A voz do passado: história oral
... Assim, ao compreender que as fontes orais são confiáveis tanto quanto as fontes escritas, pois ambas podem conter em seu processo de escrita lapsos e falseamentos, passa-se a outra questão: qual o lugar e o contexto que as fontes orais podem ocupar, quando utilizadas nas pesquisas? Para Thompson (1992), as fontes orais não devem ser aplicadas como "tapa-buracos" ou mero complemento aos documentos escritos. ...
... Outro ponto importante, que pode contribuir para estimular memórias do entrevistado, consiste em levar algum "auxílio para a memória". Nessa direção, Thompson (1992, p. 265 Ainda nesse momento, conforme sugere Thompson (1992), é recomendável que o pesquisador procure registrar os comentários sobre o contexto da entrevista, a personalidade do informante, observações adicionais sem serem gravadas que talvez não tenham sido ditas. Em seguida, é importante que busque ouvir atentamente a gravação e conferir quais a informações obtidas, como também se ainda faltam dados que gostaria de saber. ...
... Segundo Portelli (2010), é de suma importância preservar a memória da origem oral; Thompson (1992, p. 297) Para esses autores, quando se encaminha transcrição da entrevista para os colaboradores, o pesquisador deve informá-los sobre o processo de textualização, quando serão retirados os vícios de linguagem e repetições. Dessa forma, tanto na perspectiva de Thompson (1992) Na transcrição, "[...] o historiador precisa, pois, desenvolver uma nova espécie de habilidade literária que permite que seu texto escrito se mantenha tão fiel quanto possível, tanto ao caráter quanto ao significado original" (THOMPSON, p. 297,1992, grifo nosso). Portanto, as recomendações de Meihy e Holanda (2019), como também as de Thompson (1992), convergem para os cuidados com a transcrição das entrevistas. ...
Objetiva mitigar as inquietações vivenciadas pelos alunos da graduação e pós-graduação ao utilizarem a metodologia da História Oral em suas produções. Para atingirmos o objetivo proposto, efetuamos uma revisão bibliográfica acerca da utilização da História Oral na produção acadêmica, buscando uma contextualização de seu uso, suas fragilidades e suas potencialidades. Esperamos, dessa forma, que o texto produzido possa contribuir minimamente para esclarecer as incertezas suscitadas pelos alunos nos usos dessa metodologia.
... Nesse sentido, recorremos à categoria thompsoniana de experiência (Thompson, 1998;2002) para entender como esses trabalhadores moldam as condições impostas pelo Estado, e como suas experiências cotidianas, tanto no campo quanto na cidade, se entrelaçam na construção de uma identidade coletiva. Ao compartilharem as lutas pela manutenção familiar e pelo trabalho, essas vivências não apenas reforçam as relações de classe, mas fortalecem a ação coletiva, revelando como a experiência compartilhada de um contexto urbano e rural interligado é fundamental para a resistência desses grupos às imposições externas. ...
... Às vezes andava vendendo pelas portas, botando os meninos nas portas, até me organizar (Reis, 2022 Ao ser entrevistada em 2022, a senhora Teresinha dos Reis demonstrou essa conexão com a horticultura de maneira simbólica. Paul Thompson (1998), ao discutir memória e identidade, afirma que "a maioria das pessoas conserva algumas lembranças que, quando recuperadas, liberam sentimentos poderosos" (1998, p. 205 (Thompson, 1998, p. 268). ...
... Os seus dias começam ainda no escuro de suas casas, dando início ao trabalho nos lotes, um hábito que remonta a juventudes no interior, onde sequer chamam de "cidade". E. P. Thompson (1998) ...
O presente artigo objetiva compreender as motivações para a implantação do projeto de hortas comunitárias no bairro Itararé, localizado na região Sudeste da capital Teresina, bem como as reverberações iniciais após o “lançamento do projeto” no ano de 1987, recorte desta pesquisa. As fontes utilizadas incluem documentos oficiais, jornais e entrevistas, na tentativa de alcançar uma visão mais ampla desse processo histórico. Teórica e metodologicamente, o artigo faz interlocução com as pesquisas de Verena Alberti (2005) e Paul Thompson (1998) sobre História Oral, e Michael Pollak (1989), com seus escritos e contribuição acerca da memória, além de dialogar com estudos que discutem a história do Conjunto Habitacional Dirceu Arcoverde, a partir da pesquisa de Cláudia Fontineles e Marcelo de Sousa Neto (2017), sobre cidade, com Henri Lefebvre (2001), relação campo-cidade, com Raymond Williams (1989) e a perspectiva de Edward Palmer Thompson (1998; 2002), sobre trabalho e experiência. Por fim, o estudo conclui que, apesar de a implantação das hortas ter inicialmente um foco comercial ou educacional, a descontinuidade da assistência por parte da prefeitura levou os horticultores a desenvolverem múltiplas estratégias de resistência para garantir a continuidade de seus trabalhos. Esse cenário impactou diretamente as suas trajetórias e influenciou o desenvolvimento do projeto.
... Suas habilidades no tratamento de doenças infantis o tornaram uma figura respeitada, refletindo a interconexão entre cultura e saúde. A escolha da História Oral como metodologia é significativa, pois permite uma narrativa mais rica, valorizando vozes frequentemente marginalizadas (Thompson, 1992). Como afirmam Denzin e Lincoln (2006), essa abordagem holística promove uma compreensão mais profunda dos fenômenos sociais. ...
... His skills in treating childhood illnesses have made Revista him a respected figure, reflecting the interconnection between culture and health. The choice of Oral History as a methodology is significant, as it allows for a richer narrative, valuing voices that are often marginalized (Thompson, 1992). As Denzin and Lincoln (2006) note, this holistic approach fosters a deeper understanding of social phenomena. ...
... A História Oral se destaca por sua capacidade de captar não apenas os eventos e práticas, mas também as emoções, percepções e significados que os sujeitos atribuem a essas experiências (Thompson, 1992 A teoria subalterna, de maneira particular, dirige seu enfoque à voz e à experiência de grupos que, ao longo da história, foram sistematicamente silenciados ou marginalizados das narrativas hegemônicas (Spivak, 2014;Guha, 2002;Chakrabarty, 1992 Por outro lado, as perspectivas decoloniais vão além da crítica ao colonialismo; elas propõem uma reavaliação dos sistemas de conhecimento e das hierarquias que os sustentam (Dussel, 2003), (Mignolo,2014), (Quijano,2010 Além disso, a ênfase em promover pedagogias inclusivas e respeitosas é crucial para garantir que esses saberes não sejam apenas preservados, mas também integrados à educação formal. Isso envolve a criação de espaços onde as vozes e experiências dos benzedeiros e das comunidades ribeirinhas sejam ouvidas e valorizadas, enriquecendo o aprendizado e promovendo uma compreensão mais ampla e diversificada do conhecimento. ...
O estudo de Pedro Cardoso, ou "Seu Roque", enfatiza a importância das práticas tradicionais de cura na saúde comunitária da Ilha de Santana, Amapá. Seu Roque, como benzedeiro, oferece tratamentos que complementam os serviços de saúde convencionais, desempenhando um papel essencial na promoção do bem-estar e na construção de confiança entre os moradores. Suas habilidades no tratamento de doenças infantis o tornaram uma figura respeitada, refletindo a interconexão entre cultura e saúde. A escolha da História Oral como metodologia é significativa, pois permite uma narrativa mais rica, valorizando vozes frequentemente marginalizadas (Thompson, 1992). Como afirmam Denzin e Lincoln (2006), essa abordagem holística promove uma compreensão mais profunda dos fenômenos sociais. Além disso, a capacidade de Seu Roque de proporcionar conforto emocional e espiritual destaca a importância das relações comunitárias. A descolonização da historiografia, proposta por Dussel (1993), é vital para reconhecer e valorizar saberes locais, desafiando narrativas que frequentemente ignoram essas prática
... A influência de autores internacionais, como Thompson (1992) A história oral é uma metodologia de pesquisa que utiliza relatos orais para compreender experiências e memórias de indivíduos e grupos. Segundo Meihy (2005), a história oral permite acessar memórias subjetivas e coletivas, ampliando a compreensão histórica para além dos documentos escritos. ...
... Paul Thompson (1992) argumenta que a história oral revoluciona a história tradicional ao dar voz a grupos marginalizados, desafiando a hegemonia das fontes escritas e da história oficial. ...
Este artigo aborda a legitimidade da oralidade como fonte histórica, destacando sua consolidação no cenário acadêmico brasileiro e sua aplicação no ensino de História. A história oral é apresentada como metodologia capaz de ampliar o campo da investigação histórica, ao dar voz a sujeitos e grupos culturalmente marginalizados. Fundamentado em autores como Alberti, Ferreira e Amado, Meihy, Meneses e Ricoeur, entre outros, o texto aborda os desafios metodológicos, éticos e epistemológicos relacionados ao uso de fontes orais, enfatizando a necessidade de uma postura crítica e dialógica por parte do pesquisador e/ou do professor. A memória é tratada como construção subjetiva e narrativa, exigindo contextualização e confronto com outras fontes. No contexto educacional, a história oral é explorada como ferramenta pedagógica eficaz, sobretudo quando aliada a metodologias ativas, como a Aprendizagem Baseada em Projetos, e ao uso de tecnologias digitais. Projetos com entrevistas, podcasts e narrativas digitais estimulam a escuta ativa, a empatia, o protagonismo e o pensamento crítico nos estudantes, auxiliando a promover uma aprendizagem significativa e a valorização da memória social. O artigo conclui que a oralidade, longe de ser uma técnica auxiliar, constitui um campo fértil para a construção de uma história mais diversificada, democrática e interligada às vivências comunitárias.
... Na perspectiva de responder ao questionamento, o presente artigo tem como objetivo geral compreender a implantação da Escola Estadual Frederico José Pedreira Neto em Palmas-TO e as memórias de outrora na perspectiva do Projeto Político Pedagógico. A base teórica deste artigo se ancora em autores como: Thompson (2000), Perks e Thomspon (2015), Le Goff (2003), Portelli (1991), Portelli, (1996, Traverso (2012), Veiga (2013), Veiga (1998), Saviani (2011), Paro (2012 Thompson (2000) e Portelli (1991) são reconhecidos por suas contribuições significativas à metodologia da História Oral. ...
... Na perspectiva de responder ao questionamento, o presente artigo tem como objetivo geral compreender a implantação da Escola Estadual Frederico José Pedreira Neto em Palmas-TO e as memórias de outrora na perspectiva do Projeto Político Pedagógico. A base teórica deste artigo se ancora em autores como: Thompson (2000), Perks e Thomspon (2015), Le Goff (2003), Portelli (1991), Portelli, (1996, Traverso (2012), Veiga (2013), Veiga (1998), Saviani (2011), Paro (2012 Thompson (2000) e Portelli (1991) são reconhecidos por suas contribuições significativas à metodologia da História Oral. ...
Este artigo tem por objetivo compreender a implantação da Escola Estadual Frederico José Pedreira Neto em Palmas–TO e como as memórias de outrora são registradas na perspectiva do Projeto Político Pedagógico. O estudo pauta-se no método da História Oral, que focaliza a capacidade da memória humana de rememorar o passado na medida em testemunha o vivido. Adota-se a abordagem qualitativa e o tipo de pesquisa bibliográfica, com a aplicação da técnica de análise de conteúdo para interpretação do objeto desta pesquisa. Com base na literatura consultada e na análise realizada do Projeto Político Pedagógico da escola, os dados ressaltam que o colégio foi criado no contexto da implantação da capital, Palmas e da estruturação do Estado do Tocantins, se constituindo como uma escola pioneira, de vários líderes tocantinenses, ainda que fundamenta suas práticas educacionais em concepções pedagógicas, referenciais teóricos e legais que orientam o processo de ensino e aprendizagem, registradas no documento nortear de suas práticas e projetos pedagógicos, desvelando-se como um relevante documento-monumento da história oral e escrita dessa unidade de ensino.
... Este trabalho apresenta discussões e reflexões socializadas em aulas ministradas no componente curricular "Cultura, Saberes e Imaginário na Educação Amazônica", do Mestrado em Educação do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Pará (PPGED/UEPA). Ao objetivar discutir, refletir e pesquisar a educação na Amazônia a partir da memória, a disciplina nos levou ao encontro de Zumthor (1997), Bergson (1999), Bosi (1994), Halbwachs (2004), Pollak (1989) e Thompson (1992), teóricos que nos despertaram o interesse pessoal pela memória enquanto fonte de pesquisa, em especial pela História Oral como recurso metodológico. ...
... Em metodologias de pesquisas científicas, o uso da História Oral, também chamada de fonte oral, história do tempo presente ou simplesmente oralidade (Xavier et al., 2020), começou a ter notoriedade a partir da década de 1960, quando renomados/as pesquisadores/as passaram a utilizá-la, como Thompson (1992), que reconheceu a relevância e a riqueza da memória. Esse pesquisador, que valorizava a memória de sujeitos anônimos, percebeu que as histórias contadas pelas pessoas constituíam um instrumento valioso para a história social. ...
Este estudo bibliográfico objetivou promover reflexão acerca da história oral como fonte de pesquisa, destacando a sua importância para investigações sobre a história da Educação Física no estado do Pará, tendo por base a tese de Faro (2021). A análise do trabalho relevou que há um longo caminho a se seguir no que se refere as investigações em torno dessa temática. Conclui-se que o uso da história oral como fonte de pesquisa pode contribuir para uma história mais inclusiva, autêntica e transformadora. No caso particular da história da Educação Física paraense, a história oral constitui um instrumento substancial para a investigação de acontecimentos, instituições, conhecimentos e pessoas invisibilizados/as e/ou pouco (re)conhecidos nesse passado.
... Quanto ao método, considerou-se recorrer à história oral para poder compreender sobre o contexto em que está inserida a trajetória das ações culturais na Biblioteca Central da UFPB; com Thompson (1992) apreende-se que a abordagem da História, a partir de evidências orais, permite ressaltar elementos que, de outro modo, por outras estratégias investigativas, seriam inacessíveis. De acordo com Cellard (2008), as fontes primárias são um mundo complexo de informações disponíveis, que servirão de alicerce para a compreensão do passado e assim fazer uma releitura no presente. ...
Resumo Pensar em biblioteca pública nos dias atuais é pensar em um universo de múltiplos espaços, que vai além da guarda, disponibilização e acesso à informação. Pois não é possível dissociar a biblioteca pública, em especial a universitária como um espaço de memória e também como um equipamento cultural. Nesse sentido, as bibliotecas públicas universitárias devem se apresentar como sendo um espaço da comunidade acadêmica, e também da comunidade em seu entorno, interagindo com os acontecimentos locais, onde as pessoas devem se sentir convidadas a entrar e participar; estimuladas a expressarem o que percebem e sentem, participando ativamente como criadoras que se apropriam do espaço. A Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraíba, objeto deste estudo, é um organismo em constante crescimento, suas ações são parte de uma memória que caracterizam a instituição, registrada em documentos que remontam sua trajetória como também permeiam a memória individual e coletiva de milhares de usuários que passaram por ela no decorrer das últimas décadas. O presente trabalho objetiva apresentar, discutir e refletir teoricamente sobre o curso histórico das práticas culturais da Biblioteca Central (BC) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) enquanto biblioteca pública universitária vista sob a perspectiva de equipamento cultural para além da premissa basilar de apoio ao Ensino, a Pesquisa e a Extensão universitárias. A proposta deste estudo é reconstruir fragmentos da história das ações culturais promovidas pela Biblioteca Central da UFPB, em um recorte temporal de 1981 a 2019, evocando assim, as ações culturais que foram desenvolvidas, através de relatos de servidores, narrativas orais que emergem de suas memórias. A metodologia adotada para a construção desta pesquisa se dará em duas fases, caracterizadas, na devida ordem, exploratória, descritiva e qualitativa. É também, caracterizada como bibliográfica e pesquisa de campo, em consonância com as fontes de dados da pesquisa. Quanto ao método, recorreremos à pesquisa documental, relatos orais, metodologias relevantes para reunirem-se os conhecimentos produzidos. Para efetivar os objetivos propostos pela pesquisa, a mesma será iniciada através de um apanhado bibliográfico, pautado na busca de subsídios teóricos para assimilar e interpretar conceitos de memória,
... Para a execução das entrevistas neste estudo, observaram-se as recomendações de Thompson (1992), quando ressalta que o historiador precisa vir para a entrevista para aprender e sentar-se ao pé do outro, estando preparado a aprender com os mais velhos, que vivenciaram experiências desconhecidas do entrevistador. Cabe destacar, igualmente, o que afirma Bourdieu (1997, p. 704) sobre a entrevista, caracterizando-a como "[...] exercício espiritual, visando a obter pelo esquecimento de si, uma verdadeira conversão do olhar que lançamos sobre os outros nas circunstâncias comuns da vida". ...
Resumo Este artigo objetiva analisar memórias de professoras rurais que atuaram na Escola Frei Anselmo, localizada na comunidade de Linha Floresta, interior do município de Selbach, norte do Rio Grande do Sul, durante a Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985). Para isso, a fundamentação teórico-metodológica escolhida ampara-se na História Oral, com o uso de entrevistas. Tal percurso evidencia os debates sobre utilização das memórias como concepção investigativa no estudo da História da Educação, tendo como referência as fontes orais. O fato de não existir liberdade para discutir política na escola, além de os alunos serem “disciplinados” e não poderem questionar as metodologias aplicadas nas matérias da grade curricular, levou as docentes a enquadrarem-se no ambiente opressor da ditadura, trazendo sérias consequências para o alcance de uma educação democrática.
... A ferramenta utilizada para captar as informações referentes as secas foi baseada na técnica da história oral, tal como proposta por Thompson (2002), uma entrevista de história de vida com uma descrição clara e detalhada do que verdadeiramenete acontecera. O que se dá na verdade é que, em geral, quanto mais se sabe, mais provável é que se obtenha informações históricas importantes em uma entrevista. ...
... A ferramenta utilizada para captar as informações referentes as secas foi baseada na técnica da história oral, tal como proposta por Thompson (2002), uma entrevista de história de vida com uma descrição clara e detalhada do que verdadeiramenete acontecera. O que se dá na verdade é que, em geral, quanto mais se sabe, mais provável é que se obtenha informações históricas importantes em uma entrevista. ...
... Decidimos não fazer fotos e nem gravações de áudio e/ou vídeo para preservar a naturalidade dos atos das pessoas ao nosso redor (Thompson, 1998). Deste modo, cada um dos dias de campo foi vivido pelo primeiro autor de forma integral, que memorizou o curso das atividades, registrando-as no caderno de campo apenas no fim do dia e em local privado. ...
Pensando nas provocações feitas por Wright (2014), acerca das terrae incognitae e a imaginação geográfica, bem como nas proposições de Marandola Jr. (2016, 2018), referentes às atuais aberturas para as geografias com “g” minúsculo e de olhar encarnado, surge a questão: que geografias são praticadas na terra incógnita de um terreiro? Por meio da indagação, refletimos fenomenologicamente sobre as manifestações espaciais do candomblé, considerando relatos etnogeográficos produzidos a partir do convívio em um terreiro localizado na cidade de Cajazeiras, Paraíba. Vimo-nos imersos no cotidiano dos membros de uma religião de resistência afrodiaspórica que tem uma geosofia própria. Portanto, o conhecimento e a cultura dessa comunidade se expressam no espaço do terreiro enquanto geossímbolos e também na corporeidade dos sujeitos que vivem o sagrado, atestando assim, uma pujante experiência identitária do ser–no–mundo que evoca um olhar geográfico na perspectiva do movimento de abertura.
... pesquisas también en Brasil. Obras de estudiosos de la memoria como Bergson (1996), Halbwachs (1990), Thomson (1997), Thompson (1992), se volvieron de extrema importancia para el desarrollo de las investigaciones en el área de la Historia. ...
Resumen El texto se inspiró en una experiencia vivida en un curso de la licenciatura en educación intercultural de formación de profesores indígenas en la Universidad Federal de Goiás, cuando se realizaron discusiones teóricas y ejercicios prácticos visando la comprensión de los conceptos de memoria y documento, sobre todo de documento oral como fuente histórica. Fueron explotadas distintas posibilidades de uso de narrativas orales como documentos históricos en investigaciones orientadas hacia la documentación de saberes indígenas contando con investigadores indígenas como protagonistas.
... Uma cognição que se introduz ainda na infância, durante o letramento, e possibilita compreender as dimensões e funções do mundo social conforme aprendemos a faculdade de se expressar, tendo como exemplo e tutor a expressão dos outros falantes presentes no ambiente. Thompson (1998) coloca que é exatamente nesse ambiente da fala cotidiana onde habita o cerne das relações sociais, o que inclui sua estrutura. Essa estrutura não se forma necessariamente nos espaços oficiais, como escritórios de serviços ou prédios de instituições de poder, mas nos âmbitos simbólicos construídos e reforçados no cotidiano, sendo estes cotidianos verbais algo muito mais real e tangível do que os regulamentos e imposições nos distantes escritórios oficiais. ...
... Para conhecer a história de um local, de um fato ou de alguém, podemos utilizar duas ferramentas, primeiro os documentos escritos como os jornais, livros, leis, mapas ou então a partir de relatos ou histórias orais (Thompson, 1998). Antigamente, era comum o mais velho repassar o conhecimento para o mais novo ou de geração em geração. ...
A História de Cerro Largo RS
Material didático sobre a história do município de Cerro Largo: aspectos históricos de Serro Azul até os dias atuais
... A pesquisa em tela procura compreender a produção de conhecimento 9 histórico escolar (MONTEIRO, 2007a) sobre patrimônios sensíveis a partir da realização de entrevistas com professores de História na perspectiva metodológica da história oral (THOMPSON, 1992;ALBERTI, 2004;PORTELLI, 2016 13 Os primeiros dois entrevistados foram perguntados acerca da preferência pela realização da entrevista online ou presencial, tendo ambos optado pela primeira opção. Posteriormente essa escolha foi utilizada como padrão para as demais. ...
A tese busca compreender as práticas pedagógicas de professores de História acerca de patrimônios sensíveis no Rio de Janeiro.
... Na condução das entrevistas, portanto, prezou-se por um roteiro semiestruturado elaborado, que pudesse seguir uma cronologia detalhada de acontecimentos ocorridos no período investigado e informações consideradas de importância para os objetivos do estudo (Alberti, 2004 As perguntas foram constituídas por meio de um roteiro semiestruturado, de fácil compreensão, para que não houvesse ambiguidade nas respostas, conforme Thompson (1992) instrui. ...
Este artigo apresenta a história do xadrez em Montes Claros, Minas Gerais, a partir de reportagens e de narrativas de enxadristas. O recorte vai de 1980, quando práticas de xadrez e divulgações da imprensa sobre o esporte eram abundantes, até 1989, ano da última publicação analisada por esta pesquisa sobre o assunto. Metodologicamente, usamos princípios da História Oral Temática, ao aplicarmos um roteiro semiestruturado para condução das entrevistas, seguindo Alberti (2004) e Meihy (2005), historiadores orais e defensores da abordagem compreensiva do quadro social. A partir de memórias, notamos como sociedades e sujeitos são moldados em valores, perpetuação de tradições e de costumes, tendo sentimentos identitários transformados.
... Por se tratar de um estudo envolvendo narrativas das memórias de alunas e professoras, esta pesquisa se insere, fundamentalmente, nos estudos metodológicos acerca da História Oral. Dessa forma, autores como Amado e Ferreira (2006), Meyhi e Holanda (2015), Porteli (2016) e Thompson (1992) As instituições militares sofreram influências da filosofia positivista e, a partir daí, começaram a cultuar a educação do corpo como forma de ordem e progresso, uma condição importante para chegar ao desejado crescimento (CastellanI, 2013). Ter indivíduos fortes e saudáveis seria de grande valia para o desenvolvimento do país. ...
The present text aims to analyze school practices related to the subject of Physical Education performed in the Teaching Course of Instituto de Educação Assis Brasil, city of Pelotas, state of Rio Grande do Sul), during the period of the civil-military dictatorship in Brazil, through the memories of teachers and normal students from the aforementioned institution. Since this research focuses on women’s memories – students and teachers –, this work is based on research on feminization, using authors such as Almeida (1998), Chamon (2006), Del Piore (2014), Louro (2014), Tambara (1998) and Vidal and Carvalho (2001), who discuss this category of study. The findings indicate that normal school students’ memories on the subject of Physical Education evidence existing corporal practices of control of students in that context.
... Ainda que nas duas dissertações de mestrado que deram origem a este artigo tenham sido empregados diferentes documentos, para a presente discussão, priorizamos as fontes orais produzidas a partir das entrevistas realizadas com professoras que lecionaram na zona rural dos dois municípios em questão 2 e empregamos, de forma subsidiária, dois cadernos cedidos para consulta por ex-alunos de escolas rurais (MONTANA, 1958;SANTOS, 1973 Meihy (1996) e Thompson (1992), a história deve ser entendida como parte da vida dos sujeitos, feita no cotidiano de pessoas comuns, com sentimentos, paixões e sonhos. Consideramos ainda as advertências de Pollak (1989) e Portelli (2014) sobre os usos e abusos da memória que implicam modos de analisar e compreender no presente os acontecimentos do passado. ...
Este artigo tem como objetivo analisar a profissão docente em escolas rurais nos munícipios de Rio Claro-SP e Uberlândia-MG entre 1950 a 1980. Para responder à questão de como ocorreu a formação das professoras, como ingressaram nas escolas rurais e quais práticas desenvolveram, utilizamos como fonte de pesquisa entrevistas com onze professoras e a legislação que regulamentou a profissão em ambos os estados. Concluímos que, a despeito das particularidades em sua formação e no ingresso na carreira, tanto as professoras leigas quanto as certificadas tinham que transpor as fragilidades da escola instalada em meio rural para ministrarem as suas aulas.
... Porém, o dado relevante que se coloca, é que as memórias, as narrações são fontes ricas para se pensar os problemas de pesquisa, em conjunto com as teorias e demais objetos, fontes. Thompson (2002) ...
O presente artigo tem como objetivo compreender e analisar as possibilidades dos usos da história oral para a pesquisa educacional, propondo uma comparação teórico-metodológica com as narrativas (auto) biográficas. Nesse sentido, a pesquisa de abordagem qualitativa e de natureza bibliográfica, contou com análises e discussões teórico-metodológicas da literatura especializada que validaram a produção de conhecimento conjunta entre a história oral e das narrativas (auto) biográficas para trabalhos nos campos da história e da educação. No entanto, também foi preservado um esforço de manutenção e de reconhecimento das particularidades de cada vertente, não perdendo no esforço comparativo o horizonte de pontos de toque e de distanciamento entre cada perspectiva.
... Nesse sentido, utilizamos como fontes registros institucionais disponíveis no arquivo da FAFIC como atas, relatórios, pastas individuais de alunos, cartas, entre outros documentos oficiais. Com base em Thompson (1992), incluímos também os testemunhos orais de professores e alunos pioneiros obtidos a partir de entrevistas segundo à técnica da história oral. ...
Objetivou-se compreender a influência da primeira instituição de Ensino Superior do município de Cajazeiras para com a educação de mulheres no alto sertão[1] paraibano. O estudo é exploratório-descritivo e de abordagem qualitativa. Os dados procederam de fontes documentais e orais. Embora destinada a homens e mulheres, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Cajazeiras (FAFIC), nos anos primeiros nove anos de funcionamento (1970-1979), teve suas vagas majoritariamente preenchidas por mulheres (n=1.668, 75,78%). A maioria dessas mulheres eram professoras que depositavam na formação superior a esperança de acessão profissional. De maneira geral, os ex-alunos da faculdade preenchiam os novos postos na docência, inclusive na própria instituição. A expressiva presença feminina em meio ao alunado do Ensino Superior de Cajazeiras não representou a superação das contradições de gênero.
... Ao abordar a questão da educação e da saúde, Osório (2024) reforçou o papel das universidades na promoção de espaços para o aprendizado ao longo da vida, um conceito amplamente explorado por autores como Brandão (1989), Thompson (1992) e Freire (2002, que destacam a educação como uma prática cultural que integra o sujeito com seu ambiente. Osório (2024), assim, propõe uma visão de educação em que as pessoas idosas são agentes ativos participantes no processo de ensino-aprendizagem, ao receberem oportunidades de compartilhar suas vivências, algo também evidenciado nos trabalhos de Bosi (2003) sobre o tempo e a memória. ...
O artigo discute a relevância dos saberes tradicionais de benzer, rezar e curar em comunidades brasileiras, com foco nas regiões do Pantanal, Cerrado e Amazônia. O estudo é baseado nas experiências vivenciadas durante o "Encontro de Troca de Saberes Tradicionais", realizado em Palmas, Tocantins, que reuniu praticantes tradicionais, pesquisadores e profissionais da educação e saúde. O objetivo é promover o intercâmbio entre esses saberes populares e o conhecimento acadêmico, ao descrever um espaço de cooperação e respeito mútuo. A pesquisa é qualitativa, guiada pela Fenomenologia, e utiliza entrevistas semiestruturadas e análise de conteúdo para compreender as práticas tradicionais. Os resultados indicam uma diversidade de abordagens para o benzer, rezar e curar, com destaque para três representantes: uma cigana, uma sacerdotisa e uma professora universitária, que variam conforme a região e o grupo social. As conclusões apontam a espiritualidade como um ponto de convergência entre os saberes tradicionais e científicos, sugerindo a necessidade de uma abordagem holística e inclusiva que valorize e preserve esses conhecimentos nas áreas da educação e saúde.
Este artigo busca investigar a trajetória profissional de jovens, dando ênfase na questão cor. Foram realizadas entrevistas com treze alunos, levantando, através da História de Vida, fundamentada em Becker (1999), a trajetória que eles desenvolveram após concluírem o curso técnico. A análise de dados teve como suportes teóricos estudos de Petruccelli (1998), Hall (2002), Velho (1999) e Teixeira (2003). O levantamento leva a refletir sobre a necessidade de apreciação dos dados sobre cor no Brasil e estimular pesquisas sobre as dimensões antropológicas e sociais no processo do brasileiro se autoclassificar e classificar o outro por categorias de cor.
This article intends to dance-discuss the becomings and memorial rhizomes present in the work Quarto de despejo, by Carolina Maria de Jesus, correlating memories of her history and the author’s narrative literature. As in choreography, we intertwine the concepts of becoming and rhizome within the perspective of Deleuze and Guattari. In this perspective, the writer’s records-phases-moments-forces tend to converge, as a becoming-woman full of multiplicities, and that ends up generating subjective memories of someone who lived in a favela and managed to write-punctuate-record experiences that deal with the issue of the miserable reality that surrounded her. Thus, the written ‘dance’ of this text will be a dialogue with notes by Henri Bergson present in the work Matter and Memory; it will use brief bursts of Michel Pollak, which will be used in the perspectives of empirical indicators of memory, dealing with aspects of individual and collective memory. In this sphere, the thoughts of Maurice Halbwachs will be addressed, as he also points out that “our memories remain collective and are remembered by others”; and within another memorialistic rhizome, the text will dialogue with Augusto Sarmento-Pantoja who addresses the forms of memories and their nuances that can be identified in the work of Carolina Maria de Jesus.
O presente artigo é fruto de um estudo mais abrangente sobre a Feira Livre da Cidade de Viçosa, Minas Gerais. É um recorte que investigou sobre como interagem os indivíduos e a cidade e o que resulta disso. Como metodologia, utilizou-se observação participante e análise léxica córpus de 11 (onze) entrevistas por meio do software Iramuteq. As palavras que mais se repetiram nas respostas foram analisadas pelo método Análise de Conteúdo. Os resultados indicaram ramificações referentes à "Tradição Urbana", "Qualidade dos alimentos", "Utilização do espaço" e "Interações", as quais permitiram refletir sobre a relevância da Feira Livre para a cidade de Viçosa-MG e suas dinâmicas. A partir das interações entre essas ramificações, verificou-se que esse evento se constitui uma experiência singular de sociabilidade, manifestação cultural popular e disputa pelas ruas da cidade.
Este artigo dialoga com memórias de velhos(as) trabalhadores(as) ribeirinhos de Ilha Grande, no litoral do Piauí, compreendendo como as memórias das práticas de trabalho, como a pesca e o cultivo, contribuem para a construção da identidade coletiva da comunidade. A pesquisa investiga o papel da transmissão de saberes na preservação das tradições culturais, especialmente diante das mudanças ambientais e econômicas, aprofundando-se na análise das divisões tradicionais de gênero, observando como homens e mulheres ribeirinhos negociaram e desafi aram essas divisões por meio de suas práticas de trabalho. Ao destacar a importância da labuta na vida cotidiana dessas populações, o artigo revela a resiliência e a criatividade desses trabalhadores em suas estratégias de sobrevivência, adaptando-se às condições adversas impostas pela natureza e pela modernização.
Este artigo resulta de um recorte de um estudo mais amplo sobre a Feira Livre de Viçosa (MG), destacando seu papel que vai além do econômico, sendo um espaço de sociabilidade, identidade cultural e fortalecimento da agricultura familiar. O objetivo é analisar as vivências e desafios dos feirantes e da comunidade, enfatizando a Feira como patrimônio cultural imaterial. A pesquisa utilizou observação participante e análise léxica de 11 entrevistas processadas pelo software Iramuteq. Por meio de análise de similitude e nuvem de palavras, destacaram-se termos como "gente", "lugar", "encontro", "produto" e "trabalho", reforçando a feira como um espaço de afeto, tradição e troca de saberes. O estudo propõe a criação da Rádio Feira itinerante para fortalecer laços comunitários e ampliar debates sobre questões relevantes. Além disso, enfatiza a necessidade de políticas públicas que apoiem a agricultura familiar e consolidem a feira como um espaço essencial para a comunidade. A Feira de Viçosa exemplifica como espaços tradicionais podem ser reinventados sem perder sua essência cultural e social.
Ações afirmativas buscam corrigir desigualdades históricas, proporcionando oportunidades específicas a grupos sub-representados, historicamente excluídos. Elas visam promover a equidade no acesso a oportunidades, em áreas como educação e emprego. São políticas de inclusão e de valorização da diversidade, com o intuito de compor sociedades equitativamente justas, independente das características das pessoas. O livro discute diferentes experiências.
Affirmative action seeks to address historical inequalities by providing specific opportunities to underrepresented and historically excluded groups. Its goal is to promote equity in access to opportunities in areas such as education and employment. These are policies of inclusion and the appreciation of diversity, aimed at building societies that are equitably just, regardless of individuals’ characteristics.
Procuramos nessa pesquisa, entender se e como as mudanças climáticas têm afetado a vida e cultura da etnia Terena; assim como buscamos valorizar e aprender com intuito de contribuir na ótica da Justiça Climática e Educação Ambiental numa perspectiva decolonial. A pesquisa foi ancorada no método da história oral com entrevista não estruturada como ferramenta. A comunidade Terena ainda pratica na medida do possível técnicas sustentáveis aprendidas no decorrer das gerações, pois as mudanças climáticas têm interferido bastante na prática e produção da agricultura familiar, ou roça como chamam. Mesmo tendo essa dificuldade, não desistiram da relação harmônica com o meio ambiente porque entendem que a natureza é a mãe que supre todas suas necessidades de vida.
A ditadura militar instaurou um período de censura e repressão à arte, cultura e meios de comunicação de forma explícita. Este artigo tem como objetivo apurar dados históricos sobre a censura e repressão na Rádio Maristela de Torres (RS) durante o regime militar na década de 1960. Os depoimentos orais possibilitaram uma análise sobre a forma como a emissora de rádio vivenciou a ditadura nessa década. A metodologia utilizada embasou o estudo de caso apontando de que maneira a censura atingiu a emissora de Rádio AM do interior do Rio Grande do Sul com base nos autores Prado (2012), Ferraretto (2001) e Assunção (2004). Fatos desconhecidos até então, como a pressão sobre os apresentadores dos Programas do Sindicato e Música e Oração, foram identificados ao longo da pesquisa.
RESUMO O presente artigo apresenta uma nova perspectiva de transferência tecnológica voltada para comunidades de agricultores familiares e comunidades tradicionais, com foco nas comunidades indígenas Sateré-Gavião e Aldeia Tururukari-Uka, situadas na região metropolitana de Manaus. Essas comunidades são compostas por indígenas migrantes de outras regiões do estado, como o Baixo Amazonas e o Alto Solimões.A pesquisa adota uma abordagem qualitativa, fundamentada em relatos orais individuais e coletivos obtidos por meio de entrevistas, conversas informais e reuniões. A sistematização dos dados evidencia que o desenvolvimento dessas comunidades, que buscam se estabelecer em territórios próximos à capital, representa um grande desafio para as instituições de pesquisa. No entanto, esses desafios podem ser superados por meio de uma abordagem que valorize
o conhecimento tradicional, promova o diálogo intercultural e possibilite a construção de uma agenda
de ações para o desenvolvimento rural sustentável dessas comunidades.
Palavras-chave: Deslocamento. Transferência de Tecnologia. Comunidades Indígenas.
Neste artigo, reflete-se sobre cultura jornalística a partir das fontes selecionadas para compor o produto noticioso. Em chave de contraposição ao predomínio narrativo das instâncias oficiais e especializadas, tradicionalmente consultadas em coberturas informativas, inscreve-se o protagonismo do homem ordinário, a partir de entrecruzamentos bibliográficos entre a comunicação e a história oral, como horizonte possível a dinâmicas jornalísticas de configuração polifônica, nas vias de uma mediação social mais autoral e intersubjetiva.
O objetivo desta pesquisa foi investigar o processo de criação e desenvolvimento do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), Câmpus Irati, desde a sua criação, em 2005. Buscou-se compreender como o curso foi concebido, as motivações, os desafios na sua implantação e as mudanças estruturais ocorridas ao longo dos anos. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, amparada nos pressupostos metodológicos da História Oral,cuja produção de dados se deu a partir de entrevistas com professores que estiveram diretamente envolvidos na criação do curso e exerceram a docência desde os primeiros anos de sua existência. Além das narrativas orais, foram mobilizadas outras fontes, como as quatro versões do Projeto Pedagógico do Curso. A pesquisa possibilitou a constituição de uma narrativa histórica sobre o curso de Matemática da Unicentro, Câmpus Irati, contribuindo para a compreensão de aspectos históricos sobre formação de professores e, mais especificamente, da institucionalização de atividades matemáticas na região de Irati (PR). Contribui também para o aprofundamento daspesquisas em História da Educação Matemática no Brasile, em particular, no estado do Paraná.
Este artigo tem como objetivo analisar as narrativas de trajetória de vida e formação dos professores da cidade de Novo Horizonte do Norte – MT, no sentido do que essa trajetória contribuiu para a construção e reconstrução dos saberes docentes e a constituição da identidade. O interesse sobre a temática deve-se às vivências como estudante da educação básica e bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID, momento em que refletimos sobre a diversidade de metodologias e didáticas observadas na sala de aula e que tem relação com a formação docente. Neste sentido, as narrativas de professores sobre seus processos de desenvolvimento profissional, perpassam pelas memórias de sua formação inicial e contínua. Quando essas memórias são passadas adiante em conversas formais ou informais, podem influenciar na construção da identidade profissional dos novos educadores. Para a realização do presente estudo, utilizamo-nos da pesquisa bibliográfica, que possibilitou análise e discussão das contribuições advindas das narrativas orais realizadas com o uso da metodologia da História Oral. Foi de grande importância reconhecer que as narrativas orais no contexto da formação de professores e no decorrer de suas práticas pedagógicas tem o potencial de transformar e potencializar a forma como se dá cada um destes processos.
Nos últimos anos, no Brasil, o termo “decolonial” ganhou força e respaldo entre intelectuais das Ciências Sociais e Humanas, sobretudo por conta dos trabalhos do grupo Modernidade/Colonialidade (M/C), surgido nos anos 1990, formado por latino-americanos e americanistas. Antes, porém, do aparecimento do M/C, uma socióloga e historiadora boliviana de origem Aymará, Silvia Rivera Cusicanqui, já apresentava reflexões e ações que, ao invés de decoloniais prefere chamar de descolonizantes/descolonizadoras. Apesar de mais de 40 anos de atuação intelectual e política, sobretudo em movimentos libertários andinos, Rivera Cusicanqui ainda é pouco conhecida no ambiente acadêmico brasileiro. Por meio da leitura e da análise de suas obras, bem como de seus intérpretes, é possível desvendar a originalidade das propostas realizadas por ela, sempre de maneira coletiva e colaborativa. O objetivo do artigo é apresentar, ainda que parcialmente, seu pensamento-sentimento-movimento, mostrando a importância de formulações teórico-práticas para as ações-reflexões a respeito da história do tempo presente na América Latina, em particular na Bolívia, seu país de origem. A partir dos trabalhos desenvolvidos inicialmente no Taller de Historia Oral Andina (THOA), do qual a intelectual-ativista foi uma das cofundadoras, é possível vislumbrar formas outras de se fazer-pensar os registros das oralidades, bem como seus usos e possíveis abusos. Além disso, o mundo ch’ixi preconizado por ela, notadamente em suas últimas obras, permite combater a “ventriloquia decolonial” (que pretende falar pelos subalternizados), avançando de discursos para práticas que, de fato, incidam sobre a descolonização de saberes e fazeres.
Este artigo apresenta um estudo sobre a disciplina de Canto presente no currículo do Collegio Allemão de Pelotas, nas primeiras quatro décadas do século XX, como estratégia de preservação do germanismo e da língua alemã. Além disso, os Relatórios Escolares do Collegio Allemão de 1913 e 1923, os Estatutos do Collegio Allemão de 1915, o cancioneiro “Es tönen die Lieder...” (Soam canções...), de Wilhelm Schlüter, 1931, entrevistas com quatro alunas e boletins escolares, como principais fontes dessa pesquisa. A música correspondeu a uma forma genuína de transmissão de um logos e de um ethos através da interpretação de canções pelas quais valores e tradições centenárias foram veiculados por meio de palavras cantadas em língua alemã e, também, em língua portuguesa, contribuindo para a formação de uma identidade singular dos alunos teuto-brasileiros no locus acima anunciado.
Neste artigo analisamos as estratégias de sobrevivência dos libertos, na região rural do sul do Estado do Espírito Santo, por meio do depoimento oral dos seus descendentes. Destacamos a reorganização do trabalho após abolição do cativeiro, em 13 de maio de 1888: as possibilidades de os libertos terem acesso à terra; o trabalho familiar; os seus movimentos de migração, dada a mobilidade da mão de obra, na região e a estrutura fundiária caracterizada pela produção da monocultura do café para o mercado externo que suportou a crise após a mudança no regime de trabalho e manteve seu ritmo de crescimento de acordo com as suas especificidades regionais.
O texto faz um breve balanço da posição da história social do trabalho na construção do campo da his´tória oral e na efemeride de 30 anos da Associação Brasileira de História Oral (ABHO). É uma síntese e apresentação do dossiê "História Oral e Mundos do Trabalho".
As mulheres professoras contribuíram para a consolidação do DCG-UFPE não apenas em questões acadêmicas, mas também no desenvolvimento de representatividades entre os gêneros em ambientes de produção científica. Nesse sentido, a presente pesquisa demarca quem foram essas mulheres professoras que adentram ao Departamento de Ciências Geográficas na Universidade Federal de Pernambuco (1960-1990) e quais as problemáticas de gênero vivenciadas nesse período. Buscou-se também entender a partir de quais cenários essas mulheres se construíram como profissional Geógrafa e professoras acadêmicas, como também de quais formas essas mulheres contribuíram para a produção de estudos geográficos em Pernambuco. A partir de pesquisas a documentos, bibliotecas e entrevistas foram cumpridos os objetivos. Diante disso, observou-se a presença das mulheres professoras como protagonistas e precursoras de espaços de pesquisa e formação acadêmica, sendo a expressão da evolução da representatividade entre os gêneros no mercado de trabalho. Para contextualizar esses acontecimentos, rememora-se as dificuldades enfrentadas por elas e por suas alunas nos anos de 1960-1990 na produção de ciências geográficas e como as suas produções contribuíram para a produção da geografia produzida em Pernambuco.
Este estudo aborda o entrelace das fontesorais e visuais para a compreensão das trajetóriasdocentes de professoras do bairroda Cidade da Esperança, construído emNatal, Rio Grande do Norte, no ano de1966. Os objetivos são estabelecer relaçõesentre as fontes orais e imagéticas e, pormeio do cruzamento dessas fontes, realizaruma associação à discussão acerca dotrabalho docente vivido pelas primeirasprofessoras da Cidade da Esperança. Utilizamosa história oral e entrevistas públicas,como aporte teórico-metodológico.Percebemos que pensar a educação a partirda história de vida de professoras permite-nos refletir sobre a formação de professores,a partir da perspectiva daquelasque a fazem cotidianamente. O cruzamento entre as fotografias e narrativas possibilitair além de uma visão focada em documentosoficiais, além da visão do Estado.Concluímos que a história de vida dasprofessoras e suas narrativas podem revelardetalhes acerca da construção da identidadedocente, destacando a importânciada coletividade e da comunidade na formaçãoe na prática docente.
O texto apresenta a continuidade da pesquisacom usuários de livros didáticos, quecursaram a escola entre 1940 e 1970, publicadaem um artigo no ano de 2004, na revistaEducação e Pesquisa, que se inseria noprojeto “Educação e memória: organizaçãode acervo de livro didático”, coordenadopor Circe Bittencourt. O texto aqui apresentadotem por objetivo dar prosseguimentoà análise de entrevistas realizadasem 2004 e 2005, considerando a permanênciade estudos de memórias de manuais escolares,coletadas a partir da metodologiada história oral. Foram escolhidas três entrevistasde depoentes que estudaram entreas décadas de 1950 e 1960, associando-as aoartigo de 2004, e apresentando reflexões arespeito dos livros didáticos, a história orale a diversidade de memórias e vivências escolares.Como resultado, explicita a importânciade estudar e preservar a história doslivros didáticos.
As análises delineadas neste texto visam refletir sobre como as entrevistas públicas foram realizadas de maneira interativa para proporcionar momentos de formação de professores, com base nas ideias desenvolvidas na história pública. Como referencial teórico-metodológico optamos pela história oral em conjunto com a história pública para analisar as trajetórias de vida das professoras sob uma perspectiva sócio-histórica, com base em Santhiago (2016) e Cauvin (2016). Os estudos de Pranto, Sulaiman e Almeida (2023) e Goodson (2022) foram fundamentais para traçar discussões acerca do caráter formativo das narrativas docentes. As entrevistas públicas foram conduzidas de forma dialógica, permitindo a participação do público na construção das narrativas. As entrevistas públicas foram construídas a partir das discussões e reflexões acerca do entrelace da história oral e história pública, que nos permitiram uma visão e construção dialógica e colaborativa. Essa prática evidencia o caráter formativo das entrevistas, enfatizando a necessidade de compartilhar e valorizar as experiências dos professores dentro da comunidade escolar.
Esta obra intitulada “Objetos da Cultura Material Escolar: memórias, identidades e pertencimentos” é composta por 10 (dez) capítulos, oriundos do componente curricular optativo “Educação em Museus: pesquisas e práticas”, ministrado no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Ensino da Universidade Federal do Oeste da Bahia (PPGE/ UFOB). Os capítulos têm autorias de estudantes regulares e estudantes especiais do mestrado, compondo assim a oferta do referido componente no ano de 2022 através da linha de pesquisa Ensino, Memória e Identidade. Este resultado coletivo e composto pelas memórias dos autores, tem a nossa orientação e organização enquanto docentes que acreditam na produção de um conhecimento em que Ensino e Pesquisa, gradualmente e permanentemente se encontram em memórias, identidades e pertencimentos que ganharam visibilidade através de objetos da Cultura Material Escolar. Assim, desejamos boas leituras e reencontros com as suas memórias.
Analisa-se aqui um abrigo e escola para órfãos, na cidade de Porto Alegre, conhecida como “Pão dos Pobres de Santo Antônio, que funciona desde 1895 até os dias atuais. A investigação tem sua base metodológica amparada na História Oral e na Análise Documental de Arquivos Pessoais O recorte temporal situa-se entre os anos 1947 e 1955, estando relacionado à vida de um dos moradores. As memórias de Seu Barbosa trazem as dimensões do afeto e da gratidão pela oportunidade de, nas suas palavras, “ser alguém”, fato que está vinculado, principalmente, ao aprendizado de uma profissão.
Este artigo enfatiza a importância das memórias e da história oral para a preservação das práticas ancestrais do ritual Ensaio do Pagamento de Promessa e da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário de Tavares/RS. Através do trabalho de campo etnográfico, foram realizadas entrevistas com integrantes e, a partir delas, buscou-se refletir sobre a conectividade das lembranças individuais e coletivas que criam um elo entre o passado e o presente. O texto aborda como as memórias individuais se relacionam com a memória coletiva da irmandade. Neste sentido, a transmissão dos saberes através da oralidade tem grande importância na formação da identidade cultural e para o compartilhamento do conhecimento ancestral.
Resumo: Este artigo diz respeito ao recorte de um estudo que foi realizado junto ao Mestrado em História da Universidade Federal de Pelotas, entre os anos de 2016 e 2018, e se refere à Dissertação apresentada ao programa. O tema se relaciona à violência contra a mulher na contemporaneidade. A metodologia utilizada foi a História oral temática e foram entrevistados 18 réus que estavam sendo julgados no Juizado da Violência Doméstica da comarca de Pelotas, a fim de buscar conhecer suas versões sobre as situações violentas em que haviam se envolvido. A violência, que sempre fez parte da história da humanidade, cerceou a vida de inúmeras mulheres ao longo de todos os períodos históricos, permanecendo nos tempos atuais, apesar da sociedade não admitir mais essas formas de agressão e existirem leis que as proíbem e que visam punir os agressores.Palavras-chave: Violência contra mulher. Gênero. Masculinidades.Abstract: This article refers to the clipping of a study that was carried out with the Master in History of the Federal University of Pelotas, between the years 2016 and 2018, and refers to the Dissertation presented to the program. The theme is related to violence against women in contemporary times. The methodology used was thematic oral history and 18 defendants who were being tried in the Domestic Violence Court of the Pelotas district were interviewed, in order to seek to know their versions of the violent situations in which they had been involved. Violence, which has always been part of the history of mankind, has surrounded the lives of countless women throughout all historical periods, remaining in current times, despite the fact that society no longer allows these forms of aggression and there are laws that prohibit and that aim at them punish the aggressors.Keywords: Violence against women. Gender. Masculinities. Perceptions of domestic violence from the perspective of female aggressors
O presente artigo apresenta questionamentos relacionados à sociabilização, modernização e os caminhos da economia no meio rural paulista. Tem por objetivo colocar em discussão as heranças sociais e econômicas da condição rural e o que permanece no que diz respeito às consequências sociais atreladas a construção de uma identidade do homem do campo no imaginário paulista. Sob este pano de fundo faremos uma breve contextualização para compreender tais transformações, o artigo caminha entre as leituras de obras literárias, como a de Monteiro Lobato, para compreender as representações diversificadas no que diz respeito à naturalização da identidade do homem do interior paulista, buscamos também elementos analíticos para compreender com base em estudos sobre o uso da terra e atuação de cooperativas em bairros rurais atualmente.
Há uma alta prevalência de sofrimento físico e psicológico entre a população diagnosticada com Esclerose Múltipla. Receber esse diagnóstico pode muitas vezes provocar aumento dos níveis de estresse, depressão, ansiedade e sofrimento. Além disso, muitas pessoas com Esclerose Múltipla relatam que o estresse psicológico pode piorar os sintomas característicos da doença, como fadiga, dor física e dormências. Dessa maneira, no presente estudo, nove pessoas diagnosticadas com Esclerose Múltipla contaram suas histórias. Utilizando-se das entrevistas orais, foi possível adentrar em suas experiências que extrapolam a intervenção de Mindfulness. Foi possível acessar dores, ansiedades, tristezas, medos, vergonhas, elementos de aceitação, presença e autocompaixão. Foram discutidos, também, os fatores que poderiam interferir na baixa adesão desse público a pesquisas dessa natureza.
There is a high prevalence of physical and psychological suffering among the population diagnosed with Multiple Sclerosis. Receiving this diagnosis can often cause increased levels of stress, depression, anxiety and suffering. Additionally, many people with Multiple Sclerosis report that psychological stress can worsen the disease’s characteristic symptoms such as fatigue, physical pain and numbness. Thus, in the present study, nine people diagnosed with Multiple Sclerosis told their stories. Using oral history interviews, it was possible to delve into their experiences that go beyond the Mindfulness intervention. It was possible to access pain, anxieties, sadness, fears, shame, elements of acceptance, presence and selfcompassion. Factors that could interfere with this public’s low adherence to research like this were also discussed.
A teoria social contemporânea tem vindo a enfatizar a relação existente entre memória e tradição oral na produção de conhecimentos, na sua vertente transdisciplinar. Este artigo, procura trazer à colação algumas meditações atinentes à legitimidade do contributo da memória e da tradição oral na produção do conhecimento histórico e, simultaneamente, o seu contributo para a formação de uma historiografia africana. Por isso, o reconhecimento do contributo da historiografia moderna para a valorização de um conjunto de práticas memorativas e identitárias de uma determinada sociedade abre caminho para reflectirmos sobre a memória e a tradição oral. As tradições orais africanas abrangem o vasto universo da literatura oral (provérbios, orações, mitologias, lendas, expressões idiomáticas, etc.), aspectos que não devem ser ignorados pelos historiadores, pois constituem o que Maurice Halbwachs (2008) designa memória colectiva. Partindo de uma perspectiva qualitativa-hermenêutica, assume-se que a tradição oral não se limita a estórias e lendas, ou mesmo a relatos mitológicos, mas, sim, também reflecte uma grande escola da vida, já que relaciona e recupera os aspectos vitais inerentes aos povos. Nesta óptica, percebe-se que tanto as memórias quanto a tradição oral possuem um substracto funcional comum, que é o de agirem como antídotos do esquecimento ou fontes de imortalidade. Sendo assim, ao oferecer meios para preservação da memória colectiva, a tradição oral coopera para a sua reassunção e disseminação.
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