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Discussões sobre as mudanças climáticas globais: os alarmistas, os céticos e os modelos de previsão do clima

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DISCUSSIONS ABOUT GLOBAL CLIMATE CHANGES: THE ALARMISTS, THE SKEPTICS AND CLIMATE FORECAST MODELS This paper aims to discuss difficult questions and doubts about researches regarding global climate change, showing discordances about what different scientific groups and the forecasts elaborated by forecasting climate models. Therefore, we take for basis the theories formulated by the two scientific groups: the alarmists and skeptics, and the prognostic showed by the Intergovernmental Panel of Climate Change (IPCC), 2007. This work was based in a research of books, technical documents and scientific papers, and the interpretation of graphs and data within these works. The results showed that oscillating temperatures always existed in the Earth’s atmosphere before human existence and the oscillation was larger than today. However, alarmists and skeptics believe that the earth atmosphere’s temperature elevated by approximated 0.6º C in the XX century, but there is a big divergence about the causes that rise and the consequences. Finally, an issue that questions the reliability of both groups, concerns the problem of forecast mainly because there are many factors and elements involved in the complexity of climate system thus making accurate climate predictions virtually impossible and leaving the debate so far, in the field of assumptions.Key-words: Global climate change, global heat, alarmists and skeptics, forecast models. Discussões sobre as mudanças climáticas globais: os alarmistas, os céticos e os modelos de previsão do clima Resumo Este ensaio traz à tona questões intrigantes e dúvidas que permeiam as pesquisas voltadas às mudanças climáticas globais, enfatizando as discordâncias existentes entre as distintas correntes de cientistas e os prognósticos elaborados pelos modelos de previsão do clima. Para tanto, tomou-se por base as teorias propagadas por alarmistas e céticos, bem como o prognóstico do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC) de 2007. O ensaio se baseou na análise de livros, relatórios técnicos e artigos científicos, além da interpretação dos gráficos contidos nos mesmos. Os resultados mostraram que sempre houve variação na temperatura da atmosfera, mesmo antes do surgimento do homem e em níveis bem mais elevados do que os atuais. Contudo, alarmistas e céticos concordam que a Terra passou por um aquecimento de cerca de 0,6ºC no século XX, havendo divergência no que diz respeito às causas desse aquecimento, suas consequências, e se ele ainda está ocorrendo. Entretanto, um aspecto que põe em xeque a confiabilidade de ambas as correntes diz respeito ao problema da previsão, pois são muitos os fatores e elementos envolvidos na complexidade do sistema climático, tornando, 244. GeoTextos, vol. 10, n. 1, jul. 2014. F. Cruz, L. da Silva, E. Pereira, R. Lucena 243-258 assim, previsões climáticas exatas praticamente impossíveis, e deixando o debate, até o momento, no campo das suposições. Palavras-chave: mudanças climáticas globais, aquecimento global, alarmistas e céticos, modelos de previsão do clima. Abstract DISCUSSIONS ABOUT GLOBAL CLIMATE CHANGES: THE ALARMISTS, THE SKEPTICS AND CLIMATE FORECAST MODELS
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GeoTextos, vol. 10, n. 1, jul. 2014. F. Cruz, L. da Silva, E. Pereira, R. Lucena 243-258 .243
Francisco Ronnieplex de Moura Cruz
Professor substituto do Departamento de Geograa, CERES/Caicó/UFRN
ronnieplex@yahoo.com.br
Letícia Andrade da Silva
Graduanda do Departamento de Geograa, CERES/Caicó/UFRN
leticiaandrade36@yahoo.com
Elisiene de Macêdo Pereira
Graduanda do Departamento de Geograa, CERES/Caicó/UFRN
elisienemacedo@hotmail.com
Rebecca Luna Lucena
Professora da UFRN e doutoranda da UNB
rebeccaosvaldo@yahoo.com.br
Discussões sobre as mudanças
climáticas globais:
os alarmistas, os céticos e os
modelos de previsão do clima
Resumo
Este ensaio traz à tona questões intrigantes e dúvidas que permeiam as pesquisas
voltadas às mudanças climáticas globais, enfatizando as discordâncias existentes
entre as distintas correntes de cientistas e os prognósticos elaborados pelos modelos
de previsão do clima. Para tanto, tomou-se por base as teorias propagadas por
alarmistas e céticos, bem como o prognóstico do Painel Intergovernamental sobre
as Mudanças Climáticas (IPCC) de 2007. O ensaio se baseou na análise de livros,
relatórios técnicos e artigos cientícos, além da interpretação dos grácos contidos
nos mesmos. Os resultados mostraram que sempre houve variação na temperatura
da atmosfera, mesmo antes do surgimento do homem e em níveis bem mais
elevados do que os atuais. Contudo, alarmistas e céticos concordam que a Terra
passou por um aquecimento de cerca de 0,6ºC no século XX, havendo divergência
no que diz respeito às causas desse aquecimento, suas consequências, e se ele
ainda está ocorrendo. Entretanto, um aspecto que põe em xeque a conabilidade
de ambas as correntes diz respeito ao problema da previsão, pois são muitos os
fatores e elementos envolvidos na complexidade do sistema climático, tornando,
244. GeoTextos, vol. 10, n. 1, jul. 2014. F. Cruz, L. da Silva, E. Pereira, R. Lucena 243-258
assim, previsões climáticas exatas praticamente impossíveis, e deixando o debate,
até o momento, no campo das suposições.
Palavras-chave: mudanças climáticas globais, aquecimento global, alarmistas e
céticos, modelos de previsão do clima.
Abstract
DISCUSSIONS ABOUT GLOBAL CLIMATE CHANGES: THE ALARMISTS, THE SKEPTICS
AND CLIMATE FORECAST MODELS
This paper aims to discuss difcult questions and doubts about researches regarding
global climate change, showing discordances about what different scientic groups
and the forecasts elaborated by forecasting climate models. Therefore, we take for
basis the theories formulated by the two scientic groups: the alarmists and skeptics,
and the prognostic showed by the Intergovernmental Panel of Climate Change
(IPCC), 2007. This work was based in a research of books, technical documents
and scientic papers, and the interpretation of graphs and data within these works.
The results showed that oscillating temperatures always existed in the Earth’s
atmosphere before human existence and the oscillation was larger than today.
However, alarmists and skeptics believe that the earth atmosphere’s temperature
elevated by approximated 0.6º C in the XX century, but there is a big divergence
about the causes that rise and the consequences. Finally, an issue that questions the
reliability of both groups, concerns the problem of forecast mainly because there
are many factors and elements involved in the complexity of climate system thus
making accurate climate predictions virtually impossible and leaving the debate so
far, in the eld of assumptions.
Key-words: Global climate change, global heat, alarmists and skeptics, forecast
models.
1. Introdução
O clima e os eventos do tempo interferem nas mais variadas ativida-
des humanas e na segurança do próprio ser humano (MOLION, 2012). O
conhecimento da sociedade acerca das trocas de influências entre o clima
e as atividades humanas toma novos matizes no momento histórico pre-
sente, no qual é realidade o aumento da população global e da degradação
ambiental (MENDONÇA, 2010).
A partir das últimas décadas do século XX e adentrando pelo século
XXI, temas como mudanças climáticas e aquecimento global têm domina-
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do não só a mídia de massa, mas também provocado grandes embates no
mundo científico. Partindo desse pressuposto, este ensaio busca apontar
as principais dúvidas e incertezas que permeiam as questões voltadas às
mudanças climáticas globais, enfatizando as discordâncias existentes entre
as principais correntes de cientistas do clima e entre os diversos prognós-
ticos elaborados, expondo os pontos mais imprecisos sobre as mudanças
climáticas e suas consequências sobre a superfície da Terra.
Assim sendo, ao analisar os dados bibliográficos inerentes ao assunto,
pretendemos elucidar as principais dúvidas e contradições que permeiam
o tema das mudanças climáticas e os modelos de previsão do clima, es-
tes últimos publicados no Painel Intergovernamental para as Mudanças
Climáticas (IPCC, 2007). Nesse sentido propõe-se mostrar as principais
ideias das duas linhas de cientistas, a cética, contrária ao aquecimento
antrópico, e a alarmista, que atribui o aquecimento global à ação antrópi-
ca, ambas com teses totalmente divergentes e com argumentos bastante
convincentes para assim defenderem com muito afinco seus prognósticos,
como será exposto mais adiante.
Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se de pesquisa biblio-
gráfica. Este tipo de pesquisa busca explicar um ou mais problemas com
base em contribuições teóricas publicadas em documentos como livros,
periódicos, revistas, relatórios, etc. (TRALDI; DIAS, 2006). Nesta pesquisa
nos utilizamos de livros, leitura de artigos e leitura do IV Relatório do IPCC
- Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática/ONU - Organização
das Nações Unidas, de 2007 (IPCC, 2007), todos abordando temas relativos
às mudanças climáticas e seus prognósticos. Concomitante à leitura do
material bibliográfico, foi realizada a análise e a interpretação dos gráficos
contidos nestes documentos, gráficos estes que trazem números princi-
palmente relativos aos parâmetros temperatura e CO2. Os resultados aqui
expostos foram baseados em estudos científicos, optando-se pela supressão
de manchetes de jornais e revistas não científicas, por serem incontáveis
e por muitas vezes não se comprometerem com o rigor científico.
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2. Breve resumo sobre a atmosfera da Terra e sua evolução
A análise do material bibliográfico consultado nos mostra que a Terra,
desde sua formação, passou por mudanças drásticas em sua superfície e
sua atmosfera. No início da formação do planeta a atmosfera era espessa
e rica em CO2, proveniente das erupções vulcânicas e colisões cósmicas
(OLIVEIRA et al., 2001). Bilhões de anos foram necessários para que a
atmosfera terrestre evoluísse para o que é hoje. Os componentes atmosfé-
ricos e sua temperatura variaram e continuam em processo dinâmico de
evolução junto ao planeta Terra. Sempre ocorreu variação na temperatura
da superfície da Terra e consequentemente da atmosfera terrestre, mes-
mo antes do surgimento do homem, e existem evidências de que estas
temperaturas estiveram em níveis bem mais elevados do que os atuais
(KANDEL, 2007).
As mudanças dentro da atmosfera podem ser inteiramente provo-
cadas tanto dentro do sistema Terra-atmosfera, como também por fatores
extraterrestres, e é importante fazer uma distinção entre variação do
tempo atmosférico e variações climáticas, pois, só se pode considerar uma
mudança climática sobre determinada área, se ocorrerem flutuações cli-
máticas por um longo período de tempo. Uma mudança no clima significa
uma mudança na circulação geral da atmosfera, pois dessa última o clima
depende em última análise (AYOADE, 1996).
A atmosfera da Terra é composta, em sua maior parte, por um con-
junto de gases. Os mais abundantes são o nitrogênio (78,1%) e o oxigênio
(20,9%), mas também há o argônio com 0,0934% e o dióxido de carbono
com 0,033%, além de 0,003% de outros gases (OLIVEIRA et al., 2001).
Também participam como componentes atmosféricos materiais particu-
lados em suspensão, como poeira, fuligem, o pólen das plantas e demais
impurezas que são lançadas na baixa atmosfera pela ação dos ventos.
O efeito estufa que ocorre na atmosfera da Terra é um fenômeno na-
tural, cuja ocorrência remete à origem da atmosfera e decorre da interação
dos componentes da troposfera (primeira camada a partir da superfície
terrestre) com a energia emitida pela superfície terrestre, a partir da inte-
ração da superfície com a energia oriunda do Sol. Esse fenômeno é um dos
principais responsáveis pelo aquecimento do ar e, consequentemente, por
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manter a temperatura da Terra em níveis adequados à existência da vida
como a conhecemos (TOLENTINO, 1995; TORRES, 2011). A ação desses
gases consiste dos mesmos bloquearem a perda da radiação terrestre para o
espaço (por absorção do calor, por exemplo), mantendo-a assim na troposfe-
ra e provocando seu aquecimento (MENDONÇA; DANNI-OLIVEIRA, 2007).
O IV relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC AR4 2007) afirma que é bem provável que
a elevação da temperatura média global, verificada nos últimos 50 anos,
tenha sido causada pelo acréscimo da concentração de gases estufa, pro-
vocado pelo aumento das atividades antrópicas nos dias contemporâneos.
“Essas mudanças têm afetado o clima, o ciclo hidrológico e os eventos
extremos, com impactos na disponibilidade dos recursos hídricos em
âmbito global e regional” (MARENGO et al., 2011 p. 11). Esta afirmativa
do IPCC ganhou grande atenção mundial e este relatório de 2007 foi o
motor principal de muitos trabalhos científicos que vêm sendo publicados
atualmente no intuito de se descobrir o quanto as atividades humanas
podem modificar a dinâmica climática da Terra, através do incremento
de gases estufa na atmosfera.
3. As mudanças climáticas globais: os alarmistas, os céticos, o
CO2 e a temperatura do ar
Atualmente, existem duas linhas ou correntes científicas de autores
que tratam das questões referentes às mudanças climáticas globais: a
alarmista e a cética, também denominada negacionista. Porém, tanto a
alarmista quanto a cética, concordam que a Terra passou por um aqueci-
mento de cerca de 0,6ºC no século XX, havendo, no entanto, uma grande
divergência entre os cientistas no que diz respeito à causa desse aqueci-
mento, suas consequências, e se ele ainda está ocorrendo.
Os alarmistas afirmam que esse aquecimento global, principal motor
das mudanças climáticas globais, tão propagado nos meios de comunica-
ção, é consequência do aumento do CO
2
na atmosfera provocado pela ação
antrópica e que ele ainda está ocorrendo e irá aumentar nos próximos
anos (IPCC, 2007; MARENGO et al., 2011). Já os céticos afirmam que
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o aquecimento atual é um fenômeno natural, que ele já cessou e que,
pelo contrário, a Terra está passando na atualidade por um processo de
resfriamento (MARUYAMA, 2008; MOLION, 2008; ALEXANDER, 2010).
Para alguns autores, o dióxido de carbono (CO2) é o principal respon-
sável pelo efeito estufa, pois ele é um gás que retém o calor na baixa atmos-
fera. O pai dessa teoria é o químico suíço Svante A. Arrhenius (1859-1927),
porém a teoria mais importante relacionada ao tema foi elaborada pelo
cientista inglês Nicholas J. Shackleton (1937-2006) (MARUYAMA, 2008).
Vale lembrar que existem outros gases como o vapor de água, o metano,
a amônia, o óxido nitroso, o ozônio e o clorofluorcarboneto, que também
contribuem para a intensificação do efeito estufa. Além desses gases,
existe ainda o material particulado em suspensão no ar que contribui de
modo relevante para o processo do efeito estufa. Todos esses componentes
atuam como uma barreira, impedindo que a energia secundária irradiada
pela Terra, em forma de onda longa, seja dissipada para o espaço sideral
(VEIGA, 2008).
O dióxido de carbono (CO2) está presente na atmosfera da Terra desde
sua formação, mas tem variado ao longo das eras geológicas. Ainda que al-
guns autores afirmem que essas variações do CO
2
e da temperatura da Terra
na atualidade estejam ocorrendo principalmente devido ao incremento da
queima de combustíveis fósseis como petróleo, gás e carvão, promovido
através da industrialização e do aumento da frota de veículos, assim como
em virtude do desmatamento e da queimada de florestas (MENDONÇA;
DANNI-OLIVEIRA, 2007), outros observam que variações semelhantes
ou até maiores já ocorreram em períodos passados, quando não existia
nenhuma manipulação desses combustíveis fósseis pela ação humana.
Diante dessa problemática, os cientistas que trabalharam e redigiram
o IPCC 2007 são bastante enfáticos ao afirmarem que a concentração de
dióxido de carbono, de gás metano e de óxido nitroso na atmosfera global
tem crescido significativamente em virtude das atividades antrópicas desde
o ano de 1750 e que, em consequência disso, a temperatura terrestre está
aumentando e provocando mudanças climáticas de nível global (IPCC,
2007).
Porém, o relatório do IPCC não consegue explicar com nitidez, ou
pelo menos de forma convincente, pautado na teoria do CO2, dois pontos:
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por que entre 1925 e 1946 houve um aumento na temperatura média do
Planeta de 0,4°C, que corresponde a 70% do aquecimento dos dias atuais,
e por que houve depois disso um decréscimo de temperatura, entre 1947
e 1976 (LINO, 2011). Vale lembrar que esse último foi o período do pós-
-guerra e que foi a partir desse momento que começou a haver um maior
desenvolvimento tecnológico e consequentemente uma maior emissão de
CO2 na atmosfera, como afirma Molion (2008).
A grande lacuna que separa as duas linhas de cientistas está pautada
no fato de os dois grupos terem ideias muito distintas com relação às
origens do aumento da temperatura da atmosfera terrestre: enquanto
os alarmistas afirmam que o aquecimento pelo qual passou e/ou passa
o planeta Terra no século XX e início do século XXI é causado pelo in-
cremento do dióxido de carbono na atmosfera, provocado, segundo eles,
pela ação antrópica (IPCC, 2007), os céticos têm outra visão bem mais
complexa do tema, pois, para eles, os seres humanos têm muito pouca ou
nenhuma influência no aquecimento global (ALEXANDER, 2010). Assim,
os céticos abrem um leque com vários fatores que podem ter provocado
ou estar provocando esse aquecimento, que, como dito anteriormente, é
um aquecimento inferior a outros ocorridos em períodos passados, muito
antes da revolução industrial que iniciou a grande demanda por energia
e uso de combustíveis fósseis. Para os céticos, não se pode deixar de lado
a complexidade que envolve o clima da Terra e nos prender a uma única
teoria explicativa, no mínimo contestável, que é a teoria do CO2.
De acordo com Kandel (2007), Maruyama (2008), Molion (2008),
Aragão (2009) e Molion (2011), os principais fatores que influenciam nas
mudanças climáticas são, sem ordem de importância:
• a intensidade da atividade solar, que quanto mais intensa mais con-
tribuirá para que haja um aquecimento no globo;
• o campo geomagnético e os raios cósmicos, pois guardam uma re-
lação, e, quando o primeiro se intensifica, os segundos se enfraque-
cem, favorecendo o aumento das temperaturas terrestres;
• as erupções vulcânicas, que, com suas nuvens de poeira, fazem a
temperatura média do planeta diminuir. Uma prova real deste fato
foi a explosão do vulcão Pinatubo nas Filipinas em 1991, que provo-
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cou o arrefecimento da temperatura em todo o mundo nos dois anos
seguintes à explosão;
• a órbita terrestre que, de acordo com a teoria de Milankovitch, exer-
ce grande influência no clima da Terra, pois a distância entre a Terra
e o Sol varia em virtude da força gravitacional exercida por Júpiter e
Saturno. Quando essa distância é menor, a Terra recebe mais ener-
gia e se aquece, quando é maior, ocorre o efeito contrário.
Diante das causas já relatadas para a ocorrência de variações de
temperatura e mudanças no clima da Terra, fica claro que o incremento
de gases do efeito estufa advindos das atividades humanas não pode ser
considerado a única e principal causa do reaquecimento que se registrou
nos últimos anos. A figura 1 mostra o comportamento da temperatura e
dos níveis de CO
2
terrestres registrados nos últimos 400.000 anos por meio
da análise de cilindros de gelo.
Outro ponto de discórdia entre céticos e alarmistas diz respeito à
relação entre o aumento do CO2 e o aumento da temperatura, pois en-
quanto os alarmistas são veementes em afirmar que o aumento do CO2 é
a causa do aumento da temperatura, os céticos afirmam que o primeiro
é apenas uma consequência do segundo, ou seja, primeiro a temperatura
aumenta, para só depois haver uma elevação dos níveis de CO2 (MOLION,
Figura 1
TEMPERATURA DO AR E NÍVEIS DE CO2 NOS ÚLTIMOS 420 MIL ANOS (VOSTOK, ANTÁRTICA)
Fonte: Petit et al., 1999 apud Molion, 2011.
GeoTextos, vol. 10, n. 1, jul. 2014. F. Cruz, L. da Silva, E. Pereira, R. Lucena 243-258 .251
2011). Aqui, os céticos citam como exemplo, para comprovar sua teoria,
uma garrafa de refrigerante, pois se a agitarmos bem antes de abri-la ela
soltará mais gás do que se fizermos esse procedimento sem agitá-la. Esse
gás que escapa da garrafa de refrigerante nada mais é do que o dióxido
de carbono (MARUYAMA, 2008). Assim sendo, existem muitas dúvidas e
divergências entre alarmistas e céticos no tocante ao aumento das tempe-
raturas na Terra e sua relação com os níveis de CO2 na atmosfera, emitido
pelas atividades humanas.
4. As pesquisas cientícas atuais sobre o aquecimento climático
global
Ainda há outro confronto ideológico entre os cientistas no tocante às
previsões futuras, pois enquanto o IPCC afirma que haverá um aumento
progressivo das temperaturas absolutas e médias até o ano 2100 (IPCC,
2007), cientistas contrários a essa ideia contestam essa afirmação dizendo
que a natureza reage com o efeito de amortecimento de choque, que
consiste num poderoso mecanismo de defesa: esse sistema atuaria como
autorregulador do clima na Terra, não permitindo, assim, que houvesse
um descontrole generalizado na temperatura, o que provocaria sem dúvida
uma catástrofe planetária de proporções gigantescas (MARUYAMA, 2008).
Estudos recentes sobre o comportamento das temperaturas em várias
regiões do globo mostram resultados discordantes e, muitas vezes, não re-
presentativos, com relação ao aquecimento global e principalmente às mu-
danças climáticas globais. De fato, grande parte dos artigos mais recentes
publicados em revistas internacionais, que tratam de temas relacionados
à climatologia e às mudanças climáticas globais, apresentam dados sobre
tendências de mudanças, como aumento de temperatura e variação no
volume e na torrencialidade das chuvas, mas muitos deles trazem séries
históricas não muito longas, quase nunca superiores ao período de um
século, tempo este muito curto para afirmar uma “mudança” climática.
Zhang e Wu (2011), usando o teste de Mann-Kendall para o desen-
volvimento regional observado com relação aos extremos de precipitação,
mostraram que existem tendências significativamente decrescentes de
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chuvas extremas no Nordeste e Norte da China, e tendências crescentes
em Jianghuai e no Sul da China, mas que as tendências crescentes não
são estatisticamente significativas. Fonseca e García (2012), utilizando-se
principalmente das variáveis meteorológicas (temperatura e precipitação)
para analisar várias estações meteorológicas, localizadas na ilha de Cuba,
com dados climatológicos registrados entre o período de 1971 a 2009,
constataram que a tendência da temperatura mínima média aumentou
com significância estatística em todas as estações selecionadas, mas que
a tendência da temperatura máxima média não apresentou o mesmo
comportamento em todas as regiões estudadas, havendo uma tendência
decrescente nas estações de Camagüey Caibarién. Marengo et al. (2013),
em estudo realizado sobre a variabilidade climática na Amazônia, mostra-
ram que eventos de secas e inundações fazem parte do clima natural da
região, e que a variabilidade climática nessa região já ocorreu no passado
e continuará no futuro.
Vários estudos no mundo apontam mudanças em diversas variáveis
meteorológicas (principalmente com relação à temperatura e à precipi-
tação), mas, por tratarem de séries temporais não muito longas, torna-se
muito arriscado falar de “mudança climática”, quando em muitos trabalhos
os “ciclos climáticos” sequer são mencionados.
5. Prognósticos para o futuro do clima da Terra: será que
podemos conar 100% nos modelos de previsão?
Um tema que põe em xeque a confiabilidade da teoria do aquecimento
global e das mudanças climáticas diz respeito ao problema da previsão
dos modelos de projeção do clima, conforme exposto por Miranda (2009,
p. 16): “Não sendo capazes de prever, com alguma precisão, o estado da
atmosfera daqui a um mês, será que podemos saber alguma coisa sobre o
clima no próximo século ou no próximo milênio?”.
E continua:
A evolução futura do estado da atmosfera depende não só das equações que
regem o seu comportamento, mas também das condições fronteira. Estas são de
dois tipos: condições iniciais, denindo o estado tridimensional da atmosfera num
dado instante, e condições nos limites espaciais, denindo a interação futura entre
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a atmosfera e o exterior. Uma previsão meteorológica, a poucos dias de distância,
depende inicialmente das condições iniciais e uma previsão climática depende
mais fortemente das condições nos limites espaciais ou dos forçamentos externos
(MIRANDA, 2009, p. 316).
De acordo com Tomasoni (2011), o sistema climático global é essen-
cialmente um sistema não linear, ligado a fatores intrínsecos e extrínsecos
à própria atmosfera da Terra. Tal afirmativa reforça a posição de tantos
outros autores que enfatizam a “complexidade” do funcionamento do sis-
tema superfície-atmosfera e as dificuldades de previsão do clima no longo
prazo. A questão dos modelos de previsão também é colocada pelo autor,
uma vez que existem dificuldades na reprodução das interações oceânico-
-atmosféricas bem como na reprodução do ciclo hidrológico (TOMASONI,
2011).
Colocando pontos tão delicados para não dizer imprevisíveis em
questão, Miranda (2009) afirma ainda que:
As simulações climáticas utilizam a tecnologia desenvolvida para a previsão do
tempo, baseada em modelos numéricos tridimensionais da atmosfera: os modelos
de circulação global (...) A utilização dos modelos numéricos para simular o clima
futuro exige o conhecimento dos forçamentos externos que vão condicionar o clima
(...) alguns desses forçamentos têm uma evolução bem conhecida, tal é o caso dos
ciclos de Milankovitch (...) Em compensação, temos um grande desconhecimento
sobre a evolução da generalidade de outros mecanismos. Pondo de parte o pro-
blema dos impactos cósmicos, que pela sua própria natureza, está provavelmente
para além de qualquer capacidade preditiva (MIRANDA, 2009, p. 317).
Portanto, podemos concluir que os dois grupos de cientistas não
podem afirmar com alto grau de precisão ou mesmo com exatidão se o
que eles defendem irá mesmo acontecer, pois, como vimos, são muitos
os fatores envolvidos na complexidade do clima da Terra, tornando assim
previsões precisas ou exatas praticamente impossíveis.
Ainda no campo das previsões, os modelos de projeção do clima pos-
suem grande dificuldade em reproduzir o ciclo hidrográfico, e os mesmos
diferem entre si, como consta no próprio relatório do IPCC, documento
base para a argumentação da corrente alarmista do aquecimento global.
A figura 2 expõe os diferentes prognósticos para a temperatura do ar
em superfície, publicados pelo IPCC (2007). Os painéis direito e central
mostram as projeções multi-modelos de circulação geral Atmosfera-Oceano
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para os cenários SRES B1 (topo), A1B (meio) e A2 (base) durante as décadas
de 2029-2099 (direita). O painel esquerdo mostra as incertezas correspon-
dentes, bem como as probabilidades relativas do aquecimento global médio
a partir de vários estudos AOGCM e EMIC diferentes, para os mesmos
períodos. Alguns estudos apresentam resultados apenas para um subgrupo
de cenários SRES, ou para várias versões de modelos (IPCC, 2007).
Figura 2
PROGNÓSTICO DA TEMPERATURA DO AR SEGUNDO DIFERENTES MODELOS DE PREVISÃO DO
CLIMA DIVULGADOS PELO IV PAINEL INTERGOVERNAMENTAL SOBRE MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Fonte: IPCC, 2007.
Estas previsões divulgadas pelo IPCC levam em consideração os próxi-
mos cem anos, período este muito curto em se tratando do clima da Terra.
Além disso, percebe-se no painel esquerdo da figura 2 que, na medida em
que se aumenta o período de projeção, a probabilidade de acerto diminui.
Sabemos que hoje vivemos num interglacial, mas que nos próximos
milhares de anos a teoria dos ciclos de Milankovitch aponta para uma
nova era glacial. Também, dentro de uma perspectiva de curto prazo,
não se sabe ao certo se o aquecimento da temperatura da troposfera irá
gerar mais nuvens densas que irão impedir a entrada de radiação solar
na superfície e provocar um resfriamento global (CONTI, 2011). Ou seja,
mesmo se estiver ocorrendo um reaquecimento global, seja antrópico ou
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não, não se sabe com exatidão quais serão as consequências deste aumento
de temperatura no comportamento do ciclo hidrológico e se o mesmo
poderá desencadear um resfriamento devido ao acréscimo de nuvens.
Também há dúvidas se haverá aumento ou diminuição na quantidade de
neve precipitada nas regiões de média e alta latitudes devido ao suposto
aumento de temperatura global.
No relatório intitulado “Riscos das mudanças climáticas no Brasil”,
elaborado por uma equipe formada por cientistas brasileiros e ingleses, é
afirmado que os modelos climáticos são as ferramentas mais “confiáveis”
para se fazer projeções do clima futuro, uma vez que eles permitem que
se façam projeções não apenas de como a temperatura pode aumentar no
século XXI, mas também de como essas mudanças podem afetar o clima
no mundo todo (MARENGO et al., 2011). Contudo, este mesmo relatório
diz que “as projeções de chuvas para o futuro são mais complicadas, já que
existe uma certa divergência entre os modelos quanto aos padrões ou até
mesmo, em alguns lugares, quanto à tendência da mudança” (MARENGO
et al., 2011, p. 34).
De fato, corrobora-se com Oliveira (2010), quando este afirma que
o que se sabe é que a humanidade tem se envolvido cada vez mais nesta
temática e que inúmeros cientistas vêm trabalhando arduamente no sen-
tido de descobrir os mecanismos climáticos que agem sobre a superfície e
sua interação processual com a mesma. Desse modo, buscam prever com
maior precisão o tempo e o clima, uma vez que a saúde dos seres vivos, a
qualidade de vida, os fenômenos sociais e econômicos, os costumes e cul-
turas das populações são afetados direta e indiretamente pelas alterações
que ocorrem no tempo e no clima da Terra.
6. Considerações nais
Diante do exposto, conclui-se que a interação que a atmosfera da
Terra estabelece com a superfície do planeta e com fatores extraterrestres
ocorre de forma complexa, e que esta interação resulta em condições do
clima difíceis de prever no longo prazo. No entanto, esforços são feitos
diariamente no sentido de aprimorar estas previsões, recorrendo-se a
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modelos de reanálise climática, projeções oceanográficas e astrofísicas.
Outro ponto que merece destaque é o fato de o próprio relatório do IPCC
(documento que serve de base e como verdade única para os alarmistas)
trazer dúvidas sobre alguns aspectos relacionados aos modelos de previsão
e aos diferentes cenários projetados. Um dos pontos fracos dos argumentos
trazidos pelo IPCC inerentes à questão do aquecimento global está no fato
de que seus modelos climáticos estão repletos de hipóteses não testadas
(ALEXANDER, 2010).
Mesmo concordando que houve um aumento na temperatura média
do ar nos últimos anos, alarmistas e céticos divergem no que diz respeito
às causas desse aquecimento, suas consequências e se ele ainda está ocor-
rendo. Entretanto, um tema que põe em xeque a confiabilidade de ambas as
correntes diz respeito ao problema da previsão, pois são muitos os fatores
e elementos envolvidos na complexidade do sistema climático, tornando
assim previsões climáticas exatas praticamente impossíveis e deixando o
debate, até o momento, no campo das suposições. Neste sentido, deve-se
atentar para o fato de que o entendimento do comportamento atmosférico
e do clima não é de modo algum simples quanto parece ser, tal qual a mídia
de massa apresenta, que é difícil de predizer este comportamento e que
este grau de dificuldade aumenta conforme o aumento da escala temporal
da previsão (dias, anos, décadas, séculos).
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Recebido em: 11/10/2013
Aceito em: 21/01/2014
... As oscilações nos elementos do clima, a nível mundial, têm sido amplamente discutidas, na atualidade, sendo atribuídas aos ciclos naturais do planeta (Cruz et al., 2014) associadas as ações antrópica (SOLOMON et al., 2010). ...
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A desertificação é um processo de degradação de terras, influenciada pelo semiaridez, por ações antrópicas e/ou uma interação entre si. Diante disto, procurou-se estabelecer os índices de aridez nos núcleos de desertificação do Cariri e Seridó da Paraíba, localizados nas regiões geográficas intermediárias de Campina Grande e Patos, sendo essas determinações os objetivos principais. Utilizaram-se dados mensais e anuais de chuva e temperatura do ar das localidades de Cabaceiras e Santa Luzia, de uma série de dados equivalente ao período de 01.01.1970 a 31.12.2020, sendo estimados os índices de aridez, pelos métodos da United Nations Environment Programm (UNEP) e do balanço hídrico climatológico (BHC). Os principias resultados mostraram que os índices de aridez da UNEP e BHC diferem entre si. Os valores dos Ia UNEP, nos meses da estação chuvosa, em Cabaceiras, foram duas vezes maiores que os de Santa Luzia. O índice de seca (ID), estimado pelo método do BHC, foi diretamente proporcional ao déficit hídrico. Além disso, as médias anuais do ID foram sempre menores em Santa Luzia do que Cabaceiras e quanto maior for a razão entre a evapotranspiração potencial e a real, menor será o ID e vice-versa.
... As alterações dos fenômenos climáticos observadas no Brasil e no mundo têm sido intensamente debatidas nas últimas décadas. Algumas pesquisas tendem para as linhas Análise multivariada no estudo da variação do Índice de Aridez da Bahia e Pernambuco de mudanças nos ciclos naturais do planeta (Cruz et al., 2014) e outras tendem determinar as modificações provocadas pelas ações antrópicas (Berlato e Cordeiro, 2017;Solomon, 2010). Apesar da incerteza da origem de fontes das alterações de temperaturas globais, o aumento já é consta-A identificação de regiões vulneráveis à desertificação é necessária para o Nordeste brasileiro, que apresenta restrição hídrica e sensibilidade as alterações climáticas. ...
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A identificação de regiões vulneráveis à desertificação é necessária para o Nordeste brasileiro, que apresenta restrição hídrica e sensibilidade as alterações climáticas. Desta forma, através do Índice de Aridez (IA) é possível identificar estas alterações e os elementos climáticos que mais influenciam para estas mudanças em diferentes localizações geográficas. O objetivo foi identificar os principais elementos climáticos responsáveis pela variação temporal e espacial do IA nos estados da Bahia e Pernambuco por meio da análise multivariada. As localidades estudadas foram Salvador, Lençóis, Bom Jesus da Lapa, Recife, Garanhuns e Cabrobó. Foram calculados os Balanços Hídrico Climatológico, para cada estação, em cada média móvel de 30 anos no período de 1961 a 2015, com o auxílio do Software para o Cálculo do Balanço Hídrico de Thornthwaite®. Foi aplicada a análise de agrupamento hierárquica aos dados de séries temporal (S), temperatura (T), precipitação (P), evapotranspiração potencial (ETP) e IA. A Bahia passou por mudanças no IA, sendo possível evidenciar que o aumento da temperatura foi o principal elemento climático responsável. Em Pernambuco também foram maiores correlações da série temporal com as temperaturas. S, T e ETP exercem forte correlação para elevação da condição de aridez em todas as localidades estudadas.
... E o agente causador é a atividades humana. Embora Cruz et al (2014) identifiquem os alarmistas e os céticos, concordam que sempre houve variação na temperatura da atmosfera, mesmo antes do surgimento do homem, e em níveis bem mais elevados do que os atuais. Também concordam que a Terra passou por um aquecimento de cerca de 0,6ºC no século XX, havendo divergência no que diz respeito às causas desse aquecimento, suas consequências, e se ele ainda estaria ocorrendo. ...
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O presente artigo objetiva apresentar os principais resultados de um projeto de pesquisa coletivo que envolveu pesquisadores de diversas instituições de ensino e pesquisa do Brasil, com a finalidade de analisar um conjunto de livros didáticos de Geografia, dos 5º e 6º anos do Ensino Fundamental, para identificar como o clima e o tempo são abordados, qual o paradigma utilizado para essa abordagem e como os temas/fenômenos climáticos de escala global são tratados. Para tanto, 40 obras foram analisadas a partir de uma ficha de avaliação. Os resultados mostraram que, em grande parte das obras analisadas, a abordagem da Climatologia nos livros didáticos necessita ser revista para que o aluno possa efetivamente se apropriar de conhecimentos sobre o assunto, de forma articulada com outros temas e com significado para a sua realidade.
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In recent years, climate change, environmental, social and governance factors, and their multidimensional impacts have become dominant topics of discussion. This study investigates the determinants of corporate climate risk management based on the theories of legitimacy, agency, and stakeholder. We utilize a diversified sample of multinational companies from Brazil, France, and the USA listed on stock exchanges, focusing on exposure, disclosure, and the implementation of climate projects. We conducted rigorous statistical analyses, including both classical and advanced robust models. Our methodology involved the use of robust covariance matrix estimation, robust Newey‒West estimation, and robust estimation by Driscoll and Kraay. Preliminary results reveal that a significant proportion of companies in these countries have not disclosed climate risks with business impacts, raising questions about awareness and recognition of these risks. Our analysis also highlights the predominant concern about regulatory risks, suggesting the need for companies to navigate a complex regulatory landscape. Furthermore, we identified the influence of factors such as size, industry profile, climate regulation, creditor power, auditor power, and profitability on climate risk management. Evidence suggests that companies of all sizes and backgrounds should recognize the importance of climate risk management and engage all stakeholders, including creditors and auditors, who play a crucial role in perceiving climate risk exposure. This involves the proactive assessment of risks associated with climate change and the implementation of strategies to mitigate them. This study provides valuable insights for business decisions aligned with sustainability and the transition to a low-carbon economy.
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As alterações climáticas no mundo estão se acentuando nos últimos anos e o Brasil já vivencia mudanças associadas ao aumento da temperatura, principalmente no Nordeste. O objetivo deste trabalho foi a verificação das variações do Índice de Aridez (IA), classificação e a tendência à desertificação ao longo de 1961 a 2014, para 6 estações da Bahia e Pernambuco. Foi realizado o cálculo do Balanço Hídrico Climatológico, o do IA, a classificação climática e a tendência à desertificação, com as séries históricas obtidas junto ao Instituto Nacional de Meteorologia. Também foi realizada a análise estatística para verificação das equações geradas pela regressão, índice de correlação e o Teste t. Em todas as estações estudadas pôde-se observar uma redução do IA, para a de Recife, a de Salvador, a de Bom Jesus da Lapa, para a de Cabrobó a redução do IA e a tendência a desertificação foram relativamente pequenas, porém a de Lençóis e a de Garanhuns os IA reduziram mais e a tendência foi maior, causando algumas reclassificações climática e maior elevação das condições de aridez para as projeções nas próximas décadas.
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El estudio de la temperatura resulta de vital importancia al ser un importante indicador de la variabilidad climática. Es por ello que se impone la necesidad de un estudio actualizado del comportamiento de estas variaciones en Cuba utilizando indicadores derivados de datos diarios. En el presente trabajo se analizan las tendencias de la temperatura máxima y mínima media mensual y anual, así como los indicadores climáticos extremos derivados de observaciones diarias de temperatura máxima, temperatura mínima y precipitación para nueve estaciones meteorológicas de Cuba durante el período 1971-2009. Los resultados alcanzados confirman el ascenso de la temperatura máxima media en la región occidental del país, así como el incremento en las últimas décadas del por ciento de días con temperatura mínima por encima de los 20 # C en todas las estaciones analizadas. Se encontró variabilidad en los indicadores derivados de las precipitaciones, aunque los eventos de precipitaciones mayores a 100 mm tienden a crecer con significación estadística en la región occidental del país. Se precisa además que la estación meteorológica Caibarién no debe ser usada para estudios de series largas de datos diarios de temperatura, pues la misma presenta problemas de reubicación influyentes en el comportamiento de los elementos meteorológicos.
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The present study focuses on the impacts of extreme drought and flooding situations in Amazonia, using level/discharge data from some rivers in the Amazon region as indicators of impacts. The last 10 years have featured various “once in a century” droughts and floods in the Amazon basin, which have affected human and natural systems in the region. We assess a history of such hazards based on river data, and discuss some of the observed impacts in terms of vulnerability of human and natural systems, as well as some of adaptation strategies implemented by regional and local governments to cope with them. A critical perspective of mitigation of drought and flood policies in Amazonia suggests that they have been mostly ineffective in reducing vulnerability for the majority of the population, constituting, perhaps, examples of maladaptation via the undermining of resilience.
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Dados observados e de Reanálises (NCEP/NCAR) foram utilizados para estudar avariabilidade dos climas do Brasil no período 1948-2007, e antever sua evoluçãofutura, associadas a uma oscilação interdecadal da temperatura superficial doPacífico (ODP). Os resultados das análises indicaram que os totaispluviométricos de algumas partes do País, em particular no sudeste daAmazônia, Centro-Oeste e o Sul, apresentaram coeficientes de correlaçãovariando de 0,5 a 0,8 com a ODP, a um nível de confiança maior que 99,5%, eque, na fase fria da ODP (1947-1976), esses totais foram entre 10% e 30%inferiores aos de sua fase quente recente (1977-1998). Foi verificado umincremento médio de cerca de 75% nas cotas do Rio Paraguai, em Ladário, dafase fria para a quente, em parte devido ao aumento de precipitação nessaúltima fase. Em adição, na fase fria, as médias das temperaturas mínimas foramaté 1°C mais baixas no período de junho a agosto, e até 2°C mais baixas nosmeses de outubro e novembro, em seis localidades gaúchas. Observaçõesrecentes indicaram que a ODP já entrou em uma nova fase fria e é possível queo clima das próximas duas décadas venha a ser semelhante ao de sua fase friaanterior. Propôs-se que resultados de estudos diagnósticos regionais e cenáriosclimáticos de sua fase fria, sejam utilizados como guias para prognósticosclimáticos até o ano 2030, com o objetivo de dar suporte a um melhorplanejamento das atividades humanas e contribuir para o bem-estar daSociedade.
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Performance of the Beijing Climate Center Climate System Model (BCC_CSM1.0) in simulating the regional extreme precipitation change over eastern China east of 105 degrees E was evaluated. Daily observed precipitation data for 1956-2009 at 349 rain gauge stations in China were used for comparison. The 20th century simulation forced by observed greenhouse gases, aerosols, solar irradiance and volcanic aerosols shows that (1) BCC_CSM1.0 can reproduce the basic feature of observed climatology of annual total precipitation and extreme precipitation over the 95th percentile, with spatial correlation of 0.77 for both of them. (2) BCC_CSM1.0 is also able to capture the main change patterns of yearly accumulated extreme precipitation above the 95th percentile, although there are some model biases in the spatial extension and strength. Some model biases are also noted: (1) Annual total and extreme precipitation south of Yangtze River are underestimated. (2) Frequency of heavy precipitation (>= 25.0 mm d(-1)) over eastern China is underestimated, but the frequency of light rain (0.1 to 9.9 mm d(-1)) is overestimated. (3) Simulated long-term trends of annual extreme precipitation amount and frequency in the last 50 yr are the opposite of the observations in North and South China.
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Dynamic mechanisms that produce rain and droughts in Northeast Brazil (NE) were revisited. The existence of a convergence zone over the eastern coast of NE, as a primary cause of the rainy season (April to July) is proposed based on satellite observations and CPTEC analyses. To the existent mechanisms that generate wavy disturbances in the Atlantic easterly wind field were added the ones caused by northern hemisphere frontal system deep penetration into equatorial regions and micro bursts from large clusters imbedded in the ITCZ.
Aquecimento global: frias contendas científicas. 2
  • J E Da
VEIGA, J. E. da (Org.). Aquecimento global: frias contendas científicas. 2. ed. São Paulo: Editora Senac, 2008.
Atmosfera e sociedade: a ação da atmosfera sobre os seres vivos e a qualidade de vida humana
  • J C F Oliveira
  • Org
OLIVEIRA, J. C. F. de (Org.). Atmosfera e sociedade: a ação da atmosfera sobre os seres vivos e a qualidade de vida humana. Vol. 1. Maceió: EDUFAL, 2010.
Monografia passo a passo. 5
  • M C Dias
TRALDI, M. C.; DIAS, R. Monografia passo a passo. 5. ed. Campinas/SP: Editora Alínea, 2006.
Riscos das mudanças climáticas no Brasil: análise conjunta Brasil -Reino Unido sobre os impactos das mudanças climáticas e do desmatamento na Amazônia
  • L M Obregon
  • G O Soares
  • W R Betts
  • R Kay
ALVES, L. M.; OBREGON, G. O.; SOARES, W. R.; BETTS, R.; KAY, G. Riscos das mudanças climáticas no Brasil: análise conjunta Brasil -Reino Unido sobre os impactos das mudanças climáticas e do desmatamento na Amazônia. [S. L.]. INPE/Met Office, 2011.