MELLO, Gustavo Francisco de Souza e. Gastrostomia Endoscópica Percutânea Ambulatorial, Pelos Métodos de Tração (Gauderer-Ponsky) e Introdução (Russell), em Pacientes com Câncer de Cabeça e Pescoço: Ensaio Clínico Randomizado. Tese (Doutorado em Oncologia) – Programa de Pós-Graduação em Oncologia, Instituto Nacional de Câncer, Rio de Janeiro, 2016.
Introdução: A comparação das diferentes técnicas de gastrostomia endoscópica percutânea (GEP) mostra que todas são equivalentes em termos de segurança e taxa de sucesso. Diversos autores sugerem, entretanto, que o método de introdução resulta em menores taxas de infecção do estoma e que, no caso de pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço (CCP), também reduz o risco de implante metastático no local de punção. Apesar destas considerações, os dados da literatura são conflitantes na comparação dos resultados obtidos. Objetivos: Comparar as técnicas de tração e de introdução para realização de GEP, em caráter ambulatorial, em pacientes com CCP, em relação às taxas de sucesso técnico, complicações e duração do procedimento. Materiais e Métodos: Ensaio clínico randomizado, com seguimento dos pacientes por 6 meses. Foram selecionados pacientes adultos, portadores de CCP, em boas condições clínicas, encaminhados para realização de GEP pelas técnicas de tração ou introdução, no Hospital do Cancer I do Instituto Nacional de Câncer (HC I / INCA). Os desfechos primários estudados foram taxa de sucesso técnico, tempo de procedimento e taxas de complicações gerais e de infecção periestomal. Os desfechos secundários foram taxa de óbito, de alta por retirada eletiva e de sonda em uso ao final do estudo. Em todos os pacientes foram utilizados kits de 20 Fr das técnicas de tração ou introdução. A análise estatística foi realizada utilizando os testes t de Student ou qui-quadrado, quando apropriados, sendo considerado estatisticamente significativo o valor de P<0,05. Resultados: Entre Maio de 2013 e Abril de 2015, um total de 60 pacientes (48 homens e 12 mulheres) foram submetidos a GEP, 30 pela técnica de tração e 30 pela de introdução, todos em caráter ambulatorial. A taxa de sucesso foi de 100% para ambas as técnicas. Não houve diferença significativa entre os grupos em relação a distribuição de gênero, idade, presença de comorbidades e condições associadas (uso de sonda enteral, trismo, cirurgia abdominal prévia), tipo e localização de tumor, estadiamento e tratamento. Não houve diferença significativa na frequência de complicações gerais do procedimento entre as técnicas de tração e introdução (70% x 76,7%, P=0,771). Em relação ao tempo de ocorrência, a técnica de tração apresentou menor frequência de complicações imediatas (0% x 23,3%, P=0,011), mas não houve diferença entre complicações precoces (10% x 6,7%, P=0,999) ou tardias (70% x 63,3%, P=0,785). Em relação a gravidade, não houve diferenças significativas entre as técnicas de tração e introdução para complicações maiores (3,3% para ambas, P=0,999) ou menores (70% x 76,7%, P=0,711). Não houve diferença significativa na mortalidade entre os grupos (36,7% x 43,3%, P=0,792). A duração média do procedimento pela técnica de tração foi de 17,60 minutos contra 32,13 minutos para a técnica de introdução (P<0,001). Conclusão: A comparação entre as duas técnicas não mostrou diferenças significativas na frequência e nos tipos de complicações, mas a técnica de introdução tem uma duração do tempo de procedimento significativamente maior. A realização da GEP, em caráter ambulatorial, é segura para ambas as técnicas.
Palavras-chave: Gastrostomia endoscópica percutânea. Técnicas. Câncer de cabeça e pescoço. Procedimento ambulatorial.
ABSTRACT:
Outpatient Percutaneous Endoscopic Gastrostomy, by Pull (Gauderer-Ponsky) and Introduction (Russell) Methods, in Head and Neck Cancer Patients: Randomized Clinical Trial.
Introduction: The comparison of different percutaneous endoscopic gastrostomy (PEG) techniques shows that all are equivalent in terms of safety and success rate. Several authors suggest that the method of introduction is associated with lower infection rate than the pull method, because there is no transoral passage of the tube. In the case of patients with head and neck cancer (HNC) it also reduces the risk of metastatic implantation to the puncture site. Despite these considerations, the literature is conflicting when comparing the results. There are only few studies about PEG as an ambulatory procedure in HNC outpatients. Objectives: To compare pull and introduction techniques of PEG in HNC patients on an outpatient basis, regarding success rate, overall complication rate, infection rate and total duration of procedure. Materials and Methods: Randomized clinical trial, with a follow-up period of 6 months. Among the adult HNC patients refered to PEG at Cancer Hospital I, of the Brazilian National Cancer Institute (HC I / INCA), subjects in good clinical condition were selected to outpatient PEG tube placement by pull or introduction techniques. Primary endpoints were success rate, complications rate and total PEG procedure time. Secondary endpoints were mortality, elective tube removal and PEG tube in use rates at the end of the study. All patients received 20Fr PEG tubes. Statistical analysis was performed using the Student t test and the Chi-squared test, when appropriate. P values were considered significant when <0.05. Results: From May 2013 to April 2015, a total of 60 HNC outpatients (48 men and 12 women) underwent ambulatory PEG by pull or introducer technique (30 on each arm). The success rate was 100% for both techniques. There was no significant difference between the groups in relation to gender distribution, age, comorbidities and associated conditions (previous use of enteral tubes, trismus, previous abdominal surgery), type and tumor localization, staging and treatment. There was no significant difference in the procedure complication rate between the pull and introduction techniques (70% x 76.7%, P=0.771). Regarding the time of occurrence, the traction technique showed a lower rate of immediate complications (0% x 23.3%, P=0.011), but no difference between early (10% x 6.7%, P=0.999) or late complications (70% x 63.3%, P=0.785). Regarding the severity, there were no significant differences between pull and introduction techniques to major (3.3% for both, P=0.999) or minor complications (70% x 76.7%, P=0.711). There was no significant difference in mortality between groups (36.7% vs 43.3%, P=0.792). The average duration of the procedure by pull technique was 17.60 minutes versus 32.13 minutes for the introduction technique (P<0.001). Conclusion: The comparison between the two techniques showed no significant difference in the rate and type of complications, but the introduction technique had a longer duration of procedure time. The placement of a PEG tube by the two techniques is a safe and viable procedure on an outpatient basis.
Keywords: Percutaneous endoscopic gastrostomy. Techniques. Head and neck cancer. Outpatient procedure.