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Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
629
Morcegos Urbanos: Status do Conhecimento e Plano de Ação para a
Conservação no Brasil
Susi M. Pacheco1*, Mirian Sodré2, Gama, A.R2,Angelika Bredt³, Edna M. Cavallini, Sanches4 Rosane V.
Marques5, Guimarães, M.M.6 & Gledson Bianconi7
1. Instituto Sauver. Av. Pernambuco, 2623/404.
2. Centro de Controle de Zoonoses do Município de São Paulo (CCZ/SP).
3. Diretoria de Vigilância Ambiental, Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal.
4. Departamento de Micologia, Faculdade de Medicina Veterinária, UFRGS.
5. Unidade de Assessoramento Ambiental, Divisão de Assessoramento Técnico, Procuradoria Geral de
Justiça do Estado do Rio Grande do Sul.
6. Neotropica Tecnologia Ambiental.
7. Mülleriana Sociedade Fritz Müller de Ciências Naturais.
* Porto Alegre/RS. 90240-005, Brasil. e-mail: batsusi@uol.com.br.
Abstract
Urban bats: Knowledge Status and Action Plan for Conservation in Brazil
This study analysis information on the bat species recorded in urban and suburban areas in the aspects of
distribution, shelters, colonies size, diet, health aspects and conservation. Data were obtained at the
Center for Zoonosis Control (CCZ), Center for Health Surveillance and Environmental, Research
Institutes and experience and studies carried by the authors. A total of 47 species was recorded as
follows: 17 Phyllostomidae, 16 Molossidae, 11 Vespertilionidae, two Emballonuridae and one
Noctilionidae. It was verified that insectivorous bats were dominant, representing 64% of the recorded
species. Three species were present only in the urban area and nine in the suburban area, the other
species could be found in both sites. The most common species in, at least three cities, are Artibeus
lituratus and Tadarida brasiliensis. Molossus molossus was a species not so commom in south states and
commom in São Paulo and Distrito Federal. Eptesicus brasiliensis, Lasiurus blossevillii, L. ega and
Promops nasutus are rare in all states. It is also discussed some aspects of the impact that bats generate
and suffer in large cities, and proposes an action plan for the conservation of this group in urban
environments.
Keywords: bats, urban areas, conservation, public health, shelters
Resumo
O estudo aborda informações sobre as espécies de morcegos registradas em meio urbano e periurbano
quanto à sua distribuição, locais de abrigos, tamanho das colônias, hábitos alimentares e questões de
saúde pública e conservação. Foram utilizados dados existentes em Centros de Controle de Zoonoses
(CCZ), Centros de Vigilância Sanitária e Ambiental, Institutos de Pesquisa e a experiência e os estudos
dos autores. Foram registradas 47 espécies, sendo 17 Phyllostomidae, 16 Molossidae, 11
Vespertilionidae, duas Emballonuridae e uma Noctilionidae. Verificou-se a dominância de morcegos
insetívoros, representados por 64% do total das espécies registradas. Três espécies ocorreram somente
em área urbana, nove em periurbana e 29 em ambas as áreas. As espécies consideradas comuns em pelo
menos três estados foram Artibeus lituratus e Tadarida brasiliensis; Molossus molossus foi pouco
comum nos estados do Sul e comum em São Paulo e Distrito Federal. Eptesicus brasiliensis, Lasiurus
blossevillii, L. ega e Promops nasutus são raras em todos os estados. São discutidos os impactos que os
morcegos geram e sofrem nas grandes cidades, e proposto um plano de ação para a conservação do
grupo em ambientes urbanos.
Palavras chaves: Chiroptera, área urbana, conservação, saúde pública, abrigos.
Introdução
Existem no Brasil em torno de 167 espécies de
morcegos, pertencentes a nove famílias (Tavares
et al. 2008). No entanto, esse número deve
aumentar com a realização de inventários onde
existem lacunas de conhecimento, em especial,
nas regiões Norte e Nordeste.
Embora considerado megadiverso, o País
apresenta apenas oito espécies endêmicas de
morcegos (Zortéa & Aguiar, 2008) e,
lamentavelmente, já contabiliza oito espécies
ameaçadas de extinção (Chiarello et al. 2008). Por
outro lado, espécies como Carollia perspicillata
(Linnaeus, 1758), Artibeus lituratus (Olfers,
1818), Sturnira lilium (E. Geoffroy, 1810),
Glossophaga soricina (Pallas, 1766), Desmodus
rotundus (E. Geoffroy, 1810), Myotis nigricans
(Shinz, 1821) e Molossus molossus (Pallas, 1766)
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
631
possuem ampla distribuição em território nacional,
seja em ambiente natural ou antropizado.
Tanto no Brasil como no mundo, ainda
existem poucas informações relativas à
conservação e ecologia desses mamíferos em áreas
urbanas e naturais. A maioria dos estudos é
referente a inventários faunísticos, impactos
ambientais e análises variadas sobre a estrutura de
assembléias, com maior ênfase à família
Phyllostomidae (ex.: Sampaio et al. 2003;
Bianconi et al. 2004, 2008; Cleveland et al. 2006;
Barclay et al. 2007; Kunz et al. 2007). O
conhecimento sobre morcegos na grande maioria
das cidades brasileiras é restrito às espécies que
são enviadas ou coletadas pelos órgãos de saúde
e/ou agricultura, municipais ou estaduais. Existem
poucos estudos referentes ao comportamento, uso
do habitat alterado, padrões de deslocamentos,
preferências por abrigos, reprodução, e outros
(Marques & Fabián, 1994; Pacheco & Marques,
1995; Fabián & Marques, 1996; Marques &
Pacheco, 1999; Marques, 2003; Pacheco et al.
2008; Sodré & Esbérard, 2008, Uieda et al.,
2008). Pelo fato de o Brasil ser um país de
proporções continentais, não há dados completos
sobre o número total de espécies ocorrentes nas
cidades brasileiras. Alguns trabalhos indicam que
prevalecem espécies insetívoras sobre as demais
(Marques & Fabián, 1994; Fabián & Marques,
1996, Silva et al. 1996, Bredt & Uieda, 1996).
Este trabalho tem como objetivo demonstrar
aspectos importantes da comunidade de morcegos
em áreas urbanas e periurbanas de alguns estados
brasileiros. Assim, são apresentadas informações
sobre a distribuição e a freqüência de ocorrência
de espécies, tipos de abrigos ocupados, fidelidade
aos mesmos, tamanhos de colônias, registros de
deslocamento, hábitos alimentares, relação dos
morcegos com a saúde pública e sua importância
econômica e ecológica. Por fim, propõe-se um
plano de ação para a conservação dos morcegos
que ocorrem em áreas urbanas.
Material e Métodos
A amostragem de quirópteros foi baseada em
dados registrados nos últimos 20 anos por
instituições de pesquisa e saúde pública, como
Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) das
cidades de Brasília/DF, São Paulo/SP,
Departamento de Vigilância Ambiental em Saúde
(Divisão de Vigilância de Zoonoses e
Intoxicações) da Secretaria de Estado da Saúde do
Paraná, CCZ de Porto Alegre/RS, Centro Estadual
de Vigilância em Saúde (CEVS/SES/RS) e
Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério
Finamor (IPVDF/SCT/RS) em Eldorado do
Sul/RS. Adicionalmente, foram incorporadas
informações disponíveis em monografias
(dissertações e teses) e em outros trabalhos dos
autores. Para fins comparativos, além das zonas
urbanizadas foram incluídos registros para regiões
periurbanas e naturais. Os dados avaliados são
referentes a indivíduos e colônias
observados/capturados em seus abrigos diurnos ou
encaminhados aos órgãos de saúde pela
comunidade quando encontrados caídos no chão,
dentro de residências ou afogados em piscinas.
Neste caso, na maioria das vezes, o morcego é
coletado morto ou bastante debilitado. Quando os
morcegos são capturados em edificações, este
procedimento é realizado manualmente, com
auxílio de pinça de 30 cm, luvas de raspa de couro
ou puçás e, raramente, com rede de neblina. Este
último método é usual para a captura de morcegos
fitófagos junto às fontes de alimento ou, então, em
ambientes não urbanos.
Os morcegos foram identificados, sexados e
mensurados através de medidas padrões utilizadas
para determinação específica (Vizotto & Taddei,
1973; Gregorin & Taddei, 2002; Barquez & Diaz,
2009). Igualmente, são informatizados os dados
relativos aos tipos de abrigos, tamanho das
colônias, aspectos reprodutivos e dieta básica. Os
indivíduos debilitados ou mortos foram
encaminhados para diagnóstico laboratorial de
raiva, onde estão preservados, em via úmida, nos
laboratórios dos CCZs ou instituições de
pesquisas. Especificamente em Porto Alegre, além
do diagnóstico de raiva, foram realizados exames
para a detecção de fungos, no caso Histoplasma
capsulatum que é diagnosticado através do cultivo
ou por métodos moleculares.
Para inferências sobre o nível de conservação
em ambiente urbano, foi determinado o grau de
frequência das espécies nos levantamentos
executados, obtido por meio do cálculo da
Constância (C), sendo as espécies classificadas em
comuns (C = 50%), pouco comuns (25 = C <
50%) e raras na amostragem (C < 25%) (Silveira-
Neto et al., 1976; Bianconi et al., 2004).
Para avaliar o deslocamento de indivíduos ou
colônias, o método empregado foi a marcação-
recaptura (do tipo tonsura ou anilha), ou retirando-
se a colônia de determinado local, soltando-a em
áreas com distâncias estabelecidas e
posteriormente reencontrando-as no abrigo de
origem.
Resultados
Foram registradas 47 espécies sendo, 17 (36%)
da família Phyllostomidae, 16 (34%) Molossidae,
11 (23%) Vespertilionidae, 2 (4%)
Emballonuridae e 1 Noctilionidae (2%). Houve
marcada dominância das espécies insetívoras
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
632
(64%) sobre as fitófagas (28%, onde estão
incluídos frutos, folhas, néctar, pólen e partes
florais), onívoras (4%), piscívoras (2%) e
hematófagas (2%) (Tabela 1). A tabela 1 informa,
também, as ocorrências nas cidades de São Paulo,
Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal, em
áreas periurbanas e urbanas, apresentando os
principais abrigos utilizados conforme as espécies
e o tamanho das colônias, caso a espécie não seja
solitária.
Na tabela 2, verificam-se os dados sobre
fidelidade ao abrigo e deslocamento para 15
espécies. Durante o monitoramento de colônias de
Nyctinomops laticaudatus (E. Geoffroy, 1805) e
Tadarida brasiliensis (I. Geoffroy, 1824)
constatou-se fidelidade ao abrigo superior a 20
anos, informada pelos moradores. Observa-se que
oito espécies possuem dados de deslocamentos,
que variam de 3,0 km a 170 km, percorridos em
um único dia ou mesmo em algumas semanas.
No cálculo da Constância estabelecido para as
áreas urbanas no Rio Grande do Sul apenas T.
brasiliensis pode ser considerada comum.
Molossus molossus, Molossus rufus E. Geoffroy,
1805, Promops nasutus (Spix, 1823), Histiotus
velatus (I. Geoffroy, 1824), Artibeus fimbriatus
Gray, 1838 e A. lituratus são de ocorrência pouco
comum e as demais raras. Alguns morcegos são
encontrados exclusivamente em área periurbana:
Anoura caudifera (E. Geoffroy, 1818), D.
rotundus, Eptesicus furinalis (d'Orbigny, 1847),
H. velatus, Myotis albescens (E. Geoffroy, 1806),
Myotis levis (I. Geoffroy, 1824), M. nigricans e
Noctilio leporinus (Linnnaeus, 1758). No estado
do Paraná, A. lituratus, M. rufus e T. brasiliensis
aparecem como comuns nas áreas urbanas da
maioria dos municípios, seguidas por M. molossus
(pouco comum); as demais espécies aparecem
como raras na amostragem. Das 28 espécies
registradas para as áreas urbanas e periurbanas do
Distrito Federal, são consideradas comuns M.
molossus, N. laticaudatus, A. lituratus e G.
soricina e, pouco comuns, Cynomops planirostris
(Peters 1866), Eumops glaucinus (Wagner, 1843),
Peropteryx macrotis (Wagner, 1843) e
Platyrrhinus lineatus (E. Geoffroy, 1810),
enquanto A. caudifera, D. rotundus, H. velatus e S.
lilium somente foram registradas em áreas
periurbanas.
Com relação à saúde pública, morcegos são
comumente relacionados às zoonoses. No entanto,
com exceção do diagnóstico de raiva, e alguns
poucos estudos relacionados a fungos patógenos,
poucos dados são realmente consistentes. Nas
grandes capitais do Brasil, os índices de
positividade para raiva em morcegos oscilam entre
0,5% e 0,8%, correspondendo aos indicadores de
normalidade estabelecidos pela Organização
Mundial de Saúde (entre 1-4%). Estudos sobre
histoplasmose e pneumociste realizados em São
Paulo, Mato Grosso e Rio Grande do Sul têm
apresentado índices de prevalência baixos (inferior
a 30%) e não representam risco à saúde humana e
de animais domésticos.
Discussão
O número de espécies registradas (n= 47)
representa 28% da riqueza de morcegos sugerida
para o Brasil (n= 167) (Tavares et al. 2008).
Percebe-se no conjunto de dados poucas espécies
comuns e pouco comuns coexistindo com várias
raras.
A expansão urbana e agrícola e o
desenvolvimento econômico indiscriminado têm
contribuído para a supressão dos habitats naturais
dos morcegos, ocasionando a extinção das
espécies mais vulneráveis e menos adaptadas. Por
outro lado, está beneficiando espécies, com novas
oportunidades de abrigo e alimento (Fenton, 1992,
1997). Os ambientes urbanos, sem planejamento
adequado, contribuem para o estabelecimento de
morcegos fitófagos e insetívoros (Harmani et al.,
1996; Fenton, 1997), uma vez que, as plantas
utilizadas na arborização urbana demonstram ser
potencial fonte de alimento para os morcegos
filostomídeos (Muller & Reis, 1992; Rodrigues et
al. 1994; Sazima et al.,1994; Zortéa & Chiarello,
1994; Uieda, 1996). Igualmente, a iluminação
pública é oportuna para os insetívoros, já que
permite maior concentração dos insetos em torno
dos pontos de luz (Blake et al. 1994; Rydell &
Racey, 1995). Quanto aos abrigos diurnos, os
morcegos adaptaram-se às construções humanas,
em substituição às cavernas, ocos de árvores e
outros tipos de abrigos naturais (Kunz, 1982).
O processo sinantrópico que vem ocorrendo
com algumas espécies de morcegos, tem causado
incômodos à população quanto: a) ao
adentramento de morcegos nas edificações; b) à
visualização em seus abrigos diurnos e noturnos;
c) às vocalizações emitidas; d) ao mau cheiro,
decorrente da presença de colônias e do acúmulo
de suas fezes e urina nos abrigos diurnos; e) à
presença de fezes no interior dos cômodos ou em
paredes, muros, bancos, carros, etc.; f) vôos
rasantes realizados pelos morcegos fitófagos junto
à fonte de alimento. Podem, ainda, ocorrer
interações indesejáveis entre morcegos e seres
humanos e seus animais de estimação e, com isso,
aumentar o risco da transmissão da raiva e outras
doenças, caso o morcego se encontre infectado.
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
633
Tabela 01. Lista de espécies com ocorrência já registrada em área urbana e/ou periurbana pelos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) das cidades de Brasília/DF,
São Paulo/SP, Curitiba/PR e Porto Alegre/RS, pelo Centro de Vigilância em Saúde (CEVS/SES/RS) em Porto Alegre e Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério
Finamor (IPVDF/SCT/RS) em Eldorado do Sul/RS, Pacheco et al. (2008) e Bernardi et al. (2009). Apresentando a dieta (F- fitófago; I- insetívoro; H- hematófago; P-
piscívoro; e O- onívoro); a área de ocorrência (Ur- urbano; Pe- periurbano); o status de frequência (SR- Sem registro; RA- Rara; PC- pouco comum; e CO- comum);
os principais tipos de abrigos (1- Edificações desabitadas; 2- Cômodo pouco frequentado; 3- Cobertura com laje/forro; 4- Cobertura sem laje/forro; 5- Sótão; 6- Beiral
da cobertura; 7- Chaminé; 8- Ducto de ventilação; 9- Caixilho para persianas; 10- Condicionador de ar; 11- Junta de dilatação; 12- Espaços diversos; 13- Poço
elevador; 14- Andar técnico; 15- Porão; 16- Garagem; 17- Galeria águas pluviais; 18- Folhagem; 19-Oco em árvore; 20- Sem registro de abrigo); e número de
indivíduos nas colônias registradas, SD – Sem Dados.
Taxa
Dieta
Área
Status de Frequência
Abrigos
Colônias
Ur
Pe
DF
SP
PR
RS
DF
SP
PR
RS
Emballonuridae
Diclidurus scutatus
I
x
SR
RA
SR
SR
20
SD
Peropteryx macrotis
I
x
PC
SR
SR
SR
5,8,14
1 a 12
Phyllostomidae
Desmodontinae
Desmodus rotundus
H
x
RA
PC
RA
RA
17
15,17
20
19
2 a 24
Glossophaginae
Anoura caudifera
F
x
RA
RA
SR
RA
17
1, 2
1
2 a 20
Anoura geoffroyi
N
x
SR
RA
SR
SR
20
SD
Glossophaga soricina
F
x
x
CO
CO
RA
RA
1,2,5,8,14,15,17
1,2,3,4,5,8,13,15,16,17
5,12,17
2,3,4,12,14,15,18
1 a 100
Lonchophylla dekeyseri
F
x
RA
SR
SR
SR
20
SD
Phyllostominae
Mimon bennettii
I
x
x
SR
SR
RA
SR
20
SD
Phyllostomus discolor
O
x
RA
SR
SR
SR
20
SD
Phyllostomus hastatus
O
x
x
RA
SR
RA
SR
11
20
3 a 10
Carolliinae
Carollia perspicillata
F
x
x
RA
PC
RA
SR
1,17
1,2
20
2 a 40
Stenodermatinae
Artibeus fimbriatus
F
x
x
SR
RA
RA
RA
20
20
18
1 a 30
Artibeus lituratus
F
x
x
CO
CO
CO
PC
18
18
15,16,18
18
1 a 25
Artibeus obscurus
F
x
SR
SR
RA
SR
20
5 a 8
Artibeus planirostris
F
x
x
RA
RA
RA
SR
20
20
20
SD
Chiroderma doriae
F
x
SR
RA
SR
SR
20
SD
Platyrrhinus lineatus
F
x
x
PC
CO
RA
SR
1,4,6,18
1,4,6,18
14
1 a 22
Pygodema bilabiatum
F
x
SR
RA
RA
SR
20
20
SD
Sturnira lilium
F
x
x
RA
PC
RA
RA
20
20
2,10,12
18
1 a 35
Noctilionidae
Noctilio leporinus
P
x
SR
SR
RA
RA
17
19
1 a 60
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
634
Taxa
Dieta
Área
Status de Frequência
Abrigos
Colônias
Ur
Pe
DF
SP
PR
RS
DF
SP
PR
RS
Molossidae
Cynomops abrasus
I
x
x
RA
RA
RA
SR
19
20
12
7
Cynomops planirostris
I
x
PC
RA
SR
SR
3,12
20
4 a 75
Eumops auripendulus
I
x
x
RA
PC
RA
SR
3
3
6
1 a 3
Eumops bonariensis
I
x
SR
SR
RA
SR
20
SD
Eumops glaucinus
I
x
x
PC
RA
RA
SR
3,11,12
3,11
20
1 a 6
Eumops hansae
I
x
SR
SR
RA
SR
20
SD
Eumops maurus
I
x
SR
RA
SR
SR
20
SD
Eumops perotis
I
x
x
RA
RA
RA
SR
20
20
20
SD
Molossops temminckii
I
x
x
RA
SR
RA
SR
20
20
SD
Molossus molossus
I
x
x
CO
CO
PC
PC
3,4,5,7,8,9,10,11,12
3,4,5,9,12
3,4,5,11,12,14
3,5,11,12,13,15,16
1 a 50
Molossus rufus
I
x
x
SR
PC
CO
RA
3
3,4,7,12,14,16
3,4,12,13
1 a 250
Nyctinomops aurispinosus
I
x
x
RA
RA
RA
SR
11, 12
20
2,3,12
1 a 3
Nyctinomops laticaudatus
I
x
x
CO
CO
RA
SR
3,11,12
20
20
3 a 3.000
Nyctinomops macrotis
I
x
RA
CO
SR
SR
20
11
9
Promops nasutus
I
x
x
RA
RA
RA
RA
3
20
12
1,2,3,4,7
1 a 12
Tadarida brasiliensis
I
x
x
SR
CO
CO
CO
9,11,12
2,3,5,6,11,12,14
1,3,5,7,8,9,10,11,13,14,16
1 a 10.000
Vespertilionidae
Eptesicus brasiliensis
I
x
x
RA
RA
RA
RA
3
20
1
20
1 a 30
Eptesicus diminutus
I
x
SR
SR
RA
SR
20
SD
Eptesicus furinalis
I
x
x
SR
RA
RA
RA
20
20
11
1 a 20
Histiotus velatus
I
x
RA
PC
RA
RA
3
3
3,4,5
1,3,4,11,12,15,16,18
1 a 40
Lasiurus blossevillii
I
x
x
RA
RA
RA
RA
18
20
18
18
1 a 4
Lasiurus cinereus
I
x
x
SR
RA
RA
RA
20
2,16
18
1 a 5
Lasiurus ega
I
x
x
RA
RA
RA
RA
18
20
20
12, 18
Solitário
Myotis albescens
I
x
x
SR
RA
SR
RA
20
15
2 a 20
Myotis levis
I
x
x
SR
RA
RA
RA
20
20
1,3,4
1 a 14
Myotis ruber
I
x
SR
SR
RA
SR
20
SD
Myotis nigricans
I
x
x
RA
PC
RA
RA
20
3,4,12
20
1,3,4,7
1 a 10
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
635
Tabela 02. Lista de espécies com dados registrados pelos Centros de Controle de Zoonoses (CCZ) das cidades de Brasília/DF, São Paulo/SP, Curitiba/PR e Porto
Alegre/RS, pelo Centro de Vigilância em Saúde (CEVS/SES/RS) em Porto Alegre e Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor (IPVDF/SCT/RS) em
Eldorado do Sul/RS, sobre a fidelidade ao abrigo e/ou deslocamento.
Taxa
Fidelidade ao Abrigo
Deslocamento
Phyllostomidae
Desmodontinae
Desmodus rotundus
Superior a 5 anos
Sem dados
Glossophaginae
Anoura caudifera
Sim
Sem dados
Glossophaga soricina
Superior a 10 anos
Sem dados
Phyllostominae
Phyllostomus hastatus
Sim
Sem dados
Stenodermatinae
Artibeus lituratus
Superior a 2 anos
8 km em 2 meses (DF); e 12 km (SP)
Platyrrhinus lineatus
Sim
Sem dados
Noctilionidae
Noctilio leporinus
Superior a 2 anos
Sem dados
Molossidae
Cynomops planirostris
Superior a 7 anos
Sem dados
Molossus molossus
Superior a 10 anos
10 km em 4 dias (DF); 170 km (RS)
Molossus rufus
Superior a 1 ano
Sem dados
Nyctinomops laticaudatus
Superior a 20 anos
6 km em 21 dias (DF)
Promops nasutus
Sim
Sem dados
Tadarida brasiliensis
Superior a 20 anos
3 km (RS)
Vespertilionidae
Eptesicus brasiliensis
Superior a 10 anos
Sem dados
Histiotus velatus
Superior a 3 anos
Sem dados
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
636
Abrigos e Colônias
Os abrigos preferenciais são coberturas com
laje ou forro, espaços diversos e coberturas sem
laje ou forro, seguido de folhagens, edificações
desabitadas e juntas de dilatação (Tabela 1). No
entanto, uma informação bastante relevante, é o
fato que ainda não há registro de refúgios para 16
espécies (34%), demonstrando a carência de
informações disponíveis.
Fatores como o tipo de material do qual é
constituído o abrigo artificial, suas dimensões,
amplitude e fatores abióticos (luminosidade,
umidade e temperatura) são limitantes para a
adaptação dos morcegos em cidades, já que a
maioria procura características semelhantes às
encontradas nos refúgios naturais. A temperatura é
uma variável sempre considerada nos trabalhos do
Rio Grande do Sul, uma vez que os morcegos
ocupam locais com temperaturas superiores a 38
ºC no verão e a 15 ºC no inverno.
Peropteryx macrotis que, no Distrito Federal,
utiliza as cavernas como abrigo, na área urbana,
encontra semelhanças em edificações onde o
substrato é concreto, pedra, cimento ou tijolo.
Cynomops planirostris, outro exemplo, utiliza oco
de árvore (Vizotto & Taddei, 1976), tanto na
natureza como em zona urbana e, quando
ausentes, os abrigos escolhidos estão associados à
madeira.
O espaço do abrigo pode ser fator limitante,
uma vez que define o tamanho dos agrupamentos.
Essa situação foi observada em relação à M.
albescens por Maricélio Guimarães, numa cidade
de Goiás, onde até dois indivíduos estavam
abrigados em espaços estreitos de paredes e cerca
de 20 em locais amplos. O mesmo pesquisador
observou comportamento similar para esta espécie
na vegetação nativa de Cerrado, onde pequenos
espaços, entre o tronco seco da árvore e o ritidoma
que se desprende, abrigavam um ou dois
indivíduos. Algumas vezes, um mesmo tronco
abrigava indivíduos solitários, ou colônias
pequenas com até 12 indivíduos.
Dentre as espécies encontradas em ambientes
urbanos, M. molossus, demonstra ser a mais
oportunista na escolha de seus abrigos, uma vez
que explora uma diversidade de estruturas nas
edificações, como se observa na tabela 1.
As espécies apresentam variabilidade quanto
ao número de indivíduos formando agrupamentos
que se alteram conforme a região ou cidade.
Quatro espécies tendem em ser solitárias: Lasiurus
cinereus (Palisot de Beauvois, 1796), Lasiurus ega
(Gervais, 1856), Lasiurus egregius (Peters, 1870)
e Lasiurus blossevillii (Lesson & Garnot, 1826).
No entanto, estas espécies podem constituir
pequenos agrupamentos com até cinco indivíduos,
no período de acasalamento e de criação de
filhotes.
Alguns morcegos formam grupos entre um e
30 indivíduos, como A. lituratus e E. furinalis.
Outras espécies, como C. planirostris, Eptesicus
brasiliensis (Desmarest, 1819) e H. velatus
formam grupos no máximo até 75 indivíduos
(Tabela 1). Apenas duas espécies, N. laticaudatus
e T. brasiliensis formam colônias superiores a
1.000 indivíduos. No Rio Grande do Sul, N.
laticaudatus tem sua ocorrência, até o momento,
restrita às áreas rurais (telhados e fendas em
rochas), enquanto T. brasiliensis é encontrada
tanto em áreas urbanas quanto rurais, com
agrupamentos maiores que variam entre 80 e 500
indivíduos, superando 3.000 morcegos no período
reprodutivo e de recrutamento dos jovens (entre
novembro e março) (Marques & Fabián, 1994;
Fabián & Marques, 1996; Pacheco et al., 2008).
Nas cidades, G. soricina explora casas e
cômodos desabitados ou pouco frequentados,
telhados, ductos de ventilação, poços de
elevadores, garagens, andar técnico (água,
eletricidade, gás, esgoto, etc.) (Nogueira et al.,
2007, presentes autores). Este Glossophaginae
necessita de aberturas amplas para ter acesso aos
abrigos (beiral aberto, telha, alçapão, janela ou
porta aberta, ausente ou quebrada) e, quando o
local é habitado, a sua permanência é temporária.
Colônias maternidades podem apresentar centenas
de fêmeas e seus filhotes (Nowak, 1994). Em
cavernas, suas colônias possuem cerca de 20
indivíduos, enquanto em áreas urbanas, cerca de
150 morcegos. Podem chegar a 2.000 indivíduos
em construção abandonada no bioma Caatinga
(Barquez et al., 1999). Essa proporção também foi
observada no andar técnico do prédio da Embrapa
Cerrados, em Brasília/DF, e em São Paulo, foram
encontrados aproximadamente 1.000 indivíduos
desta espécie em sala de geradores em prédio
abandonado do Banco Banespa. Estes ambientes
possuem características abióticas semelhantes às
cavernas. É possível que os grandes agrupamentos
possam estar associados à ausência ou escassez de
abrigos favoráveis, pois sua distribuição em
ambientes urbanos está relacionada à oferta de
alimento (propriedades com quintais e jardins com
árvores atrativas ou bebedouros).
As espécies frugívoras exploram uma grande
variedade de árvores como abrigo. Na arborização
urbana do Distrito Federal, A. lituratus utiliza 15
espécies de plantas como poleiro diurno, em
especial, a mangueira (Mangifera indica Linn.) e o
jambolão (Syzygium jambos Linn. Alston), e cerca
de 80 espécies como abrigo noturno (Uieda et al.,
2008). No Rio Grande do Sul, o jerivá (Syagrus
romanzoffiana (Cham.)) é comumente abrigo de
A. lituratus (Pacheco et al., 2008), além de
butiazeiros e abacateiros. Em São Paulo e no
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
637
Paraná, em figueiras (Ficus sp.), mangueiras
(Mangifera indica), dracenas e folhagens de várias
espécies de palmeiras. Platyrrhinus lineatus, além
das árvores citadas anteriormente, abriga-se em
locais relativamente bem iluminados como
construções abandonadas, beirais de casas altas,
marquises e garagens.
Dentre os insetívoros, L. blossevillii utiliza
como abrigo diurno, folhagens ou bainhas de
palmeiras de Syagrus romanzoffiana e, L. ega
abriga-se em Corypha umbraculifera Linn., a
palmeira-das-bermudas (Pacheco et al., 2008).
Como camuflagem, essas espécies utilizam folhas
secas, cuja coloração assemelha-se a de seus
próprios pelos. Espécies dos gêneros Histiotus e
Myotis podem ser encontradas em residências
atrás de quadros nas paredes ou atrás da tubulação
da chaminé de fogões à lenha, no Rio Grande do
Sul.
Na Região Sul e Sudeste do país, as coberturas
utilizadas como abrigo pelos morcegos insetívoros
são, preferencialmente, de telhas de cerâmica,
zinco, cimento amianto e barro ecológico. A altura
dos forros e sua disposição em barrotes e
cumeeiras também são determinantes na escolha
do abrigo de acordo com a espécie. Tadarida
brasiliensis, M. levis, H. velatus e N. laticaudatus
habitam telhados com telhas de cerâmica, forros
altos e cumeeiras de três a 12 m de altura, em
geral, ambientes grandes, com áreas acima de 100
m2. Molossus molossus é observada em
edificações mais baixas, com telhas de cimento
amianto, onde o espaçamento com o forro não
ultrapassa 50 cm. Quando a cobertura é maior e
mais alta, os morcegos permanecem na parte mais
baixa da mesma, normalmente, nos cantos ou
entre as vigas de madeira e a parede, sendo difícil
a sua observação e captura. No caso de H. velatus,
há a tendência para permanecer em telhados sem
forro, no interior de furos de tijolos não maciços
existentes na cobertura, em fendas de muros e
moinhos ou construções antigas de pedra.
Hábitos Alimentares
Na literatura existem dados substanciosos
referentes à dieta de A. lituratus em áreas urbanas
de algumas cidades brasileiras (Muller & Reis,
1992, Sazima et al., 1994, Zortéa & Chiarello,
1994) e no DF (Uieda et al., 2008). Para o Distrito
Federal, G. soricina alimenta-se de frutos de
Muntingia calabura Linn. (calabura) e das flores
de Ochroma pyramidale (Cav. ex Lam.) Urb.
(pau-de-balsa), Lafoensia glyptocarpa Koehne
(mirindiba) e Caryocar brasiliense Cambess
(pequizeiro). Platyrrhinus lineatus foi observada,
juntamente com A. lituratus, em M. calabura,
Holocalyx balansae Micheli (alecrim de
campinas), Ficus insipida Willd., O. pyramidale e
L. glyptocarpa. Phyllostomus hastatus (Pallas,
1767) foi observado consumindo Carica papaya
Linn. (mamão).
Entre as árvores sabidamente utilizadas como
fontes de alimento no Rio Grande do Sul e em
alguns municípios do Paraná, por A. fimbriatus, A.
lituratus e S. lilium estão as figueiras (diversas
espécies do gênero Ficus, entre elas Ficus
luschnatiana (Miq.), ingá-feijão (Inga marginata
Willd.), mamoeiro (Carica spp.), mangueira
(Mangifera indica), pessegueiro (Prunus persica
(Linn.) Batsch ), alfeneiro ou ligustro (Ligustrum
lucidum) e pitangueira (Eugenia uniflora Linn.). A
pata-de-vaca (Bauhinia candicans Benth) e a
paineira (Chorisia speciosa St. Hill) são
representantes vegetais da dieta de G. soricina e A.
caudifer (Pacheco et al., 2008).
Em São Paulo, as árvores de maior
representatividade na alimentação para A. lituratus
e P. lineatus são o chapéu de sol (Terminalia
catappa Linn.), as figueiras (Ficus spp.), a nêspera
(Eryobotria japonica (Thunb.) Lindl.) e o alecrim
de campinas (H. balansae).
Com relação aos insetívoros, apenas para M.
molossus (Com. pess. Susi M. Pacheco) e T.
brasiliensis (Silva & Fleck, 1976; Fabián et al.,
1990) existem informações sobre alimentação,
constando de coleópteros, baratas, mosquitos,
cupins, neurópteros, dermápteros, ortópteros e
odonatos. Para os demais, a composição específica
da dieta é desconhecida, ressaltando a necessidade
de incentivo a pesquisas em áreas urbanas.
Quanto a N. leporinus cujo hábito é
preferencialmente piscívoro ocorre em áreas
periurbanas e rurais. Contudo, D. rotundus tem
sido registrado, eventualmente, em alguns grandes
centros urbanos, alimentando-se de sangue
humano e de animais (Uieda, 1995; Torres et al.,
2005; M. Sodré e Gama, A. Com. Pess.).
Morcegos Urbanos e Saúde Pública
Considerando as questões debatidas no
Congresso Brasileiro de Zoologia em fevereiro de
2008 e a tímida listagem prévia do quantitativo de
morcegos submetidos ao exame laboratorial para
raiva no país, além dos poucos trabalhos referentes
a outras zoonoses, não há informações suficientes
sobre quais espécies podem gerar mais
preocupações na área de saúde.
Com relação à raiva, é comum, quando da
análise de documentos oficiais, a separação dos
morcegos em apenas dois grupos: “hematófagos”
e “não hematófagos”. Este fato dificulta o
entendimento do papel de cada espécie na
ecoepidemiologia da raiva e impede a elaboração
de estratégias eficazes para o monitoramento e/ou
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
638
controle.
Nas grandes cidades brasileiras, a maioria dos
morcegos encaminhados aos órgãos de saúde
provém de espécies coloniais. Em geral, estes
animais são encontrados e/ou capturados em áreas
externas ou no interior das edificações, realidade
que intensifica o risco de contato de humanos e
animais de estimação, com morcegos infectados
com o vírus rábico. No Distrito Federal, por
exemplo, dos 46 morcegos registrados,
pertencentes a 11 espécies, que interagiram com
cães e gatos, no período de 1988 a 2006, três
apresentaram resultado positivo para raiva, N.
laticaudatus, L. blossevillii e A. lituratus (Bofill et
al., 2006a).
Na cidade de São Paulo, no período de 20
anos, as espécies Nyctinomops macrotis (Gray,
1840), T. brasiliensis, H. velatus e M. nigricans,
corresponderam a aproximadamente 80% do total
de 34 morcegos positivos para raiva. Dentre as
espécies da família Phyllostomidae, apenas A.
lituratus e G. soricina apresentaram positividade
para o vírus rábico.
Segundo os dados dos CCZs, os morcegos
molossídeos são os mais envolvidos nos
adentramentos em edificações e, portanto,
representam risco em potencial para os seus
moradores. Molossus molossus é a espécie mais
frequente nos adentramentos do DF e SP, no
entanto, na cidade paulista (CCZ-SP), no período
de 1988 a 2008, foram analisados 1.524 animais
dessa espécie e somente um indivíduo apresentou
resultado positivo para raiva, com um índice de
positividade de 0,06%. No Paraná, no período de
2004 a 2008, as espécies mais encaminhadas pelos
CCZs ao Laboratório Central do Estado (LACEN)
foram M. molossus, M. rufus e A. lituratus, sendo
a última com maior número de indivíduos
positivos para a raiva.
Ao contrário das localidades citadas
anteriormente, T. brasiliensis é a espécie mais
comum em Porto Alegre e vem obtendo a maior
prevalência de positividade para raiva em área
urbana. No Rio Grande do Sul, de janeiro de 2007
a outubro de 2009, 685 morcegos foram enviados
para o diagnóstico de raiva (IPVDF/FEPAGRO),
dos quais, 22 indivíduos de seis espécies (T.
brasiliensis, M. molossus, M. nigricans, H.
velatus, E. furinalis e A. lituratus) foram positivos,
provenientes de 10 municípios, obtendo-se o
índice de positividade de 0,03%.
No Brasil, as amostras enviadas estão
tendenciosas. Prevalecem amostras de morcegos
frugívoros, nectarívoros e insetívoros em relação à
espécie hematófaga Desmodus rotundus, cuja
coleta depende das Secretarias de Agricultura
Estaduais. Assim, nos últimos dois anos, os
morcegos insetívoros vêm apresentando altos
índices de positividade em relação à baixa
positividade relacionada à D. rotundus, embora
existam surtos de raiva herbívora no País,
transmitida por morcegos hematófagos,
comprovados pelos exames laboratoriais de
bovinos e equinos.
Os quirópteros são suscetíveis a infecção
fúngica denominada Histoplasmose, pois
desenvolvem e participam do ciclo
epidemiológico desta micose sistêmica (Menges et
al., 1967). Holff & Bigler (1981) demonstraram
que algumas espécies de morcegos estavam
presentes no ciclo do Histoplasma capsulatum
como disseminadores ativos do microorganismo
no ambiente. Contudo, não significava que tinham
histoplasmose, ou seja, que eram capazes de atuar
como disseminadores. É importante enfatizar que,
no país, frequentemente os seres humanos
adquirem a doença em ambientes naturais como
cavernas devido a ausência de uso dos
equipamentos de proteção individuais. Atualmente
estão sendo realizadas pesquisas em São Paulo,
Rio Grande do Sul e Mato Grosso para avaliar a
importância dos morcegos na dinâmica da
transmissão da histoplasmose em áreas urbanas.
O acúmulo de fezes nos abrigos, com
temperaturas variando entre 22 ºC e 40 ºC e
umidade entre 67% e 87%, favorece o crescimento
do H. capsulatum e do Cryptococcus neoformans.
Esta situação pode estar associada às espécies que
apresentam maior fidelidade ao abrigo e ao local
de pouso, resultando em maior acúmulo de fezes,
em geral, secas.
No Mato Grosso, H. capsulatum foi mais
prevalente em M. molossus, com índice de
positividade de 30% (Projeto Coinfecção
Histoplasma capsultatum e Pneumocystis sp. em
quirópteros (UFMT, UFRGS, INSTITUTO
SAUVER, INDEA/MT, SES/MT)). As espécies
envolvidas em São Paulo são P. hastatus, N.
laticaudatus, M. molossus, M. rufus, T.
brasiliensis e Noctilio albiventris Desmarest, 1818
(Com. Pess. M.A.G. Dias) e, no Rio Grande do
Sul, T. brasiliensis, M. molossus, A. fimbriatus e
D. rotundus. Embora tenha se constatado a
presença de H. capsulatum em pulmões, fígado e
intestino, as fezes coletadas em abrigos, para T.
brasiliensis e M. molussus, foram negativas. Isso
significa que os telhados não oferecem boas
condições para proliferação do fungo, já que
atingem temperaturas no verão, de até 72 ºC.
Atualmente, outro fungo foi detectado em
pulmões de morcegos, o Pneumocystis sp., fungo
oportunista, o qual torna-se patogênico,
desenvolvendo pneumonia intersticial difusa. A
pneumocistose não é considerada zoonose, pois o
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
639
fungo é espécie-específica. Entre 2007-2009, foi
diagnosticada em 16 espécies de morcegos de
áreas urbanas dos estados do Mato Grosso e do
Rio Grande do Sul, mostrando-se prevalente em T.
brasiliensis, D. rotundus, N. laticaudatus, M.
molossus, A. fimbriatus, S. lilium, M. levis e
Diphylla ecaudata (Spix, 1823) apresentando um
índice de positividade de 21,6% (Cavallini-
Sanches et al., 2009).
Em São Paulo e demais cidades, os morcegos
são, possivelmente, o menor dos problemas de
saúde pública, quando comparados, por exemplo,
aos roedores sinantrópicos e mosquitos como
Aedes sp., nos quais todos os anos são notificados
milhares de casos de leptospirose e dengue,
respectivamente. Conforme SES/SP (2005) a
incidência de dengue tem variado de 0,12 a 137,3
casos por 100.000 habitantes. No caso da
leptospirose, Ribeiro (2006) informa a ocorrência
de 1,95 a 2,72 casos por 100.000 habitantes.
A expectativa é que, com o aumento de
informações, exista maior suporte aos programas
de controle da raiva urbana com campanhas
eficientes de vacinação animal e monitoramento
das espécies de morcegos potencialmente
envolvidas nas diferentes zoonoses vinculadas a
quirópteros.
Fidelidade ao Abrigo, Deslocamento e
Desalojamento
Os abrigos representam um fator essencial na
vida dos morcegos, uma vez que são utilizados
para reprodução e criação dos seus filhotes,
promoverem interações sociais e digestão de
alimento (Kunz, 1982). Para tanto, os abrigos
devem oferecer condições de proteção contra o
clima adverso e os predadores (Kunz, 1982). A
falta de conhecimento associado à inexistência de
planos de manejo eficientes em áreas urbanas
pode gerar consequências desastrosas para as
colônias bem como para o próprio homem urbano.
As construtoras responsáveis pela manutenção das
edificações realizam reformas e, sem uma
avaliação prévia, vedam estruturas que abrigam
morcegos. Em Brasília/DF, por exemplo,
realizaram a vedação de uma junta de dilatação em
um prédio de seis andares e os morcegos, não
podendo sair pela abertura normal, tentaram
escapar pelo “bocal das lâmpadas” dos banheiros
dos apartamentos, que faziam conexão com a
estrutura vedada. No Sul e Sudeste, não é raro
vedarem telhados e juntas de dilatação entre
prédios, matando todos os morcegos, e,
posteriormente, o odor de animais putrefatos
permanece por meses, incomodando mais os
moradores do que se os mesmos estivessem vivos.
Em casos de adentramentos nas residências e
presença de quirópteros em telhados, a maioria
dos moradores procura soluções. Alguns
contratam firmas de controle de pragas (Pol et al.,
1998); outros fazem uso de seus próprios métodos,
utilizando produtos químicos líquidos, gases ou na
forma gel, ou ainda vedando de qualquer maneira
a abertura dos abrigos. Poucos procuram soluções
profissionais. Neste sentido, a orientação mais
empregada é realizar a vedação da estrutura da
edificação, após o desalojamento da colônia de
morcegos, ou o deslocamento sazonal das
espécies. Essa orientação, na verdade, não é
devidamente monitorada. Brigham et al. (1987)
acompanharam a vedação de um abrigo de
Eptesicus fuscus (Beauvois, 1796), no Canadá, e
verificaram que a colônia se desloca pouco, do
abrigo original para o novo, em média 55 m na
cidade e 160 m na área rural. Observaram ainda
que, persistindo aberturas na estrutura da
edificação, os morcegos retornam ao abrigo,
devido à fidelidade ao local. Estes dados
demonstram que, a retirada dos morcegos, mesmo
sendo a colônia inteira, com posterior soltura, não
se mostra eficiente. Para M. molossus, em
Brasília/DF, foi registrado o retorno ao abrigo
após soltura a 10 km do mesmo. Essa mesma
colônia, contendo 32 indivíduos, foi monitorada
ao longo de seis anos e verificou-se que uma
fêmea e um macho utilizaram o mesmo abrigo
(telhado) durante 52 e 40 meses, respectivamente
(Bredt, A e Uieda, W., Com. Pess.). Outras duas
espécies apresentaram mesma característica,
porém em ambiente natural. M. M. Guimarães
(Obs. Pess.) acompanhou nove indivíduos de
Cynomops abrasus (Temminck, 1827) que
retornaram ao abrigo (oco de árvore) do qual
haviam sido retirados após soltura a cerca de 45
km de distância; C. planirostris, que também
habita em oco de árvore, foi reocupado pelos
cinco indivíduos que foram soltos a 20 km de
distância. No Rio Grande do Sul, um indivíduo de
M. molossus removido de seu abrigo e solto a 170
km de distância, retornou ao mesmo; contudo, não
foi possível averiguar o tempo exato desse
deslocamento.
Desalojar morcegos de seus abrigos é um
desafio para os pesquisadores, porque pouco ou
nada é conhecido sobre o comportamento das
colônias de diversas espécies após este
procedimento. Em Brasília/DF, acompanhou-se a
vedação de uma junta de dilatação de um prédio
de seis andares, que abrigava uma colônia com
cerca de 700 N. laticaudatus. Nos dois a três dias
seguintes à vedação, os morcegos permaneceram
nas placas verticais de concreto próximas à junta
de dilatação e, em seguida, desapareceram. Vinte e
um dias após, moradores de um apartamento do 5º
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
640
e 6º andar de um prédio residencial, situado a 820
m do prédio vedado, registraram a ocorrência de
adentramento, em uma mesma noite, de 18 e 6 N.
laticaudatus, respectivamente. Aproximadamente
um ano depois, um macho jovem desta espécie,
positivo para raiva, adentrou um apartamento do
6º andar de um prédio residencial, situado a cerca
de 2 km do prédio vedado. Outra situação
interessante, ocorrida na mesma cidade, foi o
desalojamento de uma colônia de N. laticaudatus,
em consequência de um incêndio (Bofill et al.
2006b). Não se soube estimar o tamanho da
colônia que residia no último andar do prédio
público incendiado. Segundo os funcionários
locais, aproximadamente duas horas após o início
do incêndio, observou-se uma “nuvem” de
morcegos abandonando o prédio em chamas. Uma
parte adentrou o prédio vizinho e a outra caiu na
via pública, onde foi possível coletar 37
indivíduos parcialmente queimados ou
atropelados, que foram submetidos ao exame
laboratorial para raiva. Nenhum destes morcegos
apresentou resultado positivo para raiva. Após
duas semanas, não foram mais observados
morcegos no prédio vizinho ao do incêndio. No
entanto, cerca de 70 dias após o evento, foi
encontrada uma fêmea N. laticaudatus, adulta,
com raiva, no chão de um prédio público distante
4 km do prédio incendiado.
Para Porto Alegre/RS, os morcegos
desalojados tendem a procurar o local mais
próximo à procura de refúgio. Por exemplo, em
um prédio próximo ao centro de Porto Alegre que
possuía uma colônia de T. brasiliensis no telhado,
foi utilizado produto tóxico para desalojá-los, em
pleno verão, quando há o auge do número de
indivíduos, especialmente pela presença de jovens
recém-recrutados. Alguns dias depois, a residente
de um dos apartamentos do mesmo prédio, que
havia viajado e deixado a persiana e o vidro de
uma das janelas semi-aberta, encontrou vários
morcegos no interior de seu apartamento,
provavelmente, provenientes do telhado do prédio.
Em geral, o prédio ao lado e da frente são os mais
procurados ou mesmo até 3-4 km de distância do
abrigo de origem.
A mudança de abrigo, provocada por fatores
como, vedação, incêndio, variações climáticas,
associada ao tempo decorrido no encontro de um
novo abrigo, pode causar estresse físico em alguns
morcegos. Assim, o contato corporal de morcegos
desalojados da colônia original com indivíduos de
outras colônias poderá aumentar as chances de
transmissão da raiva (Bofill et al. 2006a). Além
disso, Calisher et al. (2006), afirmam que não
existem razões para que morcegos sejam
diferentes de outras espécies de mamíferos, entre
eles, o homem, pois o sistema imunológico sofre o
mesmo estresse que os humanos.
Mas será que desalojar é a melhor solução?
Informações prestadas por Thomas Kunz e Gary
McCracken (Com. Pess.), demonstram que há
locais onde se pode e deve manter os morcegos
em telhados. As condições para isso são telhados
grandes em altura e extensão e que não tenham
contato físico com os moradores. Nestes abrigos,
há possibilidade de se fazer estudos de saúde
animal, além de fomentar estudos
comportamentais e biológicos. Ao desalojar os
animais de seus abrigos diurnos, o pesquisador ou
a comunidade estará repassando o problema ao
seu vizinho e igualmente dispersando zoonoses, se
houverem naquela colônia.
Importância econômica e ecológica dos
morcegos no meio urbano
Certamente, as distintas espécies de
morcegos têm importante papel nos ambientes
urbanos. Existem alguns subsídios para valorar os
serviços ecológicos prestados gratuitamente pelos
morcegos, tais como polinização, dispersão de
sementes e consumo de insetos, como
demonstrado nos estudos de Fleming (1982),
Sazima et al. (1994), Taddei (1996), Harmani et
al. (1996) e Cleveland et al. (2006).
Quanto à importância ecológica e ambiental na
área urbana, os insetívoros, em especial,
desempenham papel fundamental no controle de
insetos. A ação destes animais é crucial para
minimizar o transtorno causado por dípteros como
Culex sp., Mansonia sp., Aedes sp. e outros. Um
exemplo proveniente do estado de São Paulo é o
das regiões próximas ao rio Pinheiros e às represas
Guarapiranga e Billings, grandes criadouros de
mosquitos. Nestas áreas, os morcegos insetívoros
mais comuns são das espécies M. molossus e M.
nigricans. Este último, possivelmente, realiza o
controle destes mosquitos, pois podem caçar, a
poucos metros do chão ou junto à lâmina d’água.
Há morcegos fitófagos que são registrados
apenas na área periurbana das cidades estudadas,
tais como Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843),
Anoura geoffroyi Gray, 1838 e A. caudifer,
assumindo importante papel na manutenção de
fragmentos de matas secundárias e, por vezes, na
regeneração dos mesmos (Sodré & Esbérard,
2008; Pacheco et al., 2008; Uieda et al., 2008;
Bianconi et al., 2008). Outros como S. lilium, C.
perspicillata e A. fimbriatus podem ocorrer ora na
área urbana ora periurbana conforme a cidade.
Deve-se ressaltar que as zonas periurbanas são
verdadeiros refúgios para a quiropterofauna que,
raramente, se desloca para áreas altamente
urbanizadas.
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
641
Impactos da Expansão Urbana nas Populações de
Morcegos
A ampliação e o adensamento urbano, o
desmatamento, a expansão da agricultura e
pecuária e a implantação de empreendimentos
(rodovias, hidrelétricas, mineradoras, entre
outros), contribuem para o deslocamento não
natural dos morcegos ou mesmo, para a sua
extinção. Neste novo cenário, o homem soma
novas doenças ao entrar em contato com a fauna
silvestre (leishmaniose visceral e tegumentar,
febre amarela, febre maculosa, doença de chagas,
malária, hantavirose, etc.), além daquelas
habituais, adquiridas na convivência
desequilibrada com a fauna sinantrópica
(leptospirose, dengue, raiva). Toneladas de
vetoricidas, inseticidas, carrapaticidas e demais
praguicidas são aplicados indiscriminadamente
nos ambientes para matar os “inimigos” e,
certamente, estão contribuindo para a redução das
populações de morcegos (Geluso et al., 1976;
Kunz et al., 1977; Clark Jr., 1988; Cleveland et
al., 2006, Betke et al., 2008; Jefferies, 2009),
como ainda, influenciando no desenvolvimento da
raiva no grupo (Carneiro et al., 2009).
No Distrito Federal, com a implantação
do AHE (Aproveitamento Hidrelétrico)
Queimado, houve o aumento de morcegos
ocupando as construções humanas na área rural da
bacia do Rio Preto, principalmente, por G.
soricina, C. perspicillata e D. rotundus.
Dados de Uieda et al. (2008) mostram que A.
lituratus é visto no Distrito Federal bebendo água
com óleo em postos de gasolina. Em Cuiabá/MT,
foi observada A. lituratus bebendo água de esgoto,
no centro de uma das ruas mais movimentadas
dessa capital brasileira (Com. Pess. Susi M.
Pacheco e Edna M. Cavallini-Sanches). Tais
informações são preocupantes em termos de saúde
animal.
Atualmente, atribui-se a maior divulgação do
trabalho realizado pelos CCZs ao aumento de
chamadas pela população que solicita a retirada de
animais encontrados em situações não habituais
(caídos no solo, interior de residências e outras
situações adversas ao comportamento dos
morcegos). Igualmente, palestras e simpósios
realizados para a comunidade são fatores que
minimizam o preconceito em relação ao grupo e
auxiliam no conhecimento dos hábitos das
diferentes espécies. Provavelmente, por essas
razões, associadas às constantes alterações
ambientais que vêm ocorrendo nos remanescentes
de matas na periferia do município de São Paulo, o
CCZ-SP já contabilizou mais de 40 espécies de
morcegos, considerando que houve aumento na
diversidade de quirópteros registrados, nos últimos
20 anos.
Status de Conhecimento sobre Morcegos em
Áreas Urbanas
Das 47 espécies avaliadas no presente
estudo, apenas quatro (N= 4) foram consideradas
comuns para o Distrito Federal, São Paulo, Paraná
e Rio Grande do Sul. Dentre as espécies
consideradas raras, há 26 espécies, das quais
podem ser citadas para a área urbana: Eumops
maurus (Thomas, 1901), N. aurispinosus (Peale,
1848), Phyllostomus discolor Wagner, 1843, P.
hastatus, C. abrasus e Diclidurus scutatus Peters,
1869 (Tabela 1). Pouco comuns e comuns há
cinco espécies, destacando-se A. lituratus, M.
molossus, T. brasiliensis. Outras como P. lineatus
e M. rufus, por exemplo, foram consideradas
comuns, pouco comuns e raras nas diferentes
localidades (Tabela 1). Desmodus rotundus,
embora muito comum e frequente em todas as
regiões brasileiras, tem ocorrência ocasional em
áreas urbanas. Este resultado permite inferir que
ainda não é possível estabelecer um status de
conservação para espécies nas cidades, pois há
deficiências no conhecimento do tamanho de
populações, bem como, sobre os tipos de abrigos
utilizados por certas espécies (Tabela 1). Além
disso, esse status muitas vezes é distinto para cada
centro urbano, já que o índice de frequencia na
ocorrência das espécies difere relativamente entre
as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (Eumops
auripendulus (Shaw, 1800) que é rara no Paraná e
Distrito Federal e pouco comum em São Paulo).
Um exemplo é o que ocorre no Paraná. Espécies
como Mimon bennettii (Gray, 1838), Artibeus
obscurus (Shinz, 1821), Eumops bonariensis
(Peters, 1874) e Eumops hansae Sanborn, 1932,
Molossops temminckii (Burmeister, 1854),
Eptesicus diminutus Osgood, 1915 e Myotis ruber
(E. Geoffroy, 1806) são raras em ambiente
periurbano e estão registradas apenas para este
Estado. Outras como Artibeus planirostris Spix,
1823 e Eumops perotis (Schinz, 1821) são raras
para São Paulo, Paraná e Distrito Federal.
Conforme a última revisão da lista
vermelha de espécies ameaçadas de extinção no
Paraná e no Rio Grande do Sul, em 2004 e 2003,
respectivamente, aproximadamente 15 espécies,
encontradas em área urbana, apresentavam dados
considerados deficientes: as espécies do gênero
Eumops, C. abrasus, M. rufus, M. levis, N.
aurispinosus, N. laticaudatus, P. lineatus, P.
nasutus (Pacheco & Freitas, 2003; Mikich &
Bérnils, 2004). Estas e outras espécies, graças ao
esforço de captura e de estudos inclusive de
impacto ambiental, tem tido suas áreas de
ocorrência ampliadas, conduzindo a novas
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
642
informações (Fabián et al., 2006; Miranda et al.,
2006; Weber et al., 2006, 2007; Pacheco et al.,
2007; Quintela et al., 2008; Bernardi et al., 2009).
Nos estados da Região Sul, em especial em
Taquara e Porto Alegre um indivíduo de N.
leporinus foi encontrado em área urbana. Esta
constatação pode ser um indício de que seus
abrigos, em zona periurbana e fragmentos de
mata, estão desaparecendo e estão recorrendo a
construções humanas, ou a arborização de
parques, jardins e lagos artificiais nos centros
urbanos. Outro exemplo é a retirada de morcegos
de telhados, sem critérios e de forma incorreta,
que pode estar afetando a densidade populacional
de espécies como T. brasiliensis em Porto Alegre.
Nos últimos oito anos, sete abrigos com
agrupamentos superiores a 1.200 morcegos
sofreram remoção de animais e estes não
retornaram aos mesmos. Porém, recentemente em
2010, um telhado foi investigado a cerca de 3 km
desses locais e encontrado um agrupamento com
cerca de 10.000 T. brasiliensis. Este fato está
sendo investigado e infere-se que sejam grupos de
diversas colônias desalojadas. Ainda são
necessários estudos para comprovar efetivamente
essa redução populacional e essa aglomeração de
indivíduos em poucos locais.
Enfatiza-se que o município de São Paulo
registra 24% das espécies de morcegos que
ocorrem no Brasil e 62% das representadas para o
Estado de São Paulo, número considerado elevado
visto que é uma região altamente antropizada.
Essa constatação indica a necessidade de
realização de monitoramentos e de planejamento
de metas para conservação de quirópteros.
Com relação ao estado do Paraná, nos
últimos 10 anos, os dados referentes aos
espécimes capturados e encaminhados às regionais
de saúde são provenientes de diversos municípios,
em geral, fornecidos pela comunidade. Não
existem capturas, nem planos de desalojamento ou
monitoramentos que permitam inferir o tamanho
das colônias.
Existem métodos para se estabelecer o
status de conservação das espécies em áreas
urbanas. Não obstante, algumas questões ainda
devem ser respondidas, como a confirmação e
reavaliação das espécies que estão depositadas em
coleções científicas ou em instituições de ensino e
mesmo órgãos de saúde e da agricultura. Há muito
material armazenado incorretamente, desperdiçado
ou descartado. Esforços em uma identificação
mais criteriosa levariam ao registro de um número
maior de espécies em áreas urbanas.
Morcegos ameaçados de extinção registrados
em áreas urbanas
Com base nas listas de espécies ameaçadas
regionais, nacional e internacional, verifica-se que
algumas espécies possam correr risco de extinção
em meio urbano, embora em categoria mais amena
de ameaça (Vulnerável). Um exemplo é o registro
de E. maurus na zona urbana de São Paulo,
próximo ao aeroporto de Congonhas, dentro de um
apartamento (Sodré et al., 2008). Os outros
registros para esta espécie no Brasil são os estados
de Goiás e Tocantins em área natural e com pouca
alteração antrópica. A espécie encontra-se na
categoria de Vulnerável pela IUCN Red List of
Threatened Species (2007) e atualmente (IUCN,
2009) como Dado Deficiente. Igualmente,
Chiroderma doriae Thomas, 1891 ocupava a
mesma categoria de Vulnerável (IUCN, 2007) e,
também teve seu status modificado para Baixo
Risco (LC) (IUCN, 2009), foi encontrado caído,
na região urbanizada de Jundiaí, município
vizinho à cidade de São Paulo. Outro exemplo,
Lonchophylla dekeyseri Taddei, Vizotto & Sazima
1983 (morceguinho do Cerrado), listada no Livro
Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de
Extinção como Vulnerável (VU – A3c) foi
capturada em Brasília próximo a O. pyramidale
(pau de balsa) no campus da UnB – Universidade
de Brasília.
Plano de ação para espécies urbanas
Em países da Europa ou Estados Unidos
há dados específicos para planos de ação
referentes a áreas urbanas, conservação de
espécies ou mesmo a nível de migração (Waite,
2006).
No Brasil, ainda há necessidade de
mobilização. Verifica-se que há impactos que
podem estar facilitando a ocorrência e o aumento
de espécies no meio urbano. Um dos principais
fatores é a fragmentação de florestas, a
descaracterização de matas ciliares, a expansão
agrícola (biocombustíveis e soja) e urbana, em
áreas antes situadas em zonas periurbanas ou
rurais. A exploração imobiliária é fator de risco
para morcegos, bem como para outros vertebrados
e invertebrados terrestres. Tais conflitos já eram
observados no final do século XX, nos Estados
Unidos (Pierson & Racey, 1998).
Estudos que envolvem anilhamento,
deslocamento, migração ou dispersão de espécies
nas cidades, como de Esbérard (2000, 2003)
devem ter continuidade porque possibilitam os
rumos que devem ser incrementados para os
próximos meses e anos. Destas orientações
depende a informação do porquê da flutuação
populacional em alguns estados brasileiros em
determinadas épocas do ano. Sazonalidade,
movimentos migratórios ou deslocamentos curtos
de algumas dezenas de quilômetros, ou
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
643
simplesmente uma dispersão temporária? O
emprego de marcações adequadas, com anilhas ou
colares não apenas auxilia nos trabalhos de
biologia, fisiologia, comportamento e
deslocamento, mas igualmente favorece o
reconhecimento das áreas que devem ter bloqueio
vacinal, em caso de surtos rábicos. Auxilia, ainda,
ao se encontrar morcegos com resultados de testes
laboratoriais positivos para determinadas doenças,
permite estimar o número de indivíduos doentes e
monitorar colônias, bairros e moradores
possibilitando melhores resultados para controle e
tratamento dos mesmos.
Desta forma, questiona-se: O que é necessário
fazer em termos de espécies urbanas no Brasil?
Quais são as metas a serem alcançadas?
O plano de ação para morcegos urbanos visa
obter as respostas, através de:
1) Estimativa de abundância de populações de
quirópteros em áreas urbanas.
2) Monitoramentos a curto, médio e longo
prazo dessas populações. Nas cidades, enfoque
deste artigo, já é realizado o monitoramento de
curto prazo, porém com metodologias distintas.
Portanto, há necessidade de padronização de
métodos e almejar os monitoramentos de médio e
longo prazo, a fim de obter dados concretos sobre
as espécies urbanas.
3) Dados sobre comportamento e biologia de
diversas espécies são encontrados na literatura
como em T. brasiliensis, M. molossus, D.
rotundus, e especialmente com dieta em C.
perspicillata, A. lituratus, P. lineatus. Porém, estas
espécies são abundantes em determinadas regiões
e suas populações de fácil acesso. Portanto,
incrementar estudos ecoetobiológicos deve ser um
objetivo prioritário para os próximos cinco anos.
4) Estudos que abordam deslocamento,
migração e dispersão ainda são incipientes no
Brasil. O país não faz parte da convenção
internacional de espécies migratórias e, apenas
dados preliminares indicam que algumas espécies
tenham deslocamento sazonal evidente e dispersão
por regiões como T. brasiliensis e D. rotundus
(Obs. Pess. S. Pacheco, Marques, 2003; Trajano,
2003). Contudo, há indícios que demonstram que
S. lilium, L. blossevillii e M. levis apresentem
comportamento migratório ou de dispersão mesmo
que seja vertical. Incentivar estudos de populações
com a finalidade de averiguar a migração ou os
deslocamentos são fundamentais para estudos
reprodutivos e mesmo em dispersão de zoonoses.
5) O Centro de Estudos e Anilhamento de
Morcegos (CEAM) necessita ser implementado,
pois de uma efetiva marcação que não cause
injúrias aos quirópteros dependem os estudos de
dinâmica populacional, migração e deslocamento,
bem como será útil nos estudos epidemiológicos e
de monitoramento de colônias.
6) Os estudos epidemiológicos são a base para
a conservação de espécies de quirópteros. A
população humana não os considera carismáticos e
tende a relacionar qualquer morcego com
vampirismo e a diversas doenças. Estudando a
ecoepidemiologia de diversas zoonoses, será
possível desmistificar a idéia do “morcego
transmissor de doenças” e, no caso de alta
incidência de algum mal, fazer o manejo correto.
No Rio Grande do Sul, estudos epidemiológicos
estão sendo realizados desde 2007 e vem trazendo
novas informações sobre a relação habitat-
morcego-homem. Até 2015, haverá informações
publicadas pelo menos para 10 espécies em áreas
urbanas.
7) Aprimoramento de bancos de dados
estaduais, regionais e nacionais.
8) Elaboração de programas de divulgação e de
educação ambiental mais efetivos, contemplando a
população em geral, bem como, profissionais afins
(biólogos, veterinários, arquitetos, engenheiros,
paisagistas, viveiristas, etc.).
9) Atuação junto a Secretaria de Obras e de
Posturas, CREAs e demais órgãos responsáveis
pela normatização das edificações, no sentido de
minimizar potenciais abrigos de morcegos.
10) A construção de abrigos artificiais, a
exemplo dos parques urbanos de Londres e da
Universidade da Flórida (com 5.000 T. brasiliensis
em 1991 a 60.000 em 1997), objetivando estudos
científicos, turismo, educação ambiental (Tuttle,
1988), podem representar uma excelente estratégia
conservacionista. Em Porto Alegre, há um projeto
em andamento para colocação de casas para
morcegos (bat houses) em praças e áreas verdes.
Esta iniciativa é uma oportunidade de avaliar o
convívio dos morcegos em relação à população
humana, sem causar danos ao meio ambiente.
11) Incentivar o uso de espécies vegetais
fornecedoras de alimento para morcegos fitófagos
nos planos de recuperação de áreas degradadas. O
Distrito Federal vem produzindo e plantando
espécies nativas do cerrado na arborização urbana.
Das 75 espécies vegetais, 20% apresentam
potencial para a quiropterofauna. Contudo, essas
espécies devem ser plantadas em locais onde não
haja movimentação de pessoas, especialmente
durante a noite, para não ser mais um motivo de
conflito.
12) Contabilizar os benefícios promovidos
pelos morcegos insetívoros em ambientes urbanos,
confrontando dados relativos a dieta dos morcegos
e os gastos realizados pelo Ministério da Saúde
com campanhas de “combate” a pragas e vetores
de doenças (dengue, febre amarela, leishmaniose,
Chiroptera Neotropical 16(1),July 2010
644
malária, etc.).
Consideração final
Em contraste com a riqueza de espécies de
morcegos existente no país, ainda há insuficiência
de estudos nas áreas urbanas. Assim, é
imprescindível o direcionamento de pesquisas
sobre a fauna de quirópteros nas diferentes
regiões.
Os morcegos que ocorrem em ambientes
urbanos estão refletindo a diversidade existente
nas diversas regiões brasileiras. Quanto mais
tropical o ambiente, maior a riqueza de espécies e
menor a dominância de poucas espécies sobre as
outras. Por outro lado, regiões mais ao sul, com
clima subtropical, demonstram a ocorrência de um
menor número de espécies e a forte dominância de
algumas.
Em áreas urbanas, os morcegos são
considerados pragas domésticas e identificados no
mesmo nível de baratas, cupins ou mesmo
roedores. Tal fato evidencia a importância da
Educação Ambiental com relação a estes
mamíferos, mostrando seu papel ambiental, em
termos de saúde e economia nas cidades.
O plano de conservação de espécies urbanas é
importante não apenas para manter o equilíbrio da
teia alimentar, mas igualmente para auxiliar no
manejo de espécies nas cidades e solucionar
problemas de saúde pública que possam envolver
quirópteros. Compreendendo a dieta, o
comportamento social, a dispersão ou
deslocamento sazonal, as possibilidades de
coabitação entre espécies, relação predador-presa,
torna-se mais fácil a convivência entre a fauna
urbana e o homem.
Como próximas metas, além de implantar o
plano e discuti-lo com a comunidade científica,
será informar o real status de conservação das
espécies em áreas antropizadas. Outro desafio é
informar a população leiga a respeito da
importância dos morcegos para o equilíbrio
ambiental, tentando remover as idéias errôneas a
respeito da imagem desses animais.
Agradecimentos:
A equipe de técnicos dos CCZs de Brasília/DF,
São Paulo/SP e Porto Alegre/RS que prontamente
auxiliam nas pesquisas e monitoramentos de
quirópteros. À equipe do LACEN, Curitiba/PR
que auxiliou nos dados inseridos neste trabalho. À
equipe do CEVS/SES/RS, SMAM/PrefPOA/RS,
IPVDF/SCT/RS, estagiários, alunos e colegas que
participaram destas pesquisas.
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