O mundo pós-Guerra Fria Após a implosão da União Soviética e o fim do comunismo nos seus satélites europeus, o sistema internacional é marcado por um facto óbvio: os Estados Unidos são a única superpotência. A ideia inicial, avançada pelo presidente Bush, de que o resultado do fim do comunismo internacional seria a criação de uma nova era, marcada pela paz pela e pela harmonia universais, não tinha, obviamente, consistência. Expressava, na verdade, o mito americano de que o comunismo era a causa de todos os problemas internacionais e que, com a sua supressão, o «mundo livre» cumpriria, harmoniosa e pacificamente, as suas potencialidades positivas. Era igualmente uma forma de os Estados Unidos, enquanto superpotência, reafirmarem, e reassegurarem, a sua intenção de só intervirem consensualmente – e não unilateralmente – na cena internacional. Poucos anos após a queda do Muro de Berlim e a dissolução da União Soviética em vários países, com a Rússia a receber a parte de leão do legado, a situação internacional começou a exibir as características do pós-Guerra Fria. Para além disso, várias áreas de turbulência em África, na antiga Jugoslávia, no sempre turbulento Médio Oriente, tornaram claro que o sistema internacional não é auto-ajustável e que na falta do controle, mesmo que relativo, que no regime bipolar precedente cada superpotência exercia na sua área de domínio ou influência, o mundo seria exposto a conflitos contínuos, que as Nações Unidas, por falta de recursos (não recebendo os meios necessários dos Estados membros), não poderiam prevenir ou solucionar. Por outro lado, dadas as novas condições e a relativa impotência das Nações Unidas, os Estados Unidos começaram a exercer, de forma crescentemente unilateral, um controlo do mundo, praticado em nome da «comunidade internacional», alegadamente em defesa da democracia e dos direitos humanos, para além de promoverem os seus próprios interesses nacionais. Apesar de serem a única superpotência e de possuírem uma supremacia económico-tecnológica e militar incomparável a qualquer outro país, os Estados Unidos não têm condições para exercer uma unipolaridade efectiva, apesar de frequentemente o procurarem.