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A integracao do Negro na sociedade de classes.

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... Os resultados dos trabalhos elaborados ao longo do Projeto Unesco marcam o início de uma fase na qual as narrativas produzidas acerca da existência de pacifismo racial, de ausência de mecanismos de discriminação e de livre acesso dos grupos raciais aos distintos estratos sociais são destituídas. O discurso sui generis e fundamentalmente nacional de nação harmonicamente "mestiça" foi, ao menos no campo intelectual, destituído diante das evidências de "preconceito de cor" (categorização frequentemente usada à época) apresentadas por estudos como os de Nogueira (2007de Nogueira ( [1954), Fernandes (2008Fernandes ( [1978) e Ramos (1981Ramos ( [1954). ...
... Os resultados dos trabalhos elaborados ao longo do Projeto Unesco marcam o início de uma fase na qual as narrativas produzidas acerca da existência de pacifismo racial, de ausência de mecanismos de discriminação e de livre acesso dos grupos raciais aos distintos estratos sociais são destituídas. O discurso sui generis e fundamentalmente nacional de nação harmonicamente "mestiça" foi, ao menos no campo intelectual, destituído diante das evidências de "preconceito de cor" (categorização frequentemente usada à época) apresentadas por estudos como os de Nogueira (2007de Nogueira ( [1954), Fernandes (2008Fernandes ( [1978) e Ramos (1981Ramos ( [1954). ...
... Se os estudos do Projeto Unesco permitiram a constatação de que o Brasil não somente havia produzido distinção de cor, mas também práticas de preconceito, o livro Discriminação e Desigualdades Sociais no Brasil (1979), de Carlos Hasenbalg, resultado de sua Tese de doutorado, buscou dimensionar os efeitos do preconceito e da discriminação sobre a distribuição ocupacional e as chances de mobilidade social dos negros. No livro, o autor utiliza dados demográficos para se contrapor tanto à perspectiva da democracia racial quanto àquela que concebia a desigualdade racial como resquícios da escravidão, havendo a tendência de que ela desaparecesse à medida que o capitalismo moderno se desenvolvesse no país (FERNANDES, 2008(FERNANDES, [1978). ...
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O objetivo deste artigo é revisitar o desenvolvimento das Ações Afirmativa no ensino superior no Brasil e traçar as mudanças ocorridas entre os elegíveis ao ensino superior (estudantes com o ensino médio completo) articulando com as mudanças no perfil dos universitários ao longo do tempo. O ensaio conclui que ações afirmativas desempenharam papel fundamental para a inclusão de um novo perfil de universitário, mas não esgotou seu papel na redistribuição de oportunidades educacionais.
... Porém, uma vez que, no Brasil, os negros foram socializados em um regime escravocrata, faltava-lhes, nessa nova ordem social, tanto a experiência e o domínio de técnicas sociais e culturais adequadas para a sua devida integração na sociedade de classes, quanto as oportunidades sociais necessárias para tal. Nesse processo, a anomia social, a pauperização e a integração precária da população negra, combinadas entre si, culminaram em um padrão de exclusão econômica, social e cultural dos negros na sociedade brasileira (FERNANDES, 1965). ...
... A ordem escravocrata persistiu na mentalidade, no comportamento e na organização das relações sociais mesmo após a abolição, colidindo com os fundamentos econômicos, legais e morais da nova ordem social (FERNANDES, 1965). O racismo, que nasce no país associado à escravidão, consolida-se mesmo após a abolição, com base em teses sobre a inferioridade biológica dos negros, difundidas no país como matriz para a interpretação do desenvolvimento nacional. ...
... A partir da década de 1930, o "mito da democracia racial" foi amplamente difundido no país, generalizando uma falsa consciência sobre as relações raciais, fomentando um conjunto de convicções na pacífica convivência entre as raças, na ideia de que os negros não têm problemas no Brasil, de que não existem distinções raciais, de que as oportunidades de acumulação de riqueza, prestígio social e poder são igualmente acessíveis a todos, dentre tantas outras ideias erroneamente propaladas, que negaram a realidade racial pungente, dificultando seu enfrentamento e superação. Logo, as convicções de que as relações sociais entre negros e brancos corresponderiam a uma democracia racial não passaram de um mito, que foi um grande empecilho ao desenvolvimento da ordem social competitiva e democrática, pois mascarou a verdadeira situação dos negros no país, dificultando não somente a sua tomada de consciência, mas também a intervenção organizada na sociedade por meio de políticas públicas (FERNANDES, 1965). Paixão (2006) ressalta que, nesse período, a tão exaltada mestiçagem foi o modo elegante pelo qual a elite euro-descendente compreendeu o processo de transição étnicodemográfica do povo brasileiro, rumo a uma sociedade totalmente livre das marcas negra e indígena. ...
... Uma das estratégias foi o projeto pós-abolicionista de tentativa de embranquecimento populacional. O resultado dessa política foi a miscigenação da população brasileira, diz Florestan Fernandes (2008). Ainda que a estrutura tenha se mantido configurada de tal modo a excluir os egressos do regime colonial 6 , criou-se uma falsa noção de igualdade racial e neutralidade racial da sociedade e do Estado. ...
... Criou-se uma falsa ideia 6 A sociedade capitalista substituiu os obstáculos para inserção do negro na nova ordem social. Não existia possibilidade de locomoção entre as classes sociais (FERNANDES, 2008 A miscigenação dificultou a formação da identidade dessa "nova" população negra. Ela foi um dos maiores obstáculos para a articulação política, em contraste com o crescimento contínuo dos quilombos no passado. ...
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A pesquisa busca entender o impacto da violência política e da violência urbana na participação política de ativistas negros no estado do Rio de Janeiro, bem como o entrelaçamento dessas maneiras de violência racial. Foram feitas entrevistas semiestruturadas com 11 militantes de organizações políticas e movimentos sociais. O texto aborda o papel do Estado para aprofundar as desigualdades políticas através do uso da violência como forma de dominação. A partir do material empírico, conclui-se que a violência nos territórios é um desestímulo para o associativismo negro porque cria um significado coletivo para a população negra e, por essa razão, se expressa de maneira tão explícita e fisicamente violenta. Existe um esforço de grupos milicianos e de policiais para silenciar os militantes através do uso do medo como ferramenta para a construção do sentido de ser militante.
... El segundo puede vincularse con la raza, con el color de la piel, y puede además ser interpretado como un prejuicio racista que hace que, en igualdad de condiciones, se favorezca o privilegie a las personas de un color de piel sobre otro. Este factor propiamente racial, es lo que sostiene Fernandes (2008) ha impedido en Brasil la integración del negro a la estructura de clases, pues aunque pueda mejorar en sus condiciones económicas, el «cor» de piel continúa operando como marca racial y símbolo de posición social. Esta forma de racismo existe, y tiene un rol en la conformación o permanencia de la estructura social, aunque, como argumentaremos más adelante, tiene un impacto muy limitado, por su carácter vergonzante en Venezuela (Briceño-León, 1992). ...
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En la ociosidad del recreo de la tarde calurosa, los adolescentes del liceo intercambiaban chistes para superar la modorra. «¿Qué es un negro vestido con bata blanca?» –interrumpió uno de los muchachos dirigiéndose al grupo–. «Es un chichero...». Hubo sonrisas pícaras o exageradas. «¿Y qué es un blanco con bata blanca?» –prosiguió otro–. La pregunta se sostuvo en el aire por unos segundos. «Es un médico...». Las risas fáciles saltaron; algún liceísta soltó la grosería de moda, y todos regresaron perezosos al salón de clases. El chiste racista se ha repetido por años y buena parte de los venezolanos lo han escuchado en alguna de sus variaciones. Unas versiones se refieren a oficios, otras denotan los estigmas, unas son más soeces que otras, pero todas muestran la relación que hay entre raza, clase y racismo en la sociedad venezolana.
... The legal disappearance of slavery, therefore, launched blacks into the composition of a new commoner under this classification's direct and indirect effects. In this scenario, Fernandes (2008) asserts that so-called racial democracy is a myth. It is within these events that racism is consolidated, with the ideas that the negro, although freed from slavery, will always remain in a lower position, belonging to the commoners, without adequate conditions for real improvements in the quality of life since the rooted idea of being inferior prevents opportunities from being concretely aimed at them. ...
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Abstract This article problematizes the invisibility of the enslaved black woman from a decolonial theoretical approach to confronting contemporary slave labor, methodologically adopting a qualitative approach and bibliographic review research focusing on belonging-social recognition and black feminism and equity. We discuss the position of black women in Brazilian patriarchal society, their invisibility, and the decolonial feminist methodology as an institutional strategy for a political, legal, and economic reaction against contemporary enslavement, adopting the contributions of Ibarra-Colado and Maria Lugones as references. We found that the black woman is doubly vulnerable due to her color and gender, making her condition in the social relations of work essentially based on an asymmetry of power between her, a working black woman, and her employers. This consequentially naturalizes the practices of invisibility through the choices of public and private policies to combat exploitation. It is concluded that there is a need to redesign organizational strategies to combat contemporary slave labor from a decolonial perspective that values Brazilian particularities and diversities, ensuring effective recognition and confrontation of the invisibility of black women, providing them with a more dignified, more equal, and less peripheral life. Keywords: Invisibility of the black woman. Racism. Contemporary slave labor. Decolonial theory. Gender violence. Interseccionalidades da escravidão contemporânea da mulher negra à luz do pensamento decolonial: trabalho, determinantes e desigualdades sociais Resumo O presente trabalho visa problematizar, como objeto de estudo, a invisibilidade da mulher negra escravizada com base em uma aproximação teorética decolonial de enfrentamento ao trabalho escravo contemporâneo, com a adoção de uma abordagem qualitativa e pesquisa de revisão bibliográfica como método, com recorte no pertencimento-reconhecimento social, feminismo negro e equidade. O desenvolvimento do trabalho discute a posição da mulher negra na sociedade patriarcal brasileira, a sua invisibilidade e a metodologia feminista decolonial como estratégia institucional para uma reação política, jurídica e econômica contra a escravização contemporânea, adotando as contribuições de Ibarra-Colado e Maria Lugones como referenciais, em atenção às diretrizes de pesquisa da chamada especial Cadernos EBAPE. Como resultado, constata-se que a mulher negra é duplamente vulnerabilizada em razão de sua cor e gênero, o que torna a sua condição na relação social do trabalho essencialmente baseada numa assimetria de poder entre ela, mulher negra trabalhadora, e os seus empregadores, o que, como consequência, naturaliza as práticas de invisibilidade pelas escolhas das políticas públicas e privadas de combate à exploração. Este estudo conclui que há a necessidade de redesenhar as estratégias organizacionais de combate ao trabalho escravo contemporâneo fundamentado em uma ótica decolonial que valorize as particularidades e diversidades brasileiras, garantindo efetivo reconhecimento e enfrentamento da invisibilidade da mulher negra, para propiciar-lhe uma vida mais digna, menos desigual e menos periférica. Palavras-chave: Invisibilidade da mulher negra. Racismo. Trabalho escravo contemporâneo. Teoria decolonial. Violência de gênero. Interseccionalidades de la esclavitud contemporánea de las mujeres negras a la luz del pensamiento decolonial: trabajo, determinantes y desigualdades sociales Resumen El presente trabajo tiene como objetivo problematizar, como objeto de estudio, la invisibilidad de la mujer negra esclavizada basándose en una aproximación teórica decolonial para confrontar el trabajo esclavo contemporáneo, adoptando metodológicamente un enfoque cualitativo y una investigación de revisión bibliográfica con foco en la pertenencia-reconocimiento social, el feminismo negro y la equidad. El desarrollo del trabajo discute la posición de las mujeres negras en la sociedad patriarcal brasileña, su invisibilidad y la metodología feminista decolonial como estrategia institucional para una reacción política, jurídica y económica contra la esclavitud contemporánea, adoptando las contribuciones de Ibarra-Colado y Maria Lugones como referentes, cumpliendo con los lineamientos de investigación de la convocatoria especial de Cadernos EBAPE. Como resultado, se constata que la mujer negra es doblemente vulnerable por su color y género, haciendo que su condición en las relaciones sociales de trabajo se base esencialmente en una asimetría de poder entre ella, una mujer negra trabajadora, y sus empleadores, lo que, como consecuencia, naturaliza las prácticas de invisibilidad a través de la elección de políticas públicas y privadas para combatir la explotación. Se concluye que existe la necesidad de rediseñar las estrategias organizativas para combatir el trabajo esclavo contemporáneo desde una perspectiva decolonial que valore las particularidades y diversidades brasileñas, asegurando el reconocimiento efectivo y el enfrentamiento de la invisibilidad de las mujeres negras, brindándoles una vida más digna, menos desigual y menos periférica. Palabras clave: Invisibilidad de la mujer negra. Racismo. Trabajo esclavo contemporáneo. Teoría decolonial. Violencia de género.
... Além disso, nota-se que nenhum estereótipo negativo apareceu nas respostas da terceira pergunta. Uma explicação possível para a falta de conflitos raciais e sociais no olhar estrangeiro sobre o Brasil pode ser o efeito da ideia da forte miscigenação brasileira que, eventualmente, resulta na imagem de uma "democracia racial", duramente criticada por Fernandes (2008). A premissa da democracia racial faz com que, para os próprios brasileiros e também para os estrangeiros, o Brasil pareça um país justo, igual, racialmente democrático e diverso. ...
Conference Paper
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Resumo: O objetivo do presente trabalho é investigar as representações sociais de estudantes húngaros de português em contexto de não imersão sobre aspectos culturais do Brasil e dos brasileiros. Aplicou-se um questionário aberto, que foi elaborado com cinco perguntas, com uma turma de quatro estudantes húngaras da Universidade Eötvös Loránd. Após a análise das respostas, concluiu-se que o olhar dos húngaros sobre o Brasil e os brasileiros evoca estereótipos: no que tange às representações toponímicas, a imagem do Brasil está associada à música, à dança, à culinária, à capoeira e ao futebol; quanto à representação etnonímica, os brasileiros são vistos como um povo de jeito aberto, amigável e animado.
... Extensive race mixture and the blurring of racial boundaries have been cited as explanations for Brazil's relatively harmonious relations between Brazilians of various skin tones-at least relative to the Jim Crow US South or Apartheid South Africa. And though social scientists have long denounced racial democracy as a myth that obscures the country's deep and enduring racial inequities (Fernandes 1965;Hasenbalg 1979;Johnson 2015;Nascimento 1989;Paixão et al. 2010;Paixão and Carvano 2008), many claim that the myth is responsible for fluid and ambiguous racial subjectivities, the primacy of class-based considerations over racial ones, and the relatively weak politicization of racial differences in general Guimarães 1999;Hanchard 1994;Marx 1998;). 3 To be sure, more recent scholarship has identified significant forms of race-based political activism and mobilization outside of the electoral arena (Bueno and Fialho 2009;Caldwell 2007;Perry 2013;Smith 2016), and in recent decades, shifts in state discourse and policies like affirmative action have signaled a shift in the state's colorblind posture toward the racial question. ...
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Two competing narratives characterize the role of race in Brazil’s 2018 election. Journalists observe that Jair Bolsonaro “entranced” nonwhite voters while “insulting them.” Scholars argue that Bolsonaro politicized race, costing him nonwhite support. In contrast, this article argues that racialized patterns of voter behavior were not distinct from those in recent general elections, and that voters’ electoral choices varied within as well as between racial categories. This study incorporates recent findings on racial subjectivity in Brazil, which emphasize the interaction of racial identification and educational status in shaping racial consciousness. Survey data show that racial differences are driven by highly educated black voters, who are least likely to support Bolsonaro compared to educated white voters and more likely to support leftist candidates. By incorporating findings on racial subjectivity into theoretical predictions and leveraging the 2018 election, this study identifies conditions in which racial identification operates to shape electoral behavior.
... Assim, desde os primórdios do novo regime, a população negra foi abandonada à própria sorte (FERNANDES, 2008;MOURA, 1988). Diante da omissão do Estado, restou aos negros o auxílio mútuo como forma de resistência; prática, aliás, muito comum desde os tempos da escravidão (REIS, 2008, pp. ...
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O presente texto busca reconstituir o longo caminho de lutas percorrido pelo movimento social negro até a promulgação da lei 10.639/03, que tornou obrigatório o Ensino da História e da Cultura Afro-Brasileira nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio no Brasil, cuja finalidade maior é a alteração do quadro de exclusão e invisibilidade com que a história e a cultura africana e afro-brasileira foram tratadas durante a maior parte da nossa história. Para tanto, realizamos uma revisão crí­tica da literatura sobre a História do movimento social negro, da educação dos negros no Brasil, bem como da legislação educacional brasileira. Como resultado, chegamos à conclusão de que o direito à educação sempre figurou como importante bandeira de luta do movimento negro brasileiro com vistas à conquista da cidadania plena por parte dos afrodescendentes. Nesse sentido, é possí­vel constatar que durante e ao longo de todo o regime republicano os negros procuraram se organizar para reivindicar o acesso à educação escolar, em seus diferentes ní­veis, bem como a inserção da História da África nos currí­culos escolares. Assim, ainda que a lei 10.639/03 não tenha incorporado todas as reivindicações do mencionado movimento, ela não deixa de trazer a forte marca das aspirações de ao menos três gerações de combativos militantes.
... S e a herança escravagista no Brasil, país herdeiro dos processos de colonização, já é matéria corrente e analisada em distintos e complexos planos (Almeida, 2019;Bento, 2002;Campos, Carneiro & Vilhena, 2006;Chalhoub, 2011;Fernandes, 1978;Gomes, 2021;Mattos, 2013;Munanga, 2017;Nascimento, 2017;Ribeiro, 2019;Silva, 2017), é curioso que a discussão acerca das cotas de ação afirmativa ainda seja tão acirrada. Recentes publicações dedicadas ao tema, seja no âmbito acadêmico, seja nas mídias sociais, se avolumam no ano em que a conhecida como Lei de Cotas, Lei nº 12.711 (2012), na comemoração de seus dez anos, é colocada em revisão, como previsto. ...
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Após uma década de promulgação da lei de cotas de ação afirmativa para ingresso no ensino público de nível superior, discutimos a dimensão estrutural, a dimensão interseccional e a dimensão institucional da universidade no sistema mais amplo do racismo estrutural. Dessa maneira, decantamos questões objetivas da lei, como a discussão acerca de se manter ou não a cota racial, privilegiando-se a cota social. Ponto central a nosso ver da atualização do sistema negacionista do racismo à brasileira que perpetua um discurso excludente e promotor de sofrimento e adoecimento, sustentado por lógicas de negação inconsciente e ações reiteradas para essa manutenção. Em contraposição, desvelando essa dimensão do racismo e dos mitos que o corroboram no contexto brasileiro, defendemos o aperfeiçoamento e a continuidade do sistema de cotas raciais.
... El segundo puede vincularse con la raza, con el color de la piel, y puede además ser interpretado como un prejuicio racista que hace que, en igualdad de condiciones, se favorezca o privilegie a las personas de un color de piel sobre otro. Este factor propiamente racial, es lo que sostiene Fernandes (2008) ha impedido en Brasil la integración del negro a la estructura de clases, pues aunque pueda mejorar en sus condiciones económicas, el «cor» de piel continúa operando como marca racial y símbolo de posición social. Esta forma de racismo existe, y tiene un rol en la conformación o permanencia de la estructura social, aunque, como argumentaremos más adelante, tiene un impacto muy limitado, por su carácter vergonzante en Venezuela (Briceño-León, 1992). ...
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En el académico venezolano, se han visto pensamientos también de distintas maneras esas divisiones sociales a lo largo del tiempo. Los modos de ser diferentes han cambiado como resultado de las transformaciones objetivas y materiales que han ocurrido en la sociedad, pero, también, por la manera en que la sociedad ha interpretado esas diferencias. Los territorios venezolanos, o los habitantes de ese llamado Venezuela, constituye una entidad global que para efectos de las prácticas sociales y del análisis es fragmentada y parcelada por el sexo, color de piel, lugar de nacimiento, religión, ocupación, educación, posesiones, poder, prestigio... De todas las formas posibles, a lo largo de dos siglos de historia republicana, el pensamiento venezolano ha privilegiado algunas modalidades de agrupación. La raza, la casta, la clase y el estrato son las formas que pensadores, escribanos, ensayistas y científicos han usado para describir como distintos a quienes son iguales.
... Vale notar que as diferenças regionais no Brasil expressam também desigualdades de classe, uma vez que as regiões Sul e Sudeste concentram maior poder econômico no país. Historicamente, são regiões marcadas por um regime de colonialismo diferenciado, com incentivo à ocupação de imigrantes europeus e emprego da mão de obra assalariada, majoritariamente branca e estrangeira (Fernandes, 2008). ...
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Este trabajo fue producido en el periodo entre los años 2020 y 2021, con lo cual los artículos compilados no buscan describir ni responder a la situación epidemiológica descriptiva analítica tradicional durante la pandemia global y epidemias particulares de SARS-CoV-2, sino todo lo contrario, situar una comprensión regional crítica recolocando la especificidad de estudiar, analizar, problematizar y caracterizar en profundidad las implicancias del SARS-CoV-2 en la salud desde el Sur global. El presente proyecto de investigación buscó entonces comprender, pensar y problematizar los procesos epidemiológicos críticos y de respuesta a la emergencia de salud pública del SARS-CoV-2 en América Latina y el Caribe. Asimismo, también se pretende estudiar y problematizar los aprendizajes, errores y limitaciones de la epistemología, de las teorías y políticas públicas sanitarias operacionalizadas en la respuesta epidemiológica sobre el SARS-CoV-2.
... Temos Fernandes (2014Fernandes ( [1964), Nascimento (2016Nascimento ( [1978; 1986) e Gonzalez 1 (2020) como principais críticos da ideia de democracia racial e todos estão ligados à construção de uma sociologia brasileira organicamente produzida a partir da crítica ao racismo, da assunção da luta de classes que, utilizando a perspectiva teórica marxista, apontam para Uberlândia-MG, v. 18, n. 49, p. 305-329, abr. 2023 Uberlândia-MG, v. 18, n. 49, p. 305-329, abr. ...
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Neste artigo apresentamos os resultados de uma avaliação do processo de implementação da RTQ na comunidade quilombola da Aroeira, no Rio Grande do Norte. Os dados aqui expostos foram coletados por meio de pesquisa empírica na própria comunidade e por meio de levantamento bibliográfico e documental, sobretudo junto aos órgãos responsáveis pelo processo. Essa pesquisa foi realizada nos anos de 2018 a 2020. Entre os resultados, podemos citar que essa política consiste em um meio de produção de intitulamentos no sentido adotado por Amartya Sen (2009), envolve um processo de agenciamento e de ocupação de espaços da/pela comunidade no sentido político e na luta por reconhecimento e por acesso a novos direitos e políticas públicas.
... Estes contextos são, por assim dizer, montagens cruciais do que poderíamos chamar de "(in)seguranças à brasileira", funcionando entre situações (pós)coloniais, onde o mercado opera a favor da proteção de bens, de patrimônios e de patrões aproveitando-se dos interstícios do quadro legal. Esta situação remete à discussão clássica do Estado patrimonialista e das heranças que carregam um país que se funda jurídica, social, econômica e politicamente pela lógica das sesmarias, através de um Estado que se "moderniza" a partir dos aspectos fundantes do estamento senhorial, como já disse Florestan Fernandes (1981Fernandes ( [1974Fernandes ( ], 1964. Mas para entender o ponto da segurança privada e suas composições e relações tal como se mostra hoje, é preciso ampliar a imaginação sociológica do que se entende por posse e patronato neste caso. ...
Thesis
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This research is based on the ethnographic analysis of the compositions and internal arrangements of the outsourced private security of the local patrol. This work is the result of three years of research based on circulation, sharing of daily life, conversations and interviews with people who perform security services in the Gramado neighborhood in Campinas. I describe the dynamics, daily lives and setbacks of the work of those who operate in private protection and, based on this local knowledge, I contribute to a discussion of security and its violent extensions in this promising expanding area, which is the anthropology of security and plural policing. I start from the local security activity, from the arrangements and inconsistencies allied to outsourcing, to describe plural commercial interests, friendships and relatives that are revealed in this “middle activity” of security, having as a nodal point the round activity of the guard I most follow, Faguno.
... José Rosa esboça a problematização sobre a liberdade real dos negros. A comemoração do treze de maio segue como uma tradição, mas muitos cantos entoados durante a festa criticam a abolição no Brasil na figura da princesa Izabel, visto que a assinatura da Lei Áurea, apesar de constituir um importante marco no processo histórico, não garantiu aos negros oportunidades sociais reais como pessoas libertas (Fernandes, 2008). ...
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Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer meio, sem restrições desde que o trabalho original seja corretamente citado. Cadernos Brasileiros de Terapia Ocupacional, 29, e2883, 2021 | https://doi.
... Racial thinking in Brazil has always been muddled and fragmentary. From Gilberto Freyre's epic Casa Grande e Senzala (1933), which painted a romantic portrait of settler colonialism and slavocracy, to the eugenic underpinnings of "whitening" (Skidmore, 1974) and later, the demystification of "racial democracy" (Fernandes, 1965), descriptions of racial exceptionalism have peppered academic work produced within and beyond Brazil (Sansone, 2003). But each of these contributions to racial thinking and associated concepts tend to cohere and smooth over what are otherwise incongruous strands of thought. ...
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This book combines approaches from the design disciplines, humanities, and social sciences to foster interdisciplinary engagement across geographies around the identities embodied in and of peripheries. Peripheral communities bear human faces and names, necessitating specific modes of inquiry and commitments that prioritize lived human experience and cultural expression. Hence, the peripheries of this book are a question, not a given, the answers to which are contingent forms assembled around embodied identities. Peripheries are urban fringes, periphery countries in the modern world-system, Indigenous lands, occupied territories, or the peripheries of authoritative knowledge, among others. No form can exist outside historical relations of power enacted through knowledge, political structures, laws, and regulations.
... A dissolução do modelo escravista, que estava na base da sociedade agrária, marcou também a afirmação da sociedade urbana, com seu modelo de trabalho assalariado. De forma abrupta, a população negra se viu livre e, ao mesmo tempo, à mercê do poder econômico, o que fazia parte do projeto, ao servir como mão de obra a baixo custo para a burguesia industrial (FERNANDES, 1978). ...
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Resenha da obra de Vagner Gonçalves da Silva intitulada Candomblé e umbanda: caminhos da devoção brasileira.
... De uma forma ou de outra, os homens negros precisam lidar com significações e corporeidades que lhes são atribuídas (Faustino Nkosi 2014), e que acabam interiorizando, ao menos até certo ponto (Ribeiro, A. e Faustino 2017). Para alguns, explorar o mito do "negão" (Moutinho 2004), ostentando façanhas e conquistas sexuais, pode constituir uma estratégia de autoafirmação e fonte de prestígio social (Fernandes [1965] 2008). Ao mesmo tempo, conforme já indiquei, a própria ideia de masculinidade -encontrada, por exemplo, no marido branco que compõe a imagem da família patriarcal -incorpora a noção de virilidade, que encoraja a associação a muitas parceiras (Parker 1991). ...
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A obra recupera trajetórias afetivo-sexuais de mulheres negras brasileiras de contextos socioeconômicos e gerações variadas e analisa vivências subjetivas e interpessoais no mundo online e fora dele. A autora lança sobre a questão um olhar centrado na interseccionalidade de gênero e de raça e estabelece um proveitoso diálogo com obras canônicas do pensamento social brasileiro, dos estudos de gênero e do feminismo negro. A abordagem complexa, multidimensional e sensível da temática investigada explora as delicadas tramas da subjetividade e da intimidade para desvendar como a articulação de gênero e raça na sociedade brasileira estabelece modos de ver, de ser e de sentir, cristalizando vínculos e afastamentos.
... Esse -desprogramar os cérebros‖, como alude Mignolo (2008), é propositivo em nossa análise, já que muitos estudos influenciados pelo materialismo da escola de sociologia da USP (BASTIDE, 1959;FERNANDES, 1978) analisaram as populações negras no pós-abolição, como se a imitação ao branco fosse a única maneira para a integração em uma sociedade competitiva e de classes. Situação descartada pela manifestação do racismo em suas diversas dimensões (ALMEIDA, 2018). ...
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Este artigo tem como objetivo destacar a presença de afrodescendentes em espaços culturais e sociais da cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, entre os anos de 1872 e 1971. Esse período, que vai desde a fundação da Sociedade Beneficente Floresta Aurora (1872) até a criação do Grupo Palmares em Porto Alegre (1971), um coletivo que propôs o Dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro. Em 2021, essa data, proposta como referência simbólica, completa 50 anos desde sua primeira evocação. Portanto, nesta proposta, questiona-se se os representantes negros presentes nos espaços socioculturais de Porto Alegre resistiram à colonialidade e, em caso afirmativo, quais seriam suas proposições de ação para afirmar sua identidade e sua cultura. Por meio de bibliografia pertinente e de entrevista temática (ALBERTI, 2005) com um dos fundadores do Grupo Palmares, será analisada a atuação de sujeitos afrodescendentes no âmbito sociocultural da cidade.
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O presente E-book contempla as pesquisas apresentadas no evento acadêmico XI Meio Ambiente em Foco - Racismo Ambiental: Conflitos, Territórios e Resistências, do grupo PET Geografia da UFPE, que aconteceu em Novembro de 2022 e foi publicado em Maio de 2023 no site oficial da Editora Itacaiúnas < https://editoraitacaiunas.com.br/produto/meio-ambiente-em-foco-racismo-ambiental/# >.
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Este artigo reflete sobre o trabalho feito pelos(as) catadores(as) de materiais recicláveis, partindo da ideia de que é um serviço precarizado e pensando sua origem na sociedade brasileira. Situa ainda algumas características importantes para sua análise, como o olhar para a questão racial e de gênero. O texto se baseia no pressuposto de que é necessária a valorização da categoria, discorrendo sobre a transformação sofrida ao longo das últimas décadas e a importância de desassociar o material reciclável do lixo. Tendo em vista a organização em cooperativas e associações, a relação com o Estado a partir da economia solidária e da organização pelo Movimento Nacional de Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), este artigo reflete sobre como tais mudanças favoreceram a continuidade da precariedade e a instabilidade da categoria, uma vez que boa parte desses(as) trabalhadores(as) ainda depende somente da venda dos materiais para obtenção de sua renda.
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A história, a política e a cultura de cada sociedade são problemas em aberto e se entrelaçam, sendo o presente o lugar da história, o ponto de partida de sua realização, o lugar das problematizações. 50 anos após o golpe de Estado de 1964 a ditadura continua protagonizando, na sociedade brasileira, discussões importantes sobre as representações de sua memória. O espaço público da imprensa tem importante destaque na difusão desta pauta e no posicionamento opinativo e informativo do assunto. Identificar o modo uma determinada realidade social é construída, pensada, dada a ler é um pressuposto para a compreensão de como determinados grupos têm forjado as representações do mundo social. Aqui realizamos a análise de conteúdo dos editoriais dos jornais: O Estado de S. Paulo; O Globo e Folha de S. Paulo na data que marca os 50 anos do golpe civil-militar brasileiro de 1964 para demonstrarmos como têm construído representações que geram justificativas para o autoritarismo ditatorial que se abateu sobre o Brasil. O trabalho consiste numa reflexão teórica que abarca as consequências dos meios de comunicação na sociedade contemporânea, relacionada com a problemática histórica de nosso objeto e, enfim, a análise dos editoriais publicados pelos jornais Folha de S. Paulo, Estadão e O Globo e que marcam os 50 anos do golpe de 1964, demonstrando discursos permeados de interesses, ambiguidades e semelhanças no que tange o norteamento do senso histórico da ditadura e suas representações. Pretendemos, a partir deste trabalho, oferecer uma contribuição para compreensão da dinâmica social de nosso país, buscando a descoberta de regularidades no passado e no presente, tomando os fatos como resultantes dos conjuntos de práticas culturais, no que se refere à análise de como é representado o golpe de Estado de 1964 e o regime que dele se seguiu à sociedade brasileira, no espaço público das mídias impressas.
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A partir da questão racial do caso brasileiro de 300 anos de escravidão legalmente amparada, o presente artigo, recorrendo ao método dialético-argumentativo, articula uma análise sob as perspectivas histórica e legal das questões atinentes à inserção do discurso racista na legislação brasileira, que culminou, inclusive, na adoção de uma política de branqueamento do país, apresentando-se o arcabouço legislativo desde o período pré-abolição da escravatura perpassando por leis como a Lei Áurea, os Códigos Penais de 1890 e 1940, as Constituições de 1891 a 1988, a Lei Caó, a lei que tipificou a injúria racial, o Pacote Anti Crime dentre outras, atrelado à realidade social, recorrendo-se à Criminologia como ferramenta teórica.
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Este artigo tem como objetivo discutir a realidade da população negra e do Ensino Superior no Brasil. O racismo influenciou fortemente o acesso e a permanência dos/as estudantes negros/as nas universidades ao longo do século XX, com efeitos ainda no início do XXI, quer dizer, em mais de 130 anos da Abolição ocorrida em 1888. As consequências desse racismo resultaram na quase inexistência de conteúdos sobre a população negra na estrutura curricular, com profundo impacto na formação inicial de professores e nas dificuldades para o desenvolvimento de pesquisas sobre o tema. Essa situação afetou a vida da população negra e das comunidades tradicionais, como os quilombolas e as religiões de matriz africana. A ausência de conhecimento sobre a própria realidade histórica e social dificulta a mobilização e a reação contra o racismo. Nesse contexto, as Ações Afirmativas, implantadas no início do século XXI, são consideradas políticas públicas de maior impacto no processo de inclusão da população negra na Educação Superior.
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A partir da questão racial do caso brasileiro de 300 anos de escravidão legalmente amparada, o presente artigo, recorrendo ao método dialético-argumentativo, articula uma análise sob as perspectivas histórica e legal das questões atinentes à inserção do discurso racista na legislação brasileira, que culminou, inclusive, na adoção de uma política de branqueamento do país, apresentando-se o arcabouço legislativo desde o período pré-abolição da escravatura perpassando por leis como a Lei Áurea, os Códigos Penais de 1890 e 1940, as Constituições de 1891 a 1988, a Lei Caó, a lei que tipificou a injúria racial, o Pacote Anti Crime dentre outras, atrelado à realidade social, recorrendo-se à Criminologia como ferramenta teórica.
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A partir da questão racial do caso brasileiro de 300 anos de escravidão legalmente amparada, no presente artigo, recorrendo ao método dialético-argumentativo, articula uma análise sob as perspectivas histórica e legal das questões atinentes à inserção do discurso racista na legislação brasileira, que culminou, inclusive, na adoção de uma política de branqueamento do país, apresentando-se o arcabouço legislativo desde a aplicação das Ordenações do Reino e a Constituição Imperial de 1824 perpassando por Leis como o Código Criminal do Império, a Lei de Terras, A Lei Diogo Feijó, a Lei do Sexagenário, a Lei Afonso Arinos, dentre outras até o período pré-abolição da escravatura e pré-república, atrelado à realidade social da época, recorrendo-se à Criminologia como ferramenta teórica.
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Este estudo reflete sobre a relação entre o racismo no Brasil e o currículo das universidades, apresentando casos reais de racismo. Tem-se como problema que o currículo é reflexo social, de modo que há baixo número de autores negros, gerando implicações na representatividade. Logo, a pergunta norteadora é: como é possível diminuir atos racistas nas universidades, mesmo havendo baixa representação de autores negros? Tem-se como hipótese que a identidade pode ser configurada/reconfigurada pela representatividade, ilustrada por falas antirracistas de alguns autores presentes no currículo das ementas dos cursos de Sociologia, de modo que, mesmo com baixo número, proporcionam a criação de espaços de fala e escuta contra o racismo, pois viabilizam a emancipação. Os fundamentos ancoram-se na noção de currículo de Sacristán (2000) e Silva (1998); representatividade em Woodward (2000) e Arroyo (2015); identidade de Hall (2003), bem como emancipação nos espaços de fala e escuta, na perspectiva de Freire (1987). Justifica-se este estudo, uma vez que a incidência de atos racistas atinge mais da metade da população negra brasileira. A metodologia é bibliográfica e exploratória. O objetivo geral é o de apresentar como as teorias e falas de alguns autores ajudam na formação da representatividade negra. Os resultados indicam ser possível emancipar-se nos espaços de fala e escuta. Espera-se produzir reflexões para o combate ao racismo.
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Cet article a pour but de décrire le parcours professionnel et la production intellectuelle de Florestan Fernandes, le plus influent des sociologues brésiliens des années 1950 et 1960.
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Apresentação: Dossiê Construindo a Liberdade: A problemática do pós-abolição no Paraná
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Mariana Zuaneti Martins, Silvia Urra e Bruna Saurin Silva discutem sobre a importância de um currículo que atenda às necessidades humanas de quem prática o futebol, oportunizando as vivências às meninas. Para tanto, sinalizam que é fundamental um diálogo entre a pedagogia do esporte e os estudos de gênero
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O presente artigo tem como objetivo fazer um breve resgate da implementação da política de cotas na sociedade brasileira e a luta do movimento negro pela democratização e acesso de negros no ensino superior. Dividido em três momentos, no primeiro dialogamos com o passado e o presente da política de cotas; em seguida, resgatamos a experiência pioneira da UERJ e da PUC- Rio narrada em pesquisas, e por fim, apresentamos algumas produções acadêmicas do Centro de Educação e Humanidades e do Centro de Ciências Sociais do Banco Digital de Teses e Dissertações (BDTD/UERJ) datadas entre 2012-2022. As cotas no discurso brasileiro tornaram-se a principal expressão das políticas de ação afirmativa permeada do discurso falacioso do mito da democracia racial e do princípio do mérito. Desde modo, concluímos que a chegada cada vez mais crescente dos “improváveis” nas universidades desestabilizou a ordem, problematizou as equações desiguais instituídas nas relações de poder, contribuiu com as experiências curriculares plurais trazendo para dentro e fora das salas de aula a recomposição epistêmica e os debates acerca da racialização das relações e lugares de poder.
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As sociedades indiana e brasileira apresentam diversas diferenças, mas compartilham também semelhanças que, em boa parte, têm a ver com seus passados coloniais. São marcadas por diferenças culturais internas e sobretudo por enormes desigualdades sociais. Em cada um dos países, emergiram discursos de líderes políticos e intelectuais que buscavam não somente explicar as tradições locais e o status quo das relações sociais, mas indicavam também propostas políticas para combater os constatados problemas. Este artigo propõe focar os discursos de quatro personagens importantes, responsáveis pela elaboração de abordagens que se tornariam referências paradigmáticas nas discussões em cada um dos países: Gandhi versus Ambedkar; Freyre versus Fernandes. A análise busca apontar para oposições e paralelismos nos mais diversos planos, mas sobretudo nos modos como os pensadores lidavam com os tópicos diferenças e desigualdades.
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A introdução de Franz Boas ao Handbook of American Indian Languages, publicada em 1911, constitui um trabalho fundamental tanto para o campo da linguística quanto da antropologia. Apesar da importância da obra, a introdução ao HAIL permaneceu sem tradução até o momento, estando a contribuição de Boas para o campo dos estudos da linguagem excluída dos currículos de Ciências Sociais e Linguística no Brasil. No presente artigo, busco refletir sobre o porquê desse silenciamento que fez com que a perspectiva etnográfica, contextual e holística boasiana se mantivesse desconhecida e afastada dos processos de constituição desses campos de saber no Brasil.
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Propomos com este artigo, refletir sobre os modelos positivos de identidades do negro a partir do longa-metragem ficcional Filhas do Vento, dirigido por Joel Zito Araújo e lançado em 2005. Para tanto, analisamos como essa narrativa fílmica apresenta o lugar e o status do negro na sociedade brasileira. Assim, tomamos como pressuposto o multiculturalismo e a existência de diversas identidades nacionais, uma vez que estas são mutáveis. Além disso, discutimos a história do negro que foi condenado por uma sociedade escravista à condição de escravizado, nos envolvendo em um embate que desestrutura conceitos estabelecidos socialmente e faz emergir uma discussão necessária e urgente sobre o desenvolvimento da representatividade e da identidade afro-brasileira, suas relações gerais e singulares e o enfrentamento das recusas e discriminações que marcam uma sociedade preconceituosa, que se mascara sob a ideia de democracia racial.
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Universities across the globe are implementing internationalization programs. These programs often focus on language development, study abroad programs, and developing the international reputations of professors. In this paper, we present data from interviews and ethnographic observations of university internationalization trainings in Brazil. We asked: How (do) professors in Brazil make sense of the national/organizational internationalization initiative? Drawing on decolonial theories and scholarship about organizational paradoxes, we found two primary paradoxes arise in internationalization directives: the paradox of relying on the English language and the paradox of mobility. Ultimately, we argue that university internationalization is a highly political communicative act, which perpetuates systems of oppression and dominance and can cultivate discursive and material violence. We suggest that internationalization projects must take perspectives from a variety of global locations into account in order to roll out decolonized programs that are more equitable and attainable across the globe.
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Resumo: O presente estudo tematiza o racismo na sociedade de classes e tem como objetivo analisar os desdobramentos das desigualdades raciais na pandemia da Covid-19. Logo, utilizou-se o método materialismo histórico-dialético e uma abordagem qualitativa. Dessa forma, foi realizada uma pesquisa bibliográfica e documental, além de um trabalho de mapeamento a partir dos dados secundários do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2019; Atlas da violência de 2020, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA); e o Boletim especial 20 de novembro de 2021, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), para dialogar com a realidade dos afro-brasileiros em cenário pandêmico. Dos resultados do estudo, destacamos: que o racismo tem sido um eixo estruturante da sociedade brasileira mesmo numa fase pós-abolicionista; e que a questão racial tem sido uma das expressões da questão social na sociedade do capital, de tal modo que as desigualdades são conexas na contemporaneidade; e ainda, que a pandemia acentuou as desigualdades raciais no Brasil.
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A Bignoniaceae Tabebuia é uma árvore que floresce em dias secos e cinzentos. Floresce para anunciar tempos melhores. Aspiramos o mesmo ao tratar do racismo na sociedade contemporânea qual temática muito cara para boa parte da população mundial, que têm sistematicamente sido afligida por esse mal. Assumimos raça, neste ensaio, em seu sentido mais amplo relacionando-o ao conceito de rizoma (Deleuze & Guattari, 1995). O convite é pensar com as plantas e sua forma de organização da multiplicidade. Nosso objetivo neste ensaio é alinhavar os princípios rizomáticos ao racismo, que se manifesta de diferentes maneiras no tessitura social como, por exemplo, por meio da falácia da democracia racial, na academia, na língua, na literatura e através de discursos racistas, que carecem de arqueologia própria para que se compreenda seus vários níveis de ocultação. Não é nossa pretensão de esgotar o assunto. Antes, porém, nosso interesse é provocar reflexões e novos debates com vistas à primavera anunciada pelo Ipê.
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Esta narrativa é resultado de uma experiência de campo no museu Muquifu no ano de 2019. Foi possível, por meio das fronteiras de identificação e (des)continuidades históricas e territoriais, sinalizar alguns modos de produção de subjetividades racializadas. Procuro descrever experiências pessoais e de identidade coletiva por meio da análise de práticas discursivas sobre pessoas racializadas e também acerca das práticas racistas. A metodologia se encontra alinhada aos estudos decoloniais e à teoria discursiva. O Muquifu é lido em/por suas expressões de arte e resistência, particularmente nas expressões de um grupo de 14 mulheres do Morro do Papagaio, Belo Horizonte, Minas Gerais. Percebo a subversão criativa frente à remoção territorial como força (re)produtora de linhas fronteiriças que colocam a população local em (des)continuidades de cunho social, abrangendo o frequente deslocamento de seus territórios e a descentralização das expressões de sua cultura, provocando a consequente invisibilização de seus corpos.
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Criada há 25 anos, em 1997, a Comissão de Direitos Humanos (CDH) é um órgão permanente do Conselho Federal de Psicologia. De acordo com o próprio CFP, ela tem como atribuições: debater sobre direitos humanos, os quais devem ser inerentes à formação, à prática profissional e à pesquisa em Psicologia; intervir em situações em que existam violações dos direitos humanos; participar de iniciativas que preservem os direitos humanos na sociedade brasileira. Este livro e outras ações teórico-técnicas e políticas desenvolvidas pela CDH nos anos de 2020-2022 cumpriram essas funções, já que em maior ou menor grau buscaram denunciar e desmantelar cenários de abuso, bem como promover diálogos formativos e informativos voltados para a preservação do bem viver e contra as múltiplas modalidades de dominação.
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Resumo O artigo faz breve balanço bibliográfico da maneira como alguns cientistas sociais trataram a ideia de associativismo negro na cidade e no estado de São Paulo. Sugere também uma discussão acerca de tentar investigar o associativismo negro no período pós-abolição como uma história da cidadania negra, permitindo conectar diferentes experiências ao longo do século XX e mais recentes, viabilizando importantes questionamentos sociológicos.
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