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A Telemedicina no Brasil: Evolução e Perspectivas

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Define-se como telemedicina o uso de tecnologias de telecomunicação para a realização de ações médicas a distância. As modalidades mais comuns de telemedicina são o telediagnóstico, a teleconsulta, a telemonitoração e a teleterapia. Também poderíamos enquadrar, de modo geral, a teledidática (educação ou treinamento a distância) em saúde como parte dessa grande área. O termo tele-saúde é reservado para nomear uma área ainda mais ampla do que a telemedicina, ou seja, o armazenamento, transmissão, disponibilização e interação de tudo que se refira à saúde e suas atividades-fim e atividades-meio. Por exemplo, um site de educação em saúde, com serviços interativos de perguntas e respostas para leigos, pode ser classificado como uma atividade de tele-saúde. Desenvolvimento histórico da telemedicina A telemedicina, em seu sentido mais estrito, é uma atividade bastante nova no Brasil. No mundo, essa área tecnológica teve seu início com os primeiros vôos espaciais tripulados, na década dos 60s, quando foi necessário realizar uma telemetria de rádio para a monitorização dos sinais vitais de astronautas em órbita ou em viagem à Lua. Na década dos 70s, diversos projetos pioneiros, utilizando ainda vídeo analógico comum e vídeo de varredura lenta, áudio analógico e telemetria por rádio, foram implementados de forma piloto em muitos paises pioneiros, como na Itália, Inglaterra, EUA, Canadá e Japão. Devido às dificuldades tecnológicas e à inexistência de redes digitais de área ampla com suficiente cobertura, esses projetos foram sendo gradualmente extintos. Somente na década dos 90s, com o surgimento das linhas de transmissão de dados de ampla distribuição, como rede comutada de pacotes, redes ISDN (Rede de Serviços Digitais Integrados) e a Internet (rede TCP/IP) é que a telemedicina deslanchou novamente, partindo para sua área de maior expansão e início do desfrute comercial das várias tecnologias desenvolvidas. Hoje, a telemedicina é uma realidade do dia a dia de milhares de instituições de saúde em todo o mundo, e é calcada em dois fundamentos: a videoconferência, que pode ser conduzida através de ISDN (ainda a mais comum) e IP, e a Internet e a World Wide Web (WWW), que se prestam principalmente para uma modalidade de telemedicina denominada de "store & forward" (armazena e envia), que não necessita de grandes velocidades e nem de aplicações que exijam tempo real.
A Telemedicina no Brasil: Evolução e Perspectivas
Renato M.E. Sabbatini
Define-se como telemedicina o uso de tecnologias de telecomunicação para a realização de
ações médicas a distância. As modalidades mais comuns de telemedicina são o
telediagnóstico, a teleconsulta, a telemonitoração e a teleterapia. Também poderíamos
enquadrar, de modo geral, a teledidática (educação ou treinamento a distância) em saúde
como parte dessa grande área. O termo tele-saúde é reservado para nomear uma área ainda
mais ampla do que a telemedicina, ou seja, o armazenamento, transmissão, disponibilização
e interação de tudo que se refira à saúde e suas atividades-fim e atividades-meio. Por
exemplo, um site de educação em saúde, com serviços interativos de perguntas e respostas
para leigos, pode ser classificado como uma atividade de tele-saúde.
Desenvolvimento histórico da telemedicina
A telemedicina, em seu sentido mais estrito, é uma atividade bastante nova no Brasil. No
mundo, essa área tecnológica teve seu início com os primeiros vôos espaciais tripulados, na
década dos 60s, quando foi necessário realizar uma telemetria de rádio para a
monitorização dos sinais vitais de astronautas em órbita ou em viagem à Lua. Na década
dos 70s, diversos projetos pioneiros, utilizando ainda vídeo analógico comum e vídeo de
varredura lenta, áudio analógico e telemetria por rádio, foram implementados de forma
piloto em muitos paises pioneiros, como na Itália, Inglaterra, EUA, Canadá e Japão. Devido
às dificuldades tecnológicas e à inexistência de redes digitais de área ampla com suficiente
cobertura, esses projetos foram sendo gradualmente extintos. Somente na década dos 90s,
com o surgimento das linhas de transmissão de dados de ampla distribuição, como rede
comutada de pacotes, redes ISDN (Rede de Serviços Digitais Integrados) e a Internet (rede
TCP/IP) é que a telemedicina deslanchou novamente, partindo para sua área de maior
expansão e início do desfrute comercial das várias tecnologias desenvolvidas. Hoje, a
telemedicina é uma realidade do dia a dia de milhares de instituições de saúde em todo o
mundo, e é calcada em dois fundamentos: a videoconferência, que pode ser conduzida
através de ISDN (ainda a mais comum) e IP, e a Internet e a World Wide Web (WWW),
que se prestam principalmente para uma modalidade de telemedicina denominada de “store
& forward” (armazena e envia), que não necessita de grandes velocidades e nem de
aplicações que exijam tempo real.
Telemedicina no Brasil
Uma série de fatores retardou bastante o início e o desenvolvimento da telemedicina no
Brasil. Um deles foi a falta de cultura específica para isso por parte dos usuários médicos,
que muitas vezes não conseguem enxergar claramente seus benefícios. Outro tem sido o
alto custo dos equipamentos de videoconferência e das linhas de conexão de alta
velocidade, além de uma distribuição desigual e muito restrita no território nacional.
Finalmente, a falta de um modelo de pagamento pelos serviços telemédicos tem sido, como
no resto do mundo, um importante obstáculo para sua adoção. A barreira representada pela
falta de legislação sobre seus aspectos deontológicos (ética médica), de prática profissional
e de responsabilidade jurídica pelos atos praticados, tem sido gradativamente levantada,
principalmente por uma resolução do Conselho Federal de Medicina, de 2002, que fixa
normas de conduta para a utilização ética da telemedicina.
Ao que é do nosso conhecimento o primeiro projeto de telemedicina brasileiro a utilizar
redes digitais foi realizada por um dos autores deste trabalho (R.M.E.S.) em 1985, por
ocasião de um acidente na cidade de Goiânia, estado de Goiás, em que várias pessoas foram
contaminadas por césio radiativo liberado de um equipamento biomédico abandonado. Os
médicos encarregados de realizar o laudo médico-legal do acidente, professores da
Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), utilizaram um sistema montado pelo
Núcleo de Informática Biomédica da mesma Universidade, que consistia de computadores
de 8 bits (Itautec I-7000) interconectados através da RENPAC (Rede Nacional de Pacotes)
a 2.400 bits por segundo, em hospitais das cidades de Brasília, Goiânia, Rio de Janeiro e
Campinas. Utilizando correio eletrônico, os médicos recebiam relatórios diários da
evolução das vítimas do acidente, internados nesses hospitais, e dialogavam pelo mesmo
método com os médicos atendentes.
No final da década dos 90s, com a maior disponibilidade de redes ISDN no país, tiveram
início os primeiros projetos de maior envergadura e continuidade, utilizando pela primeira
vez videoconferência. Podemos citar os projetos de telemedicina em medicina cardiofetal, ,
da Universidade Federal de Pernambuco, em Recife e cidades adjacentes, da rede dos
hospitais da Fundação Pioneiras Sociais (Sarah Kubitschek), do Instituto do Coração da
Universidade de São Paulo (USP), em medicina nuclear; do Instituto Materno-Infantil de
Pernambuco em cooperação com o St. Jude Children´s Research Hospital, de Memphis,
EUA, o projeto de telemedicina na Amazônia, realizado pelo Exército Brasileiro. Mais
recentemente, temos os projetos de oncologia pediátrica abrangendo três hospitais,
coordenado pela Universidade de São Paulo (USP – Instituto da Criança do Hospital das
Clinicas e Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola Politécnica), e o projeto de
telepatologia e tele-autópsia, realizado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, em cooperação com o Conselho Federal de Medicina e os Conselhos Regionais de
Medicina dos estados do Paraná e de São Paulo.
O número e diversidade de projetos acadêmicos de telemedicina aumentou bastante com a
implementação de redes de alto desempenho (Internet 2) pela Rede Nacional de Pesquisa,
do Ministério da Ciência e Tecnologia em várias capitais e cidades brasileiras, muitos dos
quais estão ainda em desenvolvimento, no que pesem as grandes dificuldades criadas pela
não continuidade de apoio financeiro ao projeto. Vale mencionar também o projeto SIVAM
(Sistema de Vigilância Aérea da Amazônia) um complexo e gigantesco sistema baseado em
satélites, que contém um componente de telemedicina já bastante avançado, para a região,
um dois maiores espaços selvagens do planeta.
Paralelamente aos esforços acadêmicos, o setor médico-hospitalar privado começou a
descobrir as vantagens da telemedicina no início do século XXI. Hospitais de alto nível,
como o Hospital Sírio-Libanês, e o Hospital Israelita Albert Einstein, ambos em São Paulo,
equiparam-se com salas de videoconferência e começaram a utiliza-las em projetos de
segunda opinião médica com entidades estrangeiras, com bom resultado, além de
aplicações em educação continuada. O aparecimento, no Brasil, de satélites digitais capazes
de oferecer serviços interativos multimídia possibilitou também iniciativas como o da
empresa Conexão Médica, que transmite aulas e palestras, e realiza sessões interativas de
discussão de casos clínicos. Surgiram também, a partir de 1994, diversos serviços de
telemonitoramento cardíaco transtelefônico, em nível empresarial, com projetos em São
Paulo (TeleCardio), Bahia, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Amazonas, etc. Clínicas de
Medicina Diagnóstica de ponta, como Laboratório Fleury e Omni Sistemas Diagnósticos,
ambos de São Paulo, também começaram a inovar recentemente no envio de imagens
médicas digitais entre filiais e para os médicos solicitantes, utilizando Internet em banda
larga.
A evolução e o status da telemedicina nacional podem ser acompanhadas pela série de
congressos anuais coordenados por um dos autores deste trabalho (R.M.E.S) a partir de
1999, denominado TELMED. Recentemente (2002) foi criado um Conselho Brasileiro de
Telemedicina e Telesaúde, uma organização profissional que organizou em novembro de
2003 o seu primeiro congresso sobre este tema. Outras sociedades profissionais, como a
Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), e a Sociedade Brasileira de
Engenharia Biomédica (SBEB) ostentam, em seu seio, grupos de interesse específicos para
telemedicina e telesaúde, visando fomentar seu desenvolvimento técnico e científico.
Congressos bianuais das duas sociedades, assim como outros certames isolados
organizados na área de tecnologia médica, vêm servindo de fórum para a apresentação e
discussão de trabalhos.
Finalmente, por iniciativa também de R.M.E.S, foram criadas desde 1986 revistas como a
Revista Brasileira de Informática em Saúde, Revista Informed, Revista de Informática em
Saúde e Revista Intermedic, para a publicação de artigos em informática médica e
telemedicina. Alguns sites brasileiros na WWW também foram organizados para divulgar a
telemedicina, como o do Instituto Edumed para Educação em Medicina e Saúde
(telemedicina.org.br) e do Grupo de Tecnologia de Informação em SaúdeS da Universidade
Federal de Pernambuco (telesaude.org.br).
Oportunidades
Podemos dizer, sem muitas dúvidas a respeito, de que o Brasil é um país que oferece
oportunidades ímpares para o desenvolvimento e as aplicações da telemedicina. Sua grande
extensão territorial, milhares de locais isolados e de difícil acesso, sua potente rede de
telecomunicações, a melhor da América Latina, e a distribuição extremamente desigual de
recursos médicos de qualidade, permitem prever que haverá no futuro próximo uma grande
expansão da telemedicina no país.
Como fatores de expansão podemos citar o aumento do interesse dos governos federais e
estaduais em aplicações de telemedicina, especialmente com relação ao portentoso
Programa de Saúde da Família (PSF), que conta já com mais de 12 mil equipes em cerca de
metade dos 6.500 municípios brasileiros. A implantação de uma rede informatizada nas
unidades básicas de saúde, utilizando terminais dedicados (TAS) para identificação de
pacientes com cartões magnéticos, abre caminho para uma futura rede de telemedicina. A
Universidade Federal de Pernambuco iniciou um projeto pioneiro nesta área, em
colaboração com o Ministério da Saúde.
Outra área que terá grande expansão será a relativa à educação a distância (EaD) em saúde.
Graças a uma inovadora legislação federal sobre a EaD, estão em acelerado
desenvolvimento cursos de extensão e de pós-graduação em todo o pais, sobressaindo-se
aqui a Universidade Estadual de Campinas, a Universidade Federal de São Paulo e a
Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro. Recentemente, sob a liderança de um dos
autores deste artigo (R.M.E.S.) foi formado um consórcio de instituições de ensino e
assistência em saúde, com o objetivo de implementar uma Rede Nacional de Educação a
Distância em Saúde e Telemedicina (Projeto Edumed.net), do qual participam também
empresas detentoras de tecnologia de suporte à telemedicina e EaD no mercado, tais como
TES, Embratel, CardGuard, Aethra Ameris, Metron, Diebold-Procomp e outras.
Entre os obstáculos à maior disseminação da telemedicina no Brasil está, sem dúvida, a
carência de profissionais especializados. Não existe ainda, em nível de graduação ou pós-
graduação, nenhum curso especifico sobre o tema, e o número de profissionais com
formação nessa área é ainda extremamente deficiente. Esforços, apoiados pelos órgãos de
fomento à pesquisa e ensino, devem ser iniciados com urgência para remediar essa
situação.
Quanto ao financiamento de projetos e de implementações práticas de rotina, as
oportunidades que surgem especificamente para a telemedicina estão sendo contempladas
em grandes esforços como o FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de
Telecomunicação), lastrado em uma contribuição de 1% sobre todas as contas de
telecomunicação das empresas privatizadas, o FUNTEL (Fundo de Desenvolvimento das
Telecomunicações), com 0,5% das contas de telecomunicação, e projetos como o Fundo
Verde-Amarelo, os Fundos Setoriais do Ministério de Ciência e Tecnologia, os aportes
financeiros ao desenvolvimento gerencial do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo
Ministério da Saúde, e aportes para aplicações sociais do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social). Podemos olhar, assim, com otimismo para o futuro
da telemedicina brasileira, que figurará certamente entre as maiores do mundo.
Referências
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Telecare. 1999;5(2):137-8.
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fevereiro de 1999. Disponível na Internet. URL:
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Sabbatini, R.M.E.: História da Informática Médica no Brasil. Revista Informática
Médica, 1(5), 12-16, 1998. Disponível na Internet. URL:
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Tachinardi, U.: Internet and healthcare in Brazil: the role of the Working Group for
Healthcare (GT Saude). Comput Biol Med. 1998 Sep;28(5):519-29.
Sites na Internet
Instituto Edumed: www.edumed.net
Núcleo de Informática Biomédica: www.nib.unicamp.br
Universidade Federal de Pernambuco: www.tis.
Universidade Federal de São Paulo: http://virtual.epm.br
Fundação Oswaldo Cruz: www.fiocruz.br
Revista Informática Médica: www.epub.org.br/informaticamedica
Revista Intermedic: www.epub.org.br/intermedic
Revista Informed: www.epub.org.br/informed
Telemedicina.org: www.telemedicina.org.br
Telesaude.org: www.telesaude.org.br
Sociedade Brasileira de Informática em Saúde: www.sbis.org.br
Sociedade Brasileira de Engenharia Biomédica: www.sbeb.org.br
Grupo de Tecnologia de Informação em Saúde da UFPE: http://www.lika.ufpe.br/tis/
Projeto de Telemedicina da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo:
http://www.usp.br/fm/dim/
... A telemedicina, como ferramenta de modernização do atendimento em saúde, tem se consolidado como uma alternativa eficiente para suprir lacunas históricas no acesso a serviços médicos, especialmente em regiões de difícil acesso, como a Amazônia. Essa tecnologia é definida pelo uso de meios de comunicação e tecnologia da informação para prestação de serviços médicos à distância, abrangendo desde diagnósticos até consultas e monitoramento de pacientes (Sabbatini, 2012). Na Amazônia, marcada por suas vastas extensões territoriais, precariedade na infraestrutura de transporte e limitações de recursos médicos, a telemedicina emerge como um instrumento essencial para a ampliação da assistência médica, mitigando desigualdades históricas no acesso à saúde (BRASIL, 2020). ...
... Estudos apontam que cerca de 72% dos municípios da região possuem dificuldades de acesso a serviços médicos especializados, evidenciando a urgência de soluções tecnológicas para mitigar essas lacunas (IBGE, 2020). Nesse sentido, investigar a aplicabilidade da telemedicina contribui para o desenvolvimento de políticas públicas mais inclusivas e adaptadas às especificidades locais, promovendo o fortalecimento do SUS e a equidade em saúde (Sabbatini, 2012). ...
... Grande parte dos municípios enfrenta dificuldades relacionadas à baixa cobertura de internet, qualidade instável de conexão e falta de equipamentos adequados para a prática médica à distância. A carência de fibra ótica em vastas áreas rurais e ribeirinhas limita o alcance das plataformas de telemedicina, evidenciando a necessidade de investimentos robustos para modernizar as redes de comunicação (Sabbatini, 2012). ...
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A telemedicina tem se destacado como uma solução promissora para melhorar o acesso à saúde em regiões remotas, como a Amazônia, caracterizadas por desafios geográficos, sociais e estruturais. Este estudo analisa os impactos da telemedicina na gestão pública de saúde em municípios amazônicos, explorando os desafios de infraestrutura tecnológica, políticas públicas e inclusão social. Foram identificados avanços, como a regulamentação recente durante a pandemia de COVID-19, e limitações relacionadas à conectividade, capacitação profissional e exclusão digital. A pesquisa destaca a necessidade de investimentos em tecnologia, capacitação contínua e políticas adaptadas às particularidades culturais e sociais da região. Conclui-se que a telemedicina tem potencial para reduzir desigualdades históricas no acesso à saúde, desde que sejam implementadas estratégias integradas e inclusivas. Assim, ela se consolida como uma ferramenta indispensável para a modernização do Sistema Único de Saúde (SUS) e a promoção da equidade na Amazônia.
... Em contrapartida, o Brasil é um país que, devido a algumas peculiaridades, se caracteriza como um cenário atrativo à telemedicina, como: sua extensão territorial continental, concentração populacional e de serviços de saúde em grandes centros, precariedade e alto custo de transportes terrestres, desigualdade de recursos médicos de boa qualidade e isolamento das pequenas comunidades (SABBATINI, 2012;MALDONADO;CRUZ, 2016). ...
... Ademais, além de terem alto custo, muitas vezes o uso das tecnologias empregadas na telemedicina demanda capacitação profissional. Outro entrave é a dificuldade de acesso à internet de qualidade, com velocidade de conexão satisfatória ao uso das tecnologias necessárias (SABBATINI, 2012). ...
... Ademais, o uso desta tecnologia aparece como importante ferramenta para os profissionais de saúde que atuam nas ESF, facilitando a interação destes profissionais com centro de referência em saúde. 17,18 No Brasil a telemedicina pode ser exercida em 3 moldes principais: Teleorientação, Telemonitoramento e Teleinterconsulta. A primeira possibilita aos médicos realizarem orientações e encaminhamentos, semelhante a triagem, em pacientes que estejam em suas residências. ...
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RESUMO A telemedicina surgiu no início do século XX com uma proposta de auxílio aos profissionais da saúde dada as distâncias geográficas. Com o crescimento das tecnologias a telemedicina se tornou uma grande aliada em diversas áreas da saúde. Sem assim, o objetivo deste trabalho é realizar uma análise acerca do potencial uso da Telemedicina como estratégia de enfrentamento a Doença do Coronavírus 2019 (Covid-19) na região norte do Brasil. Para a pesquisa, foram selecionados trabalhos científicos dos últimos 16 anos. O vasto território brasileiro abriga regiões isoladas e de difícil acesso, o que dificulta o atendimento à saúde e expõe e realidade dessas populações. Frente ao cenário pandêmico, desenvolver estratégias que viabilizem o acesso universal e equânime a saúde tornam-se fundamentais. Dito isto, a Telemedicina apresenta-se como importante ferramenta de combate a Covid-19. Palavra-chave: Telemedicina; Saúde Pública; Covid-19; Estratégias Regionais.
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O acesso à saúde em áreas isoladas e rurais é um desafio premente que afeta significativamente a qualidade de vida das populações que habitam essas regiões. Este trabalho irá analisar os impactos da telemedicina em áreas isoladas. Será fundamentado em uma revisão sistemática da literatura e bibliográfica, realizada a partir de fontes online e artigos acadêmicos que tratam do tema. A telemedicina é uma solução viável para superar as barreiras geográficas e logísticas que limitam o acesso a cuidados de saúde adequados. Permitindo uma gestão mais eficiente dos recursos de saúde, reduzindo custos operacionais e otimizando o tempo dos profissionais, bem como a continuidade do tratamento e a diminuição da necessidade de deslocamento, fatores que melhoram a adesão ao tratamento e reduzem complicações decorrentes de barreiras geográficas. Os resultados sugerem que a implementação de tecnologias de telemedicina pode minimizar desigualdades no acesso à saúde, especialmente em países em desenvolvimento, onde a infraestrutura médica é limitada, se apresentando como uma solução eficaz para a promoção da saúde em regiões remotas, trazendo impactos positivos na qualidade de vida e equidade no acesso à assistência médica.
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O objetivo geral deste estudo é analisar a evolução implementação da telemedicina no Brasil, considerando as barreiras tecnológicas, legais e sociais, e além de propor estratégias para a superação dessas barreiras. A metodologia baseou-se na revisão sistemática de literatura na qual apresenta-se o conceito de telemedicina, um breve panorama na evolução dos marcos legais, sobretudo em 2019, quando a telemedicina foi regulada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM). Destaca-se que, no mesmo ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) foi alertada sobre o coronavírus o que viria a se tornar uma pandemia que afetaria o mundo todo e redefiniria a importância da telemedicina no contexto da pandemia e pós pandemia por COVID-19. A partir deste cenário, a telemedicina passou a se apresentar como essencial no atendimento a áreas remotas e situações de emergência, mas ainda enfrenta desafios significativos que precisam ser abordados para consolidar seu papel no Sistema Único de Saúde (SUS).
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O Brasil é um país geograficamente extenso, com condições precárias de acesso a diversas comunidades e distribuição desigual da renda. Ademais, faltam recursos econômicos destinados à saúde, e a distribuição de recursos humanos e materiais, particularmente na saúde pública, é heterogênea. A maior parte dos médicos e cirurgiões dentistas concentram-se nos grandes centros urbanos. Nesse cenário, a Telessaúde surge como uma solução para aumentar a disponibilidade, o acesso e a qualidade dos serviços de saúde, alcançando regiões mais distantes e evitando o isolamento de profissionais nestas áreas. Neste sentido, esta obra aborda dois conceitos fundamentais sobre saúde na atualidade: a telessaúde e a teleodontologia. A Telessaúde é definida pelo emprego de Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) na prestação de serviços de saúde, abrangendo a assistência remota, prevenção de doenças, promoção da saúde, gestão, educação e pesquisa. Esses serviços são disponibilizados sem a necessidade da presença física do paciente ou profissional em um local específico, como consultório, centro de saúde ou hospital. Já a Teleodontologia é definida como o exercício da Odontologia mediado por tecnologias digitais de informação e comunicação (TICs) para fins de atenção, educação, gestão, pesquisa, prevenção de agravos e promoção de saúde bucal. Na abordagem destes dois conceitos, esta obra apresenta os aspectos relacionados a políticas nacionais, prática, ensino-aprendizagem, aspectos legais e éticos, além da importância do combate à desinformação e fake news.
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Há alguns anos, debates acerca da Educação em Saúde no ensino superior e a necessidade de formar profissionais que estejam em consonância com os princípios preconizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), existem nas instituições de ensino e na esfera governamental da saúde. As metodologias ativas podem favorecer a autonomia do estudante, desde as simples àquelas que requerem uma readequação física e/ou tecnológica das instituições. O presente estudo tem como objetivo analisar a produção científica nacional e internacional dos últimos sete anos, sobre as metodologias ativas de aprendizagem presentes na formação médica e sua relação com os princípios da Promoção de Saúde. Trata-se de uma revisão de literatura sistemática utilizando as bases de dados PubMed, LILACS e SCIELO. Foram utilizados e analisados 14 artigos. A maioria das publicações evidenciam efeitos positivos com a aplicação de novas estratégias de ensino. Essas estão consonantes com os princípios do SUS, ao possibilitar a formação de médicos competentes, autônomos, empoderados, pesquisadores e estudiosos, com capacidade crítica e reflexiva e habilidades de trabalhar em equipe.
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A presente pesquisa dedica-se a estudar a ascendência do uso da telemedicina durante a pandemia do Covid-19, que atingiu o Brasil em meados de março de 2020. A telemedicina, com a possibilidade de quebrar as fronteiras de consultas e diagnósticos médicos, foi muito utilizada durante a pandemia, com o objetivo de manter o isolamento social, porém, observa-se um crescimento no uso desta modalidade no período pós-pandêmico, o que gera discussões acerca dos impactos positivos e negativos de sua utilização, bem como no que tange a bioética do exercício da profissão. Nesse sentido, utilizando do método hipotético-dedutivo, buscar-se-á estudar a problemática que envolve o cenário atual de normatização desta modalidade de atendimento no ordenamento jurídico brasileiro.
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Objetivo: Desenvolver uma plataforma virtual de Teleconsulta para atendimento a casos suspeitos de Síndromes Gripais e infecção por COVID-19. Metodologia: Trata-se de um estudo de natureza aplicada, com desenvolvimento de produção tecnológica e inovadora, prospectivo, ecológico, descritivo, de série temporal. A população do estudo foi formada por qualquer pessoa sintomática para Síndromes Gripais por COVID-19, suspeitos ou confirmados, de qualquer local do Brasil. Este estudo foi realizado em duas etapas, a saber: Etapa I: Desenvolvimento da Aplicação para Plataforma de Teleconsulta. Etapa II: atendimento por meio de Teleconsulta de Casos suspeitos de COVID-19 e Sindromes Gripais. A metodologia utilizada para o desenvolvimento da aplicação proposta foi a modelagem por prototipação evolucionária. Resultados: Foram realizados 209 atendimentos na Plataforma de Teleconsulta, sendo 151 (70%) do sexo feminino e 65 (30%) do sexo masculino, com prevalência de idade variando de 20 a 29 anos (41%). Quanto ao risco de infecção por COVID-19, 42 (20%) tinham alto risco, 75 (36%) médio risco e 92 (44%) baixo risco. Os sintomas mais prevalentes foram: secreção nasal ou espirros (53%), dores no corpo (49%), dor de cabeça (47%), dor de garganta (46%), tosse seca (35%), Febre (31%), falta de ar (25%) e diarreia (23%). Inicialmente o teleatendimento foi composto por teletriagem com classificação de risco com base na sintomatologia dos pacientes que foram codificados com pontuações conforme a gravidade do sintoma para formas graves de COVID-19. A classificação de risco categorizou os pacientes em risco baixo (1 a 9 pontos), risco médio (10 a 19 pontos) e risco alto (20 a 36 pontos). Em seguida, a teleconsulta foi agendada conforme disponibilidade do paciente por meio do método SBAR para comunicação efetiva e ao término do atendimento um plano de cuidados com Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE era encaminhado ao paciente por meio de WhatsApp ou e-mail. Conclusão: A plataforma de teleconsulta possibilitou a triagem dos pacientes, reduziu as visitas desnecessárias às unidades de emergência, permitiu a avaliação e monitoramento dos casos, bem como o acompanhamento de pacientes ambulatoriais que não necessitam de avaliação presencial.
Disponível na Internet Telemedicina: A Assistência à Distância História da Informática Médica no Brasil Comput Biol Med
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