Article

QUATRO ATOS DE JUDITE – O CORPO FEMINISTA DA PALHAÇA

Authors:
To read the full-text of this research, you can request a copy directly from the author.

Abstract

Resumo – O presente artigo pretende analisar a atual construção do gênero palhaça e suas implicações políticas, a partir do olhar sobre Judite, a palhaça interpretada pela atriz Elena Cerântola, personagem essencial do espe-táculo Curta a temporada, do Circo Vox, apresentado no Memorial da América Latina, em 2008. O autor foca determinados aspectos percebidos na ação humorística de Judite que – sem negar seu sexo ou meramente reme-ter-se ao grotesco, caráter histórico do palhaço – podem servir de referência à desmistificação da visão clássica de filósofos do riso, que pressupunham a imagem feminina ligada somente a ideais de beleza e sedução e, con-sequentemente, à impossibilidade de humor. Reflete-se, pois, sobre a relação entre a evolução do palhaço-mulher e novas interfaces possibilitadas pelo mundo pós-feminismo. Palavras-chave: palhaça, corpo, gênero, riso, humor. INTRODUÇÃO O riso deve preencher certas exigências da vida em comum, deve ter um significado social (BERGSON, 1993, p. 21). O palhaço tem sua tradição marcada por figuras masculinas e pouquíssimas referências costumam ser feitas a mulheres na história dessa personagem. Entretanto, a cena circense contemporânea começa a esboçar o rompimento dessa tradição, introduzindo – por meio de alguns espetáculos e grupos independentes – a figura da palhaça no universo circense. Os circos brasileiros em atividade, pela limitação dada pela sua própria condição social, costumam ter em comum a característica de possuírem tamanho reduzido. Isso comparado aos grandes espetáculos repletos de números voltados para o êxtase dos observadores dian-te das façanhas de trapezistas/malabaristas, dos números de ilusionismo e de animais selva-* Mestre em Artes pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) e doutorando em Educação pela Uni-versidade de São Paulo (USP).

No full-text available

Request Full-text Paper PDF

To read the full-text of this research,
you can request a copy directly from the author.

... Se mulheres e homens não são iguais, uma palhaça desenvolve-se com base no feminino, papel socialmente imbricado em significados singulares, que não podem ser tratados como idênticos ao masculino. A tradição do palhaço, entretanto, conforme já denunciado por outras pesquisadoras (CASTRO, 2005;CASTRO, 2010;MENEZES, 2011), sempre esteve fortemente ligada ao ho-mem, através de registros históricos silenciosos sobre a mulher cômica, de gags 8 construídos a partir da experiência do masculino e de uma série de sistemas que necessitam ser reformulados, mediante a vivência do feminino. ...
Article
Full-text available
Este artigo atravessa algumas pistas para a constituição de uma cartografia lúdica, perpassada pelo mergulho na sinceridade da autora em sua experiência de mulher palhaça amazônida, desejosa de estabelecer encontros e transcriá-los ou transvê-los em um processo criativo, que é também pesquisa. Para tanto, segue em busca dos caminhos que a levam aos encontros, a partir do conceito de ritornelo deleuziano, desvelando o delineamento de um olhar, atravessado por memórias da infância, trechos poéticos e recortes de conceitos, a partir dos quais reconhece a relevância da mulher cômica e do território amazônida onde a autora está situada, enquanto constituíntes de um mapa, construído em jogo, ora correspondente à própria pesquisa, ora ao processo criativo em que deve resultar. Entre potências pessoais de seu feminino amazônida, a autora revela o processo de entranhar-se no objeto de pesquisa e criação, assumindo-o em jogo para sua cartografia. ABSTRACT This article runs through some clues to compose a playful cartography, wrought by the dip in the author’s sincerity, on her experience as Amazonian clown woman, willing to set up mee¬tings and transcriate them in a creative process, which is research also. Therefore, the author follows in search of paths that lead to encounters, throw the deleuzian concept of refrain, un¬veiling the design of a look, crossed by childhood memories, poetic excerpts and concepts clippings, from which she recognizes the importance of the clown woman and the Amazonian territory, where her performance is located, as constituents of a map, built in game, sometimes corresponding to the research itself, sometimes to the creative process that it might result. Among her personal Amazonian female potency, the author reveals the process of becoming ingrained on the object of research and creation, assuming it on a game, for her cartography. KEYWORDS: Clown women, cartography, play
Article
Historically, clowns have always been trained “on the job”: one was born or adopted into a circus dynasty or else ran away to join the circus, serving an apprenticeship. Breaking with the long tradition that performers learn on the job, after World War II, national circuses in the Communist bloc created their own academies; they were followed in 1974 by the École nationale de cirque founded in Paris by Annie Fratellini and Pierre Étaix, now the Académie Fratellini, and in 1982 by the Escola Nacional de Circo in Brazil. These examples led to the teaching of circus skills in universities, enabling breaches in the gender barriers between types of circus acts. For example, six years after Ringling Brothers founded a clown college in 1968, Peggy Williams was the first woman to graduate with a contract. At first she felt out of place. In an interview series for the Ringling Museum of Art, she stated that early in her training she had presumed that clowns were gender neutral: “I didn't know there weren't girl clowns. I thought being a clown was being a clown. You could be a man or woman. I had no idea what was heading my way because of gender.” Although she learned under the auspices of great clowns such as Lou Jacobs, she was left to her own devices to craft a clown that reflected her allegedly female nature.
Article
O presente artigo realiza uma reflexão acerca da intervenção artística de palhaças “Casada Consigo Mesma”, criada pela Cia. Asfalto de Poesia. São subsídios para esta análise: o histórico da presença das mulheres na arte da palhaçaria, o estudo dos recursos específicos da linguagem da palhaçaria, as ideias de comicidade e riso e o conceito de paródia. Investiga-se os recursos empregados para a criação de repertório e a consequente renovação da dramaturgia existente nesta linguagem, esboçando o conceito de uma comicidade feminista. Também se analisa as maneiras pelas quais a intervenção artística desestabiliza as imposições ao gênero feminino referentes à instituição do casamento e a padrões de beleza, consolidando-se como uma ferramenta para experiências de uma comicidade feminista. Palhavras-chave: Mulher. Palhaçaria. Casamento. Comicidade feminista.
História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora Unesp
  • G Minois
MINOIS, G. História do riso e do escárnio. São Paulo: Editora Unesp, 2003.