÁFORAS DA IDADE MÉDIA
A. Ariadne Domingues Almeida ..................................................................................................................................................................................................... 904
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ENVOLVIDOS EM TRANSCRIÇÕES/EDIÇÕES
DE TEXTOS DE SINCRONIAS PASSADAS
Elaine Thomé Viegas, Erica Almeida, Afrânio Barbosa, Dinah Callou .............................................................................................................................. 933
A PARASSÍNTESE LATO E STRICTO SENSU NA PRIMEIRA FASE DO PORTUGUÊS ARCAICO
Mailson dos Santos Lopes ............................................................................................................................................................................................................... 969
OS RITUAIS DA “BOA MORTE” NA BAHIA COLONIAL A PARTIR DA ANÁLISE DE TESTAMENTOS
Norma Suely da Silva Pereira ........................................................................................................................................................................................................ 1013
LetrAmeNtO .................................................................................................................... 1043
PARA A HISTÓRIA DO ALFABETISMO NA BAHIA: O CASO DOS REGISTROS ECLESIASTICOS DE TERRAS
Adilson da Silva de Jesus, Zenaide de Oliveira Novais Carneiro ..................................................................................................................................... 1044
A PONTUAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE OS LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS (ANOS FINAIS)
Anderson Cristiano da Silva ........................................................................................................................................................................................................... 1084
A LÍNGUA MATERNA NOS PRIMEIROS ANOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E O OLHAR
DO CONHECIMENTO DO ALFABETIZADOR
Cleia Maria Lima Azevedo, Cátia De Azevedo Fronza ......................................................................................................................................................... 1108
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L
UMA PRÁTICA DE MEDIAÇÃO ENTRE OS SABERES DA ORALIDADE E DA ESCRITA:
DESPERTANDO A CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
Edilvânia Soares Pereira, Juliene Lopes Ribeiro Pedrosa .................................................................................................................................................... 1132
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA: REPRESENTAÇÕES DE PROFESSORES E ALUNOS DO CURSO DE LETRAS
À LUZ DO INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO
Gabriela Belo da Silva, Maíra Cordeiro dos Santos, Regina Celi Mendes Pereira ..................................................................................................... 1184
O LETRAMENTO: UM DESAFIO EM SALA DE AULA
Hérica Paiva Pereira ........................................................................................................................................................................................................................... 1216
A FONÉTICA E A FONOLOGIA NO CURRÍCULO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Jorgevaldo de Souza Silva .............................................................................................................................................................................................................. 1241
TRABALHO E ENSINO: AS REPRESENTAÇÕES DE UM PROFESSOR
Kátia de França ................................................................................................................................................................................................................................... 1263
UMA PROPOSTA METODOLÓGICA PARA O ENSINO-APRENDIZAGEM DA ENTOAÇÃO
EM ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
Maristela da Silva Pinto, Roberto Botelho Rondinini, Natacha Dionísio de Souza .................................................................................................. 1288
O PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAÇÃO NA IDADE CERTA (PNAIC): A LEITURA NO 1º ANO
Priscila Alves de Almeida Lopes, Dermeval da Hora ............................................................................................................................................................ 1310
A (IN)SIGNIFICÂNCIA DA NOÇÃO DE MULTILETRAMENTOS NA RELAÇÃO ENUNCIADOR-DESTINATÁRIO
PRESUMIDO EM SITUAÇÕES IDEALIZADAS DE ENSINO DE PORTUGUÊS LÍNGUA MATERNA
Rosângela Rodrigues Borges ........................................................................................................................................................................................................ 1357
LiNguíSticA AmeríNdiA .......................................................................................... 1401
A PALATIZAÇÃO DE CONSOANTES NA LÍNGUA MEHINAKU (ARAWÁK)
Angel Corbera Mori .......................................................................................................................................................................................................................... 1402
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S
L
GRUPOS CONSONÂNTICOS OCLUSIVOS DE SONORIDADE PLANA EM AKW-XERENTE (JÊ)
Kêt Simas Frazão, Daniele Marcelle Grannier ......................................................................................................................................................................... 1431
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA OS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL
Maria Aparecida Valentim Afonso ............................................................................................................................................................................................... 1450
EL AYMARA COMO PRÁCTICA EN LA UNIDADES EDUCATIVAS DE LA CIUDAD DE LA PAZ BOLIVIA
María Sandra Vedia Garay .............................................................................................................................................................................................................. 1496
pOLíticA LiNguíSticA ............................................................................................... 1528
A PESQUISA EM POLÍTICA LINGUÍSTICA NO BRASIL: CONTRIBUIÇÕES DOS ESTUDOS
SOBRE CRENÇAS E ENSINO/APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
Elias Ribeiro da Silva ......................................................................................................................................................................................................................... 1529
O MITO DO MONOLINGUISMO E A (DES)NATURALIZAÇÃO DO PRECONCEITO
E DA INTOLERÂNCIA NA LINGUAGEM: UMA QUESTÃO DE POLÍTICA LÍNGUÍSTICA
Luana Francisleyde Pessoa de Farias .......................................................................................................................................................................................... 1549
pSicOLiNguíSticA e AquiSiçãO ............................................................................. 1579
DESENVOLVIMENTO LINGUÍSTICO EM CRIANÇAS COM ATRASO NEUROPSICOMOTOR:
O PAPEL DO OUTRO NESSE PROCESSO SOB A ÓTICA BAKHTINIANA
Evani Andreatta Amaral Camargo ............................................................................................................................................................................................... 1580
UNIVERSAL E SINGULAR: INSTÂNCIAS DA LÍNGUA NA FALA DA CRIANÇA
Irani Rodrigues Maldonade ........................................................................................................................................................................................................... 1622
CRIANÇAS COM DIFICULDADES NA INTERFACE GRAMÁTICA-PRAGMÁTICA: EVIDÊNCIAS DE UM DEL-PRAG?
Jacqueline Rodrigues Longchamps, Letícia Maria Sicuro Corrêa .................................................................................................................................... 1650
ALFAL 50 ANOS
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L
ESTRATÉGIAS DE MINIMIZAÇÃO DE CUSTO NA PRODUÇÃO DE ESTRUTURAS DE MOVIMENTO
E POSSÍVEIS MANIFESTAÇÕES DO DEL
Letícia M. Sicuro Corrêa, Marina R. A. Augusto, Tatiana Bagetti, Jacqueline Longchamps ................................................................................... 1683
A FALA SINTOMÁTICA NAS AFASIAS: DO ORGANISMO AO SUJEITO
Maria de Fátima Vilar de Melo ..................................................................................................................................................................................................... 1710
INTERPRETACIÓN DE LA REALIDAD Y SU DISOLUCIÓN EN LA NARRACIÓN A PARTIR DEL RECONOCIMIENTO
DE LAS FORMAS PERFECTIVAS E IMPERFECTIVAS POR PARTE DE ESTUDIANTES DE HERENCIA
Patricia Granja-Falconi ..................................................................................................................................................................................................................... 1730
A ANALOGIA: SEU LUGAR NA TRAJETÓRIA LINGUÍSTICA DE CADA CRIANÇA
Rosa Attié Figueira ............................................................................................................................................................................................................................ 1773
textO e diScurSO ......................................................................................................... 1817
O ANÚNCIO PUBLICITÁRIO COMO UM REFLEXO DAS MUDANÇAS SOCIAIS:
UMA ANÁLISE DAS IDENTIDADES FEMININAS CONSTRUÍDAS PELOS ANUNCIANTES
Luciana Martins Arruda ................................................................................................................................................................................................................... 1818
GÊNEROS TEXTUAIS E ENSINO DE LÍNGUAS EM PAU DOS FERROS, NO RN:
ENTRE AS CRENÇAS DOS DOCENTES E AS PRÁTICAS LETRADAS DOS DISCENTES
Lucineudo Machado Irineu, Walison Paulino de Araújo Costa ........................................................................................................................................ 1853
RESUMOS ACADÊMICOS: ENTRE O ENSINO E A PRÁTICA DE PRODUÇÃO TEXTUAL
Márcia de Souza Luz-Freitas, Cibele Moreira Monteiro Rosa ........................................................................................................................................... 1874
FORÇAS CENTRÍPETAS E CENTRÍFUGAS ATUANDO EM TRÊS GÊNEROS DISCURSIVOS:
NARRATIVA DE FICÇÃO, NOTÍCIA E CARTA ARGUMENTATIVA
Márcia Helena de Melo Pereira .................................................................................................................................................................................................... 1902
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS: ORALIDADE, GESTO, VOZ – PERFORMANCE
Maria Claurênia Abreu de Andrade Silveira ............................................................................................................................................................................ 1951
ALFAL 50 ANOS
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L
PLANOS DE TEXTO E A COMPOSIÇÃO: O GÊNERO BOLETIM DE OCORRÊNCIA
Maria de Fátima Silva dos Santos, João Gomes da Silva Neto ........................................................................................................................................ 1977
A MULTIMODALIDADE EM PROPAGANDAS DA REDE VIRTUAL: CONSTRUINDO SENTIDOS
ATRAVÉS DOS PROCESSOS DE REFERENCIAÇÃO
Maria Denise Oliveira da Silva, Tânia Andrade Oliveira Santos ....................................................................................................................................... 2018
UM ESTUDO DA ENUNCIAÇÃO NO GÊNERO INQUÉRITO POLICIAL
Maria do Socorro Oliveira .............................................................................................................................................................................................................. 2040
MARCAS E INDICADORES DE LA IRONÍA EN CONVERSACIONES
ENTRE FAMILIARES Y AMIGOS DE SANTA FE (ARGENTINA)
María Isabel Kalbermatten ............................................................................................................................................................................................................. 2071
DISCURSO DE LA HISTORIA PROGRESIVA (FERNÁNDEZ DE LIZARDI E IGNACIO RAMÍREZ)
María Rosa Palazón Mayoral ......................................................................................................................................................................................................... 2115
MARCADORES DEL DISCURSO EN LA ORALIDAD CULTA DE CÓRDOBA, ARGENTINA.
RECUENTO CONTRASTIVO CON EL USO PENINSULAR
María Teresa Toniolo, María Elisa Zurita .................................................................................................................................................................................... 2137
PRÁTICAS DISCURSIVAS DE JORNALISTAS EM TEMPO DE MUDANÇAS: TRABALHANDO OS CONCEITOS
DE COMUNIDADES DISCURSIVAS E RITOS GENÉTICOS EDITORIAIS NA PERSPECTIVA DA AD
Marília Giselda Rodrigues ............................................................................................................................................................................................................... 2195
A REPRESENTAÇÃO DA LÍNGUA DO BRASIL NO SÉCULO XX:
O CASO MÁRIO DE ANDRADE NO POSFÁCIO DE AMAR, VERBO INTRANSITIVO
Mauriene Freitas, Andréa Costa Morais, Greiciane Mendonça ........................................................................................................................................ 2223
ESTRATÉGIAS COESIVAS EM HISTÓRIAS EM QUADRINHOS:
A REFERENCIAÇÃO NO TEXTO MULTIMODAL DO GÊNERO HQ
Mayalu Felix ......................................................................................................................................................................................................................................... 2262
LENDO IMAGENS, VENDO TEXTOS: UM ESTUDO DISCURSIVO DE FOTOGRAFIAS
E LEGENDAS NA MÍDIA IMPRESSA
Nadja Pattresi de Souza e Silva .................................................................................................................................................................................................... 2295
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L
ApreSeNtAçãO
A Associação de Linguística e Filologia da América Latina (ALFAL) completou,
em 2014, 50 anos de existência. Ao longo desses anos, tem realizado a cada triê-
nio seus Congressos Internacionais, reunindo pesquisadores de todo o mundo,
pois, embora seja uma associação fundada na América Latina, seus sócios estão
espalhados por diferentes países de todos os continentes. É uma associação iti-
nerante, cuja diretoria é constituída por colegas de diferentes países.
O XVII Congresso Internacional da ALFAL foi realizado na Universidade
Federal da Paraíba - Brasil no período de 16 a 19 de julho de 2014. Muitas
foram as atividades ao longo do congresso, entre elas cursos, conferências,
sessões coordenadas, comunicações individuais e pôsteres, sem contar as
reuniões dos 24 Projetos temáticos que constituem o ponto alto da ALFAL.
Nesse Congresso Internacional, foram apresentados mais de 800 trabalhos
das mais diferentes áreas temáticas que o nortearam: análise de estruturas
linguísticas (fonética / fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, pragmática
e lexicologia), análise de textos literários, análise do discurso, dialectologia e
sociolinguística, estudos da tradução, lologia e linguística histórica, linguís-
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S
L
tica ameríndia, linguística aplicada (ensino e aquisição de línguas L1 e L2),
linguística computacional, linguística de corpus, política linguística, linguís-
tica do texto e análise da conversação, tipologia linguística, processamento
linguístico, psicolinguística e linguística clínica, neurolinguística e neurociên-
cias aplicadas à linguagem, e semiótica.
Para celebrar os 50 anos da ALFAL, tomamos a iniciativa de reunir neste
e-book um conjunto de trabalhos signicativos para a área da Linguística, cuja
seleção se deu a partir de uma avaliação criteriosa por pares, membros da pró-
pria associação. Assim, trazemos à comunidade acadêmica textos que contem-
plam as seguintes áreas: análise de estruturas linguísticas, dialectologia e so-
ciolinguística, lologia e linguística histórica, letramento, linguística ameríndia,
política linguística, psicolinguística e aquisição, texto e discurso.
Os 17 capítulos relativos à estrutura linguística contemplam estudos volta-
dos para os seguintes níveis: fonologia, morfossintaxe, semântica e léxico. Com
relação aos aspectos fonológicos foram abordados temas como "consoantes",
"prosódia", "processos fonológicos", "sílaba". Na área de sintaxe, os trabalhos
versam sobre "preposição", "aspecto verbal", "complexidade sintática", "orações
temporais", "sujeito nulo" e "orações completivas". Contemplando a área de se-
mântica, um trabalho trata de "aspectos semânticos da LIBRAS" e outro de "me-
táforas". Os estudos de lexicologia reúnem trabalhos sobre "competência ex-
pressional a partir do léxico", "léxico e práticas linguísticas" e "léxico e arquivo".
ALFAL 50 ANOS
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L
Referentes à dialectologia e sociolinguística, os onze trabalhos, em sua
maioria, tratam de estudos sobre variação tanto em língua portuguesa como
em língua espanhola em diferentes perspectivas. Além disso, alguns traba-
lhos analisam questões sobre crenças, atitudes e identidade social.
Quatro estudos se voltam para lologia e linguística histórica, tendo
como objeto de análise recortes diacrônicos do português, e um deles trata
de procedimentos metodológicos em transcrição e edição de texto.
Os estudos de letramento que compõem esse e-book revelam avaliações
sobre a prática do professor, reexões sobre o livro didático e multiletramento.
Com respeito à linguística ameríndia, os estudos versam sobre análises en-
volvendo línguas como "mehinaku" (arawák), "akwe-xerente" (jê) e "aymara".
Dois trabalhos abordam a política linguística, um deles tratando do mito
monoliguismo e outro sobre a pesquisa em política linguística no Brasil.
Na área de psicolinguística e aquisição, muitos trabalhos se voltam
para estudos com crianças, observando o desenvolvimento linguístico em
crianças com atraso neuropsicomotor, afasias e diculdade com a interface
gramática / pragmática.
A área de texto e discurso, por ser uma das mais produtivas, é a que reúne
maior número de estudos. Eles se distribuem em diferentes frentes de análise,
envolvendo também perspectivas as mais diversas. estudos sobre o gênero
ALFAL 50 ANOS
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L
textual, sobre análise do discurso crítica, sobre a relação discurso / literatura,
práticas discursivas, marcadores do discurso, multimodalidade, etc.
Com essa publicação, espera-se atingir um grande público, possibi-
litando reexões que redundem em novos estudos, contribuindo para o
fortalecimento da ALFAL, enquanto associação que se volta para estudos
linguísticos e lológicos.
Dermeval da Hora
Juliene Lopes R. Pedrosa
Rubens Marques de Lucena
ALFAL 50 ANOS
367
Capa
Sumário
eLivre
ORAÇÕES COMPLETIVAS EM POSIÇÃO ARGUMENTAL
DE SUJEITO E O ALÇAMENTO A SUJEITO
SOB PERSPECTIVA FUNCIONAL
Sebastião Carlos Leite Gonçalves (UNESP; CNPq)
scarlos@ibilce.unesp.br
Introdução
Orações subjetivas constituem temática de nossas investigações já há al-
gum tempo, quando, de início, nos dedicamos ao estudo da gramaticaliza-
ção do verbo parecer sob perspectiva diacrônica (Gonçalves, 2003). Poste-
riormente, voltamos ao tema das orações subjetivas, com propósitos mais
amplos e com resultados publicados em Gonçalves (2009, 2011 e 2012),
Fortilli e Gonçalves (2013), Gonçalves e Andrade (2013) e Gonçalves e Sou-
sa (2013). No âmbito da subordinação sentencial, portanto, nos propomos,
neste trabalho, a continuar investigando as orações subjetivas, restringindo-
nos, desta vez, ao fenômeno do alçamento de constituinte argumental da
oração encaixada para os limites da oração matriz, em vista de este tipo ora-
ALFAL 50 ANOS
368
Capa
Sumário
eLivre
cional ser o mais propício para o desencadeamento de tal fenômeno. Sob
esse foco mais restrito, nos atemos, aqui, à descrição e análise de dois tipos
de alçamento a sujeito, a partir de investigação empírica em córpus de lín-
gua falada do PB contemporâneo (século XXI)1, assumindo o mesmo quadro
teórico de fundo de nossas investigações anteriores, o do sociofuncionalis-
mo (Hopper e Traugott, 2003; Lehmann, 1988; Naro e Braga, 2000; Görski e
Tavares, 2013; Bybee, 2010; 2012), para tratar, especialmente, da gramatica-
lização do complexo oracional que favorece o alçamento de constituintes.
Além desta introdução, este trabalho compõe-se de três outras seções:
na seção 2., detalhamos resultados da revisão de literatura sobre alçamento,
baseada em pesquisas tipológicas e/ou de orientação funcionalista, para,
na seção 3., levantarmos uma problematização acerca de dois tipos de alça-
mento a sujeito em PB, envolvendo apenas orações subjetivas, Alçamento de
sujeito a sujeito (ASS) e Alçamento de objeto a sujeito (AOS), com incursões
por critérios de base tipológica que podem se aplicar (ou não) a tais tipos;
à guisa de conclusão, na última seção tecemos nossas considerações nais.
1 Reunidas no banco de dados Iboruna e disponível em http://www.unesp.iboruna.ibilce.unesp.br, essas amostras de
fala são resultantes de censo linguístico realizado na região de São José do Rio Preto (SP), entre 2004 e 2006, e foram
coletadas para a obtenção de diferentes tipos de textos: narrativa de experiência pessoal (NE), narrativa recontada
(NR), relato de opinião (RO), relato de procedimento (RP) e descrição (DE), totalizando 151 entrevistas. Além dessa
amostra censo (AC), o banco de dado comporta também 11 amostras de interação dialógica, gravadas secretamente
em contextos de interação livres (Gonçalves, 2007).
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Sumário
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Alçamento de constituintes argumentais
Aspecto importante da estruturação de orações complexas, relacionado prin-
cipalmente a orações subjetivas, refere-se à ocorrência, nos limites de uma oração
matriz, de constituinte que, semanticamente, pertence à oração encaixada, mais
precisamente de constituinte que é termo argumental do predicado encaixado,
fenômeno referido como Alçamento (ou Elevação) na literatura linguística de
orientação tanto gerativista (Martins e Nunes (2005); Kato e Mioto (2000); Peres
e Moia (1995)) quanto funcionalista (Hengeveld e Mackenzie (2008); Givon (1995,
2001a,b)). A diferença entre essas duas orientações teóricas diz respeito ao modo
como cada uma concebe a origem do constituinte alçado: como resultante de
movimentos do constituinte de uma posição hierarquicamente mais baixa para
uma mais alta na sentença, como postulam os gerativistas, ou como resultado de
motivações pragmáticas, semânticas ou morfossintáticas que levam os constituin-
tes a assumirem a posição que ocupam na estrutura da oração, como postulam
os funcionalistas, posição, por nós assumida na execução deste projeto. Apesar
dessa diferença de partida, ambas as correntes empregam o termo Alçamento
para a identicação do mesmo fenômeno, entretanto, não é demais esclarecer
que, sob perspectiva funcionalista, não cabe assumir a existência de regras de
transformação de uma conguração básica em outra derivada, como bem mos-
tram os esclarecimentos em (1) de autores da Gramática Discursivo-funcional.
ALFAL 50 ANOS
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01. Sobre o emprego do termo Alçamento numa perspectiva funcionalista
Eu empregarei dos termos ‘alçamentoe ‘deslocamento’ por razão de con-
veniência, mas, como deve ser óbvio, no presente contexto [da Gramática
Discursivo-funcional], isso não signica que uma análise de movimento seja
o caso. (Garcia Velasco, 2013: 250)2
Observe que, embora usemos o termo tradicional ‘raising’ [alçamento] aqui,
não queremos sugerir que o fenômeno envolve a transformação de uma
conguração básica em outra derivada. (Hengeveld e Mackenzie, 2008: 368)3
De modo mais geral, a caracterização do alçamento de constituintes par-
te sempre da distinção entre os chamados predicados de controle e predi-
cados de alçamento (Davies e Dubinsky, 2004), tipos que podem instanciar
estruturas superciais idênticas, como mostram (2a) e (3a), no quadro abai-
xo, mas motivadas por fenômenos diferentes.
2 I will use the terms ‘raising’ and ‘displacement’ for convenience sake, but as should be obvious in the present con-
text [of Funcional Discourse Grammar] that does not mean that a movement analysis is defended.
3 Note that, tough we use the traditional terms ‘raising’ here, we do not want to suggest that the phenomenon in-
volves the transformation of one basic conguration into another derived one.
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Quadro 1: Principais diferenças entre predicados de controle e de alçamento.
Predicado de controle Predicado de alçamento
(i) Equi-deletion: fenômeno de apaga-
mento de sujeito da subordinada idênti-
co ao da matriz.
(ii) Seleciona oração innitiva e argu-
mento externo.
(i) Alçamento: fenômeno de elevação
do sujeito da subordinada para o
domínio da oração matriz.
(ii) Seleciona oração innitiva, mas não
argumento externo.
Restrição semânticas sobre o sujeito
(iii) imposta pelo predicado matriz (iii) imposta pelo predicado encaixado
2a. João quer [morar na Bahia]
2b.*O livro quer [morar na Bahia]
2c. *O livro quer [ter sido comprado na
Bahia]
3a. João parece [morar na Bahia]
3b. *O livro parece [morar na Bahia]
3c. O livro parece [ter sido comprado
lido Bahia]
Ajustes morfossintáticos
(iv) sujeitos correferentes: oração innitiva (iv) sujeitos correferentes: oração inn-
itiva/ nita (PB?)
2d. João quer i morar na Bahia]
2e. *Joãoi quer [øi more na Bahia]
2f. João quer [que Maria more na Bahia]
2g. *João quer [Maria morar na Bahia]
3d. João parece [øi morar na Bahia]
3e. Joãoi parece [que øi mora na Bahia]
3f. *João parece [que Maria mora na Bahia]
3g. *João parece [Maria morar na Bahia]
(v) Relação de caso e concordância
3h. Os alunos parecem [estudar muito]
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Na literatura gerativista, predicados de controle se caracterizam por
selecionar complemento oracional innitivo e argumento externo, que
ocorre na posição de sujeito supercial da oração matriz. O sujeito da
oração matriz controla o da subordinada e por isso, nos limites desta, é
apagado. Predicados de alçamento, por sua vez, selecionam complemen-
to innitivo, mas não argumento externo, permanecendo livre sua posi-
ção de sujeito, para onde é alçado um constituinte argumental, que não
pode receber Caso nominativo do verbo innitivo encaixado nem Caso
acusativo do verbo matriz, que não tem esse caso disponível devido suas
propriedades inacusativas (Postal, 1974). Além dessa caracterização prin-
cipal, do contraste entre o conjunto de sentenças dado em (2) e (3), no
quadro acima, observa-se que:
(i) enquanto predicados de controle levam ao fenômeno de equi-dele-
tion, caracterizado pelo apagamento do sujeito da oração encaixada por
ele ser de referência idêntica ao da matriz, predicados de alçamento le-
vam ao fenômeno de alçamento, caracterizado pelo sujeito da oração
encaixada ocorrer como sujeito do predicado matriz;
(ii) enquanto a restrição semântica sobre o sujeito da oração matriz é im-
posta pelo predicado de controle (2a,b,c), com predicados de alçamento,
a restrição é imposta pelo predicado da oração encaixada (2a,b,c);
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(iii) a identidade de referência entre sujeito da matriz e da encaixada leva
necessariamente predicados de controle a assumirem a oração encaixa-
da na forma innitiva (2d,e,f,g), ao passo que, com predicados de alça-
mento, a expressão da oração encaixada na forma não nita não parece,
ao menos no PB, ser uma decorrência necessária (3d,e,f,g). Voltaremos a
tratar dessa restrição especíca do PB mais adiante;
(iv) a exemplo de predicados de controle, predicados de alçamento de-
sencadeiam na oração matriz relação de caso e de concordância com o
constituinte alçado (3h).
No quadro da Gramática Gerativa mais atual, essa distinção entre pre-
dicados de controle e predicados de alçamento tem sido questionada,
em duas direções: há aqueles que defendem que estruturas de alçamen-
to é um tipo de controle e aqueles que, ao contrário, defendem que es-
truturas de controle é um tipo de alçamento.4 Fora do quadro formalista,
uma alternativa, como apontam Traugott (1997) e Langacker (1995), seria
remover alçamento e controle de polos opostos e passar a concebê-los
como integrando um continuum, possível de ser estabelecido a partir de
propriedades como: controle pleno a não-controle, relação temática ple-
4 Cf. Davies e Dubinsky (2004: 13-15), sobre The unication/separation of raising and control.
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na de sujeito a relação não-temática; relação objetiva a relação subjetiva.
Além disso, o postulado gerativista de que o alçamento de constituintes
é resultante de regras transformacionais tem rendido muitas discussões
sobre a real necessidade de se postularem tais regras para a gramática
das línguas. O termo, no entanto, continua sendo amplamente emprega-
do, ainda que, em análises de línguas particulares, autores defendam que
o fenômeno não envolve operações de movimento (Henriques (2008);
Ferreira (2000)).
Em seu trabalho sobre complementação oracional, mais identicado com
uma abordagem funcionalista, Noonan (2007 [1985]) trata dos predicados
que tomam orações por complemento e apresenta um quadro tipológico da
complementação oracional, a partir do qual descreve o alçamento, oferecen-
do uma denição de caráter mais neutro para a identicação do fenômeno,
porém não sem problemas.
04. Denição de alçamento (Noonan, 2007 [1985]: 79; grifos nossos)
[O alçamento é um] processo por meio do qual argumentos podem ser re-
movidos de suas predicações, resultando em estrutura de complementação
de tipo não sentencial [non-s-like]. Esse processo envolve a colocação de
um argumento, que é nocionalmente parte da proposição complemento
(tipicamente o sujeito), em uma posição na qual passa a ter relação grama-
ALFAL 50 ANOS
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tical (por exemplo, de sujeito ou de objeto direto) com o PTC [predicado
que toma complemento]. Esse movimento de argumento de uma sentença
de nível mais baixo para uma de nível mais alto é chamado Alçamento.5
A partir dessa denição, podemos extrair critérios relevantes para uma
abordagem mais restrita do fenômeno, dada a necessidade de sua adequação
a um conjunto amplo de línguas. Esses critérios são explicitados em (5).
05. critérios para uma abordagem restrita do alçamento (Noonan,
2007 [1985])
a. o argumento alçado é nocionalmente (i.e., semanticamente) par-
te de uma oração encaixada;
b. o alçamento afeta tipicamente (mas não necessariamente) o sujeito
da oração encaixada, que, ao ser alçado, desenvolve relações grama-
ticais com o predicado matriz, i.e., torna-se seu sujeito ou seu objeto;
c. após o alçamento, a oração encaixada perde sua nitude, tornan-
do-se uma “não sentença”, i.e., dessentencializa-se, nos termos de
Lehmann (1988).
5 The raising is a method whereby arguments may be removed from their predications resulting in a non-s-like com-
plement type. This method involves the placement of an argument notionally part of the complement proposition
(typically the subject) in a slot having a grammatical relation (eg subject or direct object) to the CTP [complement
taking predicates]. This movement of an argument from a lower to a higher sentence is called raising.
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As seguintes implicações derivam dessa caracterização estrita do alçamento:
06. implicações decorrentes da denição de alçamento de Noonan
(2007 [1985])
a. o alçamento é uma discrepância entre semântica e sintaxe;
b. o alçamento envolve reconhecer uma construção variante sem
alçamento;
c. o alçamento leva às seguintes adaptações morfossintáticas:
i. na oração matriz, desencadeamento de Caso e concordância
entre o predicado e o argumento alçado;
ii. na oração encaixada, sua dessentencialização (p.ex., perda
de nitude).
Da relação entre a posição de sujeito e de objeto do constituinte no inte-
rior da oração encaixada e a posição que ele passa a assumir na oração ma-
triz decorrente do alçamento, Noonan (2007 [1985]) identica, nas línguas
em geral, o quadro tipológico mostrado abaixo.
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Quadro 2: Tipologia de alçamento (Noonan, 2007 [1985]: 81-82)
Alçamento de Sujeito a Sujeito (ASS) Alçamento a Objeto a Sujeito (AOS)
Inglês:
7a. It seems [that Boris dislikes vodka]
‘Parece que Boris não gosta de vodca’
7b. Boris seems [to dislike vodka]
Boris parece não gostar de vodca’
Inglês:
9a. It´s tough for Norm [to beat Herb]
‘É difícil (para) Norm vencer Herb’
9b. Herb is tough [for Norm to beat]
‘Herb é difícil (para/de) Norm vencer’
Alçamento de Sujeito a Objeto (ASO) Alçamento de Objeto a Objeto (AOO)
Inglês:
8a. Irv believes [Harriet is a secret agent]
‘Irv acredita que Harriet é um agente secreto
8b. Irv believes Harriet [to be a secret agent]
Lit:*‘Irv acredita Harriet ser um agente secreto
‘Irv acredita ser Harriet um agente secreto
Irlandês:
10a. Is ionadh liom é [a fheiceáil Sheáin
anseo]
COP surpresa com.me lo COMP ver.NZN
John.GEN aqui
‘É uma surpresa para mim que ele
tenha visto John aqui’
10b. Is ionadh liom Seán [a fheiceáil anseo]
COP surpresa com.me John COMP
ver.NZN aqui
‘É surpresa para mim (ele) ver John aqui’
Pelos exemplos oferecidos por Noonan (2007 [1985]), é possível
observar que, intralinguisticamente, nem todos os tipos de alçamento
são produtivos, como é o caso de AOO no inglês. No quadro acima, ve-
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mos exemplificado, em (7), um dos tipos mais produtivos de alçamento
nas línguas em geral, o ASS: o SN Boris, sujeito do predicado encaixado
em (7a), é alçado a sujeito do predicado matriz em (7b). Em (8a), um caso
de ASO, O SN Harriet ocorre em posição argumental de sujeito da oração
encaixada no predicado believes, e, em (8b), é reanalisado como objeto
do predicado matriz believes. Em (9a), caso de AOS, o SN Herb, objeto di-
reto do predicado encaixado, ocorre, em (9b), como sujeito do predicado
matriz. Em (10), o alçamento é da posição de objeto da oração encaixada
(nominalizada) a objeto da oração matriz (AOO), um dos tipos menos
produtivos translinguisticamente (Garcia Velasco, 2013); nesse exemplo
do irlandês, as motivações para o alçamento ocorrem de modo gradual:
em (10a), a deleção do sujeito da oração encaixada, correferente ao da
oração matriz, e a forma de acusativo é (representada pela forma lo, na
glosa para o PB), e não a de nominativo (ele), são motivações para o
alçamento do constituinte Sheáin da nominalização encaixada a objeto
do predicado matriz ionadh (surpresa). Segundo Noonan (2007 [1985]),
nesse caso em que a deleção de sujeito correferente na oração en-
caixada e nela há um termo nominalizado, o alçamento é obrigatório em
irlandês. Em todos esses exemplos, a redução da oração complemento
(ou na forma infinitiva ou na forma nominalizada) é decorrência essen-
cial do alçamento.
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Sob essa caracterização tipológica mais restrita de alçamento,
em princípio, exemplificariam o fenômeno, em PB, ocorrências como
as expostas em (11) e (12), todas envolvendo orações subjetivas que
instanciam o ASS e o AOS, desencadeados por predicado avaliativo de
natureza adjetival (difícil) e por predicado epistêmico de natureza verbal
(parecer).6
11. PB: Alçamento de Sujeito a Sujeito (ASS)
a.
eles tão começan(d)o a comê(r) o(u)tros tipos de alimento né?... sem sê(r) a
sopa... porque criança é difícil [pra comê(r)]
(AC, NE)
b. eu sô(u) muito difícil [pa aprendê(r) a fazê(r) as coisas]
(AC, DE)
c. o cara num parece [tê(r) setenta anos de idade]
(AI)
d. tenho só vinte e sete anos mas tem hora que:: eu pareço [que tenho cinquenta]
(AC, NR)
e.
Inf: ... como que fala?Doc.: as torres?
Inf.: as torres parece [que elas vão alcançá(r) o céu de tão grande]
(AC, RP)
6 As ocorrências provêm do nosso próprio córpus de língua falada (cf. nota 1). Ao nal de cada uma, identicamos,
respectivamente: o tipo de amostra do banco de dados (AC, amostra censo, ou AI, amostra de interação) e, para a
amostra AC, o tipo de texto de onde o dado foi extraído (NE: Narrativa de experiência; NR: Narrativa recontada; DE:
Descrição; RP: Relato de procedimento; RO: Relato de opinião).
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12. PB: Alçamento de objeto a sujeito (AOS)
a.
–“mas... como que você::... éh:: desse jeito éh:: cê num tem experiência num sei
que tem”– [Doc.: ((risos))] urutago... já viu urutago?
Doc.: já::
Inf.: então... urutago é difícil [d’ocê vê ele]... lá no meio da seringue(i)ra
(AC, NE)
13. Construções sem alçamento de constituinte
a. É difícil [a criança comer]
b. É muito difícil [eu aprender a fazer as coisas]
c. Não parece [que o cara tem setenta anos de idade]
d. Parece [que eu tenho cinquenta anos]
e. Parece [que as torres vão alcançar o céu]
f. É difícil [de você ver urutago lá no meio da seringueira]
Nas ocorrências acima, criança, em (11a), eu, em (11b), e urutago, em
(12a), são termos argumentais dos predicados encaixados comer, aprender
a fazer e ver, respectivamente, e não do predicado matriz difícil. Análise se-
melhante se aplica aos casos dos predicados matrizes de natureza verbal
em (11c,d,e), em que os constituintes o cara, eu e as torres semanticamente
são argumentos do predicado da oração encaixada, embora morfossintati-
camente se comportem como sujeito da oração matriz. Essa constatação se
verica quando reconstruímos, em (13), a contraparte sem alçamento das
respectivas construções com alçamento, na qual, claramente, os constituin-
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tes destacados se revelam como termos argumentais subcategorizados pelo
predicado da oração encaixada.7 O que se observa é que independentemente
da natureza categorial do predicado matriz, se verbal ou adjetival, a integra-
ção do constituinte alçado no domínio da oração matriz é tal que ele pode
desencadear processos morfossintáticos que afetam o predicado matriz, tal
como concordância verbal, como mostra mais explicitamente o contraste
entre (11b) e (13b) e entre (11d) e (13d), mas não, necessariamente, afetam
a sentencialidade da oração encaixada, como mostram (11d-e), prevista em
(5c) e (6c), como decorrência do alçamento. Casos como esses, por partilha-
rem certas propriedades com os casos mais típicos de alçamento ((11a-c)),
não todas, seriam considerados como um subtipo de alçamento mais iden-
ticado com deslocamento de constituinte por motivação pragmática (cf.
abaixo, casos intermediários).
Como se observa, uma incursão pela literatura permite identicar posições
divergentes no interior de uma mesma abordagem, no que se refere a concei-
tos e critérios para identicação do alçamento. Podemos, em princípio, clas-
sicar as posições teóricas sobre o tema em duas categorias principais: uma
com visão mais estrita do fenômeno, como a de Noonan (2007 [1985]), mos-
trada e exemplicada acima, e outra mais ampla, como discutimos a seguir.
7 Peres e Moía (1995), ao analisarem enunciados do tipo “Este problema é difícil de resolver”, defendem que, a rigor,
“não há em português instâncias de elevação de complemento directo”, casos por eles analisados como “elevação de
sujeito, neste caso, uma elevação e sujeito passivo” (p. 219)
ALFAL 50 ANOS
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Abordagens mais amplas de alçamento admitiriam casos que não ne-
cessariamente partilham de todos os critérios de Noonan, mostrados em
(5) e (6). No âmbito da Gramática Funcional de Dik (1997), por exemplo, o
autor distingue três tipos de alçamento: o tipo 3 é de natureza teórica, tal
como é denido com base na teoria da Gramática Funcional sobre atribui-
ção de função sintática (cf. (25) abaixo); o tipo 2 corresponde à visão mais
estrita mostrada em (5) e (6); o tipo 1 é caracterizado como “simples forma
de deslocamento de constituinte, sem envolver qualquer ajuste formal” (Dik,
1997: 332). O autor fornece o seguinte exemplo do dinamarquês (atribuído
a Jakobsen, 1978):8
14. Det tror jeg ikke hun ved
That think I not she knows
That I do not think she knows’
Considerando a caracterização de Noonam (2007 [1985]), esse exemplo
de Dik, em (14), não se instanciaria como caso típico de alçamento, à medida
que o critério de adaptação morfossintática não é aplicado, congurando,
assim, simples caso de deslocamento por razões pragmática (topicalização,
8 O autor distingue, entretanto, “deslocamento puro” de alçamento (Dik, 1997: 436), de modo que sua caracterização
do fenômeno não parece consistente.
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focalização). Esse mesmo “equívoco” de Dik (1997) parece se repetir na Gra-
mática Discursivo-funcional, de Hengeveld e Mackenzie (2008: 368), que for-
necem exemplos do Tuvaluan e do Húngaro, em que também o critério do
ajuste formal não é aplicado, congurando simples casos de deslocamento.
Essas posições diferentes no interior de uma mesma abordagem, a fun-
cionalista, apontam para a necessidade de se ter clara uma concepção de
alçamento, de modo a diferenciar esse fenômeno de fenômenos de des-
locamento de constituintes, por razões de topicalização ou de focalização,
o que, em princípio, nos levaria a ter de assumir a concepção mais estrita
de alçamento, tal como a de Noonam (2007 [1985]), como a mais razoável,
como forma de circunscrever mais precisamente o fenômeno. Entretanto,
uma posição mais denitiva nos parece possível de ser alcançada somente
com o desenvolvimento desse tema de pesquisa.
Na consideração das propriedades da concepção mais estrita de alça-
mento, subtipos (ou casos intermediários) podem ser distinguidos, a partir
do critério de ajuste morfossintático. Um primeiro é o que tem sido denomi-
nado copy-raising (alçamento com cópia), exemplicado por dado do criou-
lo haitiano (Deprez, 1992: 192), em (15), similares aos mostrados em (11d,e)
e em (12a), repetidos na sequência, por conveniência.
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15. a. sanble Jan pati
Parece João partir.PAS
‘Parece que
João partiu’
b. Jan sanble li pati.
João parece ele partir.PRES
João parece
partir
11. d. tenho só vinte e sete anos mas tem hora que:: eu pareço [que tenho cinquenta]
(AC, NR)
e. as torres parece [que elas vão alcançá(r) o céu de tão grande]
(AC, RP)
12. a. Inf.: então... urutago é difícil [d’ocê vê ele]... lá no meio da seringue(i)ra
(AC, NE)
Em tais casos, a oração completiva retém traços de tempo, modo e con-
cordância (11d) no predicado encaixado e/ou expressão de sujeito, como
em (11e) e (15b), ou de objeto, como em (12a), por meio de pronome cópia,
casos que tornam possível uma interpretação do fenômeno como simples
deslocamento de constituinte, e não de alçamento. Entretanto, a existência
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de copy-raising tem sido defendida para línguas com “pronome cópia fre-
quentemente ocorrendo como morfologia de concordância sobre o predi-
cado da oração completiva”, como mostram Dubinsky et al. (2006: 136), por
meio de exemplos do turco e de ocorrências como a dada em (16), do grego
(atribuídos a Joseph, 1976):
16. a. theoro pos o-yanis ine eksipnos
consider.1sg Comp-nom-John be.3sg smart.nom
‘I consider John to
be smart’
‘Considero João
(ser) inteligente’
b. theoro ton-yani pos ine eksipnos
consider.1sg aCC-John Comp be.3sg smart.nom
‘I consider John to
be smart’
‘Considero João
(ser) inteligente’
Em (16), o sujeito da oração completiva (yanis), que tem caso nominativo
em (16a), é alçado para o domínio da oração matriz, antes do complementi-
zador, e recebe caso acusativo em (16b). Esse processo não é acompanhado
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por modicações morfossintáticas no domínio da oração encaixada, que per-
manece na forma nita. A marca de acusativo claramente indica que o sujeito
yanis está morfossintaticamente integrado ao domínio da oração matriz.
Um segundo tipo de alçamento é o que Dubinsky et al. (2006: 137) de-
nomina de alçamento do possuidor (possessor raising), em que o SN é alçado
para a função de sujeito ou objeto na sentença. Em (17), segue exemplo dos
autores com base em dados provenientes do kinyarwanda.
17. a. Ingurube z-a-ri-ye ibíryo by’ábáana
Pigs they-past-eat-asp food of.children
‘the pigs ate the chil-
dren’s food’
os porcos comeram a
comida das crianças’
b. Ingurube z-a-ri-ye ábáana ibíryo
Pigs they-past-eat-asp children food
‘the pigs ate the chil-
dren’s food’
os porcos comeram a
comida das crianças’
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Em (17b), o constituinte ábáana criança’ funciona como objeto da ora-
ção e é interpretado como o possuidor de ibíryocomida’. Esse processo não
parece ser relevante para o PB, por não preencher vários dos critérios de-
nitórios dados em (3) e (4). Entretanto, em PB, exemplos como os dados em
(18) e (19) mostram que um termo dependente em posição mais baixa na
estrutura sentencial pode assumir a posição de sujeito da oração principal,
ajustando-se morfossintaticamente ao novo domínio que passa a integrar,
fenômeno parcialmente compatível com alçamento, mas preferencialmente
interpretado como caso de topicalização (Pontes, 1987).
18. a. Faz muito calor em São José do Rio Preto.
b. São José do Rio Preto faz muito calor.
19. a. Estragou o ponteiro desse rádio.
b. Esse rádio estragou o ponteiro. (Pontes, 1987: 31)
Embora casos como (18) e (19) atendam apenas ao critério dado em
(3c) e (4c), eles requerem uma decisão quanto ao estatuto dos constituintes
destacados em (b) que, ao assumirem posição típica de sujeito, perdem a
preposição que os introduzem como adjunto em (a), podendo inclusive de-
sencadear concordância no novo domínio que passam a integrar.
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Apesar de o trabalho tipológico de Noonam (2007 [1985]) ter forte apelo
funcionalista na descrição geral da subordinação, no tocante ao fenômeno
de alçamento, ele não destaca propriedades de ordem pragmática e/ou se-
mântica relevantes, o que nos leva a recorrer a outros autores, em razão de
nosso compromisso teórico.
Para Givón (2001b: 272), o alçamento está relacionado com a presença
de predicado matriz de atividade mental, que seleciona uma proposição
encaixada. No interior do argumento proposicional, um SN, normalmente,
o sujeito, dada sua importância tópica, é alçado de sua posição argumental
original para a de argumento (sujeito ou objeto) tópico da oração princi-
pal. Conforme observado por Görski (2008), no PB, a topicalização é moti-
vada pragmaticamente, porém não sofre as restrições de impessoalidade
e do tipo de verbo de atividade mental apontadas por Givón; contudo, a
topicalização, no PB, é sensível à denitude e à topicalidade do SN, como
também aponta Serdol’boskaya (2009) para outras línguas. Segundo Gör-
ski (2008), aplicam-se ao PB outras particularidades da topicalização, que
nos interessam para a caraterização do alçamento, tais como (i) o uso da
preposição de diante da oração innitiva e (ii) a possibilidade de desloca-
mento de constituinte adverbial, locativo, que, ao ser codicado em forma
nominal, concorre à posição de sujeito da oração matriz, conforme exem-
plicado em (20) e em (21), respectivamente.
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20. Uso da preposição de diante do innitivo
Doc.: J. a sua mãe me falô(u) que cê sabe fazê(r) um bolo de chocolate muito bom::
eu gostaria que você me explicasse como que é esse bolo de chocolate
Inf.: ah ele é assim ele é fácil de fazê(r) né?
(AC, RP)
21. Constituinte adverbial deslocado
o Império publica uma lei... que dava direito aBRIa a possibilidade... das pessoas que
se... instaLAssem em terras... públicas... portanto terras ((barulho de carros)) devo-
lutas é difícil que se estabelecessem... criassem as suas RAÍzes nesses locais construís-
sem suas casas... os seus... é:: tiv/ mantivessem os seus reban::hos...
(AC, NE)
A ocorrência em (20) exemplica caso de AOS. Na estrutura canônica9,
a oração encaixada seria codicada como fazê(r) ele (ou mesmo, fazê-lo),
em que o pronome ele refere-se ao referente tópico bolo evocado anterior-
mente na fala do documentador. uma motivação pragmática para o al-
çamento: o SN pronominal é um constituinte discursivamente importante,
relevante, ou seja, é parte do ato discursivo que tem relevância contextual
e que será retomado dentro da interação comunicativa como tópico dado.
Desse modo, o alçamento encontra motivação também discursiva e, no caso
em análise, justicaria, segundo Görski (2008), o innitivo vir introduzido por
9 Seguindo a ampla literatura que trata da ordenação dos constituintes, adotaremos como estrutura ou ordem ca-
nônica a sequência SVO (Sujeito-Verbo-Objeto) na forma declarativa (cf. Pontes, 1987).
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preposição. Já o caso de topicalização em (21), uma construção semelhante
a de alçamento, faz concorrer à posição de sujeito um locativo, termo não
argumental, portanto. Uma característica que aproxima esse tipo de cons-
trução dos casos de alçamento é o apagamento da preposição que ocorreria
na contraparte não topicalizada difícil que se estabelecessem em terras
devolutas]. A observação desse caso em (21) é um importante alerta que
nos leva a ter de diferenciar alçamento de simples topicalização, uma vez
que casos de alçamento podem ter na topicalização uma de suas motiva-
ções, mas casos de topicalização não necessariamente envolvem alçamento.
Se, por um lado, o trabalho tipológico de Noonan (2007 [1985]) sobre
complementação oracional aborda o alçamento apenas para mostrar os ti-
pos semânticos de predicados matrizes que favorecem o fenômeno, por
outro lado, o estudo declaradamente funcionalista de Serdobol’skaya (2009)
aborda exclusivamente o alçamento, sem, no entanto, situá-lo em um qua-
dro mais amplo da subordinação oracional ou, mesmo, de tipos oracionais
especícos. Diferentemente de Noonan, Serdobol’skaya (2009) estende a
possibilidade de reconhecimento do alçamento para além de constituintes
argumentais em posição de sujeito e de objeto direto da oração encaixada.
Segundo a autora, o fenômeno afeta também constituintes em posição de
objeto indireto e mesmo constituintes não argumentais, casos identicados
por ela na língua kipsigis (ou nandi) e nas línguas altaicas, estruturas, de cer-
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ta forma, semelhantes às identicadas por Görski (2008), ao tratar da topica-
lização de adjuntos adverbiais. Além dessas línguas, Serdobol’skaya mostra
que, em quéchua, tipos diferentes de constituintes podem ser alçados e, no
irlandês, orações temporais, com simultaneidade entre o tempo do estado-
de-coisas codicado na oração principal e na adverbial, são alçadas também.
No âmbito da teoria da Gramática Funcional, Dik (1979, 1981) discute o alça-
mento, também rejeitando a ideia de que o fenômeno envolva a transformação
de uma conguração básica em outra derivada, e explica a relação entre cons-
truções ativas e passivas por meio de uma subteoria especial: o alçamento na
construção passiva. Observe o exemplo dado pelo autor, reproduzido em (22).
22. John believed Bill to have killed the farmer
John acreditou Bill ter matado o fazendeiro’
Em (22), Bill, SN-Sujeito da encaixada to have killed the farmer, ocorre
como SN-objeto do predicado believed. Contudo, a não aceitação de pro-
cessos de transformação oracional, muito comuns em explicações de cunho
gerativista, leva o autor a propor duas explicações. Uma delas leva em conta
os estudos de Bolkestein (1976, apud Dik, 1979) sobre acusativus cum inni-
tivus, que corresponderia a casos de alçamento em latim, conforme exem-
plos do autor em (23).
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23. a. credo cum venire
‘Creio lhe vir
b. cogo cum venire
‘Forço lhe vir
Em (23), o pronome cum codica tanto o objeto de credo e cogo como
o sujeito de venire, em ambos os casos. Desse modo, haveria uma relação
semântica entre o tipo de predicado da matriz e a seleção da ocorrência ou
não do alçamento, i.e., em inglês, segundo Dik (1979: 134-136), nem todos
os predicados matrizes permitiriam o alçamento com uma passiva, como é
o caso ilustrado em (24b).
24. a. I believe Bill to have killed the farmer
‘Eu acredito Bill ter matado o fazendeiro’
b. *I force Bill to have killed the farmer
‘Eu forço Bill ter matado o fazendeiro
Observe que um predicado manipulativo, como em (24b), não permite o
alçamento, em inglês, diferentemente de um predicado de modalidade epis-
têmica, como em (24a), além de haver uma relação com as restrições de voz,
de tempo e de outras categorias, que não serão aqui explicitadas. Aparen-
temente são meras restrições para o fenômeno, não o explicam. Dik (1979),
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indo além do trabalho de Bolkestein, propõe outra explicação para o fenô-
meno, que envolveria a consideração das funções semânticas e sua relação
com as funções sintáticas de sujeito e de objeto. O autor, então, apresenta
uma série de combinações para o inglês, como expostas em (25).
25. Correlação entre atribuição de funções semânticas e sintáticas10
Agente
(Ag)
Meta (Go) Recipiente
(Rec)
Beneciário
(Ben)
Exemplo
Suj Obj JohnAgSuj gave the bookGoObj to MaryRec
Suj Obj JohnAgSuj gave MaryRecObj the bookGo
Suj Obj JohnAgSuj bought MaryBenObj the bookGo
Suj The bookGoSuj was given to MaryRec by JohnAg
Suj MaryRecSuj was given the bookGo by JohnAg
Suj MaryBenSuj was bought the bookGo by JohnAg
Conforme (25), haveria, portanto, segundo o autor, a possibilidade de
considerar que as funções de Sujeito e de Objeto possam ser atribuídas “re-
plicadamente” (usando termo do autor) a um mesmo argumento da predica-
ção encaixada, o que as tornaria subjacentes ao predicado, como podemos
observar em (26) e em (27).
10 Todos os exemplos foram retirados do autor e, por esta razão, mantivemos a língua original (Dik, 1979: 137).
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26. a. John believed Bill to have killed the farmer
b. believeV (John)AgSubj (killV (Bill)AgSuj/Obj (the farmer)GoObj)Go
27. a. Bill was believed by John to have been give the book by Peter
ab. beilieveV (Bill)RecSuj/Suj (John)Ag (giveV (the book)Go (Peter)Ag)Go
Em (26b), o constituinte Bill teria função semântica de agente, com fun-
ção sintática de objeto atribuída pelo predicado matriz believe, e função
sintática subjacente de sujeito do predicado encaixado kill. Já, em (27b), o
constituinte Bill, com função semântica de recebedor, tem função sintática
de sujeito atribuída pelo predicado believe e função sintática de sujeito sub-
jacente do verbo give.
Como argumenta Langacker (1995), mais do que funções semânticas e
sintáticas, em termos cognitivo-funcionais, é a saliência cognitiva de uma
cena ou de um de seus participantes que explicaria construções com e sem
alçamento, e não a simples natureza “gramatical lógica” entre um predicado
e seus argumentos, como parece estar pressuposto na denição de Noo-
nan, em (4), e nas explicações de cunho formalista. Sobre a importância da
saliência cognitiva na estruturação de uma sentença, transcrevemos em (28)
palavras do próprio Langacker.
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28. Alçamento e saliência cognitiva
A Gramática Cognitiva assume que é errônea a noção de estrutura subjacen-
te no sentido gerativo, e que as relações de sujeito e de objeto são primeira-
mente uma questão de proeminência, não de qualquer conteúdo conceptual
especíco (lógico ou não). Um sujeito é caracterizado como um trajector [tra-
jector] de nível oracional, i.e., a gura principal na relação emoldurada, e um
objeto, como um ponto de referência [landmark] de nível oracional (gura
secundária). Prototipicamente, o sujeito é um agente e o objeto, um pacien-
te, mas não há nenhum papel semântico especíco ou conteúdo conceptual
que um sujeito ou um objeto tenha de assumir. O estatuto de trajector e de
ponto de referência é mais bem considerado como a proeminência focal que
pode ser direcionada para qualquer entidade dentro de uma cena. Certos
elementos exercem uma atração natural deste status de destaque; notada-
mente, um agente ser animado e fonte inicial de energia tem saliência
cognitiva e tende a atrair mais fortemente para si esse status. Essa tendência,
entretanto, pode ser anulada, particularmente por razões discursivas. [No
caso de alçamento de sujeito a sujeito, como em Don is likely to leave] De
fato, esse participante se assemelhará a um sujeito prototípico mais do que
um processo ou uma proposição. (LANGACKER, 1995: 24)11
11 Cognitive grammar claims that the notion of underlying structure in the generative sense is erroneous, and that
the subject and object relations are rst and foremost matters of prominence, not of any specic conceptual content
(logical or otherwise). A subject is characterized as a clause-level trajector, i.e., the primary gure within the proled
relationship, and an object as a clause-level landmark (secondary gure). Prototypically the subject is an agent and
the object a patient, but there is no specic semantic role or conceptual content that a subject or object has to in-
stantiate. Trajector and landmark status are better thought of as spotlights of focal prominence that can be directed
at various entities within a scene. Certain elements exert a natural attraction for this highlighted status; notably, an
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Sob essa perspectiva cognitiva de Langacker (1995), a construção de
uma sentença com ou sem alçamento depende do modo especíco como
o falante escolhe estruturar sua conceptualização de uma cena para ns ex-
pressivos. Se nenhum participante é particularmente saliente, a localização
abstrata da cena é a escolhida, e essa conguração corresponde à variante
sem alçamento. Se qualquer participante da cena descrita na oração com-
pletiva ocorre como sujeito da oração principal é por causa de sua saliência,
e a esta escolha corresponde à variante com alçamento.
Alçamento a sujeito no PB
Retomemos, neste ponto, em (29a) e (30a), os casos de ASS e AOS iden-
ticados no PB, em córpus de língua falada,12,13 em nossa investigação ainda
preliminar, com a explicitação, em cada caso, do que constitui a contraparte
sem alçamento ((29b) e (30b)).
agent – being animate and a initial energy source – has intrinsic cognitive salience and tends to attract the stronger
spotlight. These tendencies can, however, be overridden, particularly by discourse considerations. [In case of subject
to subject raising, such as in Don is likely to leave] Indeed, that participant will usually resemble a prototypical subject
more closely than does a process or a proposition.
12 Cf. nota 1, sobre a especicação do córpus de língua fala no qual nossa investigação preliminar tem se baseado.
13 Em todo nosso córpus, encontramos apenas 30 ocorrências de alçamento a sujeito.
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29.
30.
a.
ASS
o cara num parece [tê(r) setenta anos de idade]
(AI)
b.
c.
Não parece [que o cara tem setenta anos]
O cara não parece [que tem setenta anos]
a.
AOS
o serviço é difícil [arranjá(r)]
b.
c.
É difícil [arranjá(r) serviço]
?? O serviço é difícil [que se arranje]
(AC, RO)
No contraste entre (29a) e (29b), observamos, em (29a), uma estrutura
prototípica com ASS promovida por um predicado matriz de modalidade
epistêmica, o verbo parecer. Trata-se de uma estrutura prototípica em de-
corrência da manutenção de todos os critérios de alçamento oferecidos por
Noonan (2007 [1985]), inclusive a redução da oração encaixada. A recons-
trução em (29c) mostra, entretanto, que a redução da oração encaixada,
mesmo em estrutura semelhante à de alçamento, não parece ser proprieda-
de necessária, ao menos para esse tipo semântico de predicado matriz. Por
outro lado, em (30a) e no seu correspondente não alçado, (30b), exemplo
de AOS favorecido por predicados avaliativos do tipo fácil/difícil, também
observamos, para esse tipo de alçamento, a redução da oração completiva,
com a diferença de que é raro (se não estranho!) que a contraparte sem al-
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çamento ocorra na forma nita, como mostra (30c). Numa busca em nossos
dados, parece mesmo que nem todos os critérios oferecidos por Noonan
(2007 [1985]) para identicar o alçamento se aplicam consistentemente aos
casos de ASS e AOS em PB, senão vejamos:
i. manutenção de relações nocionais (ou semânticas) entre o SN alçado e o
predicado encaixado: aplicável aos dois tipos encontrados no PB;
ii. ajuste morfossintático de concordância entre SN alçado e o predicado
matriz: critério, em princípio, obrigatório para o ASS e AOS,14 mas que
deve ser relativizado em razão de a concordância entre sujeito e verbo
constituir regra variável no PB;
iii. ajuste morfossintático de caso do SN alçado no domínio da oração ma-
triz: critério que não se aplica, uma vez que o PB não manifesta marcação
morfológica de casos nominativo e acusativo no SN, apenas mantém
alguns resquícios casuais em formas pronominais, que, por vezes, perde
mesmo essa distinção, em favor de formas de nominativo;
iv. dessentencialização da oração encaixada: critério opcional, para ASS, mas,
até onde pudemos observar, obrigatório para AOS, opção que parece se
dever ao tipo semântico de predicado matriz;
14 Argumento alçado de 3a. pessoa singular restringe a vericação inequívoca da obrigatoriedade de aplicação
dessa propriedade.
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Decorrente da abordagem restrita de alçamento de Noonan (2007 [1985]),
a implicação de que o fenômeno envolveria sempre pares de construções
(com e sem alçamento) leva a ter de excluir do fenômeno casos em que não
haja a contraparte não alçada do par, como se verica, em PB, no contraste
dos pares de orações dados em (31) e (32), este último exemplicado com
caso ASO envolvendo oração em posição de objeto.
31. ASS
a. João parece [estar cansado]
b. Parece [que João está cansado]
32. ASO
a. João acha [que Maria está grávida]
b. *João acha [Maria estar grávida].
33. as crianças parece(m) [que estão cansadas]
Ao considerarmos a outra implicação que trata da adaptação morfossin-
tática da oração encaixada como necessária para a identicação do fenôme-
no, três situações se congurariam para o PB:
i. ou esse critério é opcional e, portanto, o fenômeno é compatível tam-
bém com oração na forma nita, como em (33) acima;
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ii. ou se a oração encaixada permanece na forma nita, não estamos diante
de um caso de alçamento prototípico, mas de simples topicalização de
constituinte ou de um subtipo de alçamento;
iii. ou ainda, a redução da oração encaixada não pode ser um critério de-
nidor do fenômeno.
Pelas análises acima oferecidas, constatamos então que nem todos os
critérios oferecidos por Noonan (2007 [1985]) para identicar o fenôme-
no de alçamento se aplicam consistentemente ao PB, como resumimos no
quadro 3 abaixo.
Quadro 3: Critérios de alçamento (Noonan (2007 [1985]) e principais tipos reconhecíveis no PB
Critério ASS AOS
(i) relações argumentais (semânticas) entre o SN alçado e o
predicado encaixado + +
(ii) dessentencialização da oração encaixada +/- +
(iii) ajuste morfossintático de concordância entre SN alçado e
o predicado matriz + +
(iv) ajuste morfossintático de caso do SN alçado no domínio
da oração matriz - -
Em (34) e (35), seguem outras ocorrências que ilustram os dois tipos mais
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comuns de alçamento em nosso córpus. Predicado de modalidade, como
parecer, instancia ASS, padrão mais produtivo, enquanto predicados avalia-
tivos do tipo fácil/difícil distribuem-se entre ASS (34g) e AOS (35a), padrões
menos produtivos por isso.
34. ASS (mais produtivo no PB)
a. essa pelo menos parece que é artista
(AC, RO)
b. ele conta que a escritu::ra parece que tinha cado em mãos de terce(i)ros...
(AC, NR)
c. a gente que percebe porque o pai parece que num tem noção de percebê(r)
que a criança num tá bem...
(AC, RO)
d. os pais:: eles parece que têm... uma barre(i)ra com a gente que é incrível...
sabe?...
(AC, RO)
e. o cara num parece tê(r) setenta anos de idade
(AI)
f. a gente percebe que as histórias dele realmente aconteceu [Doc.: uhum ((con-
cordando))] mas tem uma.... que/ eu num tava perto não... ele ele que conta ele e
minha mãe eles conta... pa/ parecem sê(r) verdade também...
(AC, NR)
g. atrapalha muito... o namoro é difícil pra andá(r) pra frente né? eu a/ eu penso assim
(AC, RO)
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35. AOS (pouco produtivo)
a. e eu dobro toalha tam(b)ém (inint.) toalha é compliCAdo pa caramba pa do-
brá(r)… mui/ tem muito detalhe… tem que dobrá(r) ela no me::io depois no
meio de no::vo…
(AC, RP)
Com base na literatura, especulamos ainda outras propriedades possíveis
que podem interferir no alçamento a sujeito em dados do PB, sem, no entanto,
proceder, importante que se diga, a um levantamento quantitativo acerca de
cada uma delas, a saber: presença pronome cópia na oração encaixada, tipo se-
mântico de predicado matriz, animacidade e topicalidade do SN alçado, esta últi-
ma vericada em termos de seu status informacional15 e de sua referencialidade.
Encontramos no córpus pronome cópia na oração encaixada para casos
de ASS, como mostra (36), mas não para casos de AOS, o que não signica
impossibilidade de ele também ocorrer nesse último caso, como se pode ve-
ricar na paráfrase de (35a) acima, dada em (35a’), abaixo. Ocorrências como
essas, tratadas na literatura como copy-raising (Deprez, 1992), parecem não
se tratar de casos prototípicos de alçamento, podendo ser um subtipo deste,
ou ainda interpretadas como de casos de topicalização.
15 Status informacional aqui segue a proposta de Prince (1981), de caráter mais textual do que cognitivo, como é a
proposta de Chafe (1984). A taxonomia básica de Prince (1981) permite classicar os referentes de discurso como
entidades novas (totalmente novas, ancoradas ou não textualmente e novas não disponíveis textualmente), evocadas
(textualmente ou situacionalmente) e inferíveis (incluidoras ou não em outras entidades textualmente mencionadas).
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36. onde é esse condomínio é ...o morro parece
que ele foi cortado (AC, DE)
a escritu::ra parece [que ela tinha
cado em mãos de terce(i)ros]
35. a’. toalha é complicado pa caramba [pa dobrá-la]
No tocante ao tipo semântico do predicado matriz, com predicados de
modalidade epistêmica, aqueles que indicam uma opinião do falante ou que
demonstram seu grau de certeza e/ou de comprometimento com o conte-
údo expresso na proposição encaixada, são abundantes ocorrências com o
predicado parecer (34a-f), restrito a caso de ASS. Com predicados avaliativos,
aqueles que expressam uma avaliação subjetiva do falante em relação ao es-
tado-de-coisas codicado pela oração encaixada, encontramos ocorrências
com predicados avaliativos, do tipo fácil/difícil, tanto com construções de
ASS (35g), como com construções de AOS (35).16
Quanto ao status informacional do constituinte alçado, o que temos ve-
ricado é que construções de alçamento parecem mais prováveis de ocorrer,
se o referente do SN alçado constitui informação dada/evocada, como é o
16 Sobre a distinção semântica acerca de entidades possíveis de serem codicadas por oração encaixada, no caso
em análise uma oração subjetiva, Lyons (1977) diferencia proposições de estado-de-coisas. Enquanto proposição é
um construto mental do usuário da língua, e, portanto, só pode ser avaliado em termos de sua verdade, porque não
ocupam lugar nem no tempo no espaço, estado-de-coisa é uma entidade que pode ser avaliada em termos de
sua realização e, como tal, toma lugar no tempo e no espaço, porque acerca dela pode-se dizer se ocorrem ou não
e, em ocorrendo, se tem certa duração.
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caso do anafórico ele e do SN o milho destacados em (37a), ou informação
inferível, como no caso do SN o namoro, em (37b), associado aos referentes
discursivos namorado namorada, mencionados anteriormente. No entanto,
é possível que, mesmo o SN constituindo informação nova, ocorra a variante
sem alçamento, como mostra (37c). No córpus, não encontramos casos de
AOS cujo referente do SN não constituísse informação dada ou inferível.
37. a. Doc.: tem algum prato assim que você poderia me ensiná(r) como faz::?
Inf.: é o creme de milho tá? só que o éh:: normalmente as pessoas quando a
gente fala assim creme de milho normalmente a pessoa pensa o seguinte que é
o lei::te... o mi::lho bati::do aí:: ah va/ num engrossô(u) então vô(u) pô(r) Maise::na
va/ o meu não leva nada é milho PURO
Doc.: hum:: 5[que legal]
Inf.: 5[milho puro] tá entã/ então vamo(s) lá ... então normalmente num preci-
sa/ até domingo passado... domingo agora... eu:: até::... z como normalmente
quando eu costumo fazê(r) -- eu sô(u) um po(u)co exagerado né? 6[eu z] 6[Doc.:
hum] com quarenta espigas [Doc.: nossa] [Doc. e Inf.: ((risos))] quarenta espigas
de milho -- então num é éh ele nu/ ele:: é trabalhoso num é que é difícil ele é
trabalhoso de fazer porque são várias etapas 7[Doc.: uhum ((concordando))] 7[en-
tão nor]malmente o milho é melhor assim a gente comprá(r) no dia
(AC, RP)
→ Sentenças destacadas: ele é trabalhoso de fazer / o milho é melhor assim a
gente comprá(r) no dia (informação dada; variante com alçamento: AOS)
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b. tem muito namorado namorada que não aceita isso que tem um ciúme doen-
tio que... só aceita que qué(r) sê(r) só ELE... que qué(r) cá(r) vinte e quatro horas
por dia que tudo que faz tem que sê(r) pra ele tem muitos que tem ciúmes da
família... muitos dos amigos e num é certo isso não é legal... atrapalha muito ... o
namoro é difícil pra andá(r) pra frente né? eu a/ eu penso assim
(AC, RO)
→ Sentença destacada: o namoro é difícil pra andá(r) pra frente (informação in-
ferível; variante com alçamento: AOS)
c. Inf.: num sei da onde que foi esse modelo mas muito éh éh um ele né?... a piscina
é formato de um “éle”... e ela::... ela tem um azul escuro e o azul claro pa dá um
contraste... na na água da piscina assim assim assim interessante... [Doc.: uhum
((concordando))] e:: in/ engraçado que éh onde é esse condomínio é ... o morro
parece que ele foi cortado... esse morro então... ao lado tem condomínio do::...
inclusive até o prefeito:: lá de:: de Campinas... que foi assassinado morava do lado
num edifício acho que tem uns quinze andares mais ou menos 7[Doc.: hum] 7[e o]
dele é ao lado então tanto é que... parece que começa o morro no fundo da casa
(AC, DE)
→ sentença destacada: parece que começa o morro no fundo da casa (infor-
mação nova; variante sem alçamento)
As ocorrências em (37) sugerem, em princípio, que o alçamento é indi-
ferente ao uxo de informação, como parece também indiferente à referen-
cialidade e à animacidade do SN alçado, propriedades mostradas, respecti-
vamente, em (38) e (39).
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38. Referencialidade do SN alçado
a. [+ denido, + genérico]
tem muitos [namorados] que tem ciúmes da família... muitos dos amigos e num é certo
isso não é legal... atrapalha muito... o namoro é difícil pra andá(r) pra frente né? eu a/
eu penso assim o namoro é difícil pra andá(r) pra frente né? eu a/ eu penso assim
(AC, RO)
b. [+ denido, - genérico]
o morro parece que ele foi cortado... esse morro então... ao lado tem condomínio
(AC, DE)
c. [- denido, + genérico]
toalha é compliCAdo pa caramba pa dobrá(r)
(AC, RO)
d. [- denido, - genérico]
eu tenho só vinte e sete anos mas tem hora que:: eu pareço que tenho cinquenta
(AC, NR)
39. Animacidade do SN alçado
a. [+ humano]
o professor num é fácil (a)güentá(r) os alunos né?
(AC, RO)
b. [- humano, + animado]
urutago é difícil do cê vê ele... lá no meio da seringal
(AC, NE)
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c. [- humano, - animado]
politicagem parece que virô::(u)... sinônimo de corrupção
(AC, RO)
A constatação das propriedades acima apresentadas frente aos da-
dos do córpus é resumida no quadro 4. A definição de padrões de alça-
mento correlacionados a essas propriedades, no entanto, ficaria mesmo
na dependência da apuração da frequência de uso de variantes com e
sem alçamento.
Quadro 4: Outros critérios de alçamento e o ASS e AOS no PB
Propriedades ASS AOS
(i) Pronome cópia na oração encaixada + -
(ii) Tipo semântico de predicado matriz
Predicado de modalidade epistêmica
Predicado avaliativo
+
+
-
+
(iii) Topicalidade
Status informacional: informação dada
ou inferível
Referencialidade denida e especíca
-
-
-
-
(v) Animacidade do constituinte alçado - -
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À guisa de conclusão
Como conclusão da pesquisa até aqui empreendida, por ora, julgamos
prudente apenas propor sua continuidade, pautados pelas seguintes razões:
i. frequência baixa de ocorrências de alçamento a sujeito no córpus de fala
investigado, o que indica a necessidade de ampliação do córpus para a
modalidade escrita;
ii. consideração, em nossas análises, apenas de construções com os dois ti-
pos alçamento, sem ainda termos explorado a relação com a contraparte
sem alçamento desses mesmos tipos;
iii. a atenção maior, em nossas análises preliminares, à concepção mais es-
trita de alçamento, a qual privilegia mais aspectos morfossintáticos do
que semântico-pragmáticos.
Essas razões nos parecem sucientes para, sob perspectiva funcionalista,
darmos continuidade à investigação de construções com ASS e AOS, no PB,
agora motivados pelas seguintes hipóteses:
Hipótese 1: Armações como a de Noonan (2007 [1985]), de que cons-
trução com alçamento é opcional e não afeta o valor de verdade da propo-
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sição,17 a de Langacker (1995), de que o alçamento tem motivação apenas
pragmática, mas não sintática, e ainda a de Garcia Velasco (2013), de que
é requisito para o alçamento o reconhecimento de sua contraparte sem al-
çamento, nos instigam, a hipotetizar que construções com e sem alçamen-
to podem ser concebidas como variantes de uma mesma variável sintática,
nos termos labovianos (Labov, 1978; Lavandera, 1978, 1984; Romaine, 1981,
1984; Garcia, 1985; Bentivoglio, 1987). Para tanto, a partir de um conjunto de
propriedades morfossintáticas, semânticas e pragmáticas (cf. seção 3.), pre-
tendemos dispensar ao fenômeno um tratamento variável, caracterizando
os contextos de variação dos dois tipos especícos de alçamento, a exemplo
do trabalho de Mittmann (2006).
Hipótese 2: A partir dos contextos variáveis investigados, procuraremos
interpretar os resultados alcançados na interface com a gramaticalização de
orações (Hopper e Traugott, 2003; Lehmann, 1988), sob a hipótese de que,
apesar de se tratar de um caso de variação sintática, a depender da congu-
ração morfossintática que construções com alçamento a sujeito assumem, o
complexo oracional torna-se mais gramaticalizado, podendo ser reanalisado
como uma estrutura oracional simples. Mais especicamente, a ideia é inves-
tigar, dentre os dois tipos de alçamento, qual se encontra mais gramaticali-
17 It’s possible, however, to raise the subject of the object complement [...]. But notice that the truth value doesn’t
change. [...] Raising may be optional (without apparent effect on the truth value) (Noonan, 2007 [1985]: 182)
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zado, considerando, em termos de frequência de uso, a possibilidade tanto
de redução da oração encaixada quanto de ajuste morfossintático nos limites
da oração matriz. Ao que tudo indica, ASS com predicados de modalidade
(como parecer) encontra-se menos gramaticalizado do que AOS, com predi-
cados avaliativos (como fácil/difícil), em razão de, no primeiro caso, haver a
possibilidade de alternância no formato da oração encaixada (40a,b), ao passo
que, no segundo caso, essa alternância parece não ser possível (41a,b).
40.
41.
a.
ASS
o cara num parece [tê(r) setenta anos de idade]
b. o cara num parece [que tem setenta anos]
a. AOS
o serviço é difícil [arranjá(r)] (AC-071; 135)
b. *o serviço é difícil [que se arranje]
Além dessa constatação preliminar, Görski (2008), na interpretação que faz
de topicalização de constituinte (e não de alçamento) em estruturas com predi-
cados avaliativos como (41), aponta o fato de que o predicado innitivo poder
vir introduzido por preposição (como em o serviço é difícil de/para arranjar), o
que abre a possibilidade de ele ser reanalisado como um caso de complemen-
to nominal e não mais como um caso de oração subjetiva. Assim, se em ter-
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mos frequenciais, como suspeitamos, o ASS varia mais frequentemente quanto
ao formato da oração encaixada do que AOS, é plausível supor este seja mais
gramaticalizado do que aquele. Contudo, uma discussão preliminar necessária,
face à propriedade tipológica de redução da oração encaixada (Noonan, 2007
[1985]), é decidir se, de fato, para o PB, a variante nita pode ser considerada
também como envolvendo construção de alçamento ou de simples topicaliza-
ção do constituinte que ocorre nos limites da oração matriz.
Hipótese 3: Em torno da comparação que pretendemos entre as mo-
dalidades falada e escrita do PB contemporâneo, nossa expectativa é a de
que a modalidade escrita forneça uma variedade maior de padrões de ASS
e de AOS do que a modalidade falada, como constatamos em estudos
anteriores sobre padrões de orações subjetivas (Gonçalves, 2011), o que nos
permitirá fornecer um quadro mais amplo em termos de frequência desses
padrões. Essa hipótese é formulada com base no fato de, na busca prelimi-
nar que realizamos em córpus de língua falada, termos encontrado somente
um caso de oração encaixada na forma innitiva para o ASS com predica-
do parecer (cf. (11c)) e nenhum caso de oração nita para ASS e AOS com
predicado avaliativo, o que nos leva a suspeitar que esses padrões ocorram
com mais frequência na escrita do que na fala. Além disso, constatação se-
melhante é apontada por Davies (1997), para o espanhol moderno, entre as
variantes com e sem alçamento; o autor constata, em pesquisa de córpus,
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que ASS ocorre com frequência de apenas 10% na fala enquanto na escrita
chega a alcançar 66%, o que signica dizer que no espanhol falado prevale-
ce a variante sem alçamento.
As problematizações levantadas ao nal da seção anterior e as hipóteses acima
explicitadas apontam a necessidade de mais investigações acerca do fenômeno
de alçamento no PB sob perspectiva funcionalista. Além disso, o prosseguimento
da pesquisa permitirá que situemos o PB no quadro da pesquisa tipológica sobre
alçamento e também que avaliemos a consistência das denições e das proprie-
dades que caracterizam o fenômeno encontradas na literatura.
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... Para isso, assumemse as bases teóricas dos chamados Modelos Baseados no Uso (LANGACKER, 1987;BARLOW;KEMMER, 2000;BYBEE, 2016), associadas a postulados da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995(GOLDBERG, , 2003CROFT, 2001;TROUSDALE, 2013). As análises assentam-se em dados de CCS de amostras de fala do PB contemporâneo, já apresentados e discutidos anteriormente (GONÇALVES, 2001(GONÇALVES, , 2009(GONÇALVES, , 2011(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2015(GONÇALVES, , 2016(GONÇALVES, e 2017, mas sob outras perspectivas teóricas. ...
... Revisitam-se, neste artigo, resultados de investigações anteriores acerca de CCS, tratandose, agora, de aspectos ainda não contemplados (GONÇALVES, 2001(GONÇALVES, , 2009(GONÇALVES, , 2011(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2015(GONÇALVES, , 2016(GONÇALVES, e 2017, sobretudo os voltados para processos cognitivos explicativos da topicalização de constituintes argumentais da construção subordinada. Tal empreitada requer que se considerem três diferentes tipos de CCS, como os exemplificados nas ocorrências de (1) a (3) 4 , nas quais se representam: (i) a construção alvo da análise e suas subpartes entre colchetes ([...]); (ii) as construções matrizes relevantes, em negrito; (iii) Sujeito/Objeto do predicado encaixado, em sublinhado; (iv) paráfrases de construção com topicalização, em alguns casos, antecedidas do sinal de "igual" (=), para mostrar sua relação com construção sem topicalização. ...
... Assim, o usuário da língua, se escolhe conceptualizar uma cena a partir da perspectiva de um de seus participantes, a topicalização de referentes argumentais incidirá na codificação morfossintática da cena enunciada (Tipos-2 e 3 de CCS); se, ao contrário, escolhe conceptualizar a localização abstrata da própria cena, nenhum referente argumental ganha relevo comunicativo na codificação morfossintática da cena (Tipo-1 de CCS). Amparando-se nessa interpretação e com base em resultados de pesquisas anteriores (GONÇALVES, 2001(GONÇALVES, , 2009(GONÇALVES, , 2011(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2015(GONÇALVES, , 2017, constituintes argumentais de predicado subordinado que ocorrem à esquerda da construção matriz passam a ser tratados como tópico marcado, abandonando-se, assim, o conceito de Alçamento em favor do de Topicalização, pelas seguintes razões: (i) insuficiência de critérios tipológicos de Alçamento no contraste de construções com e sem alçamento; (ii) maior relevância de fatores semântico-pragmáticos sobre morfossintáticos na diferenciação de CCS com e sem alçamento; (iii) natureza mais pragmática do que morfossintática do fenômeno de Topicalização (GONÇALVES, 2016, 2017). ...
Article
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Neste artigo, nosso objetivo é reinterpretar o processo de mudança das construções pronominais a gente e você do português brasileiro (PB), à luz do quadro teórico-metodológico dos Modelos Baseados no Uso da Língua (BYBEE, 2010; TRAUGOTT; TROUSDALE, 2013). A partir de evidências diacrônicas disponíveis em trabalhos de outros autores (CINTRA, 1972; LOPES, 2003; FARACO, 1996; MENON, 1996, dentre outros), e de dados reais do português brasileiro falado no interior paulista (GONÇALVES, 2007), defendemos que, após as duas construções integrarem a rede de pronomes pessoais, elas desencadeiam mudanças pós-construcionalização, passando a integrar também a rede de indeterminação de sujeito. As mudanças pós-construcionalização de você e a gente decorrem de mudanças sintáticas que o novo paradigma pronominal acarreta na gramática do PB.
... Para isso, assumemse as bases teóricas dos chamados Modelos Baseados no Uso (LANGACKER, 1987;BARLOW;KEMMER, 2000;BYBEE, 2016), associadas a postulados da Gramática de Construções (GOLDBERG, 1995(GOLDBERG, , 2003CROFT, 2001;TROUSDALE, 2013). As análises assentam-se em dados de CCS de amostras de fala do PB contemporâneo, já apresentados e discutidos anteriormente (GONÇALVES, 2001(GONÇALVES, , 2009(GONÇALVES, , 2011(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2015(GONÇALVES, , 2016(GONÇALVES, e 2017, mas sob outras perspectivas teóricas. ...
... Revisitam-se, neste artigo, resultados de investigações anteriores acerca de CCS, tratandose, agora, de aspectos ainda não contemplados (GONÇALVES, 2001(GONÇALVES, , 2009(GONÇALVES, , 2011(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2015(GONÇALVES, , 2016(GONÇALVES, e 2017, sobretudo os voltados para processos cognitivos explicativos da topicalização de constituintes argumentais da construção subordinada. Tal empreitada requer que se considerem três diferentes tipos de CCS, como os exemplificados nas ocorrências de (1) a (3) 4 , nas quais se representam: (i) a construção alvo da análise e suas subpartes entre colchetes ([...]); (ii) as construções matrizes relevantes, em negrito; (iii) Sujeito/Objeto do predicado encaixado, em sublinhado; (iv) paráfrases de construção com topicalização, em alguns casos, antecedidas do sinal de "igual" (=), para mostrar sua relação com construção sem topicalização. ...
... Assim, o usuário da língua, se escolhe conceptualizar uma cena a partir da perspectiva de um de seus participantes, a topicalização de referentes argumentais incidirá na codificação morfossintática da cena enunciada (Tipos-2 e 3 de CCS); se, ao contrário, escolhe conceptualizar a localização abstrata da própria cena, nenhum referente argumental ganha relevo comunicativo na codificação morfossintática da cena (Tipo-1 de CCS). Amparando-se nessa interpretação e com base em resultados de pesquisas anteriores (GONÇALVES, 2001(GONÇALVES, , 2009(GONÇALVES, , 2011(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2015(GONÇALVES, , 2017, constituintes argumentais de predicado subordinado que ocorrem à esquerda da construção matriz passam a ser tratados como tópico marcado, abandonando-se, assim, o conceito de Alçamento em favor do de Topicalização, pelas seguintes razões: (i) insuficiência de critérios tipológicos de Alçamento no contraste de construções com e sem alçamento; (ii) maior relevância de fatores semântico-pragmáticos sobre morfossintáticos na diferenciação de CCS com e sem alçamento; (iii) natureza mais pragmática do que morfossintática do fenômeno de Topicalização (GONÇALVES, 2016, 2017). ...
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Este artigo trata de construções complexas, sob a perspectiva dos Modelos Baseados no Uso (BARLOW; KEMMER, 2000), que assumem a construção como unidade de análise, um pareamento simbólico de forma e sentido. Recorrendo-se a dados de fala do português brasileiro e, a partir do esquema genérico [[Argumento][Predicado]], organiza-se uma rede de herança para construções complexas subjetivas, considerando-se se ocorre ou não topicalização de Sujeito ou Objeto encaixado para o domínio de sua matriz. Assentada em princípios cognitivos relevantes (GOLDBERG, 1995), a rede de herança comprova a adequação da abordagem construcional para o tratamento também de construções complexas.
... Ao fi nal das ocorrências, identifi camos entre colchetes, respectivamente: o tipo de amostra (AC, Amostra Censo, ou AI, Amostra de Interação), o número do inquérito e a linha de onde o dado foi extraído. Relativamente às construções sem Alçamento, estamos considerando, neste artigo, apenas aquelas que potencialmente podem favorecer o Alçamento de constituintes argumentais, o que signifi ca dizer que não estão contempladas nas análises: (i) construções encaixadas cujos predicados restringem o Alçamento de constituintes (como em (4a)); (ii) construções encaixadas cujos predicados não apresentam constituintes argumentais expressos, embora eles possam ser recuperados no contexto linguístico mais amplo (como em (4b)); (iii) construções com oração encaixada topicalizada (como em (4c)); (iv) construções com constituintes não-argumentais que ocorrem à esquerda da oração matriz (como em (4d) São duas as motivações principais que nos levam a investigar esses tipos de construções: (i) a primeira motivação parte de um projeto maior sobre complementação oracional, em que vimos descrevendo o comportamento sintático, semântico e pragmático de orações subjetivas na história do português (GONÇALVES, 2015(GONÇALVES, , 2012(GONÇALVES, , 2011; por se tratar de construções impessoais, matrizes de orações subjetivas é o tipo de construção que mais propicia a ocorrência de Alçamento de constituintes a Sujeito (cf. (1) e (2)); (ii) a segunda motivação devese ao fato de, no âmbito da linguística brasileira, construções com e sem Alçamento sempre terem constituído temática de investigação privilegiada mais de formalistas (FERREIRA, 2000;KATO;MIOTO, 2000;MARTINS;NUNES, 2005;DUARTE, 2007;HENRIQUES, 2008HENRIQUES, , 2013; dentre outros) do que de funcionalistas (GÖRSKI, 2008;MITTMANN, 2006). ...
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RESUMO Constituintes argumentais de oração encaixada podem assumir comportamento típico de Sujeito ou de Objeto em uma predicação matriz, fenômeno conhecido como Alçamento. Sob perspectiva sociofuncionalista, discutimos o estatuto variável de construções com e sem Alçamento, sob a hipótese de que tais construções podem ser concebidas como variantes de mesma variável sintática. Independentemente de ajustes morfossintáticos prototípicos do Alçamento, analisamos dados de uma variedade falada do português brasileiro envolvendo casos de Alçamento a Sujeito. Na consideração de variáveis linguísticas e sociais, os resultados apontam, no condicionamento da regra variável: (i) maior produtividade de Alçamento de Sujeito a Sujeito do que de Objeto a Sujeito; (ii) maior relevância de variáveis semântico-pragmáticas; (iii) irrelevância de variáveis sociais. A conclusão é a de que um tratamento satisfatório do fenômeno sob perspectiva sociofuncionalista requer mesmo que critérios morfossintáticos sejam abrandados, em favor da inclusão de critérios discursivo-pragmáticos.
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Resumo: Neste trabalho, tratamos da construção “é claro (que)”, que se configura como oração matriz, na qual se encaixa uma oração completiva em posição argumental de sujeito. Com base em amostras de fala e de escrita do português contemporâneo, apresentamos evidências de que essa construção vem passando por processos de mudança identificados com a gramaticalização e a dessentencialização de orações. Analisando parâmetros como posição da construção, presença de cópula e presença de complementizador, mostramos que a ausência de cópula e de complementizador na matriz leva à redução do complexo oracional, que, de bioracional, passa a mono-oracional, e à alteração categorial do adjetivo matricial, que passa a ter funcionamento adverbial.
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orações substantivas em função de sujeito e de objeto nas fases arcaica e moderna do português por Sebastião Carlos Leite Gonçalves (UNESP/S. J. Rio Preto, CNPq) 1 e Gisele Cássia de Sousa (UNESP/S. J. Rio Preto) 2 resumo Neste artigo descrevemos o comportamento de orações subjetivas e objetivas diretas nas fases arcaica (séculos XIII a XV) e moderna (séculos XVI e XVII) do português. Adotamos o quadro teórico da gramaticalização e dessentencialização de orações e discutimos resultados para os parâmetros tipo semântico do predicado matriz, unidade semântico funcional representada pela oração encaixada e formato da oração encaixada. Observamos, ao longo das sincronias, correlações sistemáticas entre os parâmetros investigados para os dois tipos oracionais. Orações subjetivas apresentam menor variedade de padrões do que orações completivas objetivas, principal diferença a interferir em suas estabilidades sintático-semânticas nos períodos investigados.
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This paper presents a comparative investigation contrasting Brazilian Portuguese and European Portuguese with respect to raising constructions. We provide an account of the attested fluctuation among raising, control, and impersonal constructions based on the Case- and θ-properties of the structures involved in each dialect. We also discuss the pervasive spreading of raising constructions (including cases of overt and "covert" hyper-raising) in Brazilian Portuguese and its relation to the loss of referential null subjects in this dialect.
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Introduction When one takes a functional approach to the study of natural languages, the ultimate questions one is interested in can be formulated as: How does the natural language user (NLU) work? How do speakers and addressees succeed… © 1997 by Walter de Gruyter & Co., D-10785 Berlin. All rights reserved.