ArticlePDF Available

Abstract and Figures

O ambiente educacional pode ser definido como um conjunto de elementos que circunda o educando, que nele deve necessariamente se inserir e que o inclui, quando vivencia os processos de ensino e aprendizado. Existem evidências variadas de que o ambiente educacional encontrado pelos educando tem impacto no seu rendimento acadêmico, bem como na sua satisfação com o processo educativo e dão boa medida da sua importância e justificam o seu estudo, no sentido de melhor conhece-lo e poder aperfeiçoa-lo. Os componentes do ambiente educacional são de natureza material, relacionados aos aspectos fisiológicos do educando e de caráter afetivo, relacionados às suas necessidades e respostas emocionais. O ambiente educacional é determinado por fatores ligados à instituição e, em especial, ao professor, que se caracteriza como o principal elemento na sua manutenção e aprimoramento. Uma variedade de instrumentos tem sido descritos para a avaliação do ambiente educacional, que deve ter o sentido de obter informações sobre este importante determinante do aprendizado e do desenvolvimento do estudante. Estas informações podem subsidiar a tomada de medidas visando o aperfeiçoamento do ambiente educacional, o que resulta em aumento da qualidade dos processos educativos.
Content may be subject to copyright.
Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3): 264-71
Correspondência:
Divisão de Gastroenterologia do Departamento de Clínica
Médica
Hospital das Clínicas da FMRP- Campus da USP
Av. Bandeirantes, 3900 - CEP: 14048-900
E-mail: ledatron@fmrp.usp.br
Artigo recebido em 22/05/2014
Aprovado para publicação em 19/06/2014
Ambiente educacionalAmbiente educacional
Ambiente educacionalAmbiente educacional
Ambiente educacional
Educational Environment
Luiz Ernesto de Almeida Troncon1
RESUMO
O ambiente educacional pode ser definido como um conjunto de elementos que circunda o educando,
que nele deve necessariamente se inserir e que o inclui, quando vivencia os processos de ensino e
aprendizado. Existem evidências variadas de que o ambiente educacional encontrado pelos educando
tem impacto no seu rendimento acadêmico, bem como na sua satisfação com o processo educativo e
dão boa medida da sua importância e justificam o seu estudo, no sentido de melhor conhece-lo e poder
aperfeiçoa-lo. Os componentes do ambiente educacional são de natureza material, relacionados aos
aspectos fisiológicos do educando e de caráter afetivo, relacionados às suas necessidades e respostas
emocionais. O ambiente educacional é determinado por fatores ligados à instituição e, em especial, ao
professor, que se caracteriza como o principal elemento na sua manutenção e aprimoramento. Uma
variedade de instrumentos tem sido descritos para a avaliação do ambiente educacional, que deve ter o
sentido de obter informações sobre este importante determinante do aprendizado e do desenvolvimento
do estudante. Estas informações podem subsidiar a tomada de medidas visando o aperfeiçoamento do
ambiente educacional, o que resulta em aumento da qualidade dos processos educativos.
Palavras-chaves: Ambiente Educacional; Clima de Aprendizado; Ensino; Aprendizado; Estudantes; Edu-
cação Superior, Profissões da Saúde.
Introdução
Os processos educacionais, independentemen-
te das suas características, visam sempre a aquisição
de conhecimentos e a incorporação, pelo educando,
de novas habilidades e competências. A eficácia do
processo educacional, que, em última análise, pode-
ria ser entendida como a concretização do aprendiza-
do, depende de vários fatores, dos quais, um dos mais
1. Professor Titular, Departamento de Clínica Médica, Faculdade
de Medicina de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo
importantes, é o ambiente educacional. Embora de
grande importância, o ambiente educacional é fre-
quentemente negligenciado.
Neste texto, pretende-se apresentar alguns con-
ceitos relativos à noção de ambiente educacional e os
seus principais componentes, discutir a sua partici-
pação no conjunto de fatores determinantes do apren-
dizado, descrever as instâncias responsáveis pela
manutenção e pelo aperfeiçoamento contínuo de um
SIMPÓSIO: Tópicos fundamentais para a formação e o desenvolvimento
docente para professores dos cursos da área da saúde
Capítulo III
265
Troncon LEA. Ambiente educacional
Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
ambiente favorável ao aprendizado e, por fim, des-
crever sucintamente como o ambiente educacional,
no qual se pretende que o educando aprenda e se de-
senvolva, no âmbito de disciplinas, cursos, progra-
mas e instituições, pode ser avaliado.
Desde já deve ser esclarecido, que este é um
texto de caráter geral e de natureza apenas introdutó-
ria, que se destina aqueles que se iniciam no estudo
mais aprofundado dos vários aspectos da educação,
sobretudo aquela voltada à formação de profissionais
da área da saúde.
Conceitos básicosConceitos básicos
Conceitos básicosConceitos básicos
Conceitos básicos
O termo “ambiente educacional” é bastante
genérico e, de fato, tem sido utilizado de formas bem
variadas. Uma forma de utilização muito comum é a
que implica no conceito de ambiente educacional
como todo e qualquer contexto em que se dá o ensino
e o aprendizado; neste sentido, encontra correspon-
dência nas expressões “contexto educacional” e “es-
paço educacional” ou, ainda, “ambiente escolar”, caso
em que o a utilização é particularizada para os con-
textos ligados à “escola”, como instituição voltada
para o desenvolvimento de processos educacionais.
Os termos “atmosfera educacional” e “clima
educacional” têm sido também comumente emprega-
dos como sinônimos de “ambiente educacional”. Deve
ser ressaltado, no entanto, que alguns teóricos es-
tabelecem diferenças conceituais entre “clima” ou
“atmosfera” e “ambiente” educacional. Por exemplo,
Genn1, considera o “clima educacional” como algo
que depende da história, das tradições e da filosofia
da instituição e seria, deste modo, um determinante
do ambiente educacional que os estudantes encontram.
O mesmo autor, adotando outra conceituação2, consi-
dera o “clima educacional” como a maneira que o
estudante percebe o ambiente, o que determina o seu
comportamento frente aos diferentes desafios das ati-
vidades educacionais. Este conceito alude à relativi-
dade das coisas, tal como percebida por diferentes
pessoas, pois admite que um mesmo ambiente pode
ser considerado amigável por um estudante e amea-
çador, por outro, como também considera Linda
Hutchinson.3
Além destes vocábulos de natureza mais geral
(ambiente, contexto atmosfera, clima), a palavra “am-
biente” tem sido também muito utilizada recentemen-
te, ainda no âmbito educacional, em um sentido mais
estrito, para designar plataformas computadorizadas
de aprendizagem eletrônica ou de ensino à distância;
neste sentido, “ambiente educacional” pode equiva-
ler às expressões, também usuais neste uso mais es-
trito, “ambiente virtual de aprendizagem” e “ambien-
te eletrônico de apoio ao aprendizado”.
O ambiente educacional poderia, enfim, ser
definido como o conjunto de elementos, de ordem
material ou afetiva, que circunda o educando, que nele
deve necessariamente se inserir e que o inclui, quan-
do vivencia os processos de ensino e aprendizado, e
que exerce influência definida sobre a qualidade do
ensino e a eficácia do aprendizado. Destaque-se que
um aspecto particular deste conceito é a inclusão do
educando como elemento que participa do ambiente,
o que tem a implicação de lhe atribuir responsabili-
dades na manutenção e no aperfeiçoamento do ambi-
ente que integra.
Independentemente das várias formas da sua
utilização, bem como do grau de precisão das corres-
pondentes definições de ambiente educacional, é im-
portante considerar, como sugere Linda Hutchinson3,
que existe a pressuposição que o ambiente deve ser
favorável ao aprendizado, ou então deve ser
propiciador do aprendizado conseguido de forma agra-
dável. Do mesmo modo, devem ser consideradas as
evidências de que o ambiente educacional encontra-
do pelos educando tem impacto no seu rendimento
acadêmico, bem como na sua satisfação com o pro-
cesso educativo4,5,6, o que indica a sua importância e
relevância. Assim sendo, todo o empenho em conhe-
cer o ambiente educacional e em aperfeiçoa-lo, pare-
ce válido e meritório4, bem como contribui para o
aperfeiçoamento do próprio processo educacional.7
Componentes do ambienteComponentes do ambiente
Componentes do ambienteComponentes do ambiente
Componentes do ambiente
educacionaleducacional
educacionaleducacional
educacional
Os componentes do ambiente educacional po-
dem ser classificados, de maneira simplificada, como
sendo de natureza material ou de caráter afetivo (Qua-
dro I). Os de natureza material estão mais relaciona-
dos aos aspectos fisiológicos do educando, enquanto
que os de natureza afetiva relacionam-se às suas ne-
cessidades e respostas emocionais.
Embora seja óbvio, é importante enfatizar que
parte importante dos componentes do ambiente edu-
cacional é a que se relaciona ao ambiente físico em
que se dá o aprendizado, ou às condições materiais
que cercam o ensino e o aprendizado. Os estudantes
devem estar confortavelmente acomodados em espa-
266
Troncon LEA. Ambiente educacional Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
ços físicos que os caibam com folga e que permitam
que as atividades propostas sejam adequadamente
desenvolvidas. Na maior parte das atividades, as pes-
soas ficam sentadas, o que implica que deva haver
cadeira para todos e que os assentos sejam confortá-
veis. A disposição das cadeiras deve ser tal que per-
mita que todos os participantes vejam e escutem o
que deve ser visto ou escutado. Em atividades educa-
tivas mais dinâmicas, deve haver espaço físico sufi-
ciente para que as cadeiras sejam mudadas de posi-
ção, se o processo assim o exigir. Como será mencio-
nado adiante, a disposição dos participantes no recin-
to pode também exercer influência nos aspectos
afetivos do ambiente educacional.
A temperatura deve ser aquela em que todos no
recinto sintam-se confortáveis, o que é especialmente
digno de atenção quando há necessidade de se utilizar
equipamentos de ar condicionado ou aquecedores.
O ambiente físico deve também ser silencioso, o
que se aplica tanto ao ruído gerado externamente, que
deve ser necessariamente controlado, como aquele que
os próprios participantes produzem. Em salas maio-
res em que os estudantes são divididos em grupos
menores para trabalhar no mesmo espaço físico e tem
que se comunicar entre si, é importante que um grupo
não atrapalhe os demais, fazendo barulho demais.
A iluminação deve ser adequada ao tipo de ati-
vidade, permitindo que tudo seja visualizado sem
maior esforço. É também importante dar atenção a
elementos visuais presentes que podem distrair os par-
ticipantes da atividade educativa, sejam os externos,
vistos por janelas abertas, ou aqueles presentes na pró-
pria sala, como é o caso de anotações em lousa, carta-
zes ou outros estímulos visuais utilizados em ativida-
des prévias, que devem ser removidos ou ocultados.
Quando se utilizam recursos audiovisuais ou
tecnológicos, como projeções de arquivos de vídeo
usando computadores, é importante que as condições
sejam adequadas para que todos ouçam ou enxerguem.
Por fim, fazem parte deste conjunto de elemen-
tos materiais os recursos para que os estudantes par-
ticipem das atividades educacionais tendo as suas
necessidades fisiológicas mais básicas satisfeitas, ou
seja, que não esteja com fome ou sede e que tenha
banheiros adequados e limpos nas proximidades.
A adequação das condições destes elementos
físicos ou materiais pode ser mais facilmente contro-
lada em atividades ditas de “sala-de-aula”, como pre-
leções, seminários, discussão de casos ou problemas,
reuniões clínicas, etc. No entanto, este controle pode
ser muito difícil, ou mesmo impossível, nas ativida-
des desenvolvidas nos locais de trabalho clínico, como
enfermarias, ambulatórios, unidades de saúde na co-
munidade, ou no próprio domicílio dos pacientes. Não
é incomum em nosso país que, nestes locais, as con-
dições materiais sejam precárias, mesmo para o exer-
cício das suas atividades fim. Nestas circunstâncias,
é conveniente reconhecer explicitamente a ausência
das condições mais adequadas, de modo a preparar
os estudantes para a adaptação, na medida do possí-
vel, ao ambiente existente.
Os diferentes componentes de natureza afetiva
do ambiente educacional, que são apresentados no
Quadro I, tem como elemento comum a finalidade de
fazer com que o estudante se sinta confortável e que
sinta prazer em participar das atividades educativas
É essencial que o estudante seja respeitado e se sinta
seguro para expor as suas ideias, sem medo de ser
criticado ou ridicularizado. Deve sentir-se como per-
tencente ao grupo e fazendo parte importante dele,
tendo a percepção clara que o seu trabalho e a sua
participação contribuem para o aprendizado de todos.
Como será comentado adiante, estes elementos de-
pendem, em grande parte, de quem tenha a função de
coordenar ou liderar a atividade, responsabilidade que,
na maioria das vezes, recai sobre o professor. Deve
ele ter a percepção das diferenças entre os estudantes
e estimular e encorajar os mais retraídos a exporem
as suas opiniões e pontos de vista, de modo que, ao
longo do tempo, adquiram confiança para participar
das atividades, em condições de igualdade com os
demais membros do grupo.
Quadro I. Componentes do ambiente educacional.
ELEMENTOS MATERIAIS
- Espaço físico
- Mobiliário
- Temperatura
- Condições de som
- Iluminação e adequação visual
- Recursos para atender necessidades fisiológicas
ELEMENTOS AFETIVOS
- Respeito
- Senso de pertencimento
- Segurança
- Encorajamento
- Confiança
267
Troncon LEA. Ambiente educacional
Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
Um elemento prático, de importância óbvia, que
se relaciona tanto com os componentes físicos como
afetivos, é a necessidade de se prover intervalos nas
atividades educacionais, de modo que os estudantes
possam se recompor tanto fisiológica como mental-
mente.
Este conjunto diversificado de componentes
pode também ser classificado de outra maneira, como
considera Genn 2, referindo-se ao trabalho de Barry
Fraser, um grande estudioso do ambiente educacio-
nal. Esta classificação contempla as características
físicas, as psicológicas, as sociais, as pedagógicas e
as tecnológicas (Quadro II). As físicas correspondem
aos componentes materiais já comentados, as psico-
lógicas correspondem ao modo como o educando per-
cebe o ambiente e é por ele influenciado, enquanto
que as sociais referem-se às diversas interações entre
as pessoas, particularmente, entre os próprios estu-
dantes. Por outro lado, as pedagógicas ligam-se às
características do currículo, que pode ser mais cen-
trado no professor ou no estudante. Já as característi-
cas tecnológicas dizem respeito aos recursos desta
natureza disponíveis para a facilitação do aprendiza-
do, bem como ao acesso dos estudantes a eles.
RR
RR
Relações entrelações entr
elações entrelações entr
elações entre componentese componentes
e componentese componentes
e componentes
do ambientedo ambiente
do ambientedo ambiente
do ambiente educacional educacional
educacional educacional
educacional
e ae a
e ae a
e aprpr
prpr
prendizadoendizado
endizadoendizado
endizado
Dentre os estudiosos da Educação, como área
do conhecimento, não se duvida da importância de
um conjunto relativamente pouco numeroso de fato-
res, cuja presença ou ausência determina se o apren-
dizado irá ou não efetivamente ocorrer. Estes fatores
estão representados esquematicamente na Figura 1.
Quadro II. Classificação das características do am-
biente educacional, segundo Genn (2), referindo-
se ao trabalho de Barry Fraser.
FÍSICAS
PSICOLÓGICAS
SOCIAIS
PEDAGÓGICAS
TECNOLÓGICAS
INSTITUIÇÃO
Currículo
Qualidade do ensino
Definição clara de objetivos, atividades e avaliações
Mecanismos de apoio
PROFESSORES
Estilos e técnicas de ensino
Entusiasmo
Adequação do ambiente físico
Modelos de comportamento
AMBIENTE EDUCACIONAL
EDUCANDO
Experiências prévias
Estilos de aprendizagem
Motivação
Percepção de relevância
APRENDIZADO
Figura 1. Representação esquemática dos principais fatores que afetam o aprendizado, relacionados ao ambiente educacional, modificada
e adaptada a partir do esquema apresentado em Hutchinson.3
268
Troncon LEA. Ambiente educacional Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
Dentre os fatores de importância inquestioná-
vel, talvez o de maior relevância seja o envolvimento
pessoal do educando 3. Este, por sua vez, depende da
sua motivação para aprender, bem como do seu con-
vencimento sobre a relevância do conhecimento que
será aprendido, ou das habilidades e competências que
serão incorporadas ou desenvolvidas 3. Tanto a moti-
vação para aprender e a noção da relevância do que
será aprendido são influenciadas pelas experiências
prévias do educando, bem como pelo contexto e pelo
ambiente em que se dá o aprendizado. Por fim, cada
estudante tem um estilo de aprendizado preferido,
sendo alguns mais eficazes do que outros.8
Com relação à motivação do estudante ou edu-
cando, A. Maslow, citado por Linda Hutchinson 3,
afirma que ela está ligada a um senso de “auto-reali-
zação”, que somente é alcançado se sua auto-estima
estiver preservada. Esta preservação é determinada
pelo senso de pertencimento ao grupo do qual o edu-
cando participa, o que, por sua vez, depende de o es-
tudante se sentir seguro para manifestar suas opini-
ões e pontos de vista. No entanto, todo este encadea-
mento de percepções se assenta em uma mesma base,
que é o atendimento às “necessidades fisiológicas”
do educando, expressão que, neste caso, estão liga-
das ao seu conforto e bem-estar físico. Este conjunto
de relações, que descreve os requisitos para que a
motivação para o aprendizado ocorra, passou a ser
denominado como “Hierarquia de Maslow” e está
representado na Figura 2.
A “Hierarquia de Maslow” 3, tal como repre-
sentada na Figura 2, constitui um bom modelo para o
entendimento da importância do ambiente educacio-
nal no aprendizado do educando. De fato, o atendi-
mento ao bem estar físico do estudante, que constitui
a base sobre a qual se assentam os outros elementos,
depende da presença dos elementos materiais do am-
biente educacional, enquanto que a segurança, o sen-
so de pertencimento e a preservação da auto-estima
estão ligados aos seus elementos afetivos (Quadro I).
De fato, o estudante colocado em uma sala com tem-
peratura inadequada, barulhenta, com cadeiras
desconfortáveis e com vários focos de distração visu-
al ou auditiva, provavelmente, não vai conseguir con-
centrar-se ou animar-se para a atividade, o que pode
afetar negativamente a sua motivação, bem como afe-
tar a sua noção de relevância do conhecimento que
será aprendido. Da mesma maneira, o estudante que
é ignorado pelos colegas ou pelo professor, ou que é
ridicularizado quando apresenta sua opinião dificil-
mente se sentirá disposto a se engajar nas atividades
propostas de modo a efetivamente aprender.
É importante ressaltar que as considerações fei-
tas anteriormente dizem respeito à motivação intrín-
seca para aprender, que, diga-se de passagem, é tida
como a que mais se associa ao um aprendizado efeti-
vo e duradouro, mas que se diferencia da motivação
extrínseca. Esta é representada por estímulos exter-
nos, que podem ser tanto positivos, como prêmios ou
gratificação emocional, como negativos, como o medo
AUTO-REALIZAÇÃO
AUTO-ESTIMA
SENSO DE PERTENCIMENTO
SEGURANÇA
NECESSIDADES FISIOLÓGICAS
Figura 2. Representação esquemática da “hierarquia de Maslow”, sobre os determinantes da motivação do estudante para o aprendizado,
modificada e adaptada do esquema apresentado em Hutchinson.3
269
Troncon LEA. Ambiente educacional
Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
de punições ou reprimendas.9 Embora esta discussão
extrapole o escopo deste texto, muitos entendem que
o aprendizado influenciado pela motivação intrínse-
ca, ou “desejo de aprender”, é mais profundo e dura-
douro, enquanto que o aquele determinado pela moti-
vação extrínseca é mais superficial e fugaz.
DeterDeter
DeterDeter
Determinantes do ambienteminantes do ambiente
minantes do ambienteminantes do ambiente
minantes do ambiente
educacionaleducacional
educacionaleducacional
educacional
A Figura 1 mostra que o ambiente educacional
é determinado por fatores ligados à instituição e, em
especial, ao professor. Os estudantes, também, desem-
penham um importante papel na manutenção e no
aprimoramento do ambiente educacional, além de,
como já foi dito, serem afetados por ele.
A instituição ou escola constitui o principal res-
ponsável pela provisão de condições materiais para o
bom desenvolvimento do aprendizado. Além disso, é
a instância responsável pelo estabelecimento do pro-
jeto político pedagógico dos cursos, do qual deriva a
estrutura curricular e as formas de avaliação do estu-
dante. A instituição ou escola é também a instância
que se encarrega da contratação e do treinamento dos
professores, do estabelecimento de políticas para a
valorização da sua atuação no ensino, bem como do
controle da qualidade da sua atuação no ensino, o que,
naturalmente, tem implicações no ambiente educa-
cional.
Currículos pouco flexíveis, excessivamente cen-
trados na instituição e no professor, com pouca mar-
gem para os estudantes escolham atividades e conteú-
dos a aprender, provavelmente determinarão um am-
biente educacional menos favorável. Da mesma for-
ma, a falta de explicitação ou de clareza quanto aos
objetivos, programas e métodos de ensino, de um lado,
e propostas de avaliação do estudante focadas predo-
minantemente no domínio cognitivo e com finalida-
des exclusivamente somativas, sem a preocupação com
o componente formativo, de provisão de devolutivas
ao estudante, contribuirão fortemente para que se te-
nha um ambiente educacional pouco saudável.
Políticas de contratação de professores e estra-
tégias para o seu desenvolvimento pela instituição,
incluindo a definição do que é ou não é valorizado,
dentre os diferentes papéis desempenados pelos mem-
bros do corpo docente, tem, também, claras repercus-
sões no ambiente educacional. Adicionalmente, a ins-
tituição contribui para a criação de ambiente educa-
cional positivo ao demonstrar preocupação efetiva
com a trajetória dos estudantes e oferecendo apoio
aos que encontram maiores dificuldades para se adap-
tar ao meio e para aprender.
O professor é talvez o determinante mais im-
portante do ambiente educacional, bem como é fre-
quentemente o responsável pela sua manutenção em
condições favoráveis e pelo seu aperfeiçoamento. Por
esta razão, os professores devem ser vocacionados
para a atividade didática e preparados para trabalhar
com os estudantes. Além de necessariamente deter
familiaridade com o conteúdo, devem ter domínio
satisfatório dos princípios do aprendizado e das téc-
nicas de ensino, bem como conhecer a importância
do seu papel na manutenção e no aperfeiçoamento de
ambiente educacional favorável ao aprendizado dos
estudantes. No exercício deste papel, o entusiasmo
demonstrado nas atividades educacionais é, sem dú-
vida, um elemento de grande influência na percepção
do estudante sobre a relevância do que deve ser apren-
dido. Mais ainda, o comportamento do professor e
suas demonstrações de relacionamento adequado com
os estudantes funcionam como modelo para o seu
desenvolvimento pessoal e profissional, mesmo que
o professor não tenha conhecimento disto.
Os estudantes também constituem elementos
importantes na determinação da qualidade do ambi-
ente educacional. Isto se dá não só mediante a sua
interação com a instituição e com o corpo docente,
exercida pela representação discente, mas também
pelo seu comportamento com os colegas nas diferen-
tes atividades educacionais. Junto com os professo-
res, os estudantes tem a responsabilidade de interagir
favoravelmente com os colegas mais retraídos, esti-
mulando-os e favorecendo a sua integração com o
grupo, bem como evitando comportamentos abusivos
que levam à exclusão e à perda de confiança dos atin-
gidos. É importante que, ao invés do estímulo ao
aprendizado e desenvolvimento pela competição en-
tre os estudantes, estes, junto com os professores,
contribuam para que a criação de uma ambiente de
colaboração entre os colegas, para que todos atinjam
as finalidades dos processos educacionais.
AA
AA
Avv
vv
valiação do ambiente educacionalaliação do ambiente educacional
aliação do ambiente educacionalaliação do ambiente educacional
aliação do ambiente educacional
Considerando a importância do ambiente edu-
cacional para o aprendizado e o desenvolvimento pes-
soal dos estudantes, não é difícil compreender a rele-
vância de se conhecer a fundo as características dos
ambientes das várias instituições, para que os elemen-
270
Troncon LEA. Ambiente educacional Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
tos positivos sejam mantidos e reforçados e os aspec-
tos negativos sejam eliminados ou corrigidos. De fato,
a preocupação dos educadores com a avaliação do
ambiente educacional é antiga.
Barry Fraser, em revisão publicada em 199810,
assinala nove diferentes instrumentos de avaliação do
ambiente educacional, aplicáveis genericamente a
qualquer processo de ensino e aprendizado, com foco
nos seus aspectos psicossociais. Mais recentemente,
Soemantri e colaboradores11, em revisão sistemática
da área de avaliação do ambiente educacional, encon-
traram publicações sobre 31 diferentes técnicas, no
período entre 1966 e 2010. Estas técnicas foram apli-
cadas tanto para o ensino de graduação, como para o
treinamento pós-graduado, em diferentes profissões
da saúde. Nesta revisão, concluíram que quatro ins-
trumentos específicos parecem ser os mais adequa-
dos, por preencherem requisitos de validade e fide-
dignidade ou confiabilidade. Um deles, o DREEM
(Dundee Ready Education Environment Measure)
desenhado originalmente para ser um instrumento
“universal”12 adquiriu grande popularidade e tem sido
aplicado em várias partes do mundo, bem como ser-
vido de base para o desenvolvimento de outros ins-
trumentos, de uso mais particularizado. Entre este, é
mister assinalar a sua adaptação no Brasil, para a ava-
liação do ambiente educacional de treinamento de
médicos residentes.13
O DREEM foi desenvolvido na Escócia, a par-
tir da opinião de estudantes e professores, sendo de-
pois submetido à apreciação de 48 professores em
meio de carreira, provenientes de 22 diferentes paí-
ses.12 Este instrumento é composto por cerca de 50
afirmações, que abordam diferentes dimensões ou sub-
escalas (Quadro III), em relação às quais, os estudan-
tes devem manifestar explicitamente concordância ou
discordância.
É importante destacar que a avaliação do am-
biente educacional dever ter o sentido de obter infor-
mações sobre este importante determinante do apren-
dizado e do desenvolvimento do estudante que subsi-
diem a tomada de medidas visando o seu aperfeiçoa-
mento, de modo a aumentar a qualidade dos proces-
sos educativos.
Principais pontos de interesse
O ambiente educacional, entendido como um con-
junto de elementos materiais e afetivos que circun-
Quadro III. Componentes do ambiente educacional.
I. CONDIÇÕES DO ENSINO
(Ex.: sinto-me estimulado, percebo com clareza os ob-
jetivos, tenho noção de que o tempo está sendo bem
utilizado, tenho liberdade para construir o meu apren-
dizado...)
II. ATUAÇÃO DOS PROFESSORES
(Ex.: comunicam-se bem, conhecem bem a matéria, são
bons para dar devolutiva aos estudantes, não são auto-
ritários...)
III. PERCEPÇÃO ACADÊMICA DE SÍ PRÓPRIOS
(Ex.: sou capaz de memorizar tudo o que preciso, per-
cebo como relevante tudo que tenho que aprender, sin-
to-me preparado para esta profissão, estou confiante que
vou passar este ano...)
IV. ATMOSFERA EDUCACIONAL
(Ex.: o clima durante as aulas é relaxado, sinto-me à
vontade para fazer perguntas, sinto-me confortável en-
tre os meus colegas de classe...)
V. PERCEPÇÃO SOCIAL DE SÍ PRÓPRIOS
(Ex.: tenho bons amigos nesta escola, sinto que tenho
apoio quando preciso, raramente me sinto aborrecido
neste curso...)
da o educando, constitui um dos principais deter-
minantes do aprendizado;
O ambiente educacional é determinado por fatores
ligados à instituição, ao professor e ao próprio edu-
cando, que devem contribuir para a sua manuten-
ção e aprimoramento;
• Existem diversos instrumentos construídos e vali-
dados para a avaliação do ambiente educacional,
nos seus vários aspectos;
• A avaliação do ambiente educacional é importante
para fornecer dados e informações, que podem ser
utilizadas para a tomada de medidas visando o seu
aperfeiçoamento, o que implicará em aumento da
qualidade do processo educativo.
271
Troncon LEA. Ambiente educacional
Medicina (Ribeirão Preto) 2014;47(3):264-71
http://revista.fmrp.usp.br/
RR
RR
Refef
efef
eferências Biberências Bib
erências Biberências Bib
erências Bibliolio
liolio
liogg
gg
gráfráf
ráfráf
ráficasicas
icasicas
icas
1. Genn JM. AMEE Medical Education Guide No. 23 (Part 2):
Curriculum, environment, climate, quality and change in medi-
cal education - a unifying perspective. Med Teach. 2001; 23:
445-54.
2. Genn JM. AMEE Medical Education Guide No. 23 (Part 1):
Curriculum, environment, climate, quality and change in medi-
cal education - a unifying perspective. Med Teach. 2001; 23:
337-44.
3. Hutchinson L. ABC of learning and teaching - Educational en-
vironment. BMJ 2003; 326:810-12.
4. Miles S, Swift L, Leinster SJ. The Dundee Ready Education
Environment Measure (DREEM): A review of its adoption and
use. Med Teach. 2012; 34: e620–34.
5. Pimparyon P, Roff S, McAleer S, Poonchai B, Pemba S. Edu-
cational environment, student approaches to learning and aca-
demic achievement in a Thai nursing school. Med Teach 2000;
22:359–64.
6. Mayya SS, Roff S. Students’ perceptions of educational envi-
ronment: A comparison of academic achievers and under-
acheivers at Kasturba Medical College, India. Educ Health.
2004; 17:280-91.
ABSTRACT
The educational environment is composed by a number of factors that influence learning and affect aca-
demic performance and student satisfaction. The components of the educational environment are related
to student physiological needs and emotional responses. The educational environment is determined by
the school and the teacher, but student also plays a role in its maintenance and improvement. A variety of
instruments have been described for the evaluation of the educational environment, which could be un-
derstood as a process of collecting data that should inform decision making processes aiming at improv-
ing educational environment. This will result in increased quality of student learning and development.
Key-words: Educational Environment; Learning Climate; Teaching; Learning; Students; Health Professions
Education.
7. Genn JM, Harden RM. What is medical education here re-
ally like? Suggestions for action research studies of cli-
mates of medical education environments. Med Teach.
1986; 8:111–24.
8. Newble DI, Entwistle NJ. Learning styles and approaches: im-
plications for medical education. Med Educ. 1986; 20:162-75.
9. Ryan RM, Deci EL. Intrinsic and Extrinsic Motivations: Clas-
sic Definitions and New Directions. Contemp Educ Psychol.
2000; 25:54-67.
10. Fraser B. Classroom environment instruments: development,
validity and applications. Learning Environments Research
1998; 1: 7-33.
11. Soemantri D, Herrera C, Riquelme A. Measuring the educa-
tional environment in health professions studies: A systematic
review. Med Teach. 2010; 32: 947–52.
12. Roff S, McAleer S, Harden RM, Al-Qahtani M, Ahmed AU,
Deza H, Groenen G, Primparyon P. Development and valida-
tion of the Dundee Ready Education Environment Measure
(DREEM). Med Teach.1997; 19: 295–99.
13. De Oliveira Filho GR, Vieira JE, Schonhorst L. Psychometric
properties of the Dundee Ready Educational Environment
Measure (DREEM) applied to medical residents. Med Teach.
2005; 27: 343–7.
... Não existe um consenso quanto à sua definição, no entanto, pode ser visto de uma forma geral como todo e qualquer contexto em que ocorre aprendizagem (2). Inclui, portanto, diversos aspetos, como o espaço físico, recursos disponíveis, estilo e qualidade de ensino, metodologias pedagógicas e relacionamentos interpessoais (2)(3)(4)(5)(6). ...
... São vários os estudos que estabelecem uma relação direta entre o ambiente de aprendizagem e os outcomes educativos, havendo até diretrizes e guidelines que definem o que é um ambiente de aprendizagem adequado (2)(3)(4)(6)(7)(8). Este deve ser um conceito presente nos profissionais que trabalham diretamente em educação, dado que, segundo as teorias de aprendizagem do adulto, a criação de um ambiente propício à aprendizagem facilita a aquisição de conhecimentos e o desenvolvimento das competências associadas ao processo formativo, sendo indissociável do sucesso académico (2,(7)(8)(9)(10)(11). ...
... A perspetiva dos alunos sobre o seu ambiente de aprendizagem é um indicador efetivo para o processo tanto de ensino como de aprendizagem (21). Para que os aspetos positivos do ambiente sejam mantidos e reforçados, e para que os aspetos negativos sejam eliminados e/ou substituídos, há necessidade de avaliar a perceção dos estudantes sobre os diversos aspetos que integram o ambiente educativo, gerando informação diretamente relacionada com o processo de ensino-aprendizagem (4,5,(7)(8)(9). O impacto que o clima de aprendizagem tem na qualidade da aprendizagem é inegável e, como tal, a avaliação deste traz vantagens tanto para a instituição de ensino, como para o estudante (3,5,7,9,11,15,21). É, portanto, fundamental a avaliação do ambiente de aprendizagem em contexto clínico, para permitir identificar as falhas do sistema de forma a corrigir e prevenir consequências prejudiciais não só aos próprios futuros profissionais de saúde, mas também aos doentes (1). ...
Article
Full-text available
Introduction: The assessment of the learning environment is indispensable for the continuous improvement of teaching quality and, consequently, the achievement of learning objectives by students. Considering the lack of instruments in Portuguese from Portugal to assess the learning environment in a clinical setting, this study aimed to validate the Undergraduate Clinical Education Environment Measure instrument for Portuguese from Portugal through the cross-cultural adaptation of this instrument. Materials and Methods: The target population of the project consisted of medical students from the University of Beira Interior who underwent clinical internships in the academic year 2022/2023. A focus group was conducted to formulate an initial version adapted for Portuguese from Portugal, which was then reviewed by experts in the field. Subsequently, this version was applied in a pre-test, followed by individual interviews. The obtained results were discussed, the instrument was revised, and the distribution of responses was analyzed. Finally, the final version of the adapted instrument was applied to the target population, followed by statistical treatment and assessment of the psychometric properties of the instrument. Results: Confirmatory factor analysis demonstrates that the instrument adapted to the Portuguese context is valid and reliable, with an Omega coefficient of 0.96. Conclusion: Further consideration is required regarding the question "Do I have adequate access to computers" given the national landscape regarding medical students' access to clinical records. However, considering the stability of the psychometric properties of the instrument, it is ready to be used for evaluating learning environments in a clinical setting. The instrument adapted to the Portuguese context is valid and reliable, proving to be a useful tool for assessing the learning environment in a clinical setting for medical students. Introdução: A avaliação do ambiente de aprendizagem é indispensável para a constante melhoria da qualidade de ensino e, por consequência, o alcance pelos estudantes dos objetivos de aprendizagem. Tendo em conta a ausência de instrumentos em português de Portugal para avaliar o ambiente de aprendizagem em meio clínico, este trabalho teve como objetivo validar o instrumento Undergraduate Clinical Education Environment Measure para português de Portugal, através da adaptação transcultural deste instrumento. Materiais e métodos: A população alvo do projeto foram os alunos de Medicina da Universidade da Beira Interior que frequentaram estágios clínicos curriculares no ano letivo 2022/2023. Procedeu-se à realização de um focus group para formular uma primeira versão adaptada para português de Portugal, versão esta que foi revista por especialistas da área. De seguida, aplicou-se esta versão num pré-teste, seguido de entrevistas individuais. Os resultados obtidos foram discutidos, o instrumento revisto e foi feita a análise da distribuição de respostas. Por fim, aplicou-se a versão final do instrumento adaptado na população alvo, tendo sido feito posteriormente o tratamento estatístico e avaliação das propriedades psicométricas do instrumento. Resultados: A primeira versão adaptada foi aplicada num pré-teste a 34 participantes, tendo gerado uma versão final para ser aplicada na população alvo. Foram obtidas 270 respostas válidas, tendo a análise fatorial confirmatória demonstrado que o instrumento adaptado para o contexto português é válido e fiável, com coeficiente de Ômega de 0,96. Conclusão: Será necessária uma reflexão posterior sobre a questão “Tenho acesso adequado aos computadores” dado o panorama nacional sobre o acesso dos estudantes de medicina aos registos clínicos. No entanto, o instrumento adaptado para o contexto português revelou-se válido e fiável, estando pronto a ser utilizado para avaliar o ambiente de aprendizagem em meio clínico, dos estudantes de medicina.
... Um ambiente educacional tem impacto no rendimento acadêmico do aluno, sendo necessário que seja sempre investigado e aprimorado com o objetivo de aperfeiçoar o processo educacional (Troncon, 2014). Em 2022, após um período de distanciamento social ocasionado pela pandemia por Covid19, o retorno às aulas presenciais mostrou urgência em repensarmos as práticas pedagógicas para o ensino e a aprendizagem, de modo que o ambiente educacional necessitava de algumas alterações e adaptações. ...
... Isso pode estar atrelado a "eventos representacionais moldados por práticas sociais, históricas e culturais" (Mavers, 2004, p. 55), que fizeram emergir signos individuais. (Troncon, 2014). ...
Article
Full-text available
Neste artigo apresentamos resultados de uma pesquisa com o objetivo de evidenciar recursos semióticos mobilizados em uma atividade de modelagem integrada à Educação STEAM e como ocorreu tal mobilização. A Modelagem Matemática é entendida como uma alternativa pedagógica que pode possibilitar uma integração das áreas STEAM. A abordagem linguística e extralinguística se deu por meio do uso e da produção de signos vinculados aos recursos semióticos no desenvolvimento da atividade. Os dados que subsidiaram a análise qualitativa e de cunho interpretativo se referem aos registros escritos, transcrições de áudios e vídeos de uma turma do Ensino Médio de uma escola pública do interior de São Paulo. A partir da temática sugerida pela professora, evidenciamos que os alunos mobilizaram recursos semióticos que tinham disponíveis e tal mobilização se fez à medida que avançavam na atividade a partir da comunicação entre os alunos dos grupos, incentivando a tomada de consciência com relação às áreas STEAM.
... (16) Entretanto, podemos compreender que a atuação do volvimento pessoal e profissional. (7,20,21) Ensinar exige liderança e cabe ao docente não somente ter respeito pelo que os educandos sabem, mas também, discutir com os alunos os motivos e razões desses saberes. ...
... (22) Fica com o educador, a responsabilidade de interagir favoravelmente com os educandos mais retraídos, estimulá-los e favorecer a sua integração com o grupo, bem como evitando comportamentos abusivos que levam à exclusão e à perda de confiança dos atingidos. (20) Vale salientar que ao ensinar, o preceptor também aprende. Diariamente, são vivenciadas situações distintas Conhecimento teórico e prático sobre a assistência de Enfermagem ...
Article
Full-text available
Objetivo: Identificar, na percepção de enfermeiros, as competências necessárias à função de preceptoria hospitalar e construir uma matriz com competências essenciais ao preceptor de enfermeiros. Métodos: A pesquisa teve abordagem qualitativa com caráter descritivo e exploratório. Foi utilizado como instrumento um roteiro semiestruturado de entrevista para analisar a percepção do enfermeiro sobre as competências que caracterizam a função do enfermeiro preceptor. Sendo esta uma pesquisa qualitativa, a análise dos dados foi efetuada por meio da Análise de Conteúdo na modalidade temática. Resultados: Tendo como fundamentação teórica as análises das falas dos entrevistados e as competências gerais descritas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de Enfermagem, foi construída uma matriz com competências essenciais ao preceptor de enfermeiros. A matriz de competências possui como finalidade manifestar o entendimento sobre o que é essencial ao perfil de um profissional, tornando-se assim, um termo de referência para os desempenhos essenciais para a formação, processos de avaliação e tomada de decisões para os processos educacionais. Conclusão: Enfermeiro preceptor deve ser exemplo profissional, responsável, paciente e embasar suas ações no respeito às individualidades dos educandos para promover a articulação do ensino, serviço e aprendizado.ABSTRACTObjective: To identify, in the perception of nurses, the skills needed for the function of hospital preceptoria and build a matrix with essential competencies to nurses’ preceptors. Methods: The research had a qualitative approach with descriptive and exploratory character. A semi-structured interview script was used as an instrument to analyze the nurses’ perception on the skills that define the function of the preceptor nurse. As this is a qualitative research, data analysis was performed using Content Analysis in the thematic modality. Results: The theoretical basis is the analysis of the interviewees’ statements and the general skills described in the National Curriculum Guidelines for the Nursing course, a matrix with essential competencies for the nurse preceptor was constructed. This matrix aims to express the understanding of what is essential to the profile of a professional, thus becoming a reference term for the essential performances for training, evaluation procedures, and decision-making for educational processes. Conclusion: The preceptor nurse should be professional, responsible, patient, and base his actions on respect for the individuality of students, to promote the articulation of teaching, service, and learning.RESUMENObjetivo: Identificar, en la percepción de los enfermeros, las competencias necesarias para la función de preceptor hospitalario y construir una matriz con las habilidades esenciales para el preceptor de enfermeros. Métodos: La investigación tomó un enfoque cualitativo con carácter descriptivo-exploratorio. Fue utilizado como instrumento un guión de entrevista semiestructurado para analizar la percepción de los enfermeros sobre las competencias que caracterizan el papel del preceptor de enfermería. Como investigación cualitativa, el análisis de los datos se realizó a través del Análisis de Contenido temático. Resultados: Tiene como fundamento teórico los análisis de los discursos de los entrevistados y las competencias generales descritas en las Directrices Curriculares Nacionales para el curso de Enfermería, se ha construido una matriz con competencias esenciales para el preceptor de enfermeros. La matriz tiene como finalidad manifestar el entendimiento de lo que es esencial para el perfil de un profesional, convirtiéndose en un término de referencia para los desempeños esenciales de la formación, procesos de evaluación y la toma de decisiones para los procesos educativos. Conclusión: El enfermero preceptor debe ser ejemplo de profesionalidad, responsabilidad y paciencia y basar su actuación en el respeto a las individualidades de los alumnos para promover la articulación de la enseñanza, el servicio y el aprendizaje.
... O ambiente educacional é um construto multifatorial que contempla a percepção do ensino, dos professores, dos vínculos interpessoais e da atmosfera organizacional Troncon, 2014). É comprovada a importância da compreensão do ambiente para o desenvolvimento da aprendizagem no manejo das mudanças nas profissões de saúde (Genn & Harden, 1986;Roff, 2005). ...
... É comprovada a importância da compreensão do ambiente para o desenvolvimento da aprendizagem no manejo das mudanças nas profissões de saúde (Genn & Harden, 1986;Roff, 2005). Os dados gerados podem contribuir para os processos de avaliação mais amplos do curso, subsidiando decisões que se referem à formulação de intervenções ou inovações, aumentando a qualidade dos processos educativos (Genn, 2001;Troncon, 2014). Research, Society and Development, v. 10, n. 17, e194101724434, 2021 (CC BY 4. ...
Article
Full-text available
A necessidade de distanciamento social provocou impactos na formação médica, que já sofria processo de mudanças. Com a adoção do ensino remoto, ocasionada pela pandemia da Covid-19, as escolas médicas revisaram práticas educativas e a relação professor-aluno em novos cenários. Nosso objetivo é analisar o ambiente educacional de um curso de graduação de medicina contextualizando-o à nova realidade, identificando aspectos do curso que devem ser revistos para favorecer as transformações necessárias. Aplicamos questionários sociodemográficos e Dundee Ready Education Environment Measure (DREEM) a alunos do primeiro, terceiro e sexto anos do curso de medicina de uma universidade pública brasileira entre agosto e novembro de 2019. Os alunos avaliaram negativamente o ambiente educacional, sendo aspectos concernentes à motivação, uso inadequado do tempo, incentivo à educação permanente percebidos como pouco estimulados e que precisam ser melhorados, objetivos pedagógicos pouco esclarecidos e professores autoritários. Na análise dos dados destacamos as percepções dos alunos sobre motivação e estímulo para aprender; relação professor-aluno; autonomia e estímulo à educação continuada; avaliação, e prática de feedback. Os resultados indicam que a adoção de metodologias de ensino centradas no professor não favorece a participação ativa do aluno e não o encoraja à construção do conhecimento. A modalidade remota de ensino exige ressignificar práticas educativas e lugares ocupados por professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem. Atividades de aprimoramento docente, revisão dos métodos de ensino e de avaliação, e maior participação de alunos e professores nos processos de mudança são necessárias.
... A interação e a comunicação entre docentes e discentes representam desafios para o aprimoramento do processo ensino-aprendizagem e norteia, assim, a construção do conhecimento, o qual necessita ser livre de entraves, especialmente para que haja fluidez no processo. Para Troncon (2014), a qualidade do processo educativo é elevada quando fatores como os elementos afetivos são respeitados. Por esta razão, tais elementos devem fazer parte do ambiente educacional. ...
Article
Full-text available
O presente estudo objetivou traduzir e adaptar transculturalmente o instrumento Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physician Empathy para a língua portuguesa do Brasil e para o uso na relação docente-discente. Foram utilizadas seis etapas para o desenvolvimento da adaptação cultural: Tradução Inicial; Síntese das Traduções; Retrotradução; Comitê de Especialistas; Pré-teste; Envio da Documentação aos Desenvolvedores. O pré-teste envolveu 40 participantes, estudantes dos cursos de graduação, que avaliaram o instrumento pré-final com relação a clareza e adequação. Os resultados mostraram que os participantes consideraram todos os itens claros e adequados. O desenvolvedor aprovou a versão final. Concluiu-se que a tradução e adaptação transcultural do Jefferson Scale of Patient Perceptions of Physician Empathy para o uso na relação docente-discente apresentou adequadas equivalências, resultando na estruturação do instrumento “Escala Jefferson das Percepções do Estudante sobre a Empatia do Professor”.
... em que ocorre o ensino e a aprendizagem e, de certa forma, particularizada às instituições de ensino. Quando nos referimos ao ambiente educacional consideramos a compreensão de Troncon (2014), de que se trata de um [...] conjunto de elementos, de ordem material ou afetiva, que circunda o educando, que nele deve necessariamente se inserir e que o inclui, quando vivencia os processos de ensino e aprendizado, e que exerce influência definida sobre a qualidade do ensino e a eficácia do aprendizado. Destaquese que um aspecto particular deste conceito é a inclusão do educando como elemento que participa do ambiente, o que tem a implicação de lhe atribuir responsabilidades na manutenção e no aperfeiçoamento do ambiente que integra (TRONCON, 2014, p.265 Os aspectos pedagógicos e procedimentais relacionam-se à postura e escolhas do RPEM, Campo Mourão, Pr, v.6, n.10, p.135-157, jan.-jun. ...
Article
Neste artigo apresentamos resultados parciais de uma pesquisa na qual investigamos se atividades de modelagem matemática podem ser caracterizadas como elemento determinante para desenvolver conceitos e procedimentos matemáticos no âmbito de um ambiente educacional, mais precisamente no âmbito de uma disciplina de Cálculo Diferencial e Integral 1. A pesquisa estáfundamentada nos pressupostos teóricos da modelagem matemática entendida como alternativa pedagógica e em ideias e caracterizações de ambiente educacional. A busca por evidências relacionadas à caracterização do ambiente educacional é permeada pela análise dos registros escritos e falados de um grupo de alunos de um curso de Licenciatura em Química e que foram coletados pormeio de gravações em áudio, no desenvolvimento da atividade de modelagem matemática. Por meio desses registros inferimos sobre características que permitem à atividade se configurar como elemento determinante de um ambiente educacional, considerando a parceria entre os alunos no trabalho em grupo e as intervenções da professora atribuindo caráter pessoal à atividade, bem como possibilitando desencadear tarefas para a aplicação de conteúdos matemáticos estudados.
Book
Full-text available
Uma educação voltada para a reflexão, para o trabalho em grupo e a aprendizagem significativa, utiliza metodologias ativas visando valorizar o desenvolvimento de habilidades cognitivas e sociais. Integrantes do conjunto de metodologias ativas, as atividades decorrentes deram origem a construção de narrativas e portfolio que são estratégias de ensino voltadas à promoção de aprendizagem significativa e suas utilizações perpassam por todos os níveis de ensino. Essa estratégia de ensino pode gerar registros importantes para avaliação da aprendizagem. Objetivos: descrever a prática pedagógica desenvolvida na disciplina Currículo e Ensino na Saúde na perspectiva discente sobre o uso de estratégias ativas de ensino e aprendizagem. Métodos: análise documental dos registros feitos pelos discentes do Programa de pós-graduação Mestrado Profissional Ensino na Saúde, que cursaram a disciplina Currículo e Ensino na Saúde, sobre a prática pedagógica desenvolvida na referida disciplina. Resultados: análise documental dos registros feitos pelos discentes que cursaram a disciplina Currículo e Ensino na Saúde revelaram que houve inovação e reflexão sobre suas práticas profissionais. A análise das percepções discentes mostrou que a utilização de metodologias ativas possibilitou a construção do conhecimento e tornou o aprendizado mais significativo. Foi possível aferir nas narrativas sobre o uso dessas metodologias, que o trabalho de elaboração dos registros das atividades, ora de forma individual, ora de forma coletiva, contribuíram para um olhar ampliado sobre planejamento curricular, PPC, prática docente, protagonismo discente e gerando inovação na disciplina. Conclusão. O planejamento na disciplina favoreceu a metodologia de ensino, contribuiu para uma aprendizagem significativa e para a formação de profissionais mais críticos e reflexivos, especialmente, aos que atuavam na docência, estimulou maior participação e engajamento na disciplina e favoreceu à aprendizagem discente.
Article
Full-text available
Este estudo tem por objetivo avaliar a percepção de estudantes a respeito do ambiente de ensino de um curso de Odontologia de uma universidade pública do estado do Rio de Janeiro. Foram coletados dados sociodemográficos de 233 estudantes matriculados no segundo semestre de 2018. A avaliação do ambiente de ensino foi realizada por meio do questionário DREEM. A média do escore total do DREEM foi de 106,96 e dos domínios aprendizado, professores, acadêmico, atmosfera e social foram, respectivamente, 26,78; 24,02; 16,20; 25,62; e 14,34. Práticas pedagógicas pouco centradas nos alunos, geradoras de insegurança e não comprometidas com o desenvolvimento da autonomia foram identificadas. Embora a percepção do escore total do ambiente acadêmico tenha sido mais positiva do que negativa, todos os domínios avaliados necessitam de aprimoramentos. Há necessidade de uso de metodologias ativas de ensino e de aprimoramentos no apoio psicológico para os estudantes.
Article
Full-text available
Introduction: The educational environment for the clinical teaching of undergraduate medical and nursing students influences the students’ perception of significant aspects of satisfaction in the clinical learning environment. Objective: To transculturally adapt, with the concept, content and construct validity, the instrument “Undergraduate Clinical Education Environment Measure - UCEEM” into the Brazilian Portuguese language and validate the translated and adapted version; involving medical and nursing students, while experiencing clinical teaching during their undergraduate course. Method: This is a methodology study aimed at the translation, adaptation and transcultural validation process, which is divided into six steps, as proposed by Beaton. The steps consisted in the translation, translation synthesis, back-translation, proofreading by the experts committee, pre-testing and submission of the final version of the instrument to the author. Five bilingual translators participated in this process (three for the translation and two for the back-translation), as well as eight expert professionals who work as academic faculty and have Master’s and Doctoral degrees. The validation was carried out at two moments: the first one by using semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalence (pre-test), involving 30 medical and nursing students going through clinical teaching; and the second moment, the validation and assessment of the psychometric properties with 161 students from these same courses. Result: The transcultural adaptation carried out by eight expert professionals in this area was performed based on the experts’ considerations, in addition to the analysis and considerations of the researcher and author of the original instrument. The result of this phase led to the final version of this instrument in Brazilian Portuguese, which shows 26 items divided into two dimensions and four subscales that were maintained according to its original form. Following the filling out of the instrument by the nursing and medical students, the analysis of the Theory of Response revealed to be reliable, as determined by a Cronbach’s alpha of 0.917. According to Spearman’s correlation test, the results indicate a positive correlation between the questions. Conclusions: The Portuguese version of the UCEEM instrument showed to be adequate and useful to evaluate the satisfaction with the educational environment in clinical teaching according to the perception of medical and nursing students.
Article
Full-text available
Introduction: The educational environment for the clinical teaching of undergraduate medical and nursing students influences the students’ perception of significant aspects of satisfaction in the clinical learning environment. Objective: To transculturally adapt, with the concept, content and construct validity, the instrument “Undergraduate Clinical Education Environment Measure - UCEEM” into the Brazilian Portuguese language and validate the translated and adapted version; involving medical and nursing students, while experiencing clinical teaching during their undergraduate course. Method: This is a methodology study aimed at the translation, adaptation and transcultural validation process, which is divided into six steps, as proposed by Beaton. The steps consisted in the translation, translation synthesis, back-translation, proofreading by the experts committee, pre-testing and submission of the final version of the instrument to the author. Five bilingual translators participated in this process (three for the translation and two for the back-translation), as well as eight expert professionals who work as academic faculty and have Master’s and Doctoral degrees. The validation was carried out at two moments: the first one by using semantic, idiomatic, cultural and conceptual equivalence (pre-test), involving 30 medical and nursing students going through clinical teaching; and the second moment, the validation and assessment of the psychometric properties with 161 students from these same courses. Result: The transcultural adaptation carried out by eight expert professionals in this area was performed based on the experts’ considerations, in addition to the analysis and considerations of the researcher and author of the original instrument. The result of this phase led to the final version of this instrument in Brazilian Portuguese, which shows 26 items divided into two dimensions and four subscales that were maintained according to its original form. Following the filling out of the instrument by the nursing and medical students, the analysis of the Theory of Response revealed to be reliable, as determined by a Cronbach’s alpha of 0.917. According to Spearman’s correlation test, the results indicate a positive correlation between the questions. Conclusions: The Portuguese version of the UCEEM instrument showed to be adequate and useful to evaluate the satisfaction with the educational environment in clinical teaching according to the perception of medical and nursing students.
Article
Full-text available
Few fields of educational research have such a rich diversity of valid, economical and widely-applicable assessment instruments as does the field of learning environments. This article describes nine major questionnaires for assessing student perceptions of classroom psychosocial environment (the Learning Environment Inventory, Classroom Environment Scale, Individualised Classroom Environment Questionnaire, My Class Inventory, College and University Classroom Environment Inventory, Questionnaire on Teacher Interaction, Science Laboratory Environment Inventory, Constructivist Learning Environment Survey and What Is Happening In This Class) and reviews the application of these instruments in 12 lines of past research (focusing on associations between outcomes and environment, evaluating educational innovation, differences between student and teacher perceptions, whether students achieve better in their preferred environment, teachers'' use of learning environment perceptions in guiding improvements in classrooms, combining quantitative and qualitative methods, links between different educational environments, cross-national studies, the transition from primary to high school, and incorporating educational environment ideas into school psychology, teacher education and teacher assessment).
Article
Full-text available
The Dundee Ready Education Environment Measure (DREEM) was published in 1997 as a tool to evaluate educational environments of medical schools and other health training settings and a recent review concluded that it was the most suitable such instrument. This study aimed to review the settings and purposes to which the DREEM has been applied and the approaches used to analyse and report it, with a view to guiding future users towards appropriate methodology. A systematic literature review was conducted using the Web of Knowledge databases of all articles reporting DREEM data between 1997 and 4 January 2011. The review found 40 publications, using data from 20 countries. DREEM is used in evaluation for diagnostic purposes, comparison between different groups and comparison with ideal/expected scores. A variety of non-parametric and parametric statistical methods have been applied, but their use is inconsistent. DREEM has been used internationally for different purposes and is regarded as a useful tool by users. However, reporting and analysis differs between publications. This lack of uniformity makes comparison between institutions difficult. Most users of DREEM are not statisticians and there is a need for informed guidelines on its reporting and statistical analysis.
Article
Intrinsic and extrinsic types of motivation have been widely studied, and the distinction between them has shed important light on both developmental and educational practices. In this review we revisit the classic definitions of intrinsic and extrinsic motivation in light of contemporary research and theory. Intrinsic motivation remains an important construct, reflecting the natural human propensity to learn and assimilate. However, extrinsic motivation is argued to vary considerably in its relative autonomy and thus can either reflect external control or true self-regulation. The relations of both classes of motives to basic human needs for autonomy, competence and relatedness are discussed.
Article
The aim was to examine the relationship among students' approaches to learning, their perceptions of educational environment, and their academic achievement. Two measures, the short version of Approaches to Studying Questionnaire (s-ASQ) and the Medical Education Environment Measure (MEEM), were administered to 256 Thai nursing students at the metropolitan Nursing College in Bangkok. The relationships among the students' approaches to learning scores, their perception of learning environments scores and their scores on measure of academic achievement, using grade point average, were examined. Two learning approaches dimensions, five learning environments dimensions, and items from two measures were also regressed against academic achievement. These Thai nursing students' approaches to learning had higher scores on Reproducing Orientation than Meaning Orientation. The nursing students also perceived their learning environments as relatively satisfactory. The students who scored high on learning environment had higher scores on recommended approaches to learning and achieved higher grade point averages than did their counterparts who scored low on learning environment. The correlations between dimensions of the two measures and academic achievement yielded statistically significant but low correlations. The results indicate the usefulness of using these two instruments as diagnostic measurement tools to enhance learning outcomes in a healthcare professions institution.
Article
The General Medical Council has initiated major innovations in the undergraduate medical curriculum. These requirements are forcing a rapid rate of change in medical schools throughout the UK which parallels many developments in North America. There have also been several international and national mission statements which call for similar reforms in education in the health professions. While the improvement of the learning environment and 'climate' is a major goal of the changes, the very rate of change is itself stressful. The present research reports the development and validation of a universal inventory that equips health professions/medical educators with a diagnostic tool to measure the state of their school's learning and teaching climate.
Article
One of the determinants of the medical student's behaviour is the medical school learning environment. The aim of this research was to identify the instruments used to measure the educational environment in health professions education and to assess their validity and reliability. We performed an electronic search in the medical literature analysis and retrieval system online (MEDLINE) and Timelit (Topics in medical education) databases through to October 2008. The non-electronic search (hand searching) was conducted through reviewing the references of the retrieved studies and identifying the relevant ones. Two independent authors read, rated and selected studies for the review according to the pre-specified criteria. The inter-rater agreement was measured with Kappa coefficient. Seventy-nine studies were included with the Kappa coefficient of 0.79, which demonstrated a reliable process, and 31 instruments were extracted. The Dundee Ready Education Environment Measure, Postgraduate Hospital Educational Environment Measure, Clinical Learning Environment and Supervision and Dental Student Learning Environment Survey are likely to be the most suitable instruments for undergraduate medicine, postgraduate medicine, nursing and dental education, respectively. As a valid and reliable instrument is available for each educational setting, a study to assess the educational environment should become a part of an institution's good educational practice. Further studies employing a wider range of databases with more elaborated search strategies will increase the comprehensiveness of the systematic review.