ArticlePDF Available

Abstract

Denomina-se por adição ao trabalho a combinação de trabalho excessivo e necessidade de trabalhar constantemente o que pode desencadear problemas físicos e psicossomáticos. Este tema tem recebido especial atenção da comunidade científi ca uma vez que, em casos de adição ao trabalho, o indivíduo vai perdendo gradativamente o controle emocional em relação às exigências ocupacionais. Assim, o presente estudo buscou verifi car se variáveis sociodemográfi cas, laborais, tecnoestresse e satisfação com a vida predizem adição ao trabalho em trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas suas atividades laborais. Trata-se de um estudo de delineamento observacional analítico transversal, sendo a amostra composta por 88 trabalhadores que utilizam em seu trabalho TICs. Os resultados do estudo revelam que as dimensões do tecnoestresse explicam a adição ao trabalho, cor-roborando modelos teóricos que apontam para uma associação entre utilizar excessivamente tecnologia e maior tendência para desenvolver adição ao trabalho. A dimensão ansiedade, quanto ao uso de TICs, revelou maior poder explicativo para as dimensões da adição ao trabalho: trabalho excessivo e trabalho compulsivo. No tocante à dimensão trabalho excessivo, verifi cou-se ainda que a descrença sobre o uso de TICs explica, juntamente com a ansiedade, comportamentos de trabalhar excessivamente. As impli-cações destes resultados podem ter especial importância na implementação e reorganização de rotinas de trabalho, nas políticas de saúde do trabalhador assim como no campo da prevenção e intervenção psicossocial e clínica. Palavras-chave: Adição ao trabalho, preditores, tecnologias de informação e comunicação.
ISSN 1413-389X Trends in Psychology / Temas em Psicologia – 2014, Vol. 22, nº 2, 377-387
DOI: 10.9788/TP2014.2-09
Preditores da Adição ao Trabalho em Trabalhadores
que utilizam Tecnologias de Informação e Comunicação
Mary Sandra Carlotto1
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Guilherme Welter Wendt
Unit for School and Family Studies of the Goldsmiths College at University of London,
London, Grã-Bretanha
Carolina Lisboa
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Marcela Alves de Moraes
Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil
Bolsista de Iniciação Cientí ca PBIT/Cnpq
Resumo
Denomina-se por adição ao trabalho a combinação de trabalho excessivo e necessidade de trabalhar
constantemente o que pode desencadear problemas físicos e psicossomáticos. Este tema tem recebido
especial atenção da comunidade cientí ca uma vez que, em casos de adição ao trabalho, o indivíduo
vai perdendo gradativamente o controle emocional em relação às exigências ocupacionais. Assim, o
presente estudo buscou veri car se variáveis sociodemográ cas, laborais, tecnoestresse e satisfação
com a vida predizem adição ao trabalho em trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs) nas suas atividades laborais. Trata-se de um estudo de delineamento observacional
analítico transversal, sendo a amostra composta por 88 trabalhadores que utilizam em seu trabalho TICs.
Os resultados do estudo revelam que as dimensões do tecnoestresse explicam a adição ao trabalho, cor-
roborando modelos teóricos que apontam para uma associação entre utilizar excessivamente tecnologia
e maior tendência para desenvolver adição ao trabalho. A dimensão ansiedade, quanto ao uso de TICs,
revelou maior poder explicativo para as dimensões da adição ao trabalho: trabalho excessivo e trabalho
compulsivo. No tocante à dimensão trabalho excessivo, veri cou-se ainda que a descrença sobre o uso
de TICs explica, juntamente com a ansiedade, comportamentos de trabalhar excessivamente. As impli-
cações destes resultados podem ter especial importância na implementação e reorganização de rotinas
de trabalho, nas políticas de saúde do trabalhador assim como no campo da prevenção e intervenção
psicossocial e clínica.
Palavras-chave: Adição ao trabalho, preditores, tecnologias de informação e comunicação.
1 Endereço para correspondência: Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul, Av. Ipiranga, 6681, Partenon, Porto Alegre, RS, Brasil 90619-900. E-mail: mscarlotto@
gmail.com, guilhermewwendt@gmail.com, lisboacaro@gmail.com e marcela.alves.moraes@gmail.com
Apoio: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES, processo BEX 893713-3).
Carlotto, M. S., Wendt, G. W., Lisboa, C., Moraes, M. C.
378
Predictors of Work Addiction in Workers who Use Information
and Communication Technologies
Abstract
Workaholism is de ned by the combination of overwork and the need to constantly work, which can result
in individual’s physical and psychosomatic problems. This topic has been receiving special attention from
the scienti c community, since workaholism could gradually make individuals lose emotional control
over their occupational demands. Thus, the present study aimed to verify whether sociodemographic
and labor characteristics, technostress and life satisfaction predict workaholism in professionals who use
Information and Communication Technologies (ICT) at their work. This is an observational analytical
cross-sectional study, and the sample is constituted by 88 participants who use ICT. The results showed
that the dimensions of technostress explain workaholism, corroborating theoretical models that show
an association between the overuse of technology and a higher tendency to develop workaholism. The
dimension anxiety related to the use of ICT showed higher explanatory power for the dimensions of
workaholism: excessive work and compulsive work. Regarding the dimension excessive work, it was
found that disbelief about the use of ICT explains, along with anxiety, the behavior of overwork. These
ndings’ implications may have particular importance in the implementation and reorganization of work
routines, workers’ health policies, as well as in the eld of prevention, and clinical and psychosocial
intervention.
Keywords: Workaholism, predictors, information and communication technologies.
Predictores de Adición al Trabajo em los Trabajadores
que Utilizan las Tecnologías de Información y Comunicación
Resumen
De niese por adicción al trabajo la combinación de trabajo excesivo y la necesidad de trabajar cons-
tantemente lo que puede llevar a problemas físicos y psicosomáticos a lo individuo. Este tema ha sido
objeto de especial atención por parte de la comunidad cientí ca, ya que en la adicción al trabajo, poco
a poco, el individuo pierde el control emocional sobre las demandas laborales. Por lo tanto, el presente
estudio tuvo como objetivo veri car si las características sociodemográ cas y laborales, el tecnoestrés
y la satisfacción con la vida predicen la adicción al trabajo en trabajadores que utilizan las Tecnologías
de la Información y Comunicación (TIC’s) en su trabajo. Se trata de un estudio con diseño analítico ob-
servacional transversal y la muestra fue de 88 participantes que utilizan TIC’s. Los resultados mostraron
que las dimensiones del tecnoestrés explican la adicción al trabajo, corroborando los modelos teóricos
que también muestran una asociación entre el uso excesivo de la tecnología y una mayor tendencia a
desarrollar la adicción al trabajo. La dimensión ansiedad relacionada con el uso de las TIC’s mostró
mayor potencia explicativa para las dimensiones de la adicción al trabajo: trabajo excesivo y trabajo
compulsivo. Referente a la dimensión de trabajo excesivo, se encontró que la incredulidad sobre el uso
de TIC’s explica, junto con la ansiedad, los comportamientos de trabajar en exceso. Las implicaciones
de estos hallazgos pueden tener especial importancia en la ejecución y la reorganización de las rutinas
de trabajo, en las políticas de salud de los trabajadores, así como también para el campo de la prevención
y la intervención clínica y psicosocial.
Palabras clave: Adición al trabajo, preditores, tecnologías de la información y comunicación.
Preditores da Adição ao Trabalho em Trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação
e Comunicação 379
A adição ao trabalho é caracterizada pelo
trabalho excessivo associado a uma necessida-
de de trabalhar constantemente (Salanova, Del
Libano, Llorens, Schaufeli, & Fidalgo, 2008).
Sendo entendida como uma patologia que se de-
senvolve de maneira processual, a adição ao tra-
balho faz com que, gradativamente, o indivíduo
perca o controle emocional sobre suas atitudes
em função de uma necessidade intensa de rea-
lizar uma grande quantidade e obter sucesso em
suas tarefas laborais (Killinger, 1991). Além dis-
so, pessoas adictas ao trabalho em geral podem
ter di culdades nas relações interpessoais com
colegas, assim como referirem sentimentos de
exaustão física e estresse mental (Wijhe, Peeters,
& Schaufeli, 2013).
Nesta interação dinâmica, crenças irracio-
nais são constituídas e reforçam os comporta-
mentos, processo mediado pela emoção. Estas
crenças estão relacionadas à onipotência (Só
eu consigo fazer este trabalho), a di culdades
em delegar (Se eu não zer, ninguém fará) e a
catastro zações (Se eu não realizar esta tarefa
ou concluir esta atividade, uma tragédia acon-
tecerá) e são consideradas distorções cogniti-
vas (Beck, 1997) identi cadas em trabalhado-
res que apresentam adição ao trabalho (Wijhe
et al., 2013). Assim, nesta busca incessante em
superar as próprias expectativas, a pessoa que
apresenta adição ao trabalho pode extrapolar os
limites ou demandas exigidos pela organização,
dessa maneira, portando-se de modo desadap-
tativo diante das tarefas e exigências laborais
(Moreno-Jiménez, Gálvez-Herrer, Garrosa-Her-
nández, & Rodríguez Carvajal, 2005). Como
critérios para identi cação ou diagnóstico desta
patologia laboral, está o comportamento não só
de exercer atividades laborais em alta quantida-
de, mas, principalmente, de trabalhar além do
que lhe é demandado, inclusive em situações
nas quais a pessoa não se encontra no contexto
de trabalho, não conseguindo car sem trabalhar
(Baruch, 2011; Serva & Ferreira, 2006). E como
se trata de comportamentos aditivos sustentados
por crenças distorcidas, esta elevada quantidade
de trabalho, que poderia resultar em alta produ-
tividade para a organização, vem acompanhada
de altos níveis de ansiedade, comprometendo a
qualidade do trabalho e das relações interpesso-
ais no ambiente laboral. A adição ao trabalho,
geralmente, afeta as dimensões cognitiva, afe-
tiva, comportamental e psicossocial dos indiví-
duos. Este fenômeno in uencia na capacidade
de tomada de decisão do indivíduo, interferin-
do negativamente nos seus comportamentos e
relacionamentos de uma maneira geral e, oca-
sionando, ao longo do tempo, problemas no de-
sempenho no trabalho (Fatayer, 2008). O con-
trário também pode ser uma possibilidade, uma
vez que vulnerabilidades psicossociais e emo-
cionais, como baixos níveis de satisfação com
a vida associam-se à adição ao trabalho (Bone-
bright, Clay, & Ankenmann, 2000; Salanova et
al., 2008).
Convém salientar que o contexto socioeco-
nômico atual é pautado pelas Tecnologias de In-
formação e Comunicação (TICs), presentes em
praticamente todos os segmentos deste cenário
(Salanova et al., 2008; Taris & Schaufeli, 2007).
O desenvolvimento de novas ferramentas tec-
nológicas para o aprimoramento das atividades
laborais traz benefícios para o ambiente de tra-
balho, como maior agilidade e precisão, dentre
outros muitos que se poderia listar. No entanto,
tais ferramentas podem representar elevados
custos humanos, como a necessidade constan-
te de atualização pessoal, pressão por prazos,
habilidade para o desenvolvimento de multita-
refas, entre outros. Ademais, as TICs estendem
o tradicional contexto de trabalho, desse modo,
tornando possível que o colaborador execute de
sua própria residência tarefas relativas ao seu
trabalho, aumentando o número de horas dedi-
cadas às crescentes demandas laborais (Pocinho
& Garcia, 2008). Conforme os últimos dados di-
vulgados pelo Instituto Brasileiro de Geogra a e
Estatística (IBGE, 2013), entre os anos de 2003
a 2006, houve um aumento de 40,7% no núme-
ro de colaboradores que atuam no segmento das
TICs, compondo por volta de 3% do universo de
instituições empresariais no país, nas áreas como
indústria, comércio e serviços.
Por exigir mais em termos cognitivos, re-
querendo maior capacidade de atenção difusa
e concentrada, assim como múltiplas habilida-
des para solução de problemas, o trabalho com
Carlotto, M. S., Wendt, G. W., Lisboa, C., Moraes, M. C.
380
TICs pode acarretar em sobrecarga nos proces-
sos mentais dos trabalhadores. Esta sobrecarga,
resultado da interação entre estímulos pessoais
internos e interpretação distorcida da realidade
(necessidades e perspectivas) com estímulos ex-
ternos (pressão social, demandas do trabalho),
torna-se cada vez mais recorrente (Salanova,
Llorens, & Cifre, 2013). Este processo pode re-
sultar em tecnoestresse que é um estado psicoló-
gico negativo de exaustão emocional relaciona-
do diretamente com o uso de TICs no ambiente
de trabalho ou à ameaça de seu uso no futuro.
O tecnoestresse é constituído por quatro dimen-
sões: descrença, ansiedade, fadiga e ine cácia
(Salanova, Llorens, Cifre, & Nogareda, 2007).
Como referido anteriormente, portanto, um gru-
po de pro ssionais que, a princípio, pode estar
especialmente vulnerável a sofrer com este tipo
de estresse são aqueles que atuam diretamente
com TICs no seu trabalho. Diante das caracterís-
ticas especí cas das demandas deste tipo de tra-
balho, presume-se que o tecnoestresse possa ser
um fenômeno frequente, gerando desequilíbrios
psicossomáticos e doenças ocupacionais (Ferrei-
ra, 2006; Pacheco, Ferreira, Pereira, & Pereira,
2005), sendo a adição ao trabalho uma destas
(Schiffrin, Edelman, Falkenster, & Steward,
2010). Assim sendo, pode-se concluir que tec-
noestresse e adição ao trabalho são fenômenos
sobrepostos. Estimativas apontam que três, em
cada dez trabalhadores, podem apresentar adição
ao trabalho (Elowe, 2010), fato este que impacta
na qualidade e satisfação de vida destes trabalha-
dores, em sua saúde física e nos relacionamentos
interpessoais (Salanova et al., 2008).
Embora a adição ao trabalho e sua relação
com o uso de tecnologias e tecnoestresse seja
um tema já explorado na literatura internacional
(Arla, Paquet, Scott, & Hambley, 2012; Porter
& Kakabadse, 2006; Salanova et al., 2013), no
Brasil, não se identi cam nas principais bases de
dados (i.e. Biblioteca Virtual em Saúde, Pepsic,
Pubmed e Scielo) estudos que estabeleçam esta
relação. Pelo exposto, o presente estudo teve
como objetivo veri car se as variáveis sociode-
mográ cas, laborais, tecnoestresse e satisfação
com a vida predizem a adição ao trabalho em
trabalhadores que utilizam TICs nas suas ati-
vidades laborais. Considerou a hipótese de que
as variáveis sociodemográ cas, laborais, tecno-
estresse e satisfação com a vida funcionariam
como preditoras da adição ao trabalho.
Método
Delineamento e Participantes
Trata-se de um estudo de delineamento
observacional analítico transversal que utili-
zou uma amostra selecionada por conveniência
constituída de 88 trabalhadores. Esses eram,
em sua maioria, mulheres (62,1%), solteiros
(55,7%), sem lhos (63,5%), possuem curso
superior (96,6%) e apresentavam idade entre
19 e 64 anos (M=35,5; DP=10,24). Quanto à
atividade ocupacional, 31,8% eram docentes,
28,41% atuavam em funções técnicas/assesso-
rias, 19,3% eram pro ssionais liberais, 11,3%
desempenhavam funções gerenciais e 9,2%
identi caram-se como estudantes/trabalhado-
res. O tempo médio de trabalho identi cado foi
de 14 anos (DP=9,62) e de trabalho com TICs
foi de 10,3 anos (DP=7,12).
Instrumentos
Para atender aos objetivos do estudo foram
utilizados os seguintes instrumentos autoapli-
cáveis:
1. Questionário sociodemográ co (sexo, ida-
de, situação conjugal, lhos, escolaridade)
e laboral (função, tempo de trabalho, tempo
de trabalho com TICs, quantidade de horas
de uso de TICs);
2. Dutch Work Addiction Scale (DUWAS) de
Schaufeli, Taris e Bakker (2006) e adaptada
para o uso no Brasil por Carlotto e Del Lí-
-bano (2010). A escala avalia a Adição ao
Trabalho em duas dimensões: o Trabalho
Compulsivo (cinco itens; α= 0,70) e o Tra-
balho Excessivo (cinco itens; α= 0,74). No
total, constitui-se de dez itens avaliados por
uma escala tipo Likert, variando de 1 (nun-
ca) a 4 (todos os dias);
3. Escala de Tecnoestresse (RED/TIC) desen-
volvida por Salanova, Llorens, Cifre e No-
Preditores da Adição ao Trabalho em Trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação
e Comunicação 381
gareda (2004) e adaptada para o Brasil por
Carlotto e Câmara (2010). A escala consiste
de dezesseis questões, subdivididas em qua-
tro dimensões: (a) Descrença – sentimento
que o uso de TIC não traz benefícios ao seu
trabalho (quatro itens; α= 0,74); (b) Fadi-
ga – avalia o cansaço mental e cognitivo
pelo uso continuado de TICs (quatro itens;
α= 0,89); (c) Ansiedade – tensão frente ao
uso de TICs (quatro itens; α= 0,77); e, (d)
Ine cácia – sentimentos negativos sobre a
própria capacidade e competência no uso
de TICs (quatro itens; α= 0,80). Todos os
itens são avaliados em escala tipo Likert de
sete pontos, variando de 0 (nada/nunca) a 6
(sempre/todos os dias);
4. Escala de Satisfação com a Vida (ESV) de
Diener, Emmons, Larsen e Grif n (1985),
versão adaptada para o Brasil por Giaco-
moni e Hutz (1997). O instrumento com-
posto por uma única dimensão (cinco itens;
α=0,86) que avalia o quanto as pessoas es-
tão satisfeitas com sua vida por meio de uma
escala tipo Likert de cinco pontos variando
de 1 (discordo totalmente) a 7 (concordo to-
talmente).
Procedimentos
Os participantes foram recrutados pela téc-
nica do Respondent Driven Sampling (RDS), na
qual os primeiros participantes (1ª onda) envia-
ram o convite para novos participantes (2ª onda)
até que se tenha atingido o tamanho desejado da
amostra (Goel & Salganik, 2009). Esta é uma
técnica que permite o alcance de participantes
com características semelhantes e que dispõem
de tecnologia para acessar os instrumentos. Esse
processo resulta em uma rede de recrutamento
com características próprias que anulam pos-
síveis vieses presentes na escolha inicial dos
participantes (Goel & Salganik, 2009). A amos-
tragem baseada no RDS mostra-se útil porque
produz uma amostra nal independente daqueles
que a iniciaram e traz informações de boa quali-
dade de forma rápida (Neiva-Silva, 2010).
O programa estatístico SPSS versão 17
(SPSS/PASW, Inc., Chicago, IL) foi utilizado
para a análise de dados. Estatísticas descritivas
foram realizadas para calcular as frequências,
médias e desvios-padrão. A força e a direção das
relações entre as variáveis foram determinadas
usando-se a medida do coe ciente de correlação
de Pearson. Antes de realizar a análise de regres-
são linear hierárquica (método Stepwise), foram
veri cados os pressupostos de multicolinearida-
de, normalidade, linearidade, homoscedasticida-
de e independência dos resíduos e outliers, sem
que se identi casse violação que contraindicasse
sua utilização. A análise assumiu como variável
dependente as dimensões da adição ao trabalho,
e como variáveis in dependentes as sociodemo-
grá cas, laborais, dimensões do tecnoestresse e
satisfação com a vida. A seleção das variáveis
preditoras assumiu o nível de signi cância de p
<0,05. Na análise de regressão, o poder do efeito
foi obtido pelos coe cientes de regressão padro-
nizados calculados para cada modelo nal, de
acordo com Field (2009).
Considerações Éticas
Foram respeitadas todas as orientações éti-
cas, conforme Resolução 196 do Conselho Na-
cional de Saúde (Ministério da Saúde, 1997) no
que diz respeito à pesquisa com seres humanos.
O estudo possui aprovação pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Universidade Luterana do Bra-
sil, Protocolo n.2010/224H.
Resultados
Na Tabela 1 são apresentas as médias, os
desvios-padrão, valores de alfa e matriz de cor-
relação entre as variáveis em estudo. Os instru-
mentos revelam índices adequados de consis-
tência interna avaliados pelo alfa de Cronbach,
variando de 0,74 a 0,88 (Field, 2009). As va-
riáveis apresentam correlações que se alteram
de fracas (r =0,21) a moderadas (r =0,57). Os
resultados indicam um poder de efeito alto (R2
=0,257) e (R2 =0,396) de acordo com orienta-
ção de Field (2009) que classi ca como um
alto poder de efeito valores obtidos entre 0,25
e 0,50.
Carlotto, M. S., Wendt, G. W., Lisboa, C., Moraes, M. C.
382
Tabela 1
Estatísticas Descritivas, Alfas de Cronbach e Correlações entre as Variáveis em Estudo
Variáveis MDPα(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10) (11) (12)
1. Trabalho
Excessivo
2,57 0,69 0,81 1 0,54** -0,07 0,57** 0,46** 0,20 0,09 0,12 -0,04 0,09 0,05 -0,01
2. Trabalho
Compulsivo
2,15 0,65 0,77 1 0,15 0,48** 0,42** 0,24*-0,22*0,16 0,04 -0,03 0,01 -0,05
3. Descrença 2,45 1,26 0,84 1 0,15 0,32** 0,41** -0,16 -0,17 0,18 -0,14 0,13 0,01
4. Ansiedade 2,60 1,43 0,88 1 0,57** 0,32** -0,12 0,21*-0,09 -0,11 0,06 -0,15
5. Fadiga 1,88 1,33 0,74 1 0,64** -0,11 -0,05 -0,06 0,05 -0,02 -0,19
6. Ine cácia 0,95 1,01 0,81 1 -0,06 0,00 0,25*-0,04 0,02 -0,08
7. Satisfação
com a vida
4,75 1,31 0,86 1 0,10 0,25*-0,19 0,31** 0,22*
8. Sexo a- - - 1 0,04 -0,18 0,04 -0,19
9. Idade
(anos)
10,30 7,12 - 1 -0,26*0,18 0,67**
10. Estado
civil
- - - 1 -0,18 -0,06
11.
Escolaridade
3,63 0,55 1 0,16
12. Trabalho
c/ TICs
(anos)
35,50 10,24 - 1
a0 - Homem, 1 - Mulher.
*p < 0,05, **p < 0,01.
Na Tabela 2, elencam-se os resultados das
análises de regressão linear hierárquica para as
duas dimensões da adição ao trabalho. Os resul-
tados para a dimensão trabalho excessivo reve-
laram um modelo preditor composto por duas
dimensões do tecnoestresse: ansiedade e des-
crença. O modelo explicou 39,6% da variância
dessa dimensão, assim, indicando que quanto
maior a ansiedade (β=0,624) e menor a descren-
ça (β= -0,229), maior é o trabalho excessivo.
No tocante à dimensão trabalho compulsivo,
o modelo é explicado por uma única variável, a
dimensão de ansiedade do tecnoestresse, que ex-
plicou 25,7% da sua variabilidade. Veri ca-se
que quanto maior a ansiedade (β=0,507), maior
é o trabalho compulsivo.
Tabela 2
Análise de Regressão Múltipla para as Dimensões de Adição ao Trabalho
Variáveis R2R2 Ajustado BSEβtp
Trabalho Excessivo
Ansiedade 0,346 0,338 0,308 0,044 0,624 6,908 0,000*
Descrença 0,396 0,381 -0,138 0,055 -0,229 -2,531 0,013*
Modelo F 25,590*
Trabalho Compulsivo
Ansiedade 0,257 0,248 0,229 0,044 0,507 5,234 0,000*
Modelo F 27,396*
*p <0,01.
Preditores da Adição ao Trabalho em Trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação
e Comunicação 383
Discussão
O objetivo do presente estudo foi veri car
se as variáveis sociodemográ cas, laborais, tec-
noestresse e satisfação com a vida prediziam a
adição ao trabalho em trabalhadores que utili-
zam TICs. Os resultados obtidos con rmaram
parcialmente a hipótese do estudo, revelando que
somente as dimensões do tecnoestresse explica-
ram a adição ao trabalho, o que corrobora o mo-
delo teórico utilizado por Salanova et al. (2013)
e con rma a sobreposição destes conceitos.
Uma das possíveis explicações para este re-
sultado e a relação entre os dois construtos pode
se dever ao fato de que a inclusão das tecnologias
da informação e comunicação como ferramenta
fundamental de trabalho possibilitou o aumento
do volume e carga horária de trabalho. Com a
introdução da internet, de smartphones e tablets
na vida cotidiana e no contexto de trabalho, a
jornada de trabalho se prolongou para além do
ambiente físico laboral, gerando um aumento
importante de informações que circulam em alta
velocidade fazendo com que aumente a pressão
social para que sejam dadas respostas imediatas,
fazendo com que todas as demandas existentes
ganhem o caráter de urgência (Netto, Marcelli-
no, & Corrêa, 2010). É, hoje, possível realizar o
trabalho em qualquer tempo e espaço físico que
disponha de acesso de TICs. Os pressupostos de
que o trabalhador é considerado um instrumento
de trabalho e de consumo podem explicar os re-
sultados. A manipulação e ideologização organi-
zacionais fazem com que até mesmo o seu lazer
se torne uma extensão do trabalho (Adorno &
Horkheimer, 1985).
Assim, cada vez mais, o trabalhador passa
a depender das novas TICs, direta e/ou indire-
tamente, para executar suas atividades laborais,
sendo-lhe exigidas capacitação e atualização
constantes para se ajustar a estes novos recursos,
assim como maior velocidade e dinamismo, em
qualquer condição, como premissa organizacio-
nal. Estes fatos podem explicar comportamentos
aditivos, ou seja, que o trabalhador desenvolva
adição ao trabalho, podendo justi car, assim, o
resultado encontrado no presente estudo. Como
referido anteriormente, o trabalho permeado
pelas TICs requer maior exigência cognitiva e,
por esse motivo, maior é a sobrecarga em seus
processos mentais. As crenças e estímulos inter-
nos (distorções cognitivas de onipotência, signi-
cado do trabalho, dentre outras) em interação
com estímulos externos (exigências dos sistemas
produtivos e pressão social), geram estresse e
sofrimento psíquico (Ferreira, 2006). Diante das
características da nova lógica de trabalho, com-
petitiva e produtivista, é de se esperar que os ní-
veis de ansiedade dos trabalhadores aumentem,
assim como a crença de que as TICs são elemen-
tos fundamentais para o sucesso e sobrevivência
no mercado laboral.
Na amostra investigada, veri cou-se que
a ansiedade foi a variável que apresentou maior
poder explicativo para as duas dimensões da adi-
ção ao trabalho. A ansiedade frente ao uso de
tecnologias é caracterizada como uma resposta
afetiva (Simsek, 2011), sendo que esta emoção
é também o componente central do estresse que
pode conduzir à vivência de elevados níveis de
ativação siológica e desconforto ao usar TICs
(Salanova et al., 2013). O trabalhador pode
sentir-se tenso ao interagir com computadores
e outras ferramentas tecnológicas (Gaudron &
Vignoli, 2002; Maurer, 1983) em razão do gran-
de volume de informações e atividades que pode
e deve desenvolver. Além disso, as demandas e
recursos tecnológicos são extremamente dinâmi-
cos e, de certa forma, imprevisíveis, o que pode
aumentar a ansiedade para dar conta das mesmas
e, inclusive, provocar um estado de hipervigilân-
cia nestes trabalhadores. Estes elevados níveis
de ansiedade podem ocasionar comportamentos
de aumento de trabalho e do cumprimento de ta-
refas (visando um alívio de ansiedade) e poden-
do ocasionar, assim, a adição ao trabalho, expli-
cação que corrobora os resultados encontrados.
Enquanto processo, em um primeiro mo-
mento, a ansiedade surge em função de ter de
dar conta do trabalho excessivo, então, logo a
seguir, pode se estabelecer o comportamento de
trabalhar compulsivamente, dimensão central
da adição ao trabalho (Douglas & Morris, 2006;
Salanova et al., 2008; Snir & Harpaz, 2004). No
caso da dimensão trabalho excessivo, veri cou-
-se uma relação negativa da descrença; e positiva
Carlotto, M. S., Wendt, G. W., Lisboa, C., Moraes, M. C.
384
da ansiedade com esta dimensão. Tal fato pode
sugerir que, além do aumento da ansiedade, acre-
ditar que as TICs trazem benefícios pro ssionais
ou são indispensáveis para as atividades laborais,
aumenta o trabalho excessivo. Já a dimensão
trabalho compulsivo foi explicada somente pela
ansiedade. Pode-se pensar no conceito de tecno-
adição, proposto por Salanova et al. (2013), que
sugere que as pessoas sentem-se ansiosas quan-
do não estão utilizando as TICs. Ainda, pode-se
entender que as compulsões de diferentes ordens
e naturezas estão sempre a serviço do alívio da
ansiedade, o que não parece diferente no caso do
trabalho compulsivo (American Psychiatric As-
sociation, 2002; Barlow & Durand, 2011).
Os resultados encontrados contrariam estu-
dos que identi caram que variáveis sociodemo-
grá cas, laborais (Carlotto, 2011; Schaufeli et
al., 2006) e satisfação com a vida (Aziz & Zi-
ckar, 2006; Bakker, Demeroti, & Burke, 2009)
estavam associadas à adição ao trabalho. Uma
possível explicação para os resultados que não
corroboram estudos anteriores diz respeito às
particularidades da amostra investigada, consi-
derando-se o contexto no qual se inserem estes
trabalhadores e a interação dinâmica destas va-
riáveis em determinado tempo sócio-histórico.
Convém salientar que em um curto espaço de
tempo, transformações expressivas em âmbito
socioeconômico colaboraram para a expansão de
inúmeros mercados, inclusive das TICs. O resul-
tado deste estudo ajusta-se ao referido por Del
Líbano, Rodriguez, Llorens, Cifre e Salanova
(2006) que advertem que ainda não são conhe-
cidas com exatidão as razões da ocorrência da
adição ao trabalho. Talvez, deva-se à pressão das
próprias organizações de trabalho, às circunstân-
cias particulares em que se encontram as pesso-
as, a características do indivíduo como fatores de
personalidade ou, ainda, pode ser um conjunto
de todos esses fatores.
Os resultados identi cados merecem aten-
ção, considerando que a adição ao trabalho pode
ser explicada pelo tecnoestresse e ambos os pro-
cessos, além de serem variáveis sobrepostas, atu-
almente são reforçados pelo contexto de trabalho
e social. Ou seja, o cenário socioeconômico ca-
pitalista valoriza a produtividade e competitivi-
dade. O objeto cuja dependência do indivíduo
se estabelece - o trabalho - é atrativo, positivo e
com in uência socioambiental que, por sua vez,
é capaz de reforçar esta dependência (Fatayer,
2008). O uso de TICs facilita o comportamen-
to aditivo na medida em que proporciona maior
agilidade e controle sobre o trabalho, aumentan-
do a competividade típica do adicto ao trabalho.
Segundo Salanova et al. (2008), estes pro ssio-
nais apresentam alta vitalidade e competitivida-
de e forte necessidade de controlar as tarefas e
pessoas o tempo todo. São pessoas energéticas,
motivadas e que apresentam alta centralidade e
signi cado positivo atribuído ao trabalho. A sa-
tisfação obtida no trabalho e a avaliação de que
o trabalho excessivo é executado por “uma boa
causa” são, provavelmente, aspectos que refor-
çam o comportamento de trabalho excessivo. Há
fatores adicionais, tais como a necessidade de
realização e reconhecimento, no qual o desem-
penho é o maior indicador reconhecido pela or-
ganização (Baruch, 2011). Essas organizações,
voltadas para o modo de gestão da excelência,
priorizam o êxito, a adesão passional, a adapta-
bilidade e o constante desa o de forma à mobi-
lização total do trabalhador a serviço da orga-
nização, dessa maneira, deixando-o vulnerável a
patologias ocupacionais (Chanlat, 2000).
Assim, o elevado uso de TICs e o trabalho
excessivo e compulsivo podem não ser questio-
nados pelas organizações e trabalhadores. Pelo
contrário, cada vez mais, indicadores quantita-
tivos de produtividade/produção têm sido valo-
rizados, e a competição no mercado acaba por
naturalizar o trabalho fora do expediente, in-
cluindo nais de semana e feriados, por exem-
plo. O entendimento do trabalho excessivo e da
adição ao trabalho não é percebido como um
problema de saúde, geralmente, quando o ado-
ecimento do trabalhador ocorre e alguma ação,
pessoal ou organizacional, é tomada quando
observam-se comorbidades como a depressão,
distúrbios do sono e alimentares e problemas
psicossomáticos. Muitas vezes, o sofrimento
e adoecimento ocorrem antes do trabalhador
tornar-se um problema para a organização, uma
vez que o trabalhador tende, de algum modo, a
afastar-se de sua atividade, ou é afastado pela
Preditores da Adição ao Trabalho em Trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação
e Comunicação 385
organização, com diagnósticos que, comumen-
te, não re etem com precisão o que está de fato
acontecendo (Borsoi, 2007).
O estudo apresenta algumas limitações a se-
rem consideradas na leitura de seus resultados: a
primeira é o seu delineamento transversal, o que
impossibilita a análise de relações causais; a se-
gunda a ser considerada é o tipo de amostra não
probabilística, que inviabiliza a realização de ge-
neralizações. Ainda, como foram utilizadas ape-
nas medidas de autorrelato, deve-se considerar a
possibilidade de existência de algum tipo de viés
em razão da desejabilidade social que algumas
questões abordam quando o tema investigado é
a sobrecarga e o estresse laboral (Razavi, 2001).
Os resultados obtidos podem fomentar futu-
ras investigações, sobretudo as de delineamen-
to longitudinal de modo a avaliar o efeito que
a incorporação de TICs produz tanto nas políti-
cas organizacionais como na qualidade de vida
e saúde dos trabalhadores. Também pode ser
relevante a inclusão de outras variáveis e medi-
das que possam aumentar o poder explicativo da
adição ao trabalho, principalmente variáveis de
personalidade, comprometimento com a carreira
e desempenho.
Como implicações para a prática, pode-se
pensar em ações preventivas em empresas, or-
ganizações e diferentes instituições com foco no
planejamento de carreira, dimensionamento de
metas e cobranças. Também, fazem-se impor-
tantes e necessárias intervenções direcionadas à
psicoeducação sobre TICs benefícios e male-
fícios assim como no tocante à centralidade e
signi cado atribuído ao trabalho pelos trabalha-
dores. Nesse sentido, faz-se necessária a ressig-
ni cação de crenças distorcidas relacionadas à
produtividade, valor do trabalho e lazer, capaci-
dade de delegar tarefas e perfeccionismo. Inter-
venções grupais podem ser igualmente e cazes,
pois a adição ao trabalho provoca sérias di cul-
dades interpessoais e o reforçamento intragrupo
pode ser bené co (Wijhe et al., 2013).
Já não se pode pensar em um ambiente
laboral sem utilização das TICs. Resta aos tra-
balhadores capacitarem-se e lidarem de forma
saudável e adaptativa com estas ferramentas e
formas de trabalho. Aos pro ssionais de saúde,
cabe compreender a relação entre saúde/doença
mental e trabalho, o reconhecimento dos deter-
minantes das patologias ocupacionais ou do so-
frimento psíquico e das efetivas mudanças que
possam ser geradas pelos resultados encontrados
neste campo (Borsoi, 2007).
A investigação acerca da adição ao trabalho,
tecnoestresse e fatores associados torna a pre-
sente investigação uma contribuição importante
para a ciência psicológica, uma vez que, somada
ao crescimento paulatino dos trabalhadores que
atuam com TICs, vem se observando uma série
de consequências negativas para a saúde física e
psíquica, ocasionadas pelo uso excessivo de tais
ferramentas tecnológicas. Ao mesmo tempo, a
elevada competitividade do mercado de traba-
lho e o foco na produção podem tornar difícil
a identi cação de casos de adição ao trabalho,
a relação com tecnoestresse e, consequentemen-
te, o desenvolvimento de intervenções voltadas
a este fenômeno psicossocial. Acredita-se que,
uma vez identi cados os possíveis preditores da
adição ao trabalho em trabalhadores que utili-
zam TICs, propostas interventivas e preventivas
poderão ser melhor delineadas.
Referências
Adorno, T. W., & Horkheimer, M. (1985). A dialéti-
ca do esclarecimento. Rio de Janeiro, RJ: Jorge
Zahar.
American Psychiatric Association. (2002). Manual
diagnóstico e estatístico de transtornos mentais
(4. ed. rev.). Porto Alegre, RS: Artmed.
Arla, D., Paquet, S., Scott, N., & Hambley, L. (2012).
Perceived information and communication tech-
nology (ICT) demands on employee outcomes:
The moderating effect of organizational ICT su-
pport. Journal of Occupational Health Psycho-
logy, 17(4), 473-491. doi:10.1037/a0029837
Aziz, S., & Zickar, M. J. (2006). A cluster analysis
investigation of workaholism as a syndrome.
Journal of Occupational Health Psychology,
11(1), 52-62. doi:10.1037/1076-8998.11.1.52
Bakker, A. B., Demerouti, E., & Burke, R. (2009).
Workaholism and relationship quality: A spillo-
ver- crossover perspective. Journal of Occu-
pational Health Psychology, 14(1), 23-33.
doi:10.1037/a0013290
Carlotto, M. S., Wendt, G. W., Lisboa, C., Moraes, M. C.
386
Barlow, D. H., & Durand, V. M. (2011). Psicopatolo-
gia – Uma abordagem integrada. São Paulo, SP:
Cengage Learning.
Baruch, Y. (2011). The positive wellbeing as-
pects of workaholism in cross cultural pers-
pective: The chocoholism metaphor. Career
Development International, 16(6), 572-591.
doi:10.1108/13620431111178335
Beck, J. S. (1997). Terapia cognitiva: Teoria e práti-
ca. Porto Alegre, RS: Artmed.
Bonebright, C. A., Clay, D. L., & Ankenmann, R. D.
(2000). The relationship of workaholism with
work–life con ict, life satisfaction, and purpose
in life. Journal of Counseling Psychology, 47(4),
469-477. doi:10.1037/0022-0167.47.4.469
Borsoi, I. C. F. (2007). Da relação entre trabalho
e saúde à relação entre trabalho e saúde men-
tal. Psicologia & Sociedade, 19, 103-111.
doi:10.1590/S0102-71822007000400014
Carlotto, M. S. (2011). Adição ao trabalho e relação
com fatores de risco sociodemográ cos, labo-
rais e psicossociais. Psico-USF, 16(1), 87-95.
doi:10.1590/S1413-82712011000100010
Carlotto, M. S., & Câmara, S. G. (2010). Tradução,
adaptação e exploração de propriedades psico-
métricas da Escala de Tecnoestresse. Psicologia
em Estudo, 15(1), 157-164.
Carlotto, M., & Del Líbano (2010). Tradução, adapta-
ção e exploração de propriedades psicométricas
da Escala de Adição ao Trabalho “Dutch Work
Addiction Scale” (DUWAS). Contextos Clíni-
cos, 3(2), 141-150.
Chanlat, J.-F. (2000). Modos de gestão, saúde e segu-
rança no trabalho. In E. Davel & J. M. Vascon-
celos (Eds.), Recursos humanos e subjetividade
(pp. 118-128). Petrópolis, RJ: Vozes.
Del Líbano, M., Rodríguez, A. M., Llorens, S., Cifre,
E., & Salanova, M. (2006). Adicción al trabajo y
Flow: una relación con ictiva. Riesgo Laboral,
14, 34-37.
Diener, E., Emmons, R. A., Larsen, R., & Grif n,
S. (1985). The Satisfaction with Life Scale.
Journal of Personality Assessment, 49, 91-95.
doi:10.1207/s15327752jpa4901_13
Douglas, E. J., & Morris, R. J. (2006).
Workaholic, or just hard worker? Care-
er Development International, 11, 394-417.
doi:10.1108/13620430610683043
Elowe, J. (2010). Workaholism: Between illusion
and addiction. L’Encéphale, 36(4), 285-293.
doi:10.1016/j.encep.2009.12.002
Fatayer, J. (2008). Addiction types: A clinical sociolo-
gy perspective. Journal of Applied Social Scien-
ce, 2, 88-93. doi:10.1177/193672440800200107
Ferreira, A. P. C. (2006). Tecnologia de Informação,
controle e mundo do trabalho: Pensar tecnologia
na ótica do trabalhador. Revista Eletrônica de
Ciências Sociais, 11, 14-24.
Field, A. (2009). Discovering statistics with SPSS (2nd
ed.). London: Sage.
Gaudron, J. P., & Vignoli, E. (2002). Assessing
computer anxiety with the interaction model
of anxiety: Development and validation of the
computer anxiety trait subscale. Computers in
Human Behavior, 18, 315-325. doi:10.1016%2
FS0747-5632%2801%2900039-5 (xds:string)
Giacomoni, C. H., & Hutz, C. S. (1997). A mensu-
ração do bem-estar subjetivo: Escala de Afeto
Positivo e Negativo e Escala de Satisfação de
Vida [Resumo]. In Sociedade Interamericana
de Psicologia (Ed.), Anais do XXVI Congresso
da Sociedade Interamericana de Psicologia (p.
313). São Paulo, SP: Sociedade Interamericana
de Psicologia.
Goel, S., & Salganik, M. J. (2009). Respondent-dri-
ven sampling as Markov chain Monte Carlo. Sta-
tistics in Medicine. 28, 2202-2229. doi:10.1002/
sim.3613
Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatística. (2013).
O setor de tecnologia da informação e comuni-
cação no Brasil (2003-2006). Recuperado em
14 de julho de 2013, de http://www.ibge.gov.br/
home/estatistica/economia/stic/publicacao.pdf
Killinger, B. (1991). Workaholic: The respectable
addicts. New York: Simon & Schuster.
Maurer, M. M. (1983). Development and validation
of a measure of computer anxiety (Unpublished
master’s thesis). Iowa State University, Ames,
USA.
Ministério da Saúde. (1997). Diretrizes e normas
para pesquisa envolvendo seres humanos. Reso-
lução CNS 196/196. Brasília, DF: Autor.
Moreno-Jiménez, B., Gálvez-Herrer, M., Garrosa-
Hernández, E., & Rodríguez Carvajal, R. (2005).
La adiccion al trabajo. Psicología Conductual,
13(3), 417-428.
Preditores da Adição ao Trabalho em Trabalhadores que utilizam Tecnologias de Informação
e Comunicação 387
Neiva-Silva, L. (2010). Estudo comportamental com
crianças e adolescentes em situação de rua em
Porto Alegre e Rio Grande: Uso da técnica de
Respondent Driven Sampling (RDS) para iden-
ti cação de comportamentos sexuais de risco
e uso de drogas Relatório Final de Pesquisa
(Relatório). Porto Alegre, RS: Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul.
Netto, A. F. de N., Marcellino, N. C., & Corrêa, D. A.
(2010). Trabalho, tecnologia e lazer na socieda-
de contemporânea. Impulso, 20(50), 73-84.
Pacheco, W., Ferreira, C., Jr., Pereira, V. L. V., &
Pereira, H. V., Filho. (2005). A era da tecnologia
da informação e da comunicação e a saúde do
trabalhador. Revista Brasileira de Medicina do
Trabalho, 3(2), 114-122.
Pocinho, M. D., & Garcia, J. C. (2008). Impacto psi-
cosocial de la tecnología de información y co-
municación (TIC): tecnoestrés, daños físicos y
satisfacción laboral. Acta Colombiana de Psico-
logía, 11(2), 127-139.
Porter, G., & Kakabadse, N. K. (2006). HRM pers-
pective on addiction to technology and work.
Journal of Management Development, 25, 535-
560. doi:10.1108/02621710610670119
Razavi, T. (2001). Self-report measures: An overview
of concerns and limitations of questionnaire use
in occupational stress research (Discussion Pa-
per in Accounting and Management Science No.
01-175). Southampton, UK: School of Mana-
gement, University of Southampton. Retrieved
from http://eprints.soton.ac.uk/35712/
Salanova, M., Del Libano, M., Llorens, S., Schaufe-
li, W. B., & Fidalgo, M. (2008). La adicción al
trabajo (Nota Técnica de Prevención, 759, 22.
Serie). Madrid, España: Instituto Nacional de
Seguridad e Higiene en el Trabajo.
Salanova, M., Llorens, S., & Cifre, E. (2013). The
dark side of technologies: Technostress among
users of information and communication tech-
nologies. International Journal of Psychology,
48(3), 422-436. doi:10.1080/00207594.2012.68
0460
Salanova, M., Llorens, S., Cifre, E., & Nogareda, C.
(2004). Tecnoestrés: concepto, medida e inter-
vención psicosocial (Nota Técnica de Preven-
ción). Barcelona, España: Centro Nacional de
Condiciones de Trabajo.
Salanova, M., Llorens, S., Cifre, E., & Nogareda, C.
(2007). El tecnoestrés: concepto, medida e in-
tervención psicosocial (Nota Técnica de Preven-
ción, 730, 21. Serie). Madrid, España: Instituto
Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo.
Schaufeli, W. B., Taris, T. W.m & Bakker, A. (2006).
Dr. Jekyll and Mr. Hide: On the differences be-
tween work engagement and workaholism. In R.
J. Burke (Ed.), Research companion to working
time and work addiction (pp. 193-217). Nor-
thampton, MA: Edward Elgar.
Schiffrin, H., Edelman, A., Falkenster, M., & Steward,
C. (2010). The associations among computer
mediated communication, relationships, and
wellbeing. CyberPsychology, Behavior, and
Social Networking, 13, 299-306. doi:10.1089/
cyber.2009.0173
Serva, M., & Ferreira, J. L. (2006). O fenômeno
workaholic na gestão de empresas. RAP, 40(2),
179-200.
Simsek, A. (2011). The relationship between compu-
ter anxiety and computer self-ef cacy. Contem-
porary Educational Technology, 2(3), 177-187.
Snir, R., & Harpaz, I. (2004). Attitudinal and demo-
graphic antecedents of workaholism. Journal
of Organizational Change Management, 17(5),
520-536. doi:10.1108/09534810410554524
Taris, T. W., & Schaufeli, W. B. (2007). Workaho-
lism. In W. B. Schaufeli & A. B. Bakker (Eds.),
De psychologie van arbeid en gezondheid (pp.
359-372). Houten, Netherlands: Bohn Sta eu
vanLoghum.
Wijhe, C. V., Peeters, M., & Schaufeli, W. (2013).
Irrational beliefs at work and their implica-
tions for workaholism. Journal of Occupational
Rehabilitation, 23(3), 336-346. doi:10.1007/
s10926-012-9416-7
Recebido: 27/08/2013
1ª revisão: 06/01/2014
Aceite nal: 14/01/2014
... Outro aspecto relacionado às características do trabalho é sobre o uso de tecnologias de informação e comunicação (TIC) as quais facilitam o comportamento aditivo na medida em que proporcionam maior agilidade e controle sobre o trabalho, aumentando a competividade e ao risco de AT (Carlotto, Wendt, Lisboa, & Moraes, 2014). Em relação ao porte da empresa, Frasunkiewicz (2006) destaca que a AT é mais frequente em grandes empresas devido a maior cultura de eficiência, que valoriza a participação excessiva dos trabalhadores. ...
... Os resultados deste estudo apontaram um modelo preditor da adição ao trabalho constituído de variáveis individuais e contextuais, sugerindo modelos teóricos que indicam ser este um fenômeno psicossocial (Carlotto et al., 2014;Salanova, Del Líbano, Llorens, & Schaufeli, 2007). Acredita-se que o modelo identificado pode contribuir para um maior conhecimento sobre a AT, fornecendo, também, informações para aplicar intervenções com o objetivo de melhorar a qualidade de vida no trabalho, promovendo a saúde e bem-estar entre gestores. ...
Article
Full-text available
This study aimed to identify the prevalence and predictors of workaholism in a sample of 392 Brazilian managers. We used a sociodemographic and occupational questionnaire, the Dutch Work Addiction Scale, the Utrecht Work Engagement Scale, the Satisfaction with Life Scale and the Regulatory Focus Scale. Data analysis was performed by multiple linear regression for the two dimensions of work addiction, excessive and compulsive working. The dimension of excessive working revealed a predictive model which consists of the following variables satisfaction with life, dedication , absorption, daily hours of technology use and type of bond, whereas the dimension of compulsive working was explained by other variables such as absorption, satisfaction with life, number of working hours over the weekend, motivation / focus on prevention and age. The results revealed a predictive model consisting of both individual and function / job / institution variables, which suggests that work addiction is a psychosocial phenomenon. The identified model can support new studies and interventions aimed at improving the quality of life at work, promoting health and well-being among managers.
... Há alguns modelos de análise já consolidados na literatura que tratam dos riscos associados ao uso das TIC nas atividades profissionais (Carlotto e Câmara, 2010;Carlotto et al., 2014;Ragu-Nathan et al., 2008;Tarafdar et al., 2014), sendo um desses riscos o de desenvolvimento do tecnoestresse. Farmania et al. (2022) sinalizam que o tecnoestresse é um conceito mais específico de estresse. ...
Article
Full-text available
Introdução: A pandemia elevou os riscos psicológicos associados ao home working, pela intensificação significativa de seu uso. Por isso, buscou-se verificar a significância de variáveis pandêmicas – propostas a partir da revisão de literatura – em modelos de análise relacionados ao tecnoestresse e ao home working, considerando seus efeitos sobre a satisfação e a felicidade com o trabalho, sobre o desejo de permanecer no trabalho e sobre o estresse com a carreira. Metodologia: Com base no modelo de Ragu-Nathan et al. (2008), o questionário utilizado para coleta de dados abordou três tecnoestressores: tecnoinvasão, tecnosobrecarga e tecnoincerteza. Além destes, foram inseridas variáveis pandêmicas nos modelos de análise desenvolvidos e verificou-se a relação destas e dos tecnoestressores com a satisfação com o trabalho, a felicidade com o trabalho, o desejo de permanência no emprego e o estresse na carreira. O questionário seguiu o padrão da escala Likert, e foi enviado aos respondentes por e-mail e por whats app, chegando-se a 188 respostas válidas de profissionais brasileiros que aderiram ao trabalho remoto devido à pandemia da Covid-19. Os dados obtidos foram analisados com o uso do software R e com a técnica da Regressão Logística Ordinal. Resultados: Os fatores relacionados à tecnosobrecarga e à tecnoinvasão foram confirmados como estressores e os fatores pandêmicos se mostraram significantes para a análise do tecnoestresse. Conclusão: A satisfação com o trabalho, a felicidade com o trabalho, o desejo de permanência no emprego e o estresse na carreira sofreram a influência das variáveis componentes do tecnoestresse e também das variáveis relacionadas ao contexto da pandemia, especialmente a falta de suporte das organizações para a adaptação ao home working.
... De acordo com Carlotto et al., (2014), o trabalho com esses sistemas tecnológicos pode acarretar em sobrecarga nos processos mentais dos trabalhadores, trazendo ainda o termo tecnoestresse, que é constituído por quatro dimensões: descrença, ansiedade, fadiga e ineficácia. Ainda de acordo com esses autores, as demandas e recursos tecnológicos são extremamente dinâmicos e, de certa forma, não podem ser previstos, o que pode aumentar a ansiedade para dar conta dos mesmos e, inclusive, provocar um estado de hipervigilância nestes trabalhadores. ...
Article
Full-text available
A revolução tecnológica, fenômeno fruto da globalização, interferiu e continua a impactar diversos setores, como o de compras públicas. É um processo que permeia em diversos meios, atingindo agentes, seja a sociedade-cliente ou aqueles que trabalham no setor público. O comportamento humano frente aos avanços da tecnologia traz à tona a dinâmica em um dos princípios da administração pública: o da eficiência. A economia gira em torno de inúmeras variáveis, e, atualmente, é cada vez mais difícil desassociar o homem da tecnologia. Assim, o presente trabalho visa realizar uma pesquisa Survey em uma instituição de ensino federal sobre transformação digital, compras públicas, ergonomia e economia da funcionalidade e da cooperação, tendo como público-alvo os pregoeiros e o pessoal de apoio do setor de compras. Os resultados encontrados evidenciam os benefícios trazidos com o advento da tecnologia, abordando os aspectos e peculiaridades do setor público, bem como das mudanças para os agentes e para a sociedade. Como pesquisas futuras, sugere-se a continuidade e o avanço de estudos em torno de compras públicas e de servidores públicos que lidam com a constante alteração de leis e normas e que estão suscetíveis aos impactos da inovação tecnológica.
... Na patologia do workaholism, que se desenvolve de modo processual, o indivíduo perde gradativamente o controle emocional sobre suas atitudes pela compulsão de realizar elevada quantidade de tarefas e ser bem-sucedido. Os adictos ao trabalho extrapolam suas atividades laborais para contextos extralaborais, o que afeta sua vida como um todo de modo mais negativo do que prazeroso (Carlotto, Wendt, Lisboa, & Moraes, 2014;Schaufeli et al., 2008;Killinger, 1991). Estudos que contribuam para aprofundar a compreensão sobre esse fenômeno se justificam pelo foco no bem-estar e em intervenções positivas na organização do trabalho. ...
Article
Full-text available
Este estudo possui o objetivo compreender as interfaces entre tecnologia, trabalho e saúde mental em pessoas que ocupam cargos de gestão. A pesquisa de caráter exploratório-descritivo e metodologia mista, contou com a participação de 85 trabalhadores em cargos de gestão. Como instrumento para a coleta de dados de dados foi utilizado um questionário autoaplicável, sendo que os resultados foram analisados de forma qualitativa através da análise temática e quantitativa por estatística simples. Os resultados apontaram que 60% dos participantes continuam interagindo sobre assuntos laborais fora do expediente, 71,8% confere o grupo de mensagens do trabalho durante a folga e no momento de pandemia o tempo de desconexão diminuiu para 44,71% deles. Conclui-se que, possivelmente, as consequências dessa exposição estejam vinculadas ao tempo de conexão que os trabalhadores são demandados com o intermédio da tecnologia, favorecendo a sensação de obrigatoriedade de resposta, ansiedade e alerta constante, o que gera sobrecarga laboral.
Article
Full-text available
Workaholism is a worldwide concern due to its serious consequences, and university teachers characterize it as a risky occupation. The present study aimed to identify the predictors of work addiction in a sample of 225 Brazilian university professors. As research instruments, a sociodemographic and occupational questionnaire, the Dutch Work and Addiction Scale (DUWAS), the Copenhagen Psychosocial Questionnaire (COPSOQII) and a single item for Satisfaction with life were used. Data analysis was performed using Multiple Linear Regression for the twodimensions of Workaholism, Excessive Work (EW) and Compulsive Work (CW). The EW dimension revealed a predictive model composed of the variables greater quantitative demand, meaning of work, remuneration, lower satisfaction with life, social support, and female gender. For the CW dimension, the model was explained by the greater quantitative demand and commitment at work and lower satisfaction with life. The results can support new studies and interventions aimed at improving well-being at work and the quality of life among university professors.
Article
Full-text available
Trata-se de um estudo sobre trabalho docente em instituições particulares de ensino superior durante a virtualização do ensino na pandemia da COVID-19. Buscou-se analisar possíveis relatos de vivências de cansaço na dinâmica relacional com o trabalho. Tratou-se de um estudo qualitativo, de natureza exploratória, em que participaram oito professores de ensino superior de três instituições particulares da cidade de Fortaleza/CE. Foi realizada uma entrevista com roteiro semiestruturado, para posterior realização de uma análise de conteúdo segundo Bardin. Os resultados demonstram, com a virtualização do ensino, muitas dificuldades foram vivenciadas, tais como estreitamento entre trabalho e vida familiar, uso de novas tecnologias no trabalho, relação com os alunos, sobrecarga de trabalho e acúmulo de atribuições.
Thesis
Full-text available
El tecnoestrés se asume como cualquier impacto negativo provocado por el uso repetido de las tecnologías de la información y la comunicación. Si bien ha sido estudiado en diversos países, su impacto apenas comienza a ser comprendido en México. El cambio en los procesos de enseñanza provocados por la pandemia SARS-CoV-2 obligó a muchos profesores universitarios de la Ciudad de México y municipios urbanos aledaños del Estado de México a cambiar su esquema de instrucción y depender de las TIC para llevar a cabo su trabajo, lo que incrementó su nivel de tecnoestrés. Mediante una metodología mixta con herramientas tradicionales y una capa agregada de recolección de datos biométricos, esta investigación encontró que el tecnoestrés tiene diversas manifestaciones fisiológicas y psicológicas en los maestros estudiados. También halló que los profesores con mayores niveles de tecnoestrés son más propensos encontrarse insatisfechos laboralmente, aunque existen diferencias categóricas entre ellos. Al final de la investigación se propone un modelo de recolección, análisis y visualización de data para disminuir el tecnoestrés a nivel institucional mediante una mejor toma de decisiones en tiempo real.
Article
Full-text available
Digital inclusion is conceived as the process that enables the democratization of access to digital technologies, in order to allow the insertion of everyone in the information society. This paper aims to identify the conceptions of public school teachers in a city in the backlands of Pernambuco about digital inclusion. Therefore, we conducted a semi-structured interview with 45 participants and analyzed the data through the content analysis method. The results show that the lack of public policies, infrastructure and training are obstacles to digital inclusion in schools. In addition, the lack of training courses (initial and continuing) that include digital technologies in education contributes to the distancing of inclusive practices.
Article
Full-text available
A Dutch Work Addiction Scale (DUWAS) avalia a adição ao trabalho a partir de um modelo teórico de duas dimensões: Trabalho Excessivo e Trabalho Compulsivo. Este artigo analisa a validade fatorial e consistência interna da escala nas suas duas versões (original e reduzida). O estudo contempla uma amostra multifuncional, composta de 324 trabalhadores de Porto Alegre e Região Metropolitana (RS). Os dados foram submetidos à Análise Fatorial Confirmatória. Os resultados evidenciam que a versão re-duzida de 10 itens foi a que melhor se ajustou ao modelo teórico. Ilustram, ainda, que a escala reduzida oferece validade fatorial e consistência interna adequada para avaliar a adição ao trabalho em profissionais brasileiros, confirmando estudos realizados anteriormente com amostras holandesas, espanholas e japonesas. Sugere-se, portanto, a construção de uma agenda de estudos atinente a esse fenômeno psicossocial, incluindo contextos la-borais diversificados e introduzindo novos delineamentos para ampliação de seu conhecimento.
Article
Full-text available
This study examined the relationship between computer anxiety and computer self-efficacy of students and teachers in elementary and secondary schools. The sample included a total of 845 subjects from two private school systems in Turkey. The Oetting's Computer Anxiety Scale was used to measure computer anxiety whereas the Murphy's Computer Self-Efficacy Scale was used to measure computer self-efficacy of subjects. The results demonstrated that elementary students were less-anxious than secondary students; males had lower anxiety scores than females; and the difference between anxiety scores of students and teachers was not significant. However, students had higher self-efficacy scores than their teachers; elementary students were more self-efficient than secondary students; and males had higher computer self-efficacy scores than females. The correlation between the variables of computer anxiety and computer self-efficacy was moderate, negative, and significant.
Article
Full-text available
Diante das atuais transformações no mundo do trabalho, tornou-se essencial aprofundar o debate sobre a relação entre trabalho e saúde/saúde mental, bem como sobre o reconhecimento dessa relação, de modo a garantir amparo legal ao trabalhador e, principalmente, trazer subsídios para a busca de mudanças nas situações de trabalho. Este artigo se propõe: discutir este tema, pontuando as dificuldades para se estabelecerem relações entre determinados aspectos do trabalho e o adoecimento; apontar alguns limites e expectativas, bem como a necessidade de diálogos que permitam avançar tanto do ponto de vista teórico como também em relação à aplicação prática dos conhecimentos produzidos. Pretende, enfim, chamar a atenção para o trabalho como categoria fundamental à compreensão da subjetividade e do processo saúde/doença mental.
Book
'The Research Companion to Working Time and Work Addiction captures the essence and intricacies of an important and fascinating topic. It explores the body of writing on work-hours that until this book existed quite separately from literature on work addiction. As can be expected from the breadth of his knowledge and the consistent quality of his work, Ronald J. Burke has done a terrific job of editing a book that presents work addiction and working time in a way that is both scientifically sound and engaging. The twenty four contributors have done an excellent job of extending and refining our understanding of work addiction and working time in this collection of excellent conceptual and empirical chapters. This book is a must for all scholars and practitioners who are interested in this fascinating aspect of work life.' - Ayala Malach-Pines, Ben-Gurion University, Israel.
Article
Este ensaiobusca discutir o papel do trabalho diante da logica destrutiva do capitalismo contemporâneo, de contornos globalizados. No modo de producao capitalista, o trabalho se organiza de acordo com os interesses e necessidades do capital, segundo a racionalidade instrumental. As inovacoes tecnologicas, resultantes das potencialidades humanas, tem avancado a partir das ultimas decadas de forma exponencial, a custa da dominacao e do sofrimento dos trabalhadores mais qualificados, com longas e exaustivas jornadas diarias a disposicao da empresa, e sacrificio ao convivio familiar. As consequencias dessa realidadesao ainda mais perversas: a acumulacao do capital provoca a desativacao de postos de trabalho assalariado, com o aumento do desemprego estrutural; a inducao ao consumismo como um dos alicerces para a manutencao da economia, e a falsa vinculacao entre mercadoria e felicidade. Apesar de o fracasso de forcas estruturadas de propostas socializantes, continuam as manifestacoes libertarias de grupos e de pensadores em busca da valorizacao da identidade do ser humano. O lazer faz parte desse contexto, pois nao pode ser entendido de forma isolada, sem relaciona-lo a outras esferas da vida social, em especial o trabalho.
Article
This article reports the development and validation of a scale to measure global life satisfaction, the Satisfaction With Life Scale (SWLS). Among the various components of subjective well-being, the SWLS is narrowly focused to assess global life satisfaction and does not tap related constructs such as positive affect or loneliness. The SWLS is shown to have favorable psychometric properties, including high internal consistency and high temporal reliability. Scores on the SWLS correlate moderately to highly with other measures of subjective well-being, and correlate predictably with specific personality characteristics. It is noted that the SWLS is suited for use with different age groups, and other potential uses of the scale are discussed.
Article
This paper presents a new approach to categorizing types of addiction, based on 20 years of clinical sociology practice in the United States and the Arab world. The cross-cultural clinical experience of the author enables him to establish a perspective on addiction that focuses on the social-psychological dimensions of the addictive process. Addiction types presented in this paper are based on clinical practice and treatment since 1986. The purpose of this paper is to put types of addiction in perspective and provide an effective diagnostic instrument for making an accurate analysis, successfully treating the addiction, and enhancing the potential for recovery.