To read the full-text of this research, you can request a copy directly from the author.
Abstract
O presente artigo tem por objectivo mostrar como a apropriação do galego-português por parte da aristocracia do ocidente peninsular constituiu um sério entrave à utilização desta língua por parte da monarquia portuguesa, justificando, em última análise, o carácter muito tardio do surgimento tanto de obras jurídicas ou narrativas, como de documentação escrita em galego-português da responsabilidade dos círculos régios do reino de Portugal.Cette étude a pour objet de montrer comment l’appropriation du gallego-portugais par une partie de l’aristocratie de l’occident de la Péninsule Ibérique a constitué un obstacle sérieux à l’usage de cette modalité linguistique vernaculaire par la monarchie portugaise. Ceci justifie l’avènement très tardif, au Portugal, d’œuvres juridiques ou narratives en gallego-portugais qui puissent être directement liées à une initiative royale, aussi bien que le retard, par rapport aux royaumes voisins, avec lequel la rédaction de documents en langue vulgaire entre dans les habitudes de la chancellerie du palais.
To read the full-text of this research, you can request a copy directly from the author.
... Esse desenvolvimento, segundo nos informa Miranda (2012), remete a senhores feudais que, entre os séculos XII e XIII, mantinham relações paralelas com os reinos de Aragão, Castela e Leão, de modo que as relações entre senhores e vassalos obedeciam a dinâmicas próprias paralelas àquelas para com a realeza. Esses "senhores de Cameros", de origem navarra, utilizavam, então, o galego-português de modo a não se comprometerem radicalmente com o poder então dominante, já que "o galego--português era a língua que exprimia as solidariedades familiares e vassálicas com os restantes grupos da nobreza senhorial implantados a ocidente" 2 (Miranda, 2012, p. 9). ...
... Esses "senhores de Cameros", de origem navarra, utilizavam, então, o galego-português de modo a não se comprometerem radicalmente com o poder então dominante, já que "o galego--português era a língua que exprimia as solidariedades familiares e vassálicas com os restantes grupos da nobreza senhorial implantados a ocidente" 2 (Miranda, 2012, p. 9). No século XIII, diante da necessidade de consolidar o domínio castelhano (some--se a isso a crise social vivida em Portugal), Afonso X de Castela agrega ao seu círculo os trovadores galego-portugueses como forma de estreitar laços com o oeste da Península Ibérica, sendo que, ao próprio monarca, aquele vernáculo era bem conhecido desde tenra idade enquanto instrumento político (Miranda, 2012). ...
As festas tradicionais e populares estão no coração das dinâmicas culturais e identitárias das comunidades. Quer se trate de romarias ou festejos carnavalescos, encenações dramáticas ou rituais religiosos, as festas pontuam os tempos sociais e individuais e acrescentam significado à vida coletiva. Muitas vezes consideradas em risco de esmorecimento ou extinção, em face das mudanças nos modos de vida e da massificação e tecnologização das culturas, as festividades revigoraram-se nas últimas décadas e estes processos de transformação e ressignificação solicitam debate e reflexão. Com contribuições de investigadores oriundos de vários continentes, esta obra reúne 35 trabalhos apresentados no congresso internacional “Festas, Culturas e Comunidades: Património e Sustentabilidade”. Reúne um conjunto de pesquisas em curso sobre as festas numa perspetiva que privilegia a relação entre as festividades e as comunidades, abarcando as culturas e as identidades festivas, a (re)valorização da tradição e a sustentabilidade cultural e dos territórios. Para além disso, e perante as tendências contemporâneas, são tópicos centrais desta publicação as políticas e processos de patrimonialização das festas, a sua mercantilização e turistificação e a relação entre as festas, a cultura e o poder.
... Como pode-se observar nas cartas de forais e em outros documentos régios do tempo de seu pai D. Afonso III, a língua vulgar não se fazia presente nos hábitos administrativos do reino português até os primeiros anos da década de 1280, período em que Portugal estava sob o governo de D. Dinis. Mas, mesmo nos primeiros anos de sua administração, percebe-se que a documentação régia continuou a ser redigida em latim, tendência que se inverteu, sobretudo, a partir de 1284, ano em que o avô de D. Dinis, D. Afonso X, o sábio de Castela faleceu (Miranda, 2012). ...
O principal objetivo desse artigo consiste em promover uma reflexão acerca da relevância da oficialização da língua portuguesa na documentação régia da administração de D. Dinis, como uma das principais estratégias de fortalecimento do poder da coroa lusitana nesse período. Visto que Frei Francisco Brandão em Monarquia Lusitana, emite destaque à ação do rei de ordenar a tradução de diversas obras em outras línguas ao português e ao interesse dionisino de enriquecer a língua vulgar e seu uso em Portugal. Esse monarca assumiu o reino num período conturbado para a coroa portuguesa, visto que seu genitor havia descumprido alguns acordos com o poder eclesiástico em benefício da coroa e territorialidade lusitana. Deste modo lhe restara reestabelecer a paz e animosidade com o poder espiritual e tirar o reino do interdito papal, bem como inspirar confiabilidade e segurança à sociedade de seu tempo. O modo administrativo e diplomático dionisino o conduziu à criação de uma identidade que possibilitasse a unicidade entre os portugueses. Destarte, os fios das relações que se amarram e dão forma as ações governamentais de D. Dinis, abrem caminhos para evidenciarmos a existência de um processo de identificação nacional, constituído por meio da instituição do português como língua oficial dos registros da documentação régia, delimitação das fronteiras e busca efetiva da autonomia régia, nos âmbitos político e econômico.
Los testamentos son una fuente básica de conocimiento por ser documentos individuales, cuyos formulismos son reflejo del sistema de creencias y la mentalidad colectiva de una época incardinada en unas coordenadas espaciales y temporales específicas. Por tal motivo, se analizará el testamento de la reina Urraca de Castilla, cuya trayectoria vital ha sido tan tímidamente abordada por la historiografía, a fin de profundizar en el conocimiento de su coyuntura circunstancial y, con ello, incrementar tanto la información sobre la creencia en la salvación del alma a través de las obras pías como las dinámicas de relación entre el poder regio y el eclesiástico en la Plena Edad Media.