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O Arquivo e a Arquivística: evolução histórica

Authors:

Abstract

Síntese da evolução histórica do Arquivo e da Arquivística desde a sua origem até aos dias de hoje
Año 7, No.24, Abr – Jun. 2006
O arquivo e arquivística evolucão histórica
Por
Luís Reis
Pós-Graduação em Ciências Documentais e da Informação, Ramo Arquivo
Universidade de Évora
(Portugal)
Resumo:
A intervenção objetiva síntese a evolução histórica do Arquivo e da Arquivística
desde a sua origem até aos dias de hoje.
Palavras-Chave:
Arquivos; Arquivística.
Abstract:
This present intervention is a synthesis about historical evolution of Archives
and Achivistics since origins until today.
Keywords:
Archives; Archivistics.
Introdução
No presente trabalho traçar-se-á em síntese a evolução histórica do Arquivo e da
Arquivística desde a sua origem até aos dias de hoje.
Assim na base deste trabalho estarão presentes os passos que o Arquivo e a
Arquivística deram através dos tempos, os seus altos e baixos, em suma a larga
caminhada para a sua afirmação.
De entre a bibliografia diversa em que este trabalho se apoiará, destaca-se o
magnífico trabalho, Arquivística. Teoria e prática de uma ciência da informação, de A.
Malheiro da Silva e outros autores.
Se por um lado o Arquivo, é hoje definido como, o conjunto de documentos,
independentemente da sua data, da sua forma, e do suporte material, produzidos ou
recebidos por qualquer pessoa, física ou moral, ou por qualquer organismo público ou
privado no exercício da sua actividade, conservados pelos seus criadores ou sucessores
para as suas necessidades, ou transmitidos a instituições de arquivos, por outro a
Arquivística é a disciplina que trata dos aspectos teóricos e práticos dos Arquivos e da
sua função.
Ora, estas duas definições são hoje dadas pelo Conseil International des Archives,
mas, para aqui chegar um longo caminho teve que ser percorrido, e para as
compreendermos temos que conhecer então esse trajecto.
Reis - O arquivo e arquivística evolucão histórica
Longe da pretensão de elaborar um tratado sobre a História do Arquivo e da
Arquivística, fica a esperança de que este trabalho sirva como mais um contributo para a
uma melhor compreensão do seu papel ao longo dos tempos.
O Arquivo
Para podermos analisar a evolução histórica dos arquivos, será necessário
estabelecer balizas cronológicas, assim iremos ás origens, desde o nascimento destes,
com as Civilizações Pré-Clássicas até aos dias de hoje.
Ao longo da História, que os arquivos se encontraram com diferentes suportes,
desde as placas de argila, do papiro, do papel, entre outros.
Hoje, a variedade de suportes aumentou, o que por sua vez aumentou o conteúdo
destes que se tornou bastante variado.
Os arquivos constituem desde sempre a memória das instituições e das pessoas, e
existem desde que o Homem fixou por escrito as suas relações como ser social.
Vários autores defendem que, a História dos Arquivos não pode ser considerada à
margem da História Geral da que formam parte integrante, tanto que a sociedade
condiciona a sua existência, a sua organização, os seus critérios de conservação e,
mesmo, a sua finalidade. A evolução histórica dos arquivos e do seu conceito como
veremos é paralela ao desenvolvimento das sociedades humanas.
Assim, os arquivos surgem desde que a escrita começou a estar ao serviço da
sociedade, e terão nascido de forma espontânea no seio das Antigas Civilizações do
Médio Oriente há cerca de seis milénios atrás.
O aparecimento da escrita condicionou o aparecimento dos primeiros Arquivos, de
tal forma que desde logo a humanidade tomou consciência de era necessário conservar
os registos produzidos para mais tarde poderem ser utilizados.
Arquivos das Civilizações Pré-Clássicas
Os Arquivos mais antigos que são conhecidos, remontam ao 4º milénio a. C., junto
das Civilizações do Vale do Nilo e Mesopotâmia. Graças à Arqueologia foram
descobertos, quer em Elba, Lagash, Maari, Ninive, Ugarit, etc. diversos vestígios dos
primeiros Arquivos. Em Elba por exemplo encontraram-se numerosas placas de argila,
dispostas em estantes de madeira e em distintas salas, grandes volumes de documentos,
missivas governamentais, sentenças judiciais, cartas, actos privados, etc.
Estes arquivos situavam-se, nesta época em Templos e Palácios, para estarem mais
próximos das classes dirigentes.
Há autores que defendem que estas estruturas se podem já considerar como
verdadeiros Arquivos devido ao tipo de documentação que lá era conservada.
Descobriu-se que a sua organização tinha já um grau superior, pois encontraram-
se léxicos e catálogos descritivos.
Através, também da Arqueologia, foi possível reconstituir a organização de alguns
dos arquivos descobertos, que demonstraram que estes dispunham já de muitos dos
elementos que se iram tornar clássicos e que ainda hoje são definidos pela Arquivística.
Desde logo, que estes arquivos tiveram grande importância, e constituíam já um
complexo sistema de informação, não sendo concebidos como simples depósitos de
placas de argila, mas como complexas estruturas organizativas e funcionais.
Aos arquivos desta época podemos apelida-los de arquivos de palácios ou
arquivos de placas de argila.
Tudo indica que alguns dos pressupostos modernos da Arquivística estavam já
patentes nos Arquivos das Civilizações Pré-Clássicas.
Año 7, No.24, Abr – Jun. 2006
Arquivos Greco – Romanos
É atribuído a Éfialtes, cerca de 460 a. C., a criação do primeiro arquivo do mundo
grego. Também aqui os arquivos se situavam em templos e em dependências do
Senado, a Sul da Ágora como em Atenas.
Da Grécia Antiga destacam-se os arquivos de Gea e Palas Atenen, por ai se
encontrarem importantes depósitos de documentos, como leis e decretos, actas judicias,
decretos governamentais, inventários, etc.
Interessante será referir que em Atenas cada magistratura dispunha do seu
Archeion, ou seja o lugar onde se redigem e conservam os documentos expedidos pelo
poder governativo. Este conceito irá ser transmitido ao mundo romano, onde será
conhecido como Archivium. A partir de 350 a. C. aparece-nos o termo Métrôon que era
onde se guardavam leis e decretos governamentais, actas do Senado, etc., e que
funcionava como Arquivo do Estado ateniense. Acredita-se que um pouco por toda a
Grécia haveriam noutras cidades, arquivos civis e religiosos.
Temos pois, que os arquivos no plano técnico dispunham já de um nível de
maturidade bastante elevado.
Segundo Plutarco, é atribuído a Valerius Publicoa, que exercia a função de Cônsul
em 509 a. C., a criação do primeiro arquivo da Roma antiga.
Os arquivos da Roma antiga seguem de perto os das cidades gregas, continuando na
Época Republicana a funcionar em templos, nomeadamente em Roma, no Templo de
Saturno, junto ao erário público, onde se guardavam as Tabulae Publicae, que depois se
veio a denominar Tabularium, agora situado no Capitólio. O Tabularium,
desempenhava a função de Arquivo Central do Estado, já com a importância de um
grande serviço público. Os documentos diplomáticos eram conservados no Templo de
Júpiter e os testamentos no de Vesta.
Durante a época Imperial, os srinia começaram a especializar-se como srinium a
memoria, que estava encarregada de publicar e conservar as ordens do Imperador, por
outro lado, a denominada a libellis, foi criada para atender o despacho das publicações e
consultas elevadas à Corte. A cognitiones ou a cognitionibus, estava a cargo dos litígios
civis e criminais que se apresentavam ao Imperador.
Haviam ainda os srinia ou rationibus, que tratava das finanças e da contabilidade
Imperial e finalmente a ab epistalis, onde se redigiam as contestações do Imperador ás
consultas formuladas por funcionários e cidadãos. Sabe-se que cada uma desta
“repartições” tinham os seus próprios arquivos independentes fisicamente em estantes
separadas, onde se aplicava um rigoroso respeito pela proveniência dos fundos. Um dos
grandes feitos dos romanos nesta área, é o facto de terem instaurado uma verdadeira
rede de arquivos, assim um pouco por todo o Império vamos assistir ao aparecimento de
Tabularius nas cidades provinciais mais importantes, nos quais se recolhia a legislação,
a jurisprudência e a documentação da administração provincial, assim como surge
também os arquivos do municípios e os arquivos privados, fruto do desenvolvimento do
Direito, e que constituíam um instrumento fundamental para a garantia da propriedade
dos cidadãos. De referir ainda que a organização romana desenvolveu o conceito da
Arquivo Público, pois apesar dos arquivos centrais terem sido criados para uso estatal,
abriram as portas à sociedade, funcionando como garantia de prova para a reclamação
de direitos dos cidadãos.
No âmbito da Organização Arquivística, tivemos grandes progressos, pois os
romanos tinham um grande sentido prático e concediam à administração do Império
uma grande importância, o que levou que muitos dos critérios utilizados por eles
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continuam ainda hoje em dia válidos, tanto nas linhas orientadoras da profissão de
arquivista como na configuração da sua rede de arquivos.
Como nos refere A. Malheiro da Silva, a importância concedida à relação entre
documento e a entidade produtora virá, por sua vez a constituir a chave da Arquivística
moderna. Também com o mundo romano assistimos à metamorfose da Arquivística
numa disciplina com uma missão e regras próprias, servida por uma enorme rede de
serviços e um corpo profissional especializado.
Podemos concluir então que, em termos organizacionais os romanos dispõem já de
um desenvolvido sistema público de arquivos, que se denota bem pela complexidade da
sua administração.
Arquivos Medievais
Com o advento da Idade Média o Arquivo passa a significar o espaço ou serviço
onde se preservam registos antigos, ou seja começa-se a difundir a ideia de Arquivo
como espaço ou serviço onde se recolhem documentos de valor, por constituírem prova
ou memória de actos ocorridos no passado, sob as designações de origem Pré-Clássica,
como Santuário ou Tesouro.
Ao cair o Império Romano vai desaperecer a complexa administração que se havia
desenvolvido até então, onde se vê desaperecer a ideia de saúde pública e bem comum,
aparecendo por sua vez a ideia de vida privada, que se vai converter no factor
predominante desta época.
Do Estado como Respublica passamos ao Estado Propriedade de quem detém o
poder, onde a faculdade ou direito de criar arquivos, só tinham os que detinham a
soberania. Assim desaparece, também a noção de Arquivo Público.
Na Idade Média a gestão de documentos vão estar fundamentalmente nas mãos da
Igreja, detentora do “Saber e da Cultura”, concentrados em Catedrais e Mosteiros.
Os Arquivos Eclesiásticos vão assim ter a função de guardar e gerir os títulos de
propriedade, quer da Igreja, quer de outras instituições públicas e particulares.
Apesar disto os Arquivos nesta época recuperam a importância que tinham na
Antiguidade. Sendo que, com o redescobrimento do Direito Romano no Século XII
entramos numa nova fase da história dos arquivos.
Então, a partir do século XIII, começa a ser introduzida a prática dos registos, que
eram livros onde se transcreviam os documentos outorgados por uma autoridade, ou
entidade, nomeadamente nas Chancelarias, e outras instituições. Nesta época as
unidades administrativas destas estruturas dividiam-se já em secções orgânicas, e com
funcionários especializados (arquivistas) e normas a seguir.
Será importante referir que, a prática arquivística nesta época, não se confinava só
à Europa, conhecendo-se os casos da China e do Mundo Árabe.
Com o Século XIV surgem por toda a Europa vários Arquivos Centrais como o
Archivo de la Corona de Aragón em 1318 e o Arquivo da Torre do Tombo em 1325,
entre outros. Ao mesmo tempo dá-se também a descentralização dos arquivos, o que
leva ao aparecimento dos Cartórios Concelhios, é a época de novas tipologias
documentais, como os inventários, dá-se o alargamento ao tipo de documentos a
conservar, como documentos financeiros e historiográficos, etc.
É durante este século que assistimos ao primeiro grande movimento de nomeação
de arquivistas oficiais nas Cortes de Europa.
Este movimento, leva a que os Arquivos sejam encarados de uma forma diferente,
contribuído para que a partir do século XV surjam grandes cronistas oficiais, juntamente
com o aparecimento dos primeiros cultores da crítica filológica e textual.
Año 7, No.24, Abr – Jun. 2006
Como vimos, e ao qual já se havia feito referência, na Idade Média o Arquivo vai
recuperar a sua a importância.
Arquivos da Idade Moderna
Com o século XVI, vemos surgir um novo sistema administrativo, o Estado
Moderno. Absolutista e Centralizador por natureza, contribuirá para a concentração dos
arquivos, fazendo surgir os primeiros Arquivos de Estado, que resultam de novas
concepções de administração e reformas institucionais. A criação do Arquivo de
Simancas em 1540, em Espanha por ordem de Carlos V, considerado o Arquivo
Moderno do Estado Espanhol, é de facto um sinal bastante significativo do novo sistema
administrativo. Este arquivo é considerado como o primeiro exemplo de um Arquivo de
Estado. Mais tarde, iremos assistir à criação do Arquivo Secreto do Vaticano em 1611, e
ainda na Espanha o Arquivo das Índias, em 1788, eles também exemplares de Arquivos
de Estado.
Será importante referir que, esta centralização dos documentos, irá provocar
ajustamentos metodológicos, sendo frequente a elaboração de normas, regulando os
preceitos de rotina do Arquivista.
Segundo, autores como Jean Favier, a noção de Propriedade dos Arquivos foi
substituída pela de Arquivos Públicos depositários dos documentos do Estado e cuja
conservação era ou podia ser de interesse público.
O arquivo vai-se converter num elemento fundamental da administração e a
adquirir uma função predominantemente juridico-politica.
Ruiz Rodríguez, defende que nesta época, se encerra um período da História, em
que os Arquivos tiveram um papel de serviço ás instituições e governos que os fizeram
nascer. Em suma, foram colaboradores dos Estados na administração dos respectivos
territórios.
Este período fica, pois conhecido como a época dos Arquivos de Estado.
Arquivos na Época Contemporânea
A partir de 1789, com a Revolução Francesa iremos assistir a uma verdadeira
mudança na História da Europa, que se irá repercutir na noção e funcionalidade dos
Arquivos. Com o advento do Estado de Direito nasce um novo conceito, a Soberania
Nacional. Neste contexto, nascem os princípios de responsabilidade, de garantia,
eficácia e justiça da actuação da Administração perante os cidadãos.
Associado a isto, o Arquivo passa a ser considerado como Garantia dos Direitos
dos Cidadãos, e Jurisprudência da actuação do Estado.
Um dos grandes marcos, para a História dos Arquivos, é sem sombra de dúvida a
fundação de raiz, logo em 1789, dos Archives Nationales de França, e com eles a já
muito conhecida Lei de 7 Messidor, que sai no Ano II da Revolução, que proclama que
os Arquivos estabelecidos junto da representação nacional eram um depósito central
para toda a República. A esta Lei traz um conceito moderno e liberal de Arquivo, onde
o Arquivo Central do Estado deixou de constituir um privilégio dos órgãos de poder e
passou a ser entendido como Arquivo da Nação aberto ao cidadão comum.
No século XIX, a política de concentração dos Arquivos vai ser continuada um
pouco por toda a Europa, à excepção da Grã-Bretanha onde o processo vai ser mais
tardio. No início deste século, perante o desenvolvimento do Positivismo, que
preconizava a verificação documental ao serviço da análise histórica, contribui para que
os arquivos adquirissem uma posição instrumental relativamente à Paleografia e à
Diplomática. Já na segunda metade deste mesmo século e agora sob os auspícios do
Reis - O arquivo e arquivística evolucão histórica
Historicismo os arquivos vão-se transformar em verdadeiros laboratórios do saber
histórico.
Na Época Contemporânea os arquivos vão adquirir dupla dimensão, onde se por
um lado são garantia dos direitos dos cidadãos, por outro conservam e gerem a memória
do passado da nação e por isso vão ser objecto da investigação histórica.
Bautier, defende, a ideia de, que até meados do século XX os arquivos
desenvolveram sobretudo a vertente de conservadores e gestores da memória do
passado, deixando de lado a função de serviço à Administração, que até aí tinham
desempenhado.
No século XX vamos pois assistir à consolidação do conceito e função de
Arquivo, como conjunto de documentos, independentemente da data, da forma e do
suporte material, produzidos ou recebidos por qualquer pessoa, física ou moral, ou por
qualquer organismo público ou privado no exercício da sua actividade, conservados
pelos seus criadores ou sucessores para as suas próprias necessidades ou transmitidos a
instituições de Arquivos.
A Arquivística
Segundo a definição que nos é dada pelo Dicionário de Terminologia Arquivística
do Conselho Internacional de Arquivos, ao qual já se fez referencia neste trabalho, a
Arquivística é a disciplina que trata dos aspectos teóricos e práticos dos arquivos e da
sua função.
Assim, vai desenvolver-se a partir da análise, do trabalho de campo e da
investigação sobre as organizações produtoras de documentos, que os reúnem
constituindo arquivos, para fins materiais ou culturais. Temos, pois que a Arquivística
se debruça sobre um dos produtos mais naturais do Homem, os Arquivos.
A Arquivística estabeleceu princípios essenciais, metodologia e linguagem
próprias, que a faz identificar-se e se distinguir das outras Ciências afins, com as quais
está integrada no conjunto das Ciências da documentação e da Informação.
O seu objectivo prende-se com a formação, organização e conservação dos
documentos, com a economia de tempo na investigação, economia de pessoal e no
trabalho, e direcção do Arquivo.
Nesta perspectiva a Arquivística deve responder com a criação de uma
metodologia própria para que o arquivo possa desempenhar e cumprir os seus
objectivos, desenvolver procedimentos e instrumentos de trabalho que permitam ao
Arquivista, conservar, gerir e difundir os documentos de arquivo. Esta metodologia
radica, pois no carácter orgânico do arquivo, e consiste em aplicar o principio básico, de
respeitar a ordem natural de criação dos documentos, a que chamamos principio de
proveniência ou principio do respeito pela estrutura dos fundos.
Em suma, a Arquivística é a Ciência que organiza e torna acessível a informação
documental produzida por uma Organização no desenrolar das suas relações sociais, a
ponto de ser possível conhecer toda a informação que um documento possa
proporcionar.
Evolução histórica
A Arquivística nasce na sequência da Revolução Francesa com os novos serviços
de Arquivo que então foram criados e no seio da História Positivista, fortemente
vinculada à Diplomática. Só com a prática da teoria de que os documentos se devem
organizar de acordo com a estrutura da instituição de onde provêem, a Arquivística se
conseguiu autonomizar e tornar-se independente. Este, princípio proveniência é
considerado a base desta Ciência.
Año 7, No.24, Abr – Jun. 2006
Segundo Posner, internacionalmente consensual, a data aceite para o nascimento
da Arquivística, é o dia 24 de Abril de 1841, quando Natalis de Wally introduziu as
normas para a organização dos fundos reunidos nos Arquivos Nacionais Franceses, de
livre acesso de consulta desde a Revolução Francesa.
Mas, o grande marco na evolução da Arquivística, podemos encontra-lo em 1898,
com a publicação do Manual dos Arquivistas Holandeses, por Muller, Feith e Fruin,
onde se abre uma nova era para a disciplina, e que representa a afirmação e libertação
da Arquivística, relativamente ao papel secundário para a qual tinha sido remetida até
então, como veremos mais adiante.
No entanto muito antes, do seu nascimento formal da Arquivística como
disciplina, já existia como prática de sistematização e conservação de fundos
documentais, desde que o Homem criou os primeiros Arquivos, como depósitos dos
testemunhos escritos e como base do seu direito.
Desde a Roma Antiga que, nos encontramos com um método de trabalho, a que
hoje chamamos principio de proveniência, onde os documentos produzidos por
diferentes dependências se conservavam em diferentes galerias do Tabularium e do
Templo de Saturno, mantendo independentes cada um deste fundos, onde em cada um
destes documentos eram já ordenados cronologicamente, formando séries. No entanto
esta prática tinha simplesmente uma orientação lógica, onde não se pensava num futuro
interesse histórico dos documentos nem no estabelecimento de uma doutrina
arquivística.
Com o aparecimento das Chancelarias da Idade Média, e a consequente produção
e conservação documental, surgem os cartulários onde se copiavam os documentos
recebidos por uma instituição, e os registos. Assistimos a uma evolução sem
sobressaltos na prática arquivística.
Na Idade Moderna, e Ilustração a Arquivística vai evoluir no sentido de procurar
facilitar as técnicas que garantam a organização e conservação dos depósitos que estão
nos arquivos, surgindo para o efeito vários conjuntos de normas a seguir.
Com, o século XVII veremos proliferar a Literatura Arquivística, aumentando a
sua produção durante o século XVIII, período onde já se discutia os conceitos para a
organização dos arquivos. Paralelamente á emergência deste tipo de literatura os
arquivos, começam a ser consultados por investigadores e eruditos, tendo em vista a
preparação das primeiras histórias cientificas, fenómeno que vai influenciar a
Arquivística no século seguinte.
O papel da Arquivística no século XIX, vai ser o de procurar novas teorias, que
facilitem o Arquivo a prestar um bom serviço à História. A mais importante destas, e
que se converterá no principio fundamental da Arquivística, como já se referiu, vai ser
sem dúvida a teoria do principio de proveniência.
A Arquivística vai agora centrar a sua atenção, para a descrição, e para a
elaboração de instrumentos de trabalho que permitam ao historiador encontrar
facilmente a informação de que necessita para investigação.
Surgem, um pouco por todo o lado, Colecções Diplomáticas, Guias, Inventários,
Catálogos e Índices, e muito menos literatura sobre Teoria Arquivística, com acontecia
no século anterior.
Apesar disto, vemos surgir, já desde os finais do século XVIII, por toda a Europa,
Escolas de Formação Profissional de Ensinamentos por Oralidade, o que representa já a
preocupação da Arquivística no campo de formação especializada dos arquivistas.
Nos finais do século XIX, vamos assistir a um grande marco da evolução da
Arquivística, onde se vai consolidar o Modelo quanto á Origem e Organização dos
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Arquivos, o que vai contribuir para que seja criado uma Autoridade Arquivística
Central, resumindo, um órgão que coordene a política relativa aos Arquivos a nível
internacional. Ao mesmo tempo vai-se sentir pela Europa, América e U.R.S.S. grandes
alterações nos campos da Organização e da Política Arquivística. Toda esta viragem se
vai efectuar a partir de 1898, com a edição do Manual dos Arquivistas Holandeses, que
sistematizava a teoria de Natallis de Wally e fundamentaria as Bases da Arquivística
Moderna. É de referir que, na transição do século XIX para o Século XX,
nomeadamente durante o início do segundo se dará a consolidação definitiva das ideias
surgidas na Revolução Francesa quanto ao Modelo Arquivístico.
Com o século XX, os Arquivos, irão recuperar a sua dimensão administrativa, que
se irá acentuar nos Anos 30, e se consolidará mais tarde, já nos anos 50, onde a
Arquivística irá desenvolver um sistema para facilitar a Administração nos momentos
mais difíceis, como por exemplo a Segunda Guerra Mundial.
É precisamente a partir dos Anos 50 que se tenta conciliar as dimensões
tradicionais da Arquivística, a História e a Administração.
Surge então no âmbito da UNESCO, em Agosto de 1950 o Conselho Internacional
de Arquivos (CIA), que vem dar resposta à necessidade de coordenação a nível
internacional, da Arquivística. Com o CIA, vai-se assistir à intensificação da cooperação
entre países, na Organização de Congressos, Mesas Redondas, assim como se
aumentará a publicação de literatura especializada, como a revista Archivium, que nasce
logo em 1951, vemos surgir também as Conferências Internacionais da Table Ronde des
Archives.
Os Anos 60 são envolvidos por preocupações de ordem prática, dando-se uma
acentuação na vertente técnica da Arquivística. O grande marco desta época acontece
em 1964, ano em que é publicado o Elsevier´s Lexicon of Archive Terminology.
Na década seguinte, por sua vez assiste-se ao aprofundamento das questões
teóricas da Arquivística, que irão contribuir para o seu desenvolvimento científico.
Reforça-se o papel dos profissionais de Arquivo, fazendo surgir as primeiras
Associações de Arquivistas, como a Associação Portuguesa de Bibliotecários,
Arquivistas e Documentalistas (BAD), logo em 1973. E já nos finais da década, é criado
a Programa de Gestão dos Documentos (RAMP), que assegura a publicação de
documentos que abarcam a maior parte dos aspectos da Arquivística.
Os Anos 70, prendem-se pelo aprofundamento de questões essenciais para a
formulação de um corpo teórico capaz de suportar um fundamentação da Arquivística.
Já com os anos 80 se caminha para a afirmação da Arquivística com Ciência da
Informação, e na procura dos seus fundamentos, que se irá acentuar nos anos 90.
A Arquivística nos anos 90 entrou numa nova era, onde a grande preocupação se
prendeu e ainda se prende, nos dias de hoje, com a importância da Informática como
meio de gerir novos documentos.
Nesta nova era a Arquivística afirma-se definitivamente como uma Ciência da
Informação e se clarificam o seu objecto e o seu método.
Dentro deste contexto podemos afirmar que a Arquivística é hoje uma Ciência que
procura uma identidade própria que lhe dê autonomia e respeito da História e da
Administração. Os Arquivos de toda as épocas e condições, quer Históricos quer
Administrativos, são por sua vez o seu objecto. Por outro lado a Arquivística elabora
normas e instrumentos de trabalho que permitem ao Arquivista organizar a
documentação e dispô-la ao serviço do utente do Arquivo, assim como deve contribuir
para a identificação e valorização arquivística, criar normas de reprodução em
Arquivos, de instalação, conservação e restauração dos documentos a cargo dos
mesmos. A gestão de informação, com o advento da nova tecnologias contribuiu para
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que a Arquivística adoptasse novas técnicas de trabalho, fazendo com que entrasse no
campo das Ciências da Informação, criando princípios universais aplicáveis a todos os
arquivos do mundo, através da normalização dos seus princípios orgânico-descritivos,
de vocabulário internacional e homologação dos conteúdos da formação profissional
dos Arquivistas.
Conclusões
Ao longo deste trabalho traçaram-se em síntese os caminhos percorridos pelos
Arquivos e pela Arquivística ao longo da sua História e da História da Sociedade
Humana. Procurou-se assim destrinçar a sua evolução histórica desde o seu nascimento
até à sua afirmação nos nossos dias.
Passemos então, mais uma vez, em revista todo este processo de milénios de uma
prática, que finalmente no século XXI se vê plenamente reconhecida.
Os Arquivos logo na sua origem confundem-se com a própria escrita, e vamos
encontra-los já no seio das Civilizações Pré-Clássicas, e que no mundo Greco-Romano,
devido ao desenvolvimento da Administração, vêem aumentar significativamente a sua
importância. O conceito de Arquivo vai-se cristalizar e vulgarizar, da passagem do
Mundo Antigo para a Idade Média, voltando-se no século XV a desenvolver os
Arquivos da Administração das Cortes da Europa.
A passagem à Idade Moderna vai-se dar sem grandes mudanças, no entanto no
século XVI, começam a surgir manuais com uma concepção jurídica da realidade
Arquivística.
Por sua vez a Revolução Francesa, vai formalizar pela primeira vez o livre acesso
aos arquivos por parte do cidadão comum, e também pela primeira vez o Arquivo
Central do Estado passa a ser considerado como Arquivo da Nação.
Com o século XIX, a função e os princípios de organização dos Arquivo vão ser
alvo de influência do Positivismo e do Historicismo, passando a Arquivística a ser
considerada como uma disciplina auxiliar da História. O grande marco deste século, é
sem dúvida a edição do Manual dos Arquivistas Holandeses, que contribui para a
afirmação da Arquivística, face aos desígnios das correntes historiográficas que
imperavam nesse período.
O século XX vai trazer avanços significativos, e novas preocupações. Vai
nascer o CIA em 1950, contribuindo para a alargamento do debate sobre os
fundamentos da Arquivística. Com os anos 60 as preocupações com a terminologia
arquivística, levam à edição do Elsevier´s Lexicon of Archive Terminology. A década
seguinte vai dar lugar a importantes contribuições para o aprofundamento de matérias
teóricas tendo em conta a promoção Científica da Arquivística.
Nos Anos 80, a nova revolução tecnológica irá forçar a adaptação da Arquivística
a esta realidade, processo que se acentua com os anos 90, e que continua nos dias de
hoje, chegados ao século XXI.
Porventura muito mais haveria por dizer, no entanto este é o resultado possível a
que se chegou. Fica entretanto a esperança que futuramente surjam novos trabalhos e
novas descobertas para que possamos melhor compreender todo o trajecto evolutivo do
Arquivo e da Arquivística.
Reis - O arquivo e arquivística evolucão histórica
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Manual de Archivística. Madrid: Editorial Síntesis,1995.
SILVA, Armando Malheiro et al.
Arquivística: teoria e prática de uma ciência da informação. Porto: Afrontamento, 1999.
(Biblioteca das Ciências do Homem, Plural, 2).
SOBRE EL AUTOR
Luís Reis
(Portugal) Licenciado em História – Ramo Património Cultural, pela
Universidade de Évora, Portugal. Pós-Graduação em Ciências Documentais e
da Informação, Ramo Arquivo
luisreis@laposte.net
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A preocupação com a realidade documental, no contexto da saúde, tem sido um tema constante no campo da Arquivologia brasileira, o que vem promovendo um aumento de publicações em canais de comunicação científica da área. O objetivo desta pesquisa foi de mapear a produção científica sobre arquivos e Arquivologia na área da Saúde na Base de Dados de Periódicos em Ciência da Informação, no período de 2011 a julho de 2020. Trata-se de uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa e qualitativa, e documental, com informações levantadas no ambiente da web da Base de Dados de Periódicos em Ciência da Informação e da Plataforma Lattes. Após a coleta das pesquisas indexadas na base de dados, por meio das estratégias de busca, o corpus documental compôs-se de 30 artigos científicos que abordam a Arquivologia no contexto da Saúde. Para analisar os dados, foi adotada a técnica de análise de conteúdo. Como resultado, a pesquisa apresentou o número de trabalhos publicados por ano; os(as) autores(as) mais produtivos(as) no período analisado; os periódicos científicos que contemplam os trabalhos identificados mais recorrentes; a representação das palavras-chave que constam nas pesquisas; e as abordagens/objetivos das pesquisas. Considera-se que esta pesquisa poderá contribuir com indicadores e tendências de estudos para o contexto da Arquivologia e suas relações com a área de Saúde e sugere-se que outras pesquisas de produção de conhecimento arquivístico sejam realizadas periodicamente.
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Apresenta o acervo fotográfico do Arquivo Histórico Manoel Domingues e sua ação como memória da cidade de Marabá (PA). Para fins metodológicos, fizemos em um primeiro momento uma breve revisão teórica de alguns conceitos importantes de que tratam este artigo. No segundo momento, transformamos em texto o diagnóstico arquivístico realizado visando a compreensão e o conhecimento da instituição e por assim, do acervo fotográfico e escolhemos 6 (seis) registros dos assuntos: História de Marabá; Enchente de 1980; Urbanização da cidade; Carnaval de Marabá; Festejos juninos; e Aniversário de 100 (cem) anos de Marabá, respectivamente, cujo as quais fizeram uma apresentação e representação fragmentária desse arquivo fotográfico. As fotografias oferecem significados para que o pesquisador explore o tempo para constituir suas narrativas. Logo, esse tipo de registro é importante instrumento de preservação da memória e da cultura local. As fotografias do Arquivo Histórico Manoel Domingues nos oferecem possibilidades de várias leituras e estudos sobre a memória e a história da cidade de Marabá (PA). O acervo é muito rico e significativo, sendo útil a pesquisadores, estudantes e sociedade.
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O presente artigo versa sobre a clarificação das vantagens, mas também dos desafios existentes para a criação da Rede das entidades arquivísticas, tendo como estudo de caso a criação da Rede das entidades arquivísticas de Vila Real. A ideia da criação da Rede surgiu em virtude da necessidade de identificar e promover os documentos que estas instituições preservam. A relevância deste conjunto documental baseia-se no facto de conter informações que são complementares para o conhecimento tanto do território quanto da sua difusão para o acesso ao público. O arranque do trabalho teve como metodologia identificar e reunir as entidades arquivísticas do município para a partilha de informações e problemas. Este trabalho foi iniciado a partir do Seminário “Conversa entre Arquivos: o que é que o nosso Arquivo tem?”, que promoveu o conhecimento das entidades, instauração e estruturação de uma relação entre as diferentes realidades arquivísticas de Vila Real para a compreensão do universo dos acervos documentais. Como resultados, a criação da Rede das entidades arquivísticas pretende colmatar os desafios atuais, como a digitalização, a ausência do espaço físico e digital, acesso e acessibilidade e os perigos no que diz respeito à conservação material e “imaterial”, mas também sensibilizar o público sobre um património comum.
Thesis
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O advento das novas tecnologias e suas aplicações no campo arquivístico, traz à tona recentes esforços em direção a organização da informação. É de conhecimento a importância das normas que orientam a descrição dos documentos de arquivos, já que estas garantem uma uniformidade no processo. Entretanto, para que as normas possam cumprir seu papel, é fundamental que estas busquem auxílio as tecnologias disponíveis, de modo a ampliar sua atuação na web. Desta forma, insere-se neste contexto a Web Semântica como cooperadora nesta ação, uma vez que assegura que os dados descritos por meio do modelo Resource Description Framework (RDF) possam ser organizados, recuperados e relacionados entre si, realizando inferências entre os dados recuperados Assim, este estudo explora a atuação do modelo RDF proposto pelo World Wide Web Consortium (W3C), tendo como foco os elementos que compõem a Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística [ISAD(G)]. Partindo desta condição, propõem-se um perfil de aplicação que faz uso de elementos de metadados dos padrões Dublin Core (DC) e Encoded Archival Description (EAD) com conformidade com a Norma ISAD (G), visando a descrição nos moldes do modelo RDF. Numa abordagem qualitativa, realizou-se uma pesquisa exploratória, bibliográfica e documental. Como resultado, elaborou-se um diagrama de atividade em Unified Modelling Language (UML) de forma a representar a modelagem conceitual do perfil e a atuação do modelo RDF neste processo. Conforme o objeto central da pesquisa, elaborou-se o Joá Archival Description Application Profile (JADAP), um perfil que auxilie na organização das informações arquivísticas existentes hoje na web, o qual descreve unidades arquivísticas em partes, estruturando as informações e relacionando-as outras informações presentes em outras bases de dados através inferências, tendo como objeto um vocabulário próprio comum. Este estudo adota o modelo RDF para a descrição arquivística. Esta investigação se fez necessária, a fim de corroborar com a organização e a recuperação das informações arquivísticas disponíveis hoje na web, e de modo particular, que orientam o campo de pesquisa voltado a Ciência da Informação (CI) e a Arquivística, de maneira a ampliar o diálogo entre estas e o universo da Web Semântica
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Desde o período colonial, o controle da informação é um mecanismo utilizado pelo poder hegemônico como meio de compreender seu território, seus governados e seus recursos em geral. Com o avanço da tecnologia e a expansão do sistema capitalista (que tem no colonialismo uma de suas armas mais potentes), o domínio dos meios de gerência da informação se tornou cada vez mais essencial para a manutenção do status quo colonial. Com isso, surgiram tecnologias para a extração dos dados de uso das plataformas digitais (como redes sociais) e seu posterior processamento, que ficou popularmente conhecido como Big Data. De tal modo, o presente artigo teve a intenção de investigar como os novos meios de mediação da informação têm servido para intensificar a dominação dos indivíduos colonizados por meio da manipulação da vontade humana, entendendo o papel da Colonialidade de Dados enquanto ferramenta de dominação dos indivíduos e buscando alternativas ao modelo colonial de poder. Através de uma pesquisa bibliográfica e documental, analisadas através da ótica fornecida pelo diálogo entre as TWAIL e as teorias decoloniais, identificou-se que, para se contrapor aos mecanismos de vigilância criados pelos Estados e pelas empresas transnacionais de tecnologia, é possível que os indivíduos, por meio de processos de desobediência epistêmica, se utilizem de ferramentas criadas pelo poder colonizador para romper com os meios de controle e opressão do sistema capitalista.
archivistique: théorie et pratique des archives publiques en France
  • Association Des
  • Manuel D
ASSOCIATION DES ARCHIVISTES FRANÇAIS Manuel d'archivistique: théorie et pratique des archives publiques en France. Paris: Archives de France, 1970.
Les archives en France, 1945-1984: mutation ou révolution?
  • Michel Duchein
DUCHEIN, Michel "Les archives en France, 1945-1984: mutation ou révolution?", Archives et Bibliothèques de Belgique, t. LV, 1984.
  • Jean Les
FAVIER, Jean Les archives. Paris: PUF, 1991.
Os arquivos, os arquivistas e a Arquivística: considerações históricas
  • Gagnon-Arguin Louise
  • Couture Carol
GAGNON-ARGUIN, Louise "Os arquivos, os arquivistas e a Arquivística: considerações históricas". In: COUTURE, Carol, ROUSSEAU, Jean-Yves. Os fundamentos da disciplina arquivística. Trad.
Lisboa: Publicações Dom Quixote
  • Magda Bigotte De Figueiredo
Magda Bigotte de Figueiredo. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1998. (Nova Enciclopédia, 56).
Archivística general : teoría y práctica. Sevilla : Diputación Provincial, 1989. LODOLINI, Elio Archivística: princípios y problemas
  • Heredia Herrera
HEREDIA HERRERA, Antonia Archivística general : teoría y práctica. Sevilla : Diputación Provincial, 1989. LODOLINI, Elio Archivística: princípios y problemas. Trad. Mercedes Costa Paretas. Madrid: ANABAD, 1993.
Archives in the Ancient World
Archives in the Ancient World. Society of American. Archivists, 2003. (SAA Archival Classics Series). Reedição da obra original editada pela Harvard University Press, 1972.
  • Manual De Archivística
  • Madrid
Manual de Archivística. Madrid: Editorial Síntesis,1995.