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Um sujeito no mercado das pílulas*
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vera Lopes Besset*
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Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 17(3-Suppl.), 616-625, set. 2014
http://dx.doi.org/10.1590/1415-4714.2014v17n3-Suppl.p616.4
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Apresentado em primeira versão no Colóquio Internacional sobre Metapsicologia
da Perversão. Usos Sociais da Perversão. No Simpósio “Consumidor: perversão e discurso
capitalista”. Organizado por Universidade Católica de Pernambuco – Unicap (Recife, PE,
Br) e Université Catholique de l’Ouest (Angers, France) e realizado na Unicap em agosto
de 2013.
*
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Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ (Rio de Janeiro, RJ, Br).
O consumo iguala todos como semelhantes, a partir de soluções
para-todos, desconsiderando a particularidade da subjetividade. O
bromiálgico recusa o tratamento universal ofertado pela ciência, seu
tratamento deve respeitar a lógica do caso a caso. A discussão proposta
se ancora em dados clínicos para pensar a especicidade de uma
subjetividade, para além da patologia, forjada a partir de uma ordem
de ferro, em tempos de declínio do poder norteador do amor ao pai.
Palavras-chave: Fibromialgia, consumo, subjetividade, clínica
psicanalítica
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Introdução
O consumo iguala todos como semelhantes, a partir de soluções
prêt-à-porter e para-todos. Frente ao mal-estar na cultura, os objetos
prometem a felicidade. Como assinala a obra freudiana (Freud,
1930/1986), alcançá-la perenemente é impossível, seu usufruto é
contingente. Pode-se lançar mão de distrações e satisfações subs-
titutas ou substâncias embriagadoras. Os medicamentos, como os
psicotrópicos, mas igualmente substâncias contra alguns males, como
os da dor crônica, podem ser incluídos entre os objetos de consumo
propriamente dito.
Nesse contexto, uma nova categoria de doentes vem desaco-
modar o já atestado e sabido. Para eles, a solução universal não se
aplica e o tratamento deve ser pensado caso a caso. A fibromialgia
reivindica direito de cidadania, reconhecimento e respeito,
1
convo-
cando-nos ao trabalho. Trata-se de pacientes que nem sempre
encontram acolhimento para sua queixa, em particular quando os
exames não identificam uma causa orgânica (Besset, Gaspard, Doucet,
Veras, Cohen, 2010). Sônia, com diagnóstico de fibromialgia, relata:
“Minha cardiologista disse que eu invento as doenças em mim”.
Na clínica psicanalítica, as dores da fibromialgia podem se apre-
sentar como um sintoma silencioso, um sintoma mudo (Miller, 1997).
Na realidade, são sofrimentos que não podem, do ponto de vista
da psicanálise, ser nomeados sintomas. Chegam ao analista como
queixa e se apresentam como transtorno. A demanda, nesses casos, é
de alívio. Falta a eles um endereçamento ao Outro, não portam um
sentido nem se oferecem à decifração. “Em realidade são os sintomas
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Em março de 2007, a partir da demanda de um cidadão no sentido do reconhecimento da
bromialgia, o Jornal do Senado da França publica a resposta do Ministère de la Santé et des
Solidarités, com o título Reconnaissance de la fibromyalgie <http://www.senat.fr/questions/
base/2007/qSEQ070326683.html>.
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mudos, que antigamente não eram levados às práticas do dizer, isso tem a ver com
o estado da cultura” (Miller, 1997, p. 9). Ao invés de interpelarem os sujeitos, apre-
sentando-se como enigmas e convidando à construção de um saber, funcionam
como respostas ao vazio identificatório que caracteriza aqueles que os portam.
Da dor sem sentido ao sentido da dor
A dor coloca questões cruciais sobre o corpo e a regulação das pulsões e, em
alguns casos, as experiências de dor contrariam a suposição do sujeito (neurótico)
de possuir um corpo (Abelhauser, 2010). Quando é questão de psicose, a clínica
demonstra que as dores crônicas podem servir de recurso para constituir um corpo
(Ebtinger, 2007).
Sônia tem diagnóstico de fibromialgia e frequenta o serviço de dores crônicas
atrelado a nossa pesquisa-intervenção (Besset, 2011). Tem atendimento médico,
encontra-se semanalmente com uma psicóloga e participa de um Grupo de Fala,
reunião mensal coordenada por uma psicóloga e por um médico. Recentemente,
ao relatar ter vivido 14 dias sem a dor, o que percebeu pelo número de remédios
que deixara de tomar, acrescenta: “As coisas que a Dra X fala ficam... vou embora
pensando nelas. Devo dizer que doem. Sabem por que doem? Porque ficam na gente
como alfinetes...”. Sônia parece ter substituído, mesmo que em um intervalo, a dor
no corpo por algo que a implica em seu ser de gozo. Algo que remete ao feminino
pelo viés da maternidade e que a interroga como questão, incômoda como um
alfinete. Nesse caso, a dor corporal indica seu caráter de mensagem a ser decifrada.
Revela-se um sintoma freudiano: tem relação com a história do sujeito, tem um
sentido e se oferece à decifração (Zanotti, Abelhauser, Gaspard, Besset, 2013).
No caso de Sônia, após um trabalho preliminar, primeiro tempo do tratamento,
sob transferência, a queixa pôde se desdobrar em sintoma analítico. Entretanto, em
alguns casos, a dor não se apresenta como sintoma, mostrando-se impermeável à
interpretação. Por vezes, tal como os sintomas obsessivos, remetem-nos a um
sentido de satisfação pulsional. Em outros, a dor vem, por assim dizer, fazer um
corpo para o falasser que não dispõe de uma imagem corporal que sustente a ilusão
de ter um corpo. É o caso de Patrick, relatado por Ebtinger (2007).
Patrick, vendedor e pai de família, levava sua vida sem problemas até o
momento em que sofre um acidente de carro. Com ferimentos relativamente
leves, desde então sofre de dores nas costas que o impedem de retornar à sua vida
profissional e restringem consideravelmente seus afazeres cotidianos. Ao inves-
tigar a cronologia e circunstâncias da aparição da dor na vida desse paciente,
Ebtinger encontra indicações a respeito de sua instalação. No acidente de carro
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há uma primeira batida e, quando Patrick se volta para entender o que aconte-
cera, um terceiro veículo bate violentamente em seu carro. Ele perde a cons-
ciência por instantes e se crê morto, tendo o sentimento de que tudo que vê é irreal.
Imediatamente, nada sentiu. Somente no momento seguinte as dores surgiram
nos locais do corpo que sofreram um choque (não sofrera ferimentos, apenas
contusões). Percebeu que estava vivo somente no instante em que sentiu a dor. No
entanto, a impressão de irrealidade permaneceu.
A experiência de sentir-se morto pôs em questão o modo de relação de
Patrick com seu corpo. Ebtinger assinala: “é a sensação de seu corpo que funda sua
realidade, e não a imagem que ele tem dele” (p. 150). Considerando a função de
enlace da dor, no caso de Patrick, Ebtinger indica à equipe uma estratégia de trata-
mento visando apenas um alívio e não a supressão da dor. Enlaçamento, eis o que
está em questão para cada falasser, para enodar os três registros e fazer face ao Real
do gozo.
Novos tempos, novos sujeitos, novas patologias?
O contexto no qual se insere a clínica psicanalítica difere daquele de seus
primórdios, no final do século
XIX. Laurent e Miller caracterizam a época em que
vivemos como a do ‘Outro que não existe’ (Miller, 2005), na qual se observa o
declínio da função paterna, da autoridade e a queda dos ideais. E se hoje o mal-estar
assinalado por Freud (1930/1986) no final da década de 1920 permanece, as
soluções à disposição do falasser se multiplicam.
O advento do discurso do capitalista produz modificações no estatuto do
sujeito a partir das transformações na cultura, ordenada por esse discurso, avesso às
coisas do amor e à particularidade do desejo. Discurso que não é propriamente um,
posto que se produz por uma mutação do discurso do mestre e não por uma rotação
de seus termos (Lacan, 1978, p. 40):
$ S
2
S
1
a
Em seu Seminário sobre a ética da psicanálise, pronunciado no final da década
de 1960 (1959-1960/1986), Lacan sublinha a função dos bens produzidos pelo capi-
talismo: colocar-se à disposição da utilidade. Explicita que “em prol da utilidade,
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tampona-se o que falta com esses pequenos objetos, substituíveis a todo tempo”
(p. 280). Mais recentemente, Bauman (2007) afirma que do ponto de vista da
utilidade e em prol da descartabilidade o capitalismo permite situar “o valor da
novidade acima do valor da permanência” (p. 108).
Nessa configuração dos laços, a ideia de que há um objeto que pode preencher
sua falta faz com que o sujeito perca de vista a impossibilidade, presente no discurso
do mestre. Sendo assim, sai de cena a castração e a relação entre o sujeito e o objeto
não passa pela fantasia: “O sujeito do inconsciente em algum lugar sabe que é impos-
sível apropriar-se do objeto e por isso precisa da fantasia” (Dafunchio, 2008, p. 46). A
incompletude se apresenta a esse sujeito não pela via da falta a ser, que o regularia a
partir do ideal, como solução, mas apresenta-se como falta-de-gozo, na perspectiva do
mais-gozar apontado pelos objetos. Esse sujeito é o consumidor.
Ao contrário do gozo singular, próprio ao Um, temos a promessa de um gozo
igual para todos e sem limites, universal. Cada um busca, como pode, o limite, ou
o véu para lidar com o real do gozo. Não há um Outro que, se existisse, garan-
tiria a relação sexual. Essa fórmula de Lacan (2005) (Encore) indica algo que não
funciona nos seres falantes, seres de linguagem, algo que se manifesta no campo
da sexualidade. Algo que Lacan nomeia troumatisme e que, para Freud, era um
excedente de sexualidade (Miller, 1988).
Uma vez que a relação sexual não existe (Lacan, 1975), que o pai do Nome-
-do-Pai não consegue garantir a relação entre significante e significado, a conclusão é
que não existe nó borromeano de três (Lacan, Seminário 23, 2005). Há sempre lapso,
falha do nó, por isso o déficit é generalizado. É preciso um 4º nó para que o sujeito
se proteja do real e sustente junto real, simbólico e imaginário. Algo que funcionaria
como suplência: como um Nome-do-Pai, que Lacan nomeou Sinthome (Seminário 23,
2005).
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Ou algo que, funcionando como nomeação, venha reforçar uma das rodelas de
barbante (Seminário
R.S.I.): a Inibição (I), o Imaginário, o Sintoma (S), o Simbólico
e a Angústia (A), o Real.
Figura: nó de três com reforço do simbólico (sintoma)
Trata-se de outro tempo, no qual já não vigora o não do pai, da interdição
que funda a lei e está na origem do desejo. Assim, sem recursos para construir um
sintoma que faça laço com o Outro, o sujeito apresenta-se muitas vezes desnorteado
e à deriva.
No Seminário Les non-dupes errent (1974/2014), Lacan assinala uma carac-
terística daquele momento histórico: a perda de dimensão do amor, em que o nome
do pai é substituído pela função de nomear para (nommer à). Trata-se não mais do
não em nome do pai, mas de um não que depende somente da voz da mãe e de sua
vontade, de interditar algo aqui e ali. A interdição, então, incide sobre pequenas coisas
e somente quando se tem sorte de a mãe querer assim. A mãe se basta sozinha, pode
designar o projeto, traçá-lo, indicar o caminho: “Ser nomeado para algo, eis o que se
destaca em uma ordem que efetivamente se substitui ao Nome-do-Pai”. Aí o social
ganha relevância, relevância de nó, porque ele tem o poder de “nomear para”. Desse
modo, restitui uma ordem que, afinal, afirma Lacan, “é uma ordem de ferro”.
É uma nomeação que permite um encadeamento. No entanto, é um enca-
deamento muito rígido, mais rígido do que se conhece habitualmente na neurose.
Então, as formas clínicas mudam. Nesse outro tipo de nomeação, “o sujeito anda
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direitinho”, cumpre um mandato e, por vezes, se comporta como um robô, obede-
cendo às normas sociais (Dafunchio, 2008, p. 48). Sujeitos que, como Patrick,
não dispõem do
NP para nomear e, a partir disso, localizar o gozo no corpo,
recortando-o.
Sem o Nome-do-Pai, sublinha Miller (1994), não há, propriamente falando, o
corpo; há o corporal, a carne, a matéria, a imagem. Há acontecimentos de corpo,
acontecimentos que destroem o corpo. Sem o Nome-do-Pai, é um sem-o-corpo.
Nesse contexto, concordamos com Focchi (2013) que sublinha o apagamento dos
limites entre neurose e psicose no último ensino de Lacan. Sendo assim, “La folie
entendu comme impossible d’affronter la sexualité au moyen du savoir, du logos, de
la raison, concerne tous les êtres parlants sans distinction catégorielle”.
Um saber fazer possível
Neste século, no qual a ideia do homem como um complexo circuito de
neurônios vivificado por substâncias ganha força e prestígio, a psicanálise reafirma seu
dever ético de manter aberto o debate sobre o falasser e aquilo que o afeta. Face ao
predomínio do discurso do capitalista e do prestígio do saber da ciência, “L’analyste,
pour sa part, loge un Autre savoir, le savoir de l’inconscient, et dans un Autre lieu, le
lieu de l’Autre qui n’existe que par le transfert”, como afirma Bassols (2013).
Nos casos em que a certeza comparece no lugar do saber, é possível acom-
panhar o sujeito na construção de um saber fazer com o real sem lei (Miller, 2012,
p. 92). Na abordagem de casos de dor crônica, é útil lembrar que o diagnóstico
médico pode funcionar como nome para localizar o falasser na relação com o
Outro (Besset & Espinoza, 2012). É assim com a fibromialgia, a exemplo do que se
observa com os nomes oferecidos pela psiquiatria biológica: fobia social, transtorno
bipolar, déficit de atenção (
TDHA), entre outros.
Nesse contexto, os fibromiálgicos indicam que, de algum modo, não se
deixam iludir com a promessa das pílulas, mas demandam sem cessar um Outro.
Em alguns casos, a persistência da dor pode indicar algo estruturalmente neces-
sário a um falasser. Assim, a abordagem desses casos se orienta pela função que
a dor crônica pode ter no enlaçamento
RSI. Por isso, a relevância de investigar a
possível função da dor no enlaçamento dos registros, de modo a respeitar seu lugar
e conduzir o tratamento, apoiando-se na transferência, nome freudiano do amor.
Referências
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Rev. Latinoam. Psicopat. Fund., São Paulo, 17(3-Suppl.), 616-625, set. 2014
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Resumos
(A subject at the pill market)
Consumption treats everyone in the same way and offers solutions for all regardless
of individuality. But bromyalgia patients refuse this kind of treatment offered by science.
Their treatment requires a study of each case. This paper, based on clinical data, brings
up the question of subjectivity and its idiosyncrasies, beyond pathology, in a context of
iron in times of decay of the guiding power of the father’s love.
Key words: Fibromyalgia, consumption, subjectivity, psychoanalytic clinic
(Un sujet au marché des pilules)
La consommation nous rend tous égaux, tous semblables, étant donné ses
solutions pour tous qui ne prennent pas en compte la particularité de la subjectivité.
La bromyalgie refuse tout traitement universel offert par la science, son traitement
suit la logique du cas particulier. La discussion proposée ici est basée sur des données
cliniques et porte sur la spécicité d’une subjectivité qui va au-delà de la pathologie et
qui est construite à partir d’un ordre de fer, en ces temps de déclin du pouvoir d’orien-
tation de l’amour au père.
Mots clés: Fibromyalgie, consommation, subjectivité, clinique psychanalytique
(Un sujeto en el mercado de las pastillas)
El consumo iguala a todos como semejantes a partir de soluciones para todo el
mundo, sin tener en cuenta la particularidad de la subjetividad. Los pacientes con bro-
mialgia rechazan el tratamiento universal que la ciencia les ofrece, su tratamiento debe
respetar la lógica del caso por caso. La discusión que se propone se basa en datos clínicos
para pensar la especicidad de una subjetividad, más allá de la patología, forjada a partir
de un orden férro en tiempos de decadencia del poder orientador del amor al padre.
Palabras clave: Fibromialgia, consumo, subjetividad, clinica psicoanalítica
(Ein Subjekt im Pillenmarkt)
Für den Konsum sind alle gleich und er bietet einheitliche Lösungen für alle an,
ungeachtet der individuellen Eigenart der Subjektivität. Ein Patient mit Fibromyalgie
lehnt die von der Wissenschaft angebotene Standardbehandlung ab, seine Behandlung
muss die Fall-für-Fall-Logik berücksichtigen. Die vorgeschlagene Diskussion gründet
auf klinischen Daten, um sich mit der Spezität der Subjektivität über die Pathologie
hinaus zu beschäftigen. Eine Pathologie, die aufgrund einer eisernen Anordnung, in
einer Zeit des Verfalls der Orientierungsmacht der Liebe zum Vater, geschmiedet wurde.
Schlüsselwörter: Fibromyalgie, Konsum, Subjektivität, psychoanalytische Klinik
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Citação/Citation: Besset, V.L. (2014, setembro). Um sujeito no mercado das pílulas. Revista
Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 17(3-Suppl.), 616-625.
Editor do artigo/Editor: Prof. Dr. Manoel Tosta Berlinck
Recebido/Received: 15.3.2014/ 3.15.2014 Aceito/Accepted: 10.4.2014 / 4.10.2014
Copyright: © 2009 Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental/
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VEra loPEs BEssEt
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