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Abstract

As alterações climáticas e o aquecimento global continuam a ser tópicos de debate científico e de interesse público (Snyder et al., 2008). O aumento dos "gases de efeito estufa" (GEE) na atmosfera tem sido apontado como uma das principais causas das mudanças climáticas, porque aumentam o potencial de aquecimento global. O dióxido de carbono (CO 2), o metano (CH 4) e o óxido nitroso (N 2 O) são os principais GEEs. Apesar das concentrações de metano e óxido nitroso na atmosfera serem menores que a de CO 2 , a mensuração de seus fluxos de emissão é importante porque esses gases apresentam potencial de promoção do efeito estufa, 23 e 296 vezes maior em relação ao CO 2, respectivamente (Snyder et al., 2008). A queima de combustíveis fósseis é a maior contribuinte global de GEE, principalmente CO 2 , respondendo por mais de 60% de todas as emissões mundiais. Dentre outras atividades, a agropecuária é uma das que mais contribui com a emissão de CH 4 (Berndt, 2010), principalmente através da produção de arroz e da pecuária. A emissão de amônia no setor agropecuário, apesar de não ser uma causadora direta do efeito estufa, é também motivo de precaução devido a seus efeitos no ambiente e no bem estar animal, especialmente das aves. Quanto a emissão de óxido nitroso, De Klein and Ledgard (2005), citados por Saggar et al., 2007, enfatizam a importância da deposição da urina dos ruminantes. Já para as fezes, segundo Saggar et al., 2007, o N depositado na superfície do solo está na forma orgânica e sofre baixa mineralização, resultando em emissões irrelevantes de N 2 O. Três fatos contribuem para tornar muito relevantes as emissões e remoções antrópicas de gases de efeito estufa na agropecuária brasileira: o fato de o Brasil ter realizado abertura de novas áreas agrícolas por meio de desmatamento e queimadas; o fato de o Brasil possuir matriz energética essencialmente fundamentada em geração hidroelétrica, diminuindo a participação do setor industrial e transportes frente à agropecuária e o tamanho de rebanho brasileiro, com liderança na produção e exportação de vários produtos de origem agropecuária. No contexto da pecuária, o Brasil ocupa posição de destaque no mundo, com o maior rebanho comercial bovino, com 171,6 milhões de cabeças (IBGE, 2009), detendo aproximadamente, 20% do mercado de carne (USDA, 2009), além de ser o sexto maior produtor mundial de leite (IBGE, 2009). Na produção de aves, o Brasil ocupa o terceiro lugar, tanto nas exportações quanto na produção.Na produção de suínos ocupa o quarto lugar nesses quesitos (IBGE, 2009).
11 a 13 de março de 2009
Florianópolis, SC Brasil
II
Sociedade Brasileira dos Especialistas
nos Resíduos das Produções
Agropecuária e Agroindustrial - Sbera
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Tiragem: 500 exemplares (versão eletrônica)
Coordenação Editorial*: Tânia M.B. Celant
Editoração Eletrônica: Vivian Fracasso
Normalização bibliográfica: Cláudia A. Arrieche
EMBRAPA 2011
*As Palestras foram formatados diretamente dos originais enviados eletronicamente pelos
autores.
Simpósio Internacional sobre Gerenciamento de Resíduos
Agropecuários e Agroindustriais (2.: 2011: Foz do Iguaçu,
PR).
Anais do II Simpósio Internacional sobre Gerenciamento
de Resíduos Agropecuários e Agroindustriais. - Concórdia:
Embrapa Suínos e Aves, 2011.
2 v., 29 cm.
Conteúdo: v.1 - Palestras. v.2 - Trabalhos Científicos.
1. Resíduos. 2. Tratamento. 3.Uso no solo. 4. Emissões. 5.
Energia. I. Título
CDD 628.7
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EMISSÃO DE GASES NAS ATIVIDADES PECUÁRIAS
Patrícia Perondi Anchão Oliveira, André de Faria Pedroso, Roberto Giolo de Almeida,
Sandra Furlan, Luiz Gustavo Barioni, Alexandre Berndt, Paulo Armando Oliveira,
Marta Higarashi, Salete Moraes, Lucietta Martorano, Luiz Gustavo Ribeiro Pereira,
Marcos Visoli, Maria do Carmo Ramos Fasiabem e Ana H. B. Marozzi Fernandes
Introdução
As alterações climáticas e o aquecimento global continuam a ser tópicos de debate
científico e de interesse público (Snyder et al., 2008). O aumento dos ―gases de efeito
estufa‖ (GEE) na atmosfera tem sido apontado como uma das principais causas das
mudanças climáticas, porque aumentam o potencial de aquecimento global. O dióxido de
carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O) são os principais GEEs. Apesar das
concentrações de metano e óxido nitroso na atmosfera serem menores que a de CO2, a
mensuração de seus fluxos de emissão é importante porque esses gases apresentam
potencial de promoção do efeito estufa, 23 e 296 vezes maior em relação ao CO2,
respectivamente (Snyder et al., 2008). A queima de combustíveis fósseis é a maior
contribuinte global de GEE, principalmente CO2, respondendo por mais de 60% de todas as
emissões mundiais. Dentre outras atividades, a agropecuária é uma das que mais contribui
com a emissão de CH4 (Berndt, 2010), principalmente através da produção de arroz e da
pecuária. A emissão de amônia no setor agropecuário, apesar de não ser uma causadora
direta do efeito estufa, é também motivo de precaução devido a seus efeitos no ambiente e
no bem estar animal, especialmente das aves. Quanto a emissão de óxido nitroso, De Klein
and Ledgard (2005), citados por Saggar et al., 2007, enfatizam a importância da deposição
da urina dos ruminantes. Já para as fezes, segundo Saggar et al., 2007, o N depositado na
superfície do solo está na forma orgânica e sofre baixa mineralização, resultando em
emissões irrelevantes de N2O.
Três fatos contribuem para tornar muito relevantes as emissões e remoções
antrópicas de gases de efeito estufa na agropecuária brasileira: o fato de o Brasil ter
realizado abertura de novas áreas agrícolas por meio de desmatamento e queimadas; o
fato de o Brasil possuir matriz energética essencialmente fundamentada em geração
hidroelétrica, diminuindo a participação do setor industrial e transportes frente à
agropecuária e o tamanho de rebanho brasileiro, com liderança na produção e exportação
de vários produtos de origem agropecuária. No contexto da pecuária, o Brasil ocupa
posição de destaque no mundo, com o maior rebanho comercial bovino, com 171,6 milhões
de cabeças (IBGE, 2009), detendo aproximadamente, 20% do mercado de carne (USDA,
2009), além de ser o sexto maior produtor mundial de leite (IBGE, 2009). Na produção de
aves, o Brasil ocupa o terceiro lugar, tanto nas exportações quanto na produção.Na
produção de suínos ocupa o quarto lugar nesses quesitos (IBGE, 2009).
O problema de GEE no Brasil
As informações preliminares do Segundo Inventário Brasileiro das Emissões e
Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa (2009) indicam a emissão total de GEE
brasileira, para o ano de 2005, de 2.203.362 Gg de CO2 eq., sendo a agropecuária
responsável por 22% das emissões e a mudança no uso da terra por 57,5%. A contribuição
da agricultura na emissão de metano nacional foi de 71%, composta principalmente pela
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emissão entérica com 63,3% (54,1% pelo gado de corte, 7,4% pelo gado leiteiro e 1,9%
pelas outras espécies), seguida pela emissão do manejo dos dejetos animais confinados,
com 5,5%. As emissões de óxido nitroso pela agropecuária representam 90,6% das
emissões nacionais deste gás e são provenientes principalmente da emissão dos solos.
Apesar da baixa emissão por unidade de área, como a área de pastagens no país é muito
grande, a emissão pelas pastagens representa cerca de 39,4% das emissões de óxido
nitroso da agropecuária.
A emissão entérica de metano, processo natural e intrínseco aos ruminantes, tende
a acompanhar o crescimento do rebanho. No Primeiro Inventário Brasileiro de Emissões
Antrópicas de GEE, as emissões totais de metano da pecuária foram estimadas em o 8,8
Tg de origem entérica. Para o ano de 2005, as informações preliminares do Segundo
Inventário Brasileiro das Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa
(2009) indicaram emissões de metano de origem entérica de 12 Tg.
No Brasil existem poucos estudos de emissão de GEE nas produções de suínos e
aves. Entre os poucos trabalhos existentes na área de suínos, podem ser citados alguns
estudos de emissão de gás carbônico em solos adubados com dejetos de suínos
(Giacomini e Aita, 2008) e avaliações de potencial de redução de emissão através do uso
de sistemas de tratamentos, tais como biodigestores (Angonese et al., 2007).
Recentemente, foi realizado um estudo comparativo das emissões de gás carbônico e
metano por dejetos de suínos tratados por compostagem e armazenados em esterqueira
(manejo padrão utilizado no País), no entanto, esse trabalho foi realizado em escala piloto
(Sardá et al., 2010), havendo necessidade de obtenção de resultados de sistemas de
produção em escala comercial.
Para a avicultura, os estudos no Brasil se limitam às avaliações de teores de
amônia, a qual não é diretamente causadora de efeito estufa, em ambientes confinados de
aviários visando a questão do bem estar animal (Owada et al., 2007) e estudos de aditivos
que reduziriam a volatilização desse gás em aviários (Medeiros et al., 2008). Em revisão
recente, visando traçar estratégias de mitigação de emissões de GEE (Cerri et. al., 2010),
consideraram-se apenas as emissões dos ruminantes, negligenciando as emissões das
outras espécies, embora o artigo ressalte que, certamente existem medidas mitigadoras
que podem ser implantadas para suínos e aves. Sendo assim, é bastante evidente a
carência que existe no País de informações consistentes, sobre a real colaboração da
produção intensiva de suínos e aves na emissão de GEE e também do potencial de
mitigação da emissão destes gases, quando são adotadas ações para tratamento
alternativo de dejetos.
Segundo Saggar et al. (2007), dados explícitos espacialmente e temporalmente dos
fluxos de emissão de óxido nitroso e metano do solo e da emissão entérica de metano,
são necessários para melhor estimar as emissões e remoções desses gases em âmbito
regional e nacional. Hammond et al. (2009) enfatizaram que os inventários de emissões de
GEE são baseados em número de animais, em produção de gases, em produção de
metano por ingestão de matéria seca, e que, portanto, a segurança nos valores utilizados
são imprescindíveis para a qualidade dos inventários.
No Brasil, os primeiros trabalhos realizados com animais, quanto à emissão de
metano, foram realizados na década de 90, existindo poucos trabalhos publicados com
resultados de experimentos envolvendo bovinos de corte, tanto em confinamento (Berchielli
et al., 2003; Pedreira et al., 2004; Nascimento, 2007; Oliveira et al., 2007; Possenti et al.,
2008) como em pastejo (Demarchi et al., 2003) e com gado de leite (Primavesi et al.,
2004a; Pedreira et al., 2009). Esses estudos, além de pioneiros, são de grande relevância
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por terem levantado dados divergentes dos valores de referência do IPCC (1996),
contribuindo para estimativas mais realistas da pecuária brasileira. De acordo com Berndt
(2010), em revisão sobre trabalhos realizados no Brasil, a média obtida para emissão de
metano de machos bovinos de corte foi de 51,5 kg/animal/ano. Quando considerado todas
as categorias animais, Primavesi et al. (2011), obteve média de 39 kg de
metano/animal/ano e, para bovinos leiteiros, 65 kg de metano/animal/ano.
Estudos com ruminantes demonstram que a emissão de metano depende da
quantidade de alimento ingerido e da qualidade da dieta, sendo que, geralmente, dietas
com elevada digestibilidade proporcionam maior consumo com menor emissão de metano
por unidade de alimento ingerido, do que dietas de baixa qualidade (Pedreira et al., 2004;
Oliveira et al., 2007). Além da qualidade da dieta, fatores intrínsecos aos animais, como
suas características genéticas e a microflora ruminal interferem na emissão de metano
entérico (Hammond et al., 2009)
As dejeções de bovinos mantidos em pastagens são responsáveis por 39,4% das
emissões antrópicas óxido nitroso no Brasil (BRASIL, 2009), sendo que as perdas de N
pela urina são maiores do que pelas fezes (FERREIRA, 1995).
Segundo o IPCC (2006), 2% do N que ingressa no solo derivado das excretas de
bovinos são perdidos como N2O. Estudos preliminares, realizados em Seropédica (RJ) na
região de Mata Atlântica, mostraram que as emissões de N2O do solo tratado com urina
também são inferiores às estimadas do IPCC. Calcula-se um fator de emissão direta de
N2O ao redor de 0,5% na época das chuvas, e de 0,1% no inverno. Os valores são muito
abaixo do sugerido pelo IPCC e tal fato é atribuído à boa drenagem dos solos brasileiros
(Urquiaga et al., 2010).
De acordo com Saggar et al. (2007) e LIMA (2006), ocorre variabilidade espacial e
temporal das emissões de óxido nitroso, devido à excreção errática dos dejetos animais, à
heterogeneidade espacial dos solos, ao pisoteio animal e compactação superficial do solo
pós pastejo e, às características naturais dos processos de emissão de N2O, além do uso
de fertilizantes nitrogenados. Os padrões de distribuição das dejeções nas pastagens
podem dificultar a obtenção de estimativas de emissão precisas, devido à falta de
representatividade da área amostrada (Braz et al., 2003; Ferreira et al., 2004; Marchesin,
2005). Conforme aumenta a intensificação do uso das pastagens, aumenta a importância
das emissões de N2O, devido ao maior acúmulo de dejeções, especialmente urina, ao
aumento no uso de fertilizantes nitrogenados e, em casos isolados, ao uso de irrigação.
Estratégias mitigação de GEE
Ações para a mitigação da emissão de metano podem ser facilmente adotadas e
incluem a melhoria da dieta, o uso de animais com maior potencial genético, a redução na
idade de abate, o uso de aditivos (probióticos, ionóforos, leveduras, lipídeos), o manejo
adequado das pastagens, o uso de vacinas, conforme proposto por Primavesi et al., (2011)
e Berndt(2011) e ainda, o melhoramento genético de forrageiras voltado para baixa
emissão de metano, o uso de confinamentos estratégicos, a busca de alternativas técnicas
e econômicas para aproveitamento de machos leiteiros para produção de carne, o que
diluiria a emissão de metano das vacas leiteiras pelo fornecimento de bezerros para cria.
Projeções de Barioni et al. (2007), sobre as emissões de metano pela pecuária de
corte brasileira, no período de 2007 a 2025, indicam que deverá ocorrer substancial
melhoria na eficiência de produção de carne. Projeta-se aumentos de 7,4% no tamanho do
rebanho nacional e de 29,3% no número de abates, proporcionando um aumento de 25,4%
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na produção de carne e de apenas 2,9% na emissão de metano, refletindo em uma
diminuição de 18% na emissão de metano por unidade de carne produzida. Essas
projeções pressupõem a utilização de tecnologias apropriadas de manejo nos sistemas de
produção da agropecuária.
Um dos focos de pesquisa atual baseia-se na hipótese de que a recuperação direta
das pastagens (Oliveira, 2007) e a adoção do manejo intensivo e dos sistemas integrados
(Integração Lavoura Pecuária - ILP, Silvipastoril e Agrossilvipastoril) possuem grande
potencial de mitigação dos gases de efeito estufa. Sistemas de pastagens recuperadas e
intensificadas, com a possível introdução do componente arbóreo, possuem reconhecidos
potenciais de sequestro de carbono e mitigação dos gases de efeito estufa, devido à
elevada produção de massa de forragem das gramíneas tropicais, eficientes no de
fertilizantes nitrogenados, e ao acúmulo de matéria-orgânica no solo (Oliveira et.al., 2007;
Segnini et. al., 2007; Primavesi, 2007).
Um número razoável de estudos sobre ecossistemas de pastagens nos biomas
Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica, indicam que, de modo geral, solos sob pastagem
podem acumular C em níveis semelhantes ou superiores à vegetação nativa e que a
degradação das pastagens promove perda do C acumulado (Cerri et al., 2006; Jantalia et
al., 2006; Segnini et al., 2007). Fisher et al. (2007), em revisão de estudos sobre C no solo
em pastagens introduzidas nas regiões savânicas do Brasil e da Colômbia, observaram
que as taxas de deposição de liteira eram subestimadas e, consequentemente, a
produtividade primária líquida e o potencial de mitigação de GEE pelas pastagens. Estes
dados confirmam o exposto no artigo veiculado pela FAO (2009) ―Grasslands: enabling
their potential to contribute to greenhouse gas mitigation‖, no qual os autores sugerem que
existe um potencial técnico de mitigação dos GEE pela pastagem maior que as emissões
de metano oriundas dos ruminantes e de suas dejeções.
Estudos com diversas variações de sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta
demonstraram que o componente florestal propicia inúmeros benefícios que refletem em
melhoria na eficiência de uso da terra (Carvalho et al., 2001; Macedo, 2009). Entretanto,
são os impactos positivos em variáveis microclimáticas e no sequestro de carbono que
ampliam as possibilidades de seu uso em cenários de mudanças climáticas. Sistemas
pastoris com 250 a 350 árvores de eucalipto/ha, planejados para corte das árvores aos oito
a doze anos de idade, são capazes de produzir 25 m3/ha/ano de madeira (OfugiI et al.,
2008), o que corresponde a um sequestro anual de cerca de 5 t/ha de C ou 18 t/ha de CO2
eq., o que e equivale à neutralização da emissão de GEE de cerca de 12 bovinos adultos.
Entretanto, estudos avaliando o balanço de C nesses sistemas são escassos no Brasil.
As pastagens também possuem potencial para remoção de metano da atmosfera.
Saggar et al. (2007) mensuraram o fluxo de emissão de GEE durante dois anos em
pastagens neozelandesas e concluíram que as pastagens funcionaram como um dreno
para o metano, com remoção anual de 0,64±0,14 Kg/ha de C na forma de CH4. Os autores
observaram que , apesar das pastagens terem esta característica, o inventário de GEE
daquele país (―New Zeland`s Greenhouse Gas Inventory/2006‖) não considera esses
valores.
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Conclusões
Em 2009, na ―15a Conferência das Partes‖ (COP-15) sobre mudança do clima, o
Brasil se destacou com avançadas propostas voluntárias de ―Ações de Mitigação
Nacionalmente Adequadas‖ (NAMAs, da sigla em inglês), com as seguintes metas para
2020, para o setor ―agropecuária‖: reduções de 83 a 104 Mt de CO2 eq com recuperação de
pastos, de 18 a 22 Mt de CO2 eq com integração lavoura-pecuária, de 16 a 20 Mt de CO2
eq com plantio direto e de 16 a 20 Mt de CO2 eq. com fixação biológica de N (BRASIL,
2010). De acordo com estudo de Cerri et al. (2010), essas metas são passíveis de serem
atingidas com as tecnologias disponíveis atualmente, entretanto, são necessários estudos
mais aprofundados para melhor quantificar as emissões e o potencial de mitigação de GEE
dessas tecnologias, para embasar as políticas públicas e orientar a cadeia produtiva.
Assim, torna-se também fundamental o desenvolvimento de modelos matemáticos,
baseados em processos, para se estimar o balanço líquido de GEE em sistemas de
produção pecuária brasileiros, integrando o sequestro de carbono no solo e o impacto do
uso de insumos. Devido à possibilidade de se adquirir dados sobre grandes extensões
geográficas, as geotecnologias tornaram-se importantes ferramentas para espacializar e
monitorar os recursos naturais, as atividades antrópicas e as conseqüências destas
atividades sobre a superfície terrestre e devem estar associada à modelagem no sentido de
facilitar o levantamento dos balanços entre as emissões e remoções antrópicas de GEE.
A produção baseada em boas práticas pecuárias, que resultem em redução na
emissão de GEE ou aumento na mitigação pode exigir um patamar de preço mais elevado
dos produtos, especialmente com relação às carnes. Nesse aspecto, contar com
instrumentos adequados de modelagem e de análise econômica, que permitam a
configuração de cenários futuros, conforme diferentes tecnologias sejam adotadas e
opções de políticas públicas sejam implantadas, é uma estratégia muito interessante para a
cadeia pecuária brasileira.
O avanço do conhecimento neste tema envolve projetos que abordem o cálculo dos
balanços de gases de efeito estufa, considerando as emissões e remoções antrópicas
desses gases. Torna-se necessário para tal, a realização de projetos multidisciplinares,
repetidos de forma espaço-temporal, para tratar a complexidade dos estudos nos
compartimentos ―solo-planta-animal-atmosfera‖ e suas relações com as questões
econômicas e ambientais. É necessário que os estudos envolvam os diferentes sistemas
de produção da agropecuária brasileira, dos diferentes biomas, provendo resultados em
melhor grau de aproximação e evitando-se o uso de padrões inadequados para as
condições brasileiras.
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... No subsetor de solos manejados, os maiores valores são observados na deposição de dejetos em pastagens, com destaque para a maior contribuição do rebanho de gado de corte seguido pelo gado de leite (Tabela 2). As dejeções de bovinos mantidas em pastagens são responsáveis por 39,4% das emissões antrópicas de óxido nitroso no Brasil (Oliveira et al., 2011), sendo que as perdas de N pela urina são maiores do que pelas fezes (Ferreira et al., 2004;Sordi et al., 2014). A aplicação de resíduos orgânicos, deposição atmosférica e lixiviação também são fontes de emissão observados na pecuária (Brasil, 2020 Nos solos manejados, Concórdia apresentou valores elevados tanto para o gado de corte, como de leite e suínos. ...
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Este estudo avaliou as estimativas de emissões de gases de efeito estufa (GEE) resultante do setor agropecuário e mudanças de usos da terra para Santa Catarina (SC), Brasil. A metodologia abrangeu as atividades de produção agrícola, criação e produção animal. As estimativas foram baseadas no Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de GEE, com base nas diretrizes do IPCC e inventários nacionais. O cálculo das estimativas de emissões/remoções associadas às mudanças de usos da terra utilizou dados de 2017 e 2018. O setor agropecuário catarinense corresponde a 36% das estimativas totais de emissões de GEE. A pecuária constitui importante fonte de metano, representando 55% das emissões. O manejo dos solos agrícolas corresponde a 23,54% das emissões da agropecuária. O cultivo de arroz irrigado representa 3,25% do total de metano de SC. A mudança de uso da terra contribui para emissão de GEE em SC, especialmente na conversão de floresta primária em uso agropecuário e silvicultura. A manutenção de floresta contribui para a remoção de CO2. Os dados sobre emissões das atividades agropecuárias contribuem para identificar os subsetores que apresentam as maiores emissões, assim como contribuem com políticas públicas para a elaboração de propostas para mitigação da emissão desses GEE.
... Outra preocupação no setor é referente ao aumento na emissão do GEE (Gases de Efeito Estufa), que está relacionada às alterações do clima e aquecimento global, e a agropecuária é uma das fontes poluidoras contribuintes na emissão dos GEE (OLIVEIRA, et al., 2011). Ainda que o Brasil seja um dos países signatários do tratado de Quioto, assumindo comprometimento na redução de gases de efeito estufa (GEE), a pecuária é responsável por 16% dessa emissão. ...
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Diferentes estudos, realizados por diversas áreas, indicam que os resíduos orgânicos gerados nas atividades pecuárias causam impactos ao meio ambiente. O alto índice de gases poluentes, emitidos pelos dejetos de animais, potencializa o efeito estufa, intensifica os fenômenos meteorológicos e contribui para as alterações climáticas. Efluentes gerados nas atividades pecuárias contêm altos níveis de contaminantes, alterando as propriedades da água, comprometendo a biota aquática, rios e solo. A recuperação de efluentes e resíduos orgânicos promove o uso sustentável dos recursos naturais, entretanto o seu mau uso e desperdício compromete sua conservação. Na busca de diminuir a toxidade dos dejetos, empresas geradoras de resíduos focam em atingir padrões para o descarte, desconsiderando a qualificação de profissionais e novas técnicas, que possibilitem a recuperação e reciclagem dos resíduos orgânicos. No presente estudo, foi observado que embora a empresa atenda aos padrões no controle do lançamento de poluentes, há carência em estratégias que levem o aumento da reutilização, ambientalmente saudável, dos resíduos gerados. Notou-se um baixo nível de tecnologia aplicada na recuperação de efluentes. Sendo assim, o objetivo do estudo é propor melhorias no manejo e destinação dos resíduos orgânicos pecuários. Espera-se despertar a importância em desenvolver melhorias nas ações existentes relacionadas à conscientização ambiental.Palavras-chave: Resíduos. Impactos Ambientais. Manejo. Conscientização.AbstractDifferent studies in several areas indicate that the organic waste generated in farming activities cause environmental impacts. The high rate of polluting gases emitted by animal waste potentiate the greenhouse effect, intensify the meteorological phenomena and contribute to climate change. Effluent generated in livestock activities contain high contaminant levels changing the properties of water, affecting aquatic biota, rivers and soil. The recovery of organic waste effluents promotes sustainable use of natural resources, but its misuse and waste undermines conservation. In seeking to reduce the waste toxicity, waste-generating companies focus on achieving standards for the disposal disregarding the professionals’ qualification and new techniques that allow the recovery and recycling of organic waste. In this study, it was observed that although the company complies witth standards regarding the pollutants launch control they lack strategies that lead to an increase in reusing environmentally sound the waste generated. It was noted a low level of technology applied in the effluents recovery. Thus, the objective of the study is to propose improvements in the management and disposal of livestock organic waste. It is expected to awaken the importance of developing improvements to existing actions related to environmental awareness.Keywords: Waste. Environmental impacts. Management. Awareness.
... De acordo com Oliveira et al. (2011), a contribuição da agricultura na emissão de metano nacional foi de 71%, composta principalmente pela emissão entérica com 63,4% (54,1% pelo gado de corte, 7,4% pelo gado leiteiro e 1,9% pelas outras espécies), é seguida pela emissão do manejo dos dejetos animais confinados, com 5,5%. Rivero et al. (2009) afirmam que a remoção temporária ou parcial da floresta para sua conversão em áreas de pastos e agrícolas, associadas com a extração seletiva de madeira emite entre 0,6 e 0,9 pentagramas de carbono por ano. ...
Conference Paper
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Until the 1960s Brazilian cattle ranching was based on natural grasslands, mainly in prairies and savannas. From that point on, a remarkable expansion of sown pastures occurred, especially in the Cerrado (savanna type vegetation) and rain forest biomes, increasing also yields to supply increasing demand. Establishing the first sown pastures in these biomes caused original vegetation displacement and expressive use of fire. A gradual loss of carrying capacity on these pastures after some years of its implementation has been a constant process in these agroecosystems. According to Martins et al. (1996), beef yields decrease 6% per year on degraded systems. From the 1980s, but especially in the 1990s, degraded pastures reclamation and clearing new areas were carried out introducing Brachiaria brizantha cv. Marandu and in some cases new cultivars of Panicum maximum and Andropogon gayanus. For the current decade, Ferraz (2008) foresees a scenario of reducing grazing areas because of cash crops and biofuels expansion. But the author expects maintenance or a slight increase on herd numbers. This tendency is justified by more intensive use of technologies and consequently higher yields on remaining pastures. Higher yields will be possible by higher use of inputs for grass fertilization, better husbandry techniques and supplementary feeding, as well as an expressive expansion of integrated cattle-crop-forest (iLPF abbreviated in Portuguese), or agrosilvopastoral systems.
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Ruminal gases, particularly methane, generated during the fermentative process in rumen, represent a partial loss of feed energy and are also pointed to as an important factors in greenhouse effect. This study aimed at quantifying methane (CH4) emission rates from lactating and dry cows and heifers, 24 month-old in average, on pasture under Southeast Brazil tropical conditions, using the tracer gas technique, sulphur hexafluoride (SF6), four animals per category, distributed in four blocks. Measurements were performed in February and June, 2002, with Holstein and Brazilian Dairy Crossbred (Holstein ¾ x Gir (Zebu) ¼), maintained on fertilized Tanzania-grass (Panicum maximum Jacq. cv. Tanzania) and fertilized Brachiaria-grass (Brachiaria decumbens cv. Basilisk) pastures. Heifers of both breeds were maintained on unfertilized Brachiaria-grass to simulate conditions of extensive cattle farming systems. CH4 and SF6 levels were measured with gas chromatography. Differences in CH4 emissions were measured (p < 0.05) for genetical groups. Holstein produced more methane (299.3 g day-1) than the Crossbred (264.2 g day-1). Lactating cows produced more methane (353.8 g day-1) than dry cows (268.8 g day-1) and heifers (222.6 g day-1). Holstein, with greater milk production potential, produced less CH4 (p < 0.05) per unit of dry matter intake (19.1 g kg-1) than the Crossbred (22.0 g kg-1). Methane emission by heifers grazing fertilized pasture (intensive system) was 222.6 g day-1, greater (p < 0.05) than that of heifers on unfertilized pasture (179.2 g day-1). Methane emission varied as function of animal category and management intensity of production system.
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n conjunction with the development of technologies for the production of swine meat, a strong exploration and degradation of the environment occurred and the activity became a source of pollution in the producing regions. Therefore, there is a need for alternative technologies that minimize the pollutant potential of the current system of production. The proposed work was to analyze and to compare the emission of carbon dioxide (CO2), methane (CH4) and hydrogen sulfide (H2S) between the management of swine manure in solid form (composting) and liquid manure (deep pit), and assess the efficiency of the process of composting through the physical and chemical parameters. The test was implemented in the experimental field of Embrapa Suínos e Aves, located in Concordia (SC). The results have showed that composting reduces 7 times the CH4 emission comparing to deep pit, and emission of CO2 represented 78.5% of total mineralized carbon. Considering that the emission of H2S was significant only in the management of waste in liquid form, then management of waste in solid form can reduce the environmental impacts, which tends to be beneficial in terms of mitigation of greenhouse effect and may contribute to the reduction of odors.
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The objective of this work was to evaluate the carbon dioxide emission to atmosphere after pig slurry and deep-litter application to the soil, along with oat straw with and without soil incorporation. The experiment was carried out on a Hapludalf. The experimental design was a completely randomized one with three replicates. The treatments consisted of application, or not, of pig slurry and pig deep-litter on oat straw, with and without soil incorporation. The measurement of the CO2 emission began after treatment applications and lasted 120 days. Pig manure and oat straw incorporation to the soil increase C-CO2 emission to the atmosphere, compared to the distribution of those organic materials on soil surface. Pig slurry and pig deep-litter application on the straw do not increase CO2 emission to the atmosphere, which indicates that these organic materials do not influence C mineralization present in oat straw.
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Sustainability is an actual theme and very present in all discussion in the tropical agriculture world, including Brazil. This country experienced high taxes of development in agribusiness, increasing exportation trading, producing foods of better quality and raising incoming rates of farmers. However, two mains aspects call the attention in respect to sustainability: excessive soil preparation with monoculture of annual crops and pasture degradation. These situations have brought losses in crop and livestock yields, increased soil degradation and collapse of natural resources. Continuous cropping of monoculture accelerates attacks of insects and diseases, specially the ones related to soil interactions. Technologies such as minimum tillage, crop rotation and crop-livestock integration can alleviate these problems and drive agriculture to sustainability. Minimum tillage has increase to more than 60% of soil tillage usage in Brazil. Adoption of this system in large scale, covering more regions, with different clime and soil, is highly dependent of crops that produce high amounts of residues and straw for better soil coverage. Crop-livestock integrated systems (CLIS) have been cultivated with many crops, such as: soybeans, corn, pearl millet, sorghum, cotton, sunflower, etc. and especially perennial tropical grasses asBrachiaria spp, intercropped or not. CLIS can be one important alternative to pasture recuperation and improvement of annual crops. They increase straw to minimum tillage systems, improve soil chemical, physical and biological properties, and better use of equipments, farmers income, and jobs in rural area. This paper analyze the state of the art in CLIS research, later results, and bring some considerations for the near the future of CLIS in Brazil.
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This research was to evaluate the effect of Leucaena (Leucaena leucocephala) and yeast (Saccharomyces cerevisiae) in diets for bovines on ruminal metabolism, including pH, volatile fatty acids, and ammonia and methane production. Four crossbred male cattle (800 kg LW) rumen cannulated were distributed to a 4 × 4 Latin Square design, in 2 × 2 factorial arrangement, composed by two levels of Leucaena (20% and 50% DM) and coast-cross grass hay, with or without yeast. No differences were observed in rumen pH (mean 6.82) and ammonia concentrations that varied from 18.71 to 21.28 mg/100 mL of ruminal fluid. There was interaction between Leucaena levels and yeast in the total concentrations of VFA. No differences were observed in the concentrations of acetic acid, but the animals fed 50% of Leucaena with yeast showed higher propionic acid concentration (19.14 mM). Methane emissions were reduced by 12.3% in relation to the same diet without yeast and in 17.2% when the animals were fed 20% of Leucaena with yeast. There was a noticeable associative effect of Leucaena when fed in high level (50% DM) and yeast in the reduction of methane emission and better rumen fermentation with possible reduction of energy loss and better energy efficiency for the animals.
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Brazil is an important poultry meat export country, and large parts of its destination are countries with specific rearing restrictions related to broiler's welfare. One of the aerial pollutants mostly found in high concentrations in closed poultry housing environment is ammonia. There are evidences that broilers welfare may be compromised by the continuous exposition to this pollutant in rearing housing. This research aimed to estimate broilers welfare reared under specific thermal environmental attributes and bird's density, as function of the ammonia concentration and light intensity inside the housing environment using the Fuzzy Theory. Results showed that the best welfare value (0.89 in the scale: 0-1) approximately 90% of the ideal was found in the conditions that associated the ideal thermal environment, with bird's density between 13-15 birds m-2, with values of the ammonia concentration in the environment below 5 ppm, and light intensity near 1 lx. Using the predictive method it was possible to estimate broilers welfare with relation to the ammonia concentration and light intensity in the housing.
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Data from the 1990-1994 period presented in the "Brazil's Initial National Communication" document indicated that the country is one of the top world greenhouse gas (GHG) emitters. A large majority of Brazil's GHG emissions come from deforestation mainly of the Amazon biome for agriculture and livestock land uses. This unique inventory is now out of date. Thus, the aims of this review were (i) to update estimates of the GHG emissions for the Brazilian territory, (ii) to estimate the sinks to provide calculations of the GHG net emissions for the 1990-2005 period, (iii) to calculate the actual and estimate shares of agricultural and livestock activities, and (iv) to discuss in light of the new figures and patterns the best mitigation options for Brazil. Total emissions in CO2-eq increased by 17% during the 1994-2005 period. CO2 represented 72.3% of the total, i.e. a small decrease, in favour of non-CO2 GHG, in relation to 1994 when its share was 74.1%. The increase of all GHG excluding Land Use Change and Forestry (LUCF) was 41.3% over the period 1994-2005. Climate Analysis Indicators Tool (CAIT) - World Resources Institute (WRI) estimated a higher increase (48.9%) that classified Brazil at the 69th position. Using our estimates Brazil will fall to the 78th position. But in both cases Brazil increased in clearly lower values than the tendency calculated for China and India, two major emitters, with increases of 88.8% and 62.1%, respectively. Brazil's increase is less than those presented for some countries in Annex 1 that are submitted to a quota of reduction, e.g. Spain with 55.6% of increase and New Zealand with 45.8%. Brazil also is below the average increase shown by non-Annex I countries, estimated to be 61.3%, but above the world average (28.1%). Besides the effort to curb emissions from the energy and deforestation sectors, it is now a top priority to implement a national program to promote mitigation efforts concerning the agricultural and livestock sectors. These mitigation options should not be only focused on emission reductions, but also prone enhancement of the carbon sink. Such a program would be easy to be implemented, because several mitigation strategies have already proven to be efficient, simple to adopt and economically viable.
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National inventories of anthropogenic greenhouse gas (GHG) emissions (implementation of the National Communications) are organized according to five main sectors, namely: Energy, Industrial Processes, Agriculture, Land-Use Change and Forestry (LUCF) and Waste. The objective of this study was to review and calculate the potential of greenhouse gas mitigation strategies in Brazil for the Agricultural and LUCF. The first step consisted in an analysis of Brazilian official and unofficial documents related to climate change and mitigation policies. Secondly, business as usual (BAU) and mitigation scenarios were elaborated for the 2010-2020 timeframe, and calculations of the corresponding associated GHG emissions and removals were performed. Additionally, two complementary approaches were used to point out and quantify the main mitigation options: a) following the IPCC 1996 guidelines and b) based on EX-ACT. Brazilian authorities announced that the country will target a reduction in its GHG between 36.1 and 38.9% from projected 2020 levels. This is a positive stand that should also be adopted by other developing countries. To reach this government goal, agriculture and livestock sectors must contribute with an emission reduction of 133 to 166 Mt CO2-eq. This seems to be reachable when confronted to our mitigation option values, which are in between the range of 178.3 to 445 Mt CO2-eq. Government investments on agriculture are necessary to minimize the efforts from the sectors to reach their targets.
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In 1998, Fisher et al. attempted to draw together published and anecdotal information to answer some of the questions raised by the fi ndings of Fisher et al. (1994; 1995), that introduced pas-tures of African grasses on the eastern plains of Colombia accumulated large amounts of C in the soil. This review synthesises the work in both Colombia and Brazil over the last 7 years that answers some of the questions raised and spec-ulations made by Fisher et al. (1998). The most important studies have shown that the rate at which litter decays at the soil surface has been grossly underestimated in the past. As a conse-quence, net aerial primary productivity (NAPP) was shown to be 33.3–33.5 t/ha/yr in well man-aged pastures of introduced grasses without either a legume component or N fertiliser. While data for soil C vary according to the past his-tory and states of the pasture, well managed pas-tures do accumulate C in the soil to levels above that under the native grassland vegetation. Net primary productivity below ground was only slightly less than NAPP. Defi ciencies of N and P are primarily responsible for the widespread deg-radation that occurs when introduced pastures are overgrazed and not fertilised. Heavy stocking rates profoundly change the N cycle and lead to N defi ciency and hence degradation in the bulk pasture area by concentrating N recycling from faeces and urine in rest areas and watering points. Here the pasture is so damaged by trampling that it cannot take advantage of the increased fertility.
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This study evaluated the effect of diets containing sorghum silages with higher (HT) and lower-tannin (LT) concentrations supplemented with concentrate or urea on intake, digestibility, ruminal digestibility, methane emission and rumen parameters in beef cattle. Four treatments were distributed according to a 2×2 factorial arrangement in a duplicate 4×4 Latin square: LT sorghum silage+urea, LT sorghum silage+concentrate, HT sorghum silage+urea, and HT sorghum silage+concentrate. Total digestibility of the organic matter was higher when concentrate was included in the diet (0.749 and 0.753 in the LT and HT treatments, respectively). It was observed lower ruminal apparent digested matter of neutral detergent fiber in HT diets. There was no effect of tannin levels on digestibility and methane emission. The supplementation with concentrate in the LT diet decreased gas losses as a function of gross energy intake in comparison to the supplementation of the diet with urea. These results suggest the potential of concentrate supplementation to minimize energy loss as methane emission by ruminants and increase the efficiency of energy utilization.