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Abstract

doi: 10.12957/geouerj.2009.1402 This article is the result of reflections carried along our trajectory of research at Territorial Study Group/ State University of Ponta Grossa since 2003, involving studies related to the theme “space and gender, sexualities and identities”. Our formation as researchers who divide distresses and inquiries of our role in the construction of Geographic Science is shared here. As we have chosen groups and issues that are less explored by Brazilian geographic community, we have established two topics that has guided our presentation. 1) What are the bases of Brazilian Geographic Science, capable of producing invisibilities and absences of some determined human groups? 2) What is the role of the researcher, who works with the concepts and methods of Geographic Science, in the production of the visibility of the human beings hidden by the established hegemonic scientific standard? Thus, we have carried out a debate on the Eurocentric standard that has characterized the modern Geography and has influenced the Brazilian geographic production. Later on, we have shared our theoretical-methodological options which have made possible to construct a subversive and plural Geography.
ISSN 1981-9021 - Geo UERJ - Ano 11, v.2, n.19, 1º semestre de 2009.p.1-16.
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ALGUMAS REFLEXÕES SOBRE A LÓGICA EUROCÊNTRICA DA CIÊNCIA
GEOGRÁFICA E SUA SUBVERSÃO COM A EMERGÊNCIA DE SABERES
NÃO HEGEMÔNICOS
SOME REFLECTIONS ON THE EUROCENTRIC LOGIC OF THE
GEOGRAPHIC SCIENCE AND ITS SUBVERSION WITH THE EMERGENCE
OF THE NON-HEGEMONIC KNOWLEDGES
Joseli Maria Silva
Doutora – GETE – UEPG
joselisilva@uol.com.br
Alides Baptista Chimin Junior
Mestrando - GETE – UEPG
alides.territoriolivre@gmail.com
Almir Nabozny
Mestre - GETE – UEPG
almirnabozny@yahoo.com.br
Marcio Jose Ornat
Mestre - GETE – UEPG
geogenero@gmail.com
Rodrigo Rossi
Mestrando - GETE – UEPG
irj.rodrigo@uol.com.br
Resumo
Este artigo é fruto de reflexões realizadas sobre nossa trajetória de pesquisa no
Grupo de Estudos Territoriais da Universidade Estadual de Ponta Grossa desde
o ano de 2003, envolvendo trabalhos relacionados às temáticas de “espaço e
gênero, sexualidades e identidades”. Nossa formação como pesquisadores que
compartilham angústias e questionamentos de nosso papel na construção da
ciência geográfica é aqui compartilhada. Como temos elegido grupos e
temáticas pouco exploradas pela comunidade geográfica brasileira,
estabelecemos duas questões que norteiam nossa exposição: 1) Quais os
fundamentos da ciência geográfica brasileira, capazes de produzir
invisibilidades e ausências de determinados grupos humanos? 2) Qual é o
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papel do pesquisador, que opera com os conceitos e métodos da ciência
geográfica, na produção da visibilidade dos seres ocultados pelo padrão
científico hegemônico instituído? Para tanto, realizamos uma discussão em
torno do padrão eurocêntrico que marcou a geografia moderna e que
influenciou a produção geográfica brasileira e, posteriormente, compartilhamos
nossas opções teórico-metodológicas que nos possibilitaram construir uma
geografia subversiva e plural.
Palavras-chave: Geografia; Epistemologia Feminista; Metodologias.
Abstract
This article is the result of reflections carried along our trajectory of research at
Territorial Study Group/ State University of Ponta Grossa since 2003, involving
studies related to the theme “space and gender, sexualities and identities”. Our
formation as researchers who divide distresses and inquiries of our role in the
construction of Geographic Science is shared here. As we have chosen groups
and issues that are less explored by Brazilian geographic community, we have
established two topics that has guided our presentation. 1) What are the
bases of Brazilian Geographic Science, capable of producing invisibilities and
absences of some determined human groups? 2) What is the role of the
researcher, who works with the concepts and methods of Geographic Science,
in the production of the visibility of the human beings hidden by the established
hegemonic scientific standard? Thus, we have carried out a debate on the
Eurocentric standard that has characterized the modern Geography and has
influenced the Brazilian geographic production. Later on, we have shared our
theoretical-methodological options which have made possible to construct a
subversive and plural Geography.
Keywords: Geography; Feminist Epistemology; Methodologies.
Introdução
Este trabalho é fruto de reflexões elaboradas no Grupo de Estudos
Territoriais (GETE) da Universidade Estadual de Ponta Grossa – PR que,
desde o ano de 2003, vem desenvolvendo pesquisas e trabalhos de extensão
que envolvem a relação entre espaço e gênero, sexualidades e identidades.
Nossa trajetória teórica e metodológica tem sido objeto de discussões internas
e de sistematizações que devem ser compartilhadas com a comunidade
geográfica.
Para debater com nossos colegas, trazemos duas questões
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fundamentais que inquietam o GETE e em certa medida, inspira nossa
caminhada como pesquisadores. Quais os fundamentos da ciência geográfica
brasileira, capazes de produzir invisibilidades e ausências de determinados
grupos humanos? Qual é o papel do pesquisador, que opera com os conceitos
e métodos da ciência geográfica, na produção da visibilidade dos seres
ocultados pelo padrão científico hegemônico? As questões estabelecidas são o
fio condutor do texto que segue e que propomos para o debate.
A Invenção do Conhecimento Geográfico Moderno e a Ocultação do Saber
Colonial
A história da ciência não consiste em fatos, mas de interpretações dos
fatos, argumentava Feyeraband em 1975
.
Para o autor, os fatos não existem
em si, são frutos das idéias produzidas por pessoas posicionadas em
determinados ângulos de visão e interpretação da realidade social. O
conhecimento científico, assim compreendido, é produto humano, socialmente
produzido e não há neutralidade na sua produção. Pelo contrário, ele resulta de
relações complexas de poder em tempos e espaços determinados, como
afirmado por Morin (1996-a).
A emergência da ciência enquanto saber hegemônico se na
efervescência cultural, econômica, política e social do Ocidente Europeu dos
séculos XVI e XVII. Este conhecimento socialmente constituído se associou à
técnica e passou a fazer parte das instituições educacionais, empresas, Estado
e também na vida social cotidiana. Por sua vez, “os efeitos da ciência não são
simples nem para o melhor, nem para o pior. Eles são profundamente
ambivalentes. Assim, a ciência é, intrínseca, histórica, sociológica e eticamente,
complexa” (MORIN, 1996-a, p.09).
A idéia de ciência moderna, iniciada no século XVI se estende
posteriormente ao século XVIII como saber supremo oriundo do ocidente
branco, masculino, heterossexual e triunfa sobre os “outros”, considerados
incapazes da faculdade de produzir conhecimento(s), como por exemplo, os
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incas, árabes, indianos, chineses, tupis-guaranis e assim por diante.
A modernidade é par complementar da colonialidade, elas se constroem
mutuamente. Mignolo (2004) argumenta que a história do saber foi construída
pela visão eurocêntrica e que o conhecimento do mundo colonizado foi
silenciado pois, a
a colonialidade, permaneceu invisível sob a idéia de que o
“colonialismo” seria um passo necessário em direcção à modernidade
e à civilização; e continua a ser invisível hoje, sob a idéia de que o
colonialismo acabou e de que a modernidade é tudo o que existe.
Uma das razões para se ver a metade da história é que esta foi
sempre contada do ponto de vista da modernidade. A colonialidade
era o espaço sem voz (sem ciência, sem pensamento, sem filosofia)
que a modernidade tinha, e ainda tem, de conquistar, de superar, de
dominar. (MIGNOLO,2004, p.666)
A Geografia é um tipo de conhecimento científico da era
moderna/colonial. Fruto dos interesses ocidentais/europeus, brancos do sexo
masculino. Lembremos os personagens, considerados precursores da
Geografia Moderna: Alexander von Humboldt e Carl Ritter, inspirados no
positivismo de Kant e no romantismo de Herder.
Alexander von Humboldt nasceu em 1769 em Berlim no seio de uma família
aristocrática prussiana. Em 1789 iniciou seus estudos universitários e tornou-se
um dos mais importantes naturalistas do século XIX, produzindo
conhecimentos nas áreas de Biologia, Geologia e Geografia.
Devido sua tradição aristocrática, Humboldt conseguiu permissão da
Espanha para explorar as Américas, na época, colônias espanholas. Em 1799
partiu da Espanha e um ano depois estava nas terras que se constituiriam a
atual Venezuela. Sua exploração nas Américas durou cerca de cinco anos e
resultou em trinta volumes de escritos sobre informações da área entre os anos
1805 e 1834. A obra de maior vulto de Humboldt é intitulada “O Cosmo”,
considerada como o mais importante trabalho científico já produzido. Para
Humboldt a Terra era um todo indissociado e as partes eram interdependentes,
incluindo o “homem” nesta relação. Ele acreditava que ao descrever as
interações entre os fenômenos, através do método indutivo, poderia chegar às
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generalizações.
Carl Ritter nasceu em 1779 e segundo Capel (1982), era filho de uma
família burguesa de poucas posses. Realizou seus estudos universitários com
ajuda financeira e acabou tornando-se professor de Geografia, catedrático da
universidade de Berlin fundada em 1810. Ritter foi um grande observador da
natureza e também se pautou pela idéia da “unidade na diversidade”. Ele
apresenta algumas similaridades com as idéias de Humboldt, como a noção da
interconexão dos fenômenos e a utilização do método indutivo através de
constantes observações, até produzir as generalizações. Contudo,
diferentemente de Humboldt, Carl Ritter era claramente um geógrafo
preocupado com o homem na sua relação com a natureza. Sua perspectiva de
unidade de área e diferenciação influenciará, mais tarde, Richard Hartshorne
nos Estados Unidos. Importante destacar a diferença entre Humboldt e Ritter
no que diz respeito às raízes filosóficas. Ritter acreditava na unidade da Terra
como Humboldt. Entretanto, ele concebia que a natureza e sua organização
possuíam uma finalidade específica traçada por Deus. Sua obra mais
importante foi “Erdkunde” que se tratava de uma comparação de grandes
regiões do planeta. A África e a Ásia foram seus referenciais mais importantes.
Sua obra foi publicada em dezenove volumes entre 1817 e 1859.
Mesmo guardando as diferenças entre as idéias destes pensadores,
convergências de ações no que diz respeito à colonização empreendida pela
Europa e sua superioridade sobre os povos habitantes das áreas tropicais e do
“novo mundo”. Capel (1982) transcreve um trecho de Humboldt a partir de sua
obra Relación histórica del Viaje de las Regiones equinocciales realizada entre
1799 e 1804:
bajo un clima suave y uniforme, la única necesidad urgente del
hombre es la alimentación. Es el sentimiento de esta necesidad el que
excita para el trabajo; y se comprende fácilmente porqué, em medio
de la abundancia, a la sombra de los bananos y del árbol del pan, las
facultades intelectuales se desarrollen más lentamente que bajo un
cielo riguroso, em la región de los cereales, em donde nuestra
especie está constantemente em lucha com los elementos.
(HUMBOLDT apud CAPEL, 1982, p.26)
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Este trecho evidencia o olhar eurocêntrico sobre o saber dos outros
povos que possuem suas “faculdades intelectuais” menos desenvolvidas.
Capel (1982) transcreve os argumentos de Carl Ritter sobre as razões de um
“destino” inquestionável da superioridade da Europa em relação à outros
continentes e povos, ainda no século XIX:
El más pequeño de los continentes [a Europa] estava, así, destinado
a dominar a los más grandes (...) Si se sabe que la vocación se
encontrado confirmada a nivel de la historia universal, se sabe menos
que eso estaba de alguna forma inscrito em ella desde toda la
eternidad; se atribuye el honor por ello al hombre europeo, mientras
que éste no le corresponde más que em partes (...) Europa estaba,
efectivamente, destinada a convertirse em el crisol de las riquezas y
las tradiciones del Viejo Mundo al mismo tiempo que un lugar
privilegiado para el desarrollo de la actividad intelectual y espiritual
propria para absorber y organizar el conjunto de la humanidad.
(RITTER apud CAPEL, 1982, p. 59-60)
Sem desmerecer a contribuição destes intelectuais na construção da
ciência geográfica, o que se quer evidenciar aqui é que houve a disseminação
de um saber eurocêntrico, um sentido único de abordagem dos chamados ‘Pais
da Geografia’, pautados pelos valores e pela hegemonia dos povos ditos
modernos, os colonizadores e civilizadores da humanidade.
Ao estudarmos a história do pensamento geográfico, é preciso deixar
claro, estamos absorvendo o discurso da ciência moderna, produzida por
homens brancos, europeus e ocidentais. Assim, não é de estranhar que os
conteúdos, métodos e personagens da história do pensamento geográfico
expressem a versão do poder hegemônico.
O Brasil e a América Latina são frutos do colonialismo português e
espanhol e isso marca profundamente os traços de nossa sociedade. Não
podemos negar o aprendizado. A Geografia brasileira é também a legitimadora
das “frentes colonizadoras” dentro do próprio território brasileiro como
argumenta o geógrafo Antônio Carlos Robert de. Moraes (1991;1994).
A primeira instituição oficial da prática do conhecimento geográfico
brasileiro foi o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, fundado no Rio de
Janeiro em 1838 a fim de construir um acervo documental e de registros sobre
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a História e a Geografia brasileira. Um dos maiores apoiadores e o patrono da
instituição foi D. Pedro II e na lista de sócios-fundadores da instituição estão
pessoas da elite econômica, militar e jurídica da época. Interessante é destacar
o forte vínculo da Geografia à força militar, pois o primeiro diretor da área de
Geografia foi o Marechal Raimundo José da Cunha Matos, ligado à força
militar
1.
.
A prática de conhecimentos geográficos se institucionalizou como
disciplina acadêmica no Brasil na década de 30 do século XX. Durante esta
década surgiram várias instituições que fundamentaram a disciplina no país.
Moraes (1991) enumera a criação dos cursos universitários em São Paulo e no
Rio de Janeiro quase que simultaneamente em 1934 e a fundação da
Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB). A criação do Conselho Nacional
de Geografia em 1937 e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)
em 1939. A ata de fundação da AGB registrada em 17 de setembro 1934
consta os personagens de nossa história científica.
2
Uma Geografia genuinamente brasileira é impossível de ser concebida,
simplesmente porque o Brasil nasce com o aprofundamento da modernidade e
a ciência por nós praticada é fruto da visão eurocêntrica do conhecimento, com
seus vícios ou ilusões. Não podemos negar nossas raízes coloniais. A ciência
geográfica é uma ciência moderna e, portanto, fundada nos pressupostos da
razão, da objetividade e da neutralidade, produzida como verdade por homens
brancos, europeus heterossexuais e cristãos. É este modelo de saber
universal, consagrado como superior, que suplantou outros tipos de
conhecimentos, considerados inferiores, como o conhecimento dos indígenas,
dos negros, das mulheres, por exemplo. Se compreendermos a ciência como
um discurso que deve ser debatido e não cultuado, que seu status superior
deve ser questionado e não naturalizado, poderemos avançar em direção à um
“conhecimento prudente para uma vida decente” como propõe Boaventura
Santos (2004).
Lander (2005) nos lembra também que a modernidade só existe em
função da colonialidade. São faces complementares e contraditórias que se
alimentam mutuamente. É a subjetividade colonial presente na sociedade
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brasileira que faz com que os brasileiros “brancos” sintam-se superiores aos
brasileiros “negros” ou “índios”, por exemplo. Ou ainda, que as civilizadas
populações das áreas urbanas ou ricas devam “levar” o progresso aos
sertanejos, atrasados ou aos indígenas primitivos e assim por diante.
É claro que a Geografia produziu e ainda produz muito “sobre” o Brasil.
Atualmente, é comum a produção geográfica “sobre” os índios, “sobre” as
populações ditas tradicionais. Contudo, o lugar da enunciação do discurso
científico é ainda eurocêntrico. Produzir sobre eles não é a mesma coisa que
respeitar a expressão de suas próprias formas de conhecimento(s). Ao produzir
sobre eles, do alto do altar científico, simultaneamente estamos também
produzindo uma versão de suas imagens que, em geral, é hegemônica. É
preciso ter consciência disso. Nesse sentido, é necessário admitir que não
uma Geografia “puramente” brasileira.
de se reconhecer nossa história científica, sem, no entanto, perder
de vista a necessária crítica ao modelo instituído. Não se pode negar que
praticamos a Geografia eurocêntrica como geógrafos brasileiros. Criticar o
eurocentrismo não é, portanto, adotar uma postura auto-centrada, ignorando a
produção científica estrangeira, mas produzir o saber de forma dialógica onde
todos os grupos possam construir as versões plurais da realidade social.
Descolonizar o conhecimento geográfico brasileiro não significa negar nossa
história, mas produzir um conhecimento do ponto de vista da colonialidade e
não da modernidade. Este é um grande desafio a ser enfrentado.
Se a ciência é parte da modernidade, para produzir um conhecimento
geográfico do ponto de vista da colonialidade é preciso inventar outra forma de
conhecimento, fora do campo científico? Edgar Morin (1996-b) nos diz que não.
Argumenta que devemos trabalhar “com” e “contra” os conceitos. Isso é,
procurando desvendar a perspectiva de quem os formulou, sua visão de mundo
e sua posição de poder. Mignolo (2004) traz a idéia de que se não podemos
escapar completamente à ideologia da ciência moderna, é preciso não aceitar o
monotopismo, pensar através das fissuras dos quadros conceituais e ter a
consciência da geopolítica do conhecimento estruturadas na diferença colonial
epistêmica.
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A Geografia Nossa de Cada Dia: Produzindo Com e Contra a Geografia
Hegemônica
A questão sobre o que venha a ser a ciência, segundo Morin (1996-a), é
uma pergunta que nós cientistas não temos a prática de perseguir. Segundo
ele, a separação entre o sujeito e o objeto da ciência fragiliza e limita a atitude
reflexiva do pesquisador em torno do “conhecimento do conhecimento”.
o método científico se baseou na disjunção do sujeito do objeto, e o
sujeito fora remetido a filosofia e a moral.(...) Assim, ninguém está
mais desarmado do que o cientista para pensar sua ciência. A
questão 'o que é a ciência?' é única que ainda não tem nenhuma
resposta científica. É por isso, mais do que nunca, se impõe a
necessidade de auto-conhecimento do conhecimento científico, que
deve fazer parte de toda política da ciência, como da disciplina mental
do cientista. O pensamento de Adorno e Habermas recorda-nos
incessantemente que a enorme massa do saber quantificável e
tecnicamente utilizável não passa de veneno se for privado da força
libertadora de reflexão. (MORIN, 1996-a, p.21)
A Geografia é, portanto, o que nós geógrafos fazemos dela. Nesse
sentido, a prática da pesquisa deve estar submetida à uma constante crítica.
Construímos a Geografia cotidianamente através das investigações concretas
que realizamos fruto das escolhas teórico – metodológicas que efetuamos e
validamos junto à comunidade científica, conforme o consenso sócio-cultural e
histórico eleito por ela. A compreensão construtivista da ciência aqui adotada é
importante para compreender que a versão hegemônica difundida pela história
do pensamento geográfico é fruto de fortes relações de poder, conforme
argumenta Corrêa (2006).
É a concepção de ciência como um saber socialmente construído que
nos possibilitou questionar as ausências e silêncios do discurso geográfico e a
afirmar, tal qual Mignolo (2004), que a Geografia científica hegemônica está
profundamente marcada por privilégios de sexo e raça. É certo que estas
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críticas já foram realizadas por geógrafas feministas anglo-saxãs desde os
anos 70 do século passado, conforme pode ser visto no trabalho de
Oberhauser et all (2003). Contudo, a Geografia brasileira permaneceu
impermeável ao processo de abertura às vertentes feministas e raciais. Pode-
se dizer que é nos anos 90 com a ascendência da Nova Geografia Cultural no
Brasil que as perspectivas de gênero, sexualidade e de raça passaram a fazer
parte, ainda que de forma esporádica, das agendas de pesquisa nacionais.
Assim, mesmo que a Geografia científica hegemônica seja marcada pela
perspectiva científica branca, masculina e ocidental, ela não é universal e
novas perspectivas podem ser construídas. Como profissional do campo da
Geografia, não é difícil observar a pequena abordagem de determinados
agentes produtores do espaço como os negros, as mulheres, as crianças, os
homossexuais etc. É com base na possibilidade de construir a versão dos
grupos silenciados no discurso geográfico que temos trabalhado e criado
caminhos teóricos e metodológicos que contemplem as versões plurais da
realidade.
A produção científica que visa enfocar justamente o campo colocado à
margem pela ciência hegemônica é complexa porque exige do pesquisador
que ele opere com conceitos do campo científico eleito e compreenda como
sua construção produziu os silêncios que se quer enfocar. Assim, é quase
como produzir um discurso científico pelo avesso. Refletir o processo de
pesquisa e a posição do sujeito pesquisador é um trabalho que a geógrafa
Rose (1997) realiza em Situating knowledges: positionality, reflexities and other
tactics. A autora chama atenção para as perspectivas de posicionalidade e
reflexibilidade do(a) pesquisador(a) em relação à produção do conhecimento e
argumenta que no processo de pesquisa estamos implicados no fenômeno e o
que obtemos são versões localizadas. A autora alerta para ao fato da produção
do conhecimento geográfico, ou seja, aquilo que criamos através de nossas
pesquisas, passa a fazer parte da realidade estudada, assim como a realidade
faz parte do conhecimento científico.
Três caminhos de discussão em torno da prática de pesquisa do GETE
3
têm sido desenvolvidas. A primeira delas diz respeito ao acolhimento das
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referências teóricas internacionais, notadamente as inglesas e norte-
americanas, em nossos estudos e a manutenção da crítica ao eurocentrismo.
Nós nos identificamos com a vertente feminista e dos estudos queer
4
que inquestionavelmente se desenvolveram com maior intensidade nos países
anglosaxões. Quando nos referimos à crítica ao eurocentrismo, não quer dizer
que não devemos nos utilizar de abordagens teóricas ou metodológicas
realizadas por colegas europeus. Pelo contrário, quando criticamos o
Eurocentrismo, estamos nos referindo à uma referência histórica / geográfica
da acumulação da riqueza material e da hegemonia de um modo de conceber
a sociedade a partir de um determinado espaço/tempo que se colocou como
universal, anulando as diferenças plurais da humanidade e instituindo as
dualidades à partir de uma imagem ideal de si, como o melhor e único modelo
linear a ser seguido pela humanidade.
De tal modo, podemos afirmar, por exemplo, que as elites da América
Latina possuem uma visão eurocêntrica do mundo. Não é a denominação
nacional ou territorial que define as identidades e posturas, mas a forma de
conceber as relações humanas.
A segunda linha de discussão é a adoção das perspectivas feminista e
queer num grupo de pesquisadores que, até o momento, é hegemonicamente
masculino. muitos equívocos na compreensão da relação entre
pesquisadores, pesquisados e escolhas teóricas.
Afirmamos que em nossa prática de pesquisa constatamos que não
necessariamente é preciso ter um corpo ou uma identidade de gênero feminina
para se identificar com um conhecimento libertador para as mulheres e utilizar
a epistemologia feminista, por exemplo. Ou ainda, ser homossexual,
transsexual para se utilizar da perspectiva queer. A epistemologia feminista não
é, em hipótese alguma, um saber instituído de mulheres que não pode ser
também praticado por homens. A referência ao feminino de tal proposta
epistemológica ocorre pela alusão da origem do movimento contestatório da
ciência que possibilitou formas diferentes de construir o saber científico para
além do campo da ciência moderna, objetiva, neutra e universal. Foram as
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geógrafas brancas, em sua maioria de universidade de países ricos que
denunciaram os “privilégios” epistêmicos e a hegemonia masculina, contudo
não universal como pretendia ser. Segundo Mignolo (2004, p. 685)
as epistemologias feministas contribuíram de maneira impressionante
para descentrar e memorizar os pressupostos patriarcais da ciência
ocidental e da revolução científica e das duas conseqüências
históricas, políticas, epistêmicas e éticas
A adoção das perspectivas geopolíticas e feministas do conhecimento
não deve levar à uma associação direta entre nacionalidades ou a percepção
imediata de corpos que praticam o conhecimento. Por exemplo, uma mulher
pode defender e enquadrar-se perfeitamente no modo de produzir o
conhecimento moderno, pautado pelo saber masculino. Da mesma forma
podemos encontrar homens praticando a epistemologia feminista e pessoas
que nasceram na Europa incorporando um discurso descolonizador do
conhecimento. O importante é marcar a idéia de que o que está em jogo são as
formas de projetar a vida, a ética e a política. Assim, não uma linearidade
natural entre o ser que age e as características representacionais à ele
atribuídas.
A terceira linha de discussão é a implicação daquilo que produzimos
como ciência na construção da realidade estudada e nosso compromisso com
a promoção dos grupos sociais que investigamos. Nesse sentido, é preciso
deixar claro que, embora tenhamos a consciência de que estamos optando
pela pesquisa de pessoas que estão à margem de muitos benefícios sociais,
lutamos por não reforçar as tradicionais imagens de vítimas passivas tão
comuns nas abordagens das mulheres, crianças, negros, índios e
homossexuais.
Pelo contrário, nossas opções metodológicas têm sido produzidas para
exaltar as suas potencialidades, táticas de vivência, saberes específicos que os
possibilitam viver, apesar de suas condições sociais e econômicas
desfavoráveis. Esta postura tem sido objeto de auto-crítica das práticas de
pesquisas desenvolvidas no grupo. Sendo mais objetivos, realizamos um
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exercício de discussão acerca daquilo que produzimos, no sentido de abolir a
supremacia daquilo que nós interpretamos das práticas dos grupos estudados
e temos estimulado a versão daquilo que os próprios grupos pensam sobre
suas práticas e a realidade social que vivem e constroem.
Enfim, as experiências e ensaios que temos desenvolvido no GETE
foram aqui compartilhadas, no sentido de construir um diálogo metodológico
com os demais grupos de geógrafos preocupados com o desenvolvimento de
um espírito crítico, questionador das verdades absolutas e inovador, negando a
monótona repetição de conceitos e teorias.
Considerações Finais
Nossos argumentos bradam para que a Geografia seja compreendida
como fruto das escolhas que nós geógrafos fazemos. Temos opções de,
mesmo adotando ferramentas teóricas produzidas, desconstruir o discurso
colocado 'sobre' nós brasileiros, 'sobre' os indígenas, mulheres ou negros. É
preciso lutar pela emergência do conhecimento geográfico brasileiro,
reconhecendo nossas raízes coloniais com base na crítica à naturalização das
verdades geográficas e abrindo caminhos alternativos para as versões plurais
do conhecimento e possibilitar a enunciação do ponto de vista dos silenciados.
Notas
1 – http://www.ihgb.org.br/ihgb.php, Acesso em 20/02/2008.
2- http://www.agb.org.br . Acesso em 21/02/2008.
3- Maiores detalhes acessar o sítio da Rede de Pesquisadores de Geografia e
Gênero da América Latina (REGGAL).In:
http://www.reggal.uepg.br/modules/wfdownloads/
4- O pensamento acadêmico queer foi desenvolvido a partir de uma
contestação ao movimento social homossexual norte-americano de caráter
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conservador que privilegiava a representação do homem branco, homossexual,
de classe média alta e excluía a diversidade presente no movimento de luta
pela liberdade sexual, também composto por não brancos, travestis, lésbicas e
transexuais, etc. Os pensadores queer comungam as idéias que a
heteronormatividade e as hierarquias sexuais precisam ser questionadas, a fim
de que outras realidades sejam visíveis, e também, que não há linearidade
entre sexo, gênero e desejo, pois as identidades instituídas de ilimitadas
configurações entre estes elementos estão em permanente transformação e
sempre abertas ao novo.
Referências
AGB - Associação dos Geógrafos Brasileiros. Disponível in:
http://www.agb.org.br/. Acesso em 21/02/2008.
CAPEL, Horacio. Filosofía y Ciencia en la Geografía Contemporánea.
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Artigo encaminhado para publicação em junho de 2009.
Artigo aceito para publicação em agosto de 2009.
Article
No campo histórico da produção científica é perceptível uma concentração teórico-epistemológica que culmina na construção de uma hegemonia eurocêntrica presente nas investigações que buscam compreender o mundo ocidental. Por outro lado, constitui-se um silenciamento de diversas formas de produção de conhecimento, como as dos povos colonizados, por exemplo. É nesse sentido que a perspectiva de(s)colonial emerge como possibilidade analítica para contestar e complementar as tendências acadêmicas dominantes. Isso porque a Geografia é um exemplo de conhecimento cujas bases se deram nos pressupostos eurocêntricos, que mantém seus traços na condução da produção do conhecimento geográfico até os dias atuais. Assim, o objetivo principal deste artigo é averiguar como a perspectiva de(s)colonial vêm sendo incorporada à Geografia brasileira contemporânea, a partir de uma análise bibliométrica, verificando os conteúdos de Dissertações e Teses presentes no catálogo da CAPES, defendidas entre o período de 2010 a 2018. Os resultados demonstraram que a Geografia tem muito a percorrer nesse caminho de refundar suas bases epistemológicas em busca de um conhecimento crítico de(s)colonizado e múltiplo.
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Esta pesquisa se situa no âmbito das investigações que pretendem pesquisar a própria pesquisa e o processo de produção de conhecimento, propondo pensá-los a partir da concepção de experiência sensível de pesquisa. Nosso objetivo foi compreender a construção do conhecimento que emerge das interações vividas entre pesquisadores e sujeitos subalternizados a partir de experiências sensíveis de pesquisa. Entrevistamos 05 pesquisadores do campo das ciências sociais aplicadas, abordando questões sobre entrada e interação com os sujeitos no campo, o estabelecimento de vínculos, as implicações de suas pesquisas para esses sujeitos e as implicações e transformações da experiência de pesquisa para os próprios pesquisadores. As análises de história oral temática foram organizadas em três eixos: a) envolver e deixar-se envolver: interrelação e interdependência; b) tornar experiências visíveis e credíveis; c) dar sentido ao que somos e ao que nos acontece. Concluímos que a experiência sensível de pesquisa demanda uma ética que surge na interação e nos afetos estabelecidos nas relações com os sujeitos no campo e permite (re)conhecer o conhecimento que emana dessa interação, ampliando nossa capacidade de pensar em outras perspectivas de desenvolvimento, construindo projetos congruentes com os contextos onde a vida acontece.
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O presente ensaio buscou analisar as composições territoriais nos ambientes comuns de convivência escolar de uma escola pública da rede ensino do Amapá e de como as relações de poder se concebem na dinâmica social a partir das relações de gênero. E de forma complementar apresenta percepções sociais de estudantes de uma turma do 2° ano do ensino médio sobre as temáticas que envolvem o gênero como forma de subsidiar a reflexão para o estudo. No trabalho foi alinhada considerações da ciência geográfica a partir de análises sobre a categoria território conjuntamente as considerações do estudo de gênero na ciência.
Article
This article addresses the discussion, particularly prominent among feminist geographers, of reflexivity as a strategy for marking geographical knowledges as situated. It argues that, if the aim of feminist and other critical geographies is to acknowledge their partiality, then the particular form of reflexivity advocated needs careful consideration. Feminist geographers most often recommend a kind of reflexivity that aims, even if only ideally, at a full understanding of the researcher, the researched and the research context. The article begins with the author's failure at that kind of reflexivity, and that particular reflexivity is then discussed and described as ‘transparent’ in its ambitious claims to comprehensive knowledge. The article then goes on to explore critiques of transparent reflexivity, many of which have been made by feminist geographers themselves. The article concludes by suggesting that some recent discussions of the uncertainties of research practice offer another model of feminist reflexivity that may succeed more effectively in questioning the researcher's practice of knowledge production.
Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A
  • Paul Contra
  • Método
FEYERABEND, Paul. Contra o Método. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves Editora S.A. 1977.
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CORRÊA, Roberto Lobato. Produção geográfica, controle e poder. Biblio 3W, Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales, Universidad de Barcelona, Vol. XI, nº 650, 5 de maio de 2006. Disponível in: http://www.ub.es/geocrit/b3w-650.htm (ISSN 1138-9796). Acesso em 16/02/2009.
Notas sobre identidade nacional e institucionalização da geografia no Brasil. Estudos históricos
MORAES, Antonio Carlos Robert. Notas sobre identidade nacional e institucionalização da geografia no Brasil. Estudos históricos. Rio de Janeiro, vol. 4 n. 8, p.166 -176, 1991.
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Conhecimento prudente para uma vida decente
  • Santos
SANTOS, Boaventura de Sousa (org). Conhecimento prudente para uma vida decente. São Paulo: Cortez, 2004.