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IDENTIDADE CULTURAL E A CONSTRUÇÃO DO “OUTRO” EM MATO GROSSO DO SUL – O CONFLITO ENTRE INDÍGENAS E FAZENDEIROS - DOI 10.5216/bgg.V31i2.16848

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Neste artigo apresentamos ideias abordadas no interior do Grupo de Pesquisa Linguagens Geográficas e quereverberam em pesquisas orientadas e por nós desenvolvidas junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografiada Universidade Federal da Grande Dourados, em Mato Grosso do Sul. O texto aqui apresentado parte docontexto que envolve o conflito estabelecido entre indígenas e proprietários rurais quanto ao uso e necessidadeda terra no referido estado para focar a questão da identidade territorial tendo como referencial de abordagem oconceito do “outro”. Tal conflito desdobra-se em dois grupos antagônicos: o primeiro, com forte apoio da mídiae vinculado aos interesses econômicos do mercado capitalista; o segundo, defensor da demarcação de terraspara manter as condições de vida e a cultura indígena. Estabeleceu-se, portanto, um conflito entre culturasque buscam formas antagônicas de identidade e de sobrevivência no mesmo lugar. Entendemos que, paramelhor nos posicionarmos nessa questão, devemos deslocar a atenção da relação da identidade a partir dodeterminante cultural para o sentido propriamente da territorialidade em que esta acontece.
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O objetivo do presente artigo é analisar a produção da ciência geográfica a respeito da problemática dos povos indígenas no Brasil nos últimos 10 anos tendo como base às revistas mais bem avaliadas da área. Com este recorte, foram identificadas seis abordagens diferentes para a questão: a primeira linha reúne os estudos que tiveram como objeto de análise a manutenção, construção e retomada de territórios, tendo sido a identidade cultural apontada como elemento central para a resistência desses povos nessa linha de pesquisa. A segunda linha de pesquisa tem como foco o estudo da relação dos povos indígenas com a conservação da natureza, depreende-se dessas análises que os povos indígenas desempenham um papel central no processo de conservação da natureza no Brasil. A terceira abordagem aglutina os artigos que revelam as práticas espaciais dos povos indígenas, suas representações e organização dos seus territórios. O quarto eixo de pesquisa, analisa a expansão do capitalismo sobre os territórios indígenas, desmascara os grandes projetos de “desenvolvimento” ao revelar a expropriação da renda da terra e dos recursos naturais por parte de grandes grupos econômicos. A quinta linha de pesquisa relaciona o surgimento das cidades com o processo de aldeamento dos povos indígenas. A última abordagem, sexta linha, revela as estratégias espaciais de dominação dos povos indígenas no período colonial.
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O processo histórico de formação institucional das ciências modernas gerou uma tendência a especialização do conhecimento que levou a muitos a acreditarem que as denominações dessas especializações expressavam a totalidade da realidade observada. Esse é o caso da chamada Geografia Cultural em que os estudos dos aspectos culturais da realidade social pela visão geográfica, presentes em qualquer abordagem, acabam substituídos por aspectos de catalogação e descrição superficial dos elementos de determinada região. O resgate atual da Geografia Cultural tende a cair em modismos teóricos e apenas ser um novo nome para práticas viciadas de se fazer estudos científicos, não contribuindo para um melhor entendimento da dinâmica espacial da sociedade atual.
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Nas palavras de Stuart Hall, "as culturas nacionais são uma forma distintivamente moderna" (1999, p. 49) e isto porque o grau de diferença entre as identidades nacionais é inversamente proporcional ao esforço das narrativas identitárias nacionais para homogeneizar as formas de representação de modo a permitir que se tornem elementos naturalizados. Na realidade a identidade cultural sob o signo do Estado-nação procurou anular, a partir de textualidades específicas, as diferenças internas como os regionalismos, o localismo, o comunitarismo, entre outras formas de idiossincrasias internas, como também as étnicas, religiosas e lingüísticas. As diferenças 1 Esta comunicação faz parte dos resultados parciais da pesquisa intitulada Narrativas Identitárias e Educação Intercultural: o caso do Vale do Rio Pardo, que conta com financiamento da FAPERGS e da UNISC. Participam como bolsistas deste projeto os seguintes acadêmicos: Rafael de Oliveira Eduardo Luiz Hermes e Majô Schwimgel.
Povos indígenas e a Lei dos Brancos: o direito à diferença. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada
  • Ana V Araújo
ARAÚJO, Ana V. et al. Povos indígenas e a Lei dos Brancos: o direito à diferença. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade;
História dos índios no Brasil
  • Manuela C Cunha
  • Org
CUNHA, Manuela C. (Org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada
  • Gersem S Luciano
LUCIANO, Gersem S. O índio brasileiro: o que você precisa saber sobre os povos indígenas no Brasil de hoje. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade; LACED/Museu Nacional, 2006.
A questão do outro. São Paulo: Martins Fontes
  • Tzvetan Todorov
  • Conquista Da América
TODOROV, Tzvetan. A conquista da América. A questão do outro. São Paulo: Martins Fontes, 1996. Site: http://www.brasilrepublica.com/matogrossodosul.htm. Acesso em: 22 maio 2009.
outros" e "outrem" será por entendê-los como conceitos orquestradores dos discursos identitários. Para mais detalhes Referências ARAÚJO
  • V Ana
A partir deste momento, toda vez que empregarmos aspas nos termos pronominais "eu", "nós" "outro", "outros" e "outrem" será por entendê-los como conceitos orquestradores dos discursos identitários. Para mais detalhes Referências ARAÚJO, Ana V. et al. Povos indígenas e a Lei dos Brancos: o direito à diferença. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade;
Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância
  • Carlo Ginsburg
GINSBURG, Carlo. Olhos de madeira: nove reflexões sobre a distância. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
Identidade cultural na pós-modernidade
  • Stuart Hall
HALL, Stuart. Identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A, 2006.