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"Estudos Homeopáticos": 20 anos de publicações na Revista de Homeopatia da Associação Paulista de Homeopatia ["Homeopathic studies": 20 years of publications in Revista de Homeopatia, São Paulo]

Authors:
  • University of São Paulo, School of Medicine

Abstract

Founded in 1936 to divulgate studies on homeopathy and related fields, Revista de Homeopatia, edited by the São Paulo Medical Homeopathic Association, is one of the oldest homeopathic scientific publications in the world, and is currently included in several databases and digital libraries. Initially published in printed format, starting 2008 it became an open-access electronic journal “to facilitate the access to this ield of medical-scientific studies”. Based on that same ideal, I recently made a collection of articles ublished in this journal, as well as in Revista de Homeopatia, edited by the Brazilian Medical Homeopathic Association, available online. To facilitate the initial immersion in the wide-scoped content of these “Homeopathic studies, in this article I present a synthesis of the results and conclusions of articles published over 20 years, with some additional reflections on the relevance of those publications for my clinical practice, as well as for the elaboration of other varieties of scientific productions. RESUMO: Inaugurada em 1936, com o intuito de difundir estudos relacionados à homeopatia e áreas afins, a Revista de Homeopatia da Associação Paulista de Homeopatia (APH) é uma das mais antigas publicações científicas homeopáticas, estando incluída em diversos bancos de dados e bibliotecas virtuais. Inicialmente editada na forma impressa, passou a ser disponibilizada na forma online por acesso aberto a partir de 2008, facilitando o “acesso ao saber construído nesta área de estudos médicos científicos”. Compartilhando esse mesmo ideal, disponibilizei recentemente, em formato digital de livre acesso, uma coletânea de artigos publicados na forma impressa da revista, juntamente com estudos publicados na Revista de Homeopatia da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB). Objetivando facilitar o contato de todos ao vasto conteúdo destes “Estudos homeopáticos”, elaborei neste artigo uma síntese dos resultados e conclusões destes 20 anos de publicações na Revista de Homeopatia (São Paulo), acrescentando algumas reflexões sobre a importância das mesmas na minha prática clínica e na elaboração de outras produções científicas.
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“Estudos homeopáticos”: 20 anos de publicações na Revista de Homeopatia da
Associação Paulista de Homeopatia
Marcus Zulian Teixeira
Resumo
Inaugurada em 1936, com o intuito de difundir estudos relacionados à homeopatia e
áreas afins, a Revista de Homeopatia da Associação Paulista de Homeopatia (APH) é
uma das mais antigas publicações científicas homeopáticas, estando incluída em
diversos bancos de dados e bibliotecas virtuais. Inicialmente editada na forma
impressa, passou a ser disponibilizada na forma online por acesso aberto a partir de
2008, facilitando o “acesso ao saber construído nesta área de estudos médicos-
científicos”. Compartilhando esse mesmo ideal, disponibilizei recentemente, em
formato digital de livre acesso, uma coletânea de artigos publicados na forma impressa
da revista, juntamente com estudos publicados na Revista de Homeopatia da
Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB). Objetivando facilitar o contato de
todos ao vasto conteúdo destes “Estudos homeopáticos”, elaborei neste artigo uma
síntese dos resultados e conclusões destes 20 anos de publicações na Revista de
Homeopatia (São Paulo), acrescentando algumas reflexões sobre a importância das
mesmas na minha prática clínica e na elaboração de outras produções científicas.
Palavras chave
Homeopatia; Trabalhos de coleção; Artigo clássico; Comentário
“Homeopathic studies”: 20 years of publications in Revista de Homeopatia, São Paulo
Medical Homeopathic Association
Abstract
Founded in 1936 to divulgate studies on homeopathy and related fields, Revista de
Homeopatia, edited by the São Paulo Medical Homeopathic Association, is one of the
oldest homeopathic scientific publications in the world, and is currently included in
several databases and digital libraries. Initially published in printed format, starting
2008 it became an open-access electronic journal “to facilitate the access to this field
of medical-scientific studies”. Based on that same ideal, I recently made a collection of
articles published in this journal, as well as in Revista de Homeopatia, edited by the
Brazilian Medical Homeopathic Association, available online. To facilitate the initial
immersion in the wide-scoped content of these “Homeopathic studies, in this article I
present a synthesis of the results and conclusions of articles published over 20 years,
with some additional reflections on the relevance of those publications for my clinical
practice, as well as for the elaboration of other varieties of scientific productions.
Keywords
Homeopathy; Collected works; Classical article; Comment
Médico homeopata, Doutor em Medicina. Coordenador da disciplina optativa “Fundamentos da
Homeopatia”. Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). !
marcus@homeozulian.med.br www.homeozulian.med.br
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Introdução
A Revista de Homeopatia da Associação Paulista de Homeopatia (APH) é uma das
mais antigas publicações científicas homeopáticas, tendo sido inaugurada em 1936
com o intuito de difundir estudos relacionados à homeopatia e áreas afins. Indexada na
base de dados LILACS sob a denominação Revista de Homeopatia (São Paulo), está
incluída também em outros bancos de dados e bibliotecas virtuais (National Library of
Medicine, EBSCO, DOAJ, Google Scholar e Biblioteca Virtual em Saúde).
A partir do volume 71 (2008), num esforço conjunto da Diretoria da APH e do Corpo
Editorial, a Revista de Homeopatia (São Paulo) passou a ser disponibilizada na forma
online (ISSN: 2175-3105) por acesso aberto, “a fim de facilitar ainda mais o acesso ao
saber construído nesta área de estudos médicos-científicos” e “com base no princípio
de que a disponibilidade livre e pública do conhecimento fomenta um maior
intercâmbio global do saber”. No entanto, as edições anteriores a essa data encontram-
se apenas na forma impressa (ISSN: 0102-227x), de difícil divulgação e acesso pelos
interessados.
Recentemente, compartilhando os mesmos ideais da revista, disponibilizei uma
coletânea, em formato digital e de acesso livre, com todos os artigos da forma impressa
da revista em que participei como autor, mantendo a integridade dos textos e as
devidas referências (Estudos homeopáticos: coletânea de artigos publicados na Revista
de Homeopatia da APH e na Revista de Homeopatia da AMHB [1]).
Juntamente com os artigos publicados na Revista de Homeopatia da Associação
Médica Homeopática Brasileira (AMHB), esta coleção de estudos reúne temas
fundamentais da doutrina e da prática clínica homeopática, podendo ser utilizada
como fonte de informação e referência na atualização de profissionais, em atividades
didáticas e na produção de outros trabalhos científicos.
Com o intuito de facilitar o contato de todos ao vasto conteúdo destes “Estudos
homeopáticos”, elaborei neste artigo uma síntese dos resultados e conclusões destes 20
anos de publicações na Revista de Homeopatia (São Paulo), acrescentando algumas
reflexões sobre a importância das mesmas na minha prática clínica e na elaboração de
outras produções científicas.
O material exposto nesta revisão foi dividido em duas partes, compostas pelos artigos
publicados na forma impressa da Revista de Homeopatia (São Paulo) e na forma
online.
1. Revista de Homeopatia (São Paulo) - Forma impressa (ISSN: 0102-227x)
" Estudo sobre doses e potências homeopáticas [2]
Nesta revisão, visamos estudar o polêmico tema do emprego das doses e das potências
homeopáticas, comparando algumas premissas básicas desta abordagem com
princípios da física moderna. Para isso, num primeiro momento, realizamos um
levantamento bibliográfico sobre o assunto, transcrevendo fielmente a experiência e a
prática bissecular de clínicos homeopatas de renome. A seguir, relacionamos
fundamentos da física quântica e do movimento ondulatório que apresentassem
aspectos em comum com a experiência clínica dos diversos autores estudados. Nesse
estudo, observamos existirem parâmetros estabelecidos dentro da física (princípios da
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superposição, da interferência de ondas e da ressonância) que permitem traçar
analogias em relação ao uso do medicamento único, em dose única e numa potência
individualizante para cada caso, premissas sugeridas pela maioria dos homeopatas
clássicos.
Dentre os princípios físicos estudados, vale ressaltar a “interferência de ondas” e o
fenômeno da ressonância”: enquanto o primeiro fundamenta o emprego de
medicamentos únicos em doses únicas como prática segura e eficaz, o segundo orienta
a respeito da existência de frequências características através das quais qualquer tipo
de “energia” flui completamente do emissor para o receptor, indicando o medicamento
e a dinamização ideal para que o paciente possa receber, de forma integral, a energia
informacional oriunda do medicamento dinamizado que englobe sua totalidade
sintomática característica. Caso a frequência composta pelo binômio medicamento-
dinamização não esteja em ressonância com a frequência da unidade substancial
corpo físico-princípio vital, a energia do medicamento não fluirá para o organismo,
fazendo com que a reação secundária (vital) não seja despertada. As frequências de
ressonância do medicamento homeopático semelhante, gerando ondas estacionárias”
na energia vital do paciente suscetível, endossam o “desaparecimento da afecção da
doença dinâmica natural (mais fraca) pela ocupação da afecção da doença artificial
mais forte do medicamento homeopático”, segundo os ensinamentos de Samuel
Hahnemann.
Constituindo a minha monografia de conclusão do Curso de Especialização em
Homeopatia (APH) em 1994, as premissas deste estudo embasam minha prática clínica
homeopática até os dias atuais, em conformidade com a administração de doses únicas
de medicamentos e potências individualizadas. Após esta publicação, fui convidado
pela Comissão Científica da AMHB a escrever um artigo de revisão sobre os aspectos
históricos e clínicos do método farmacotécnico do fluxo contínuo (FC), publicado na
Revista de Homeopatia da AMHB em 1997 [3], material de consulta aos que optam
por empregar tal escala de dinamização, em vista de que o processo de “diluir e agitar
(dinamizar) deste método apresenta metodologia e, consequentemente, propriedades
completamente distintas do método clássico da centesimal hahnemanniana (CH).
" A concepção vitalista de Samuel Hahnemann [4]
Pela abordagem antropológica homeopática fundamentar-se no modelo vitalista,
conceitos como “força (princípio) vital”, “mente”, “alma” e “espírito”, referentes à
natureza imaterial humana, são frequentemente citados e utilizados no entendimento
do processo saúde-doença, tornando-se indispensável a sua compreensão e distinção,
para evitarmos erros interpretativos que podem resultar no falso entendimento da
amplitude de ação do tratamento homeopático.
Nesta revisão bibliográfica das obras de Samuel Hahnemann, incluindo seus escritos
menores e cartas, buscamos esclarecer estes conceitos, com o intuito de dissolver
possíveis confusões doutrinárias. No referido estudo, fica evidente a concepção de
“força vital instintiva e irracional”, análoga à vis medicatrix hipocrática, que forma um
composto substancial com o corpo físico e apresenta natureza distinta do espírito
inteligente. Como outra entidade imaterial, Hahnemann cita a mente, sede da alma”,
descrevendo-a como “órgãos físicos quase não materiais, de mais alta hierarquia”.
Atribui ao psiquismo humano enorme influência no adoecer humano, valorizando a
retidão moral e ética (homem de bem, segundo Confúcio) como fator preventivo e
curativo das enfermidades que afetam a humanidade. Elogiando e alinhando-se à
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postura do filósofo Reimarus, critica a escolástica e o excesso de especulações
metafísicas na medicina, afastando-se de qualquer corrente filosófica ou religiosa que
possa vir a prejudicar uma postura universalista e isenta de preconceitos. Segundo
Hahnemann, o corpo físico forma uma unidade indissociável com o “princípio vital”, e
não com a “alma”, sendo comandado pelo “espírito dotado de razão que nele habita”.
A mente, como “órgão psíquico”, assume importante papel na inter-relação destas
entidades imateriais que compõem o ser humano.
Este artigo foi publicado concomitantemente com o livro de mesmo título (Concepção
vitalista de Samuel Hahnemann [5,6]) que, após ser retirado de circulação, teve seu
conteúdo incorporado à obra A natureza imaterial do homem: estudo comparativo do
vitalismo homeopático com as principais concepções médicas e filosóficas [7,8], a qual
aborda analogias do vitalismo hahnemanniano com a medicina tradicional chinesa, a
medicina ayurveda, a filosofia hindu-teosófica, a concepção rosa-cruz, a medicina
antroposófica, a cabala hebraica e a doutrina espírita, dentre outros aspectos.
Ampliado por estas diversas concepções filosóficas, que pela enorme concordância de
conceitos parecem ter se originado de uma mesma fonte de conhecimentos (raiz
iniciática), os constituintes imateriais humanos e suas manifestações são estudados
segundo uma natureza sêxtupla de extrema complexidade, adicionando ao modelo
antropológico humano e ao vitalismo homeopático matizes fascinantes.
" Agravação e prognóstico em homeopatia: uma sistematização de conceitos [9]
Baseando-nos nas obras de Hahnemann e Kent, realizamos uma ampla revisão sobre
os temas das agravações e das observações prognósticas em homeopatia, buscando
uma sistematização destes conceitos. Em relação à agravação homeopática,
discorremos sobre seu significado, a forma de utilizá-la, os tipos e as diferenças
conceituais trazidas pelos autores, mostrando que ela pode ser um referencial de
extrema utilidade na avaliação do tratamento homeopático. Os prognósticos
homeopáticos, também utilizados como parâmetros de avaliação da evolução dos
pacientes, foram descritos e explicados detalhadamente, mostrando as semelhanças e
diferenças entre os ensinamentos de Hahnemann e Kent.
Para Hahnemann, a agravação homeopática restringia-se à exacerbação dos sintomas
do paciente após a administração de um medicamento homeopático escolhido
segundo o princípio da similitude. Nesta agravação propriamente dita, a ação primária
do medicamento, “um pouco mais forte do que a enfermidade natural”, seria a
responsável pela exacerbação dos sintomas basais, incrementando a perturbação de
origem. Não apresentando relação direta com a ação secundária ou reação vital do
organismo, esta agravação depende da dose administrada, variando em intensidade,
duração e frequência em conformidade com a quantidade medicamentosa ingerida e
com o tipo de enfermidade (aguda ou crônica). Quando o medicamento é escolhido
segundo o princípio da semelhança e administrado numa dose “um pouco mais forte
do que a enfermidade natural”, esta exacerbação dos sintomas, que denominamos
agravação primária, sempre deveria ocorrer, apesar de muitas vezes ser imperceptível
aos nossos sentidos.
Além da agravação primária ou propriamente dita citada anteriormente, Kent relata a
existência de outro tipo de agravação, fruto da reação vital (ação secundária) do
organismo ao desequilíbrio instaurado na economia orgânica, em doenças que
acarretaram alterações teciduais (pacientes lesionais). Na tentativa de retornar à ordem
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perdida, a força vital deve reestruturar os tecidos e órgãos lesionados, causando
distúrbios (agravações secundárias) inerentes a esta regeneração orgânica, que podem
se manifestar através de sensações exacerbadas ou outros sofrimentos.
Em relação aos prognósticos homeopáticos, evidenciamos neste estudo que Kent
estipulou observações prognósticas semelhantes às descritas por Hahnemann em suas
obras, inexistindo pensamentos fragmentados sobre o assunto, fato que reforça a
veracidade de suas conclusões. A observância da agravação secundária é indispensável
para que se entendam as quatro primeiras observações prognósticas de Kent.
Após este extenso levantamento bibliográfico, convocamos algumas reuniões com os
docentes da APH para discutir o assunto, no intuito de uniformizarmos conceitos
abordados, muitas vezes, de formas diversas pelos autores clássicos. Do consenso
atingido nesse fórum de discussões, elaboramos outros dois artigos sobre os temas, que
foram publicados, posteriormente, na Revista de Homeopatia da AMHB [10,11]. Como
fruto desta troca de conhecimentos, pudemos rever e redimensionar concepções
arraigadas ao ensino homeopático, produzindo um material de estudo mais sistemático
e didático.
" O princípio da similitude na moderna farmacologia [12]
Publicado em 1999 na Revista de Homeopatia (São Paulo), este estudo corresponde à
tradução literal do primeiro (Similitude in modern pharmacology [13]) de uma série de
artigos publicados no British Homeopathic Journal (Homeopathy) descrevendo esta
linha de pesquisa. Constituindo uma síntese do livro Semelhante cura semelhante: o
princípio de cura homeopático fundamentado pela racionalidade médica e científica
[14,15], este trabalho apresentou ao meio científico a fundamentação farmacológica
do princípio da similitude terapêutica, evidenciando que a ação secundária ou reação
vital do organismo descrita pelo modelo homeopático está embasada no efeito rebote
ou reação paradoxal do organismo da farmacologia e da fisiologia moderna, através do
estudo de dezenas de classes de drogas em centenas de publicações científicas.
Ampliando essas evidências que respaldam a “lei dos semelhantes”, vimos
apresentando na última década, através de diversos artigos científicos [16-27], os
eventos adversos graves e fatais que o efeito rebote de diversas classes de fármacos
modernos causa nos indivíduos, perfazendo centenas de milhares de mortes
consequentes ao uso indiscriminado das drogas com ação enantiopática (princípio dos
contrários), como Hahnemann alertou há mais de dois séculos. Por outro lado, a
magnitude destes eventos iatrogênicos demonstra a validade do uso terapêutico deste
efeito rebote (reação vital), quando empregamos a similitude terapêutica.
Reconhecido mundialmente como um dos principais modelos de pesquisa que
embasam o princípio de cura homeopático, permitiu, recentemente, que
elaborássemos uma proposta para o emprego de centenas de fármacos modernos
segundo a similitude terapêutica, projeto relatado posteriormente.
" A prática homeopática na unidade de terapia intensiva (UTI) [28]
Neste trabalho, juntamente com as colegas Silvia Mazzucato Leal e Vera Maria Ferreira
Alves Ceschin, propusemos uma forma de tratamento homeopático a pacientes em
estado crítico ou grave, com alto risco de vida, internados numa Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), em concomitância com o tratamento alopático preconizado pelas
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sociedades de terapia intensiva mundiais, respeitando-se os preceitos éticos e legais.
No artigo, descrevemos a evolução clínica positiva ao tratamento homeopático de oito
pacientes com diagnóstico de “choque séptico”, apesar dos inúmeros fatores
complicadores. Sempre que possível, a seleção dos medicamentos foi estabelecida
segundo a totalidade sintomática e restringimos as potências (cH) empregadas para
facilitar a interpretação das respostas. Apesar das dificuldades operacionais, contou-se
com a colaboração de toda a equipe multiprofissional envolvida. Alguns casos
evoluíram durante meses, dificultando sobremaneira o acompanhamento contínuo à
beira do leito. Apesar de exigir muita dedicação e existirem poucas experiências na
área, pudemos observar e concluir que a homeopatia pode ser um excelente
tratamento adjuvante nestes casos agudos graves.
Os resultados deste estudo forneceram dados para a publicação de três casos clínicos
no maior compêndio já publicado sobre o emprego da homeopatia em medicina
intensiva [29] e, juntamente com a abordagem semiológica para pacientes agudos
graves descrita na revista Homeopatia Brasileira [30,31], fomentaram a publicação de
uma revisão sobre o tema no periódico Homeopathy [32].
" O vitalismo hahnemanniano na prática clínica homeopática [33]
Para a homeopatia, a causa das doenças encontra-se na distonia da força vital: o
tratamento homeopático visa reequilibrar este princípio vital. E o que é esta força vital?
O espírito, a alma, a mente ou uma energia primordial responsável pela vida e pela
preservação da saúde nos seres vivos. Na incompreensão do verdadeiro significado
desta força vital, radicam inúmeras confusões doutrinárias, desde o entendimento do
processo do adoecer humano até as propostas terapêuticas para o mesmo, podendo
transmitir à prática clínica homeopática pretensões que Hahnemann o se propôs a
atingir.
Neste estudo, complemento de artigo inicial [4] e síntese de obra anteriormente citada
[7,8], destacamos as principais características da força vital hahnemanniana, traçando
analogias da mesma com diversas concepções médicas e filosóficas. Segundo as
diversas linhas de pensamento estudadas, fica evidente que o distúrbio responsável
pela gênese das doenças orgânicas localiza-se no princípio vital, tsri ou chi, linga
sharira, tzelem, duplo etérico, corpo vital ou corpo etéreo, entidades imateriais que
correspondem à vis medicatrix hipocrática, instintiva, automática e desprovida de
razão e inteligência, que se assemelha em seu modus operandi ao sistema psico-neuro-
imuno-endócrino-metabólico estudado pela fisiologia integrativa nas reações ao
estresse. Buscamos ilustrar com um caso clínico a dinâmica do medicamento
homeopático simillimum no reequilíbrio do princípio vital e suas consequências
transformadoras na individualidade humana.
" Pesquisa básica em homeopatia: revisão bibliográfica [34]
A homeopatia fundamenta-se em princípios distintos do modelo científico clássico,
tornando difícil sua compreensão e aceitação pelo meio acadêmico tradicional, que se
apoia no paradigma cartesiano. Para que se consiga legitimar a homeopatia perante a
episteme moderna, torna-se fundamental a produção de pesquisas que confirmem os
pressupostos homeopáticos: princípio da similitude, experimentação no homem são,
medicamentos dinamizados (ultra-diluições) e individualizados. Enquanto os ensaios
clínicos confirmam a eficácia do tratamento homeopático individualizado numa série
de enfermidades, experimentos nas áreas básicas da ciência sustentam a validade dos
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demais fundamentos homeopáticos. Apresentada em 2001 à Comissão de Pesquisa da
Associação Médica Homeopática Brasileira (CP-AMHB) como proposta inicial de
trabalho, descrevemos nesta ampla revisão os principais estudos realizados nas
diversas áreas da pesquisa experimental moderna que endossassem os pilares
homeopáticos, trazendo uma ideia dos caminhos até então trilhados, auxiliando os
simpatizantes da homeopatia que pretendessem se aventurar nesta empreitada e
procurando satisfazer o anseio daqueles que clamam por comprovações científicas do
modelo homeopático.
" Avaliação miasmática na pesquisa clínica homeopática: emprego de questionário
de qualidade de vida [35]
Na legitimação do modelo homeopático perante a racionalidade científica moderna, a
metodologia de pesquisa exige que a pesquisa clínica homeopática se estruture
segundo protocolos específicos que contemplem os fundamentos homeopáticos e as
premissas epistemológicas clássicas. Neste denominador comum entre paradigmas
distintos, devemos adaptar os ensaios clínicos convencionais (duplo-cego,
randomizado e placebo controlado) aos pressupostos fundamentais do modelo
homeopático (princípio da similitude segundo a totalidade sintomática característica;
medicamentos, doses e potências individualizadas; tratamento mais prolongado;
avaliação global de resposta ao tratamento; etc.), preservando a identidade de ambas
as abordagens num desenho de pesquisa mais abrangente [36]. Dentro da avaliação
terapêutica global ao longo do tratamento, a qualificação e a quantificação das
características subjetivas (miasmáticas) da individualidade enferma representam um
obstáculo na sistematização e racionalização dos resultados.
Neste estudo, propomos a utilização de questionários de avaliação da qualidade de
vida na mensuração dos aspectos miasmáticos modificados pelo tratamento
homeopático individualizante, acrescentando um aspecto de efetividade subjetiva à
resposta terapêutica. Desta forma, as características miasmáticas poderão ser avaliadas
segundo instrumentos da pesquisa moderna aceitos universalmente.
Tema pouco divulgado à época desta publicação, os questionários de avaliação da
qualidade de vida estão incorporados, atualmente, em qualquer protocolo de pesquisa
clínica, em vista da crescente valorização dos aspectos emocionais, sociais, familiares
e espirituais na saúde humana. Como um dos principais questionários citados nesta
publicação, sugiro a aplicação do FACIT-Sp (Functional Assessment of Chronic Illness
Therapy - Spiritual), que utilizei na minha tese de doutorado [37], por apresentar
avaliação subjetiva comparável às mais abrangentes abordagens miasmáticas do
modelo homeopático (incluindo aspectos espirituais e existenciais).
" Fundamentação imunológica da teoria homeopática das vacinoses [38]
Desde os primórdios da homeopatia, pautados no entendimento global e
individualizante do adoecer humano, expoentes da homeopatia advertem de que o
tratamento inadequado de doenças agudas na infância poderia propiciar o surgimento
de doenças crônicas posteriormente. Por desequilibrar a reação vital do organismo,
Samuel Hahnemann alertava para o perigo de se tratarem as doenças agudas com
medicamentos alopáticos ou heroicos, em doses fortes e que suprimissem os sintomas
locais ou externos das mesmas, com o risco do desenvolvimento futuro de distúrbios
mais graves. James Compton Burnett, ao final do século XIX, sugere a “teoria das
vacinoses”, alertando para o surgimento de manifestações crônicas após a vacinação
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da varíola. Na mesma época, homeopatas franceses, buscando uma etiologia
fisiopatológica para as doenças crônicas, correlacionam-nas à reação anormal do
“sistema reticulo endotelial” (SRE). Walter Edgar Maffei, através do estudo da patologia
experimental, atribui toda manifestação sintomática ao desbalanço entre os fenômenos
imunológicos da “alergia” e da “imunidade”, ampliando a visão de enfermidade em
função da reação alterada do SRE, situando nos fenômenos da “metalergia” e da
“paralergia” os efeitos sensibilizantes e patogênicos dos medicamentos e das vacinas,
respectivamente. Com a “hipótese higiênica” moderna, são inúmeras as evidências de
que o desbalanço da resposta imunológica na infância, mais especificamente entre as
subpopulações de linfócitos T helper (Thl e Th2), é responsável pelo desenvolvimento
de algumas doenças alérgicas e crônicas futuras, estando no impedimento da
manifestação natural de doenças infecciosas febris (resposta Thl) na idade pré-escolar o
fator desequilibrante do predomínio da resposta alérgica (Th2) futura.
Pautando estas observações em dezenas de estudos epidemiológicos que confirmavam
a teoria imunológica da “hipótese higiênica”, este artigo é a tradução literal de artigo
de revisão publicado em 2002 na Homeopathy (Is there scientific evidence that
suppression of acute diseases in childhood induce chronic diseases in the future? [39]),
tendo sido contestado em 2005 por revisão composta por estudos contrários à
“hipótese higiênica” [40]. No mesmo ano, na edição seguinte da Homeopathy,
publicamos outra revisão atualizada com centenas de novos estudos que confirmavam
a referida teoria [41], sendo contestada novamente [42], perpetuando-se o debate
sobre a referida proposta até os dias atuais [43].
" Pesquisa homeopática na agricultura: premissas básicas [44]
Em parceria com a colega agrônoma Solange Monteiro de Toledo Piza Gomes
Carneiro, pesquisadora do Instituto Agronômico do Paraná (IAPAR), aproveitando a
proposta globalizante que busca refletir sobre a degradação do meio ambiente e suas
consequências sobre a saúde e a qualidade de vida da população, propusemos um
modelo de pesquisa homeopática para ser aplicado na agricultura, buscando
sistematizar uma metodologia de tratamento homeopático às doenças, às pragas e às
carências nutricionais das plantas.
Este estudo inaugurou um conjunto de pesquisas para avaliar a viabilidade do emprego
da homeopatia no controle de doenças e pragas de plantas, com desdobramentos
publicados nesta e em outras revistas [45-48]. Utilizando as premissas básicas do
método homeopático, elaboramos um projeto que englobasse desde a experimentação
em plantas sadias, pré-requisito para a elaboração futura de um “Compêndio de
Sintomas Homeopáticos Vegetais” (“Matéria Médica Vegetal Homeopática”), até a
prevenção e o tratamento da doença em estudo. Nestes trabalhos, desenvolvidos no
IAPAR, estudamos as inúmeras variáveis da aplicação homeopática em plantas (tempo
de pré- e pós-tratamento, potências homeopáticas, etc.), a fim de fugirmos do
empirismo e criarmos parâmetros mais confiáveis para que se possa indicar,
futuramente, o emprego da homeopatia na agricultura.
" Experimentação patogenética homeopática breve como método didático [49]
Todos que se dedicam ao ensino da homeopatia observam a dificuldade dos
aprendizes no entendimento dos pressupostos homeopáticos, por estarem inseridos em
paradigmas distintos dos propagados pela ciência hegemônica. Neste estudo,
relatamos uma prática vivencial (Experimentação Patogenética Homeopática Breve)
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que vimos aplicando como método didático junto aos alunos da disciplina optativa
“Fundamentos da Homeopatia” da FMUSP desde 2003, sugerindo sua inclusão como
item curricular e método de ensino nas disciplinas de homeopatia ministradas junto às
escolas de medicina (cursos de formação), a fim de sedimentar o conteúdo teórico
apresentado.
Seguindo as premissas citadas no Organon da arte de curar, a experimentação
patogenética homeopática breve é oferecida como atividade voluntária, incluindo
apenas os estudantes isentos de doenças crônicas e abstinentes do uso regular de
outros fármacos, que experimentam um medicamento homeopático policresto na
potência 30cH, permitindo que ao final do período de auto-observação (1-2 meses) os
sintomas observados possam ser confrontados com patogenesias prévias.
Com o aperfeiçoamento da metodologia proposta inicialmente para um ensaio clínico
duplo-cego e placebo controlado, vimos realizando a experimentação patogenética
breve de forma regular junto à disciplina de homeopatia [50], observando que esta
metodologia qualitativa tem-se mostrado extremamente eficaz como método didático
[51-53], possibilitando a sedimentação dos fundamentos homeopáticos e a observação
de uma gama de manifestações sintomáticas despertada pela experimentação de
substâncias ultra-diluídas em doses únicas.
Com a experiência adquirida na aplicação deste modelo e alimentando o propósito de
realizar uma experimentação patogenética homeopática clássica no ambiente
acadêmico-hospitalar, desenhamos um Protocolo de Experimentação Patogenética
Homeopática em Humanos seguindo os passos e as premissas necessárias à elaboração
de um projeto de pesquisa clínica em humanos, aplicando uma sistemática que
permita a uniformização do procedimento e sua aplicação nas diversas instâncias que
se proponham a realizar pesquisa patogenética homeopática. Este material está
disponibilizado na forma digital e de acesso livre [54,55], a fim de que todos os
interessados em realizar experimentação patogenética homeopática possam aplicá-lo
junto às suas instituições de ensino e pesquisa.
" O princípio homeopático de cura ao longo da história da medicina [56]
A homeopatia é um método terapêutico baseado na aplicação do princípio da
similitude, utilizando substâncias medicinais que promovem efeitos semelhantes aos
sintomas que se deseja tratar. Neste processo, o organismo é estimulado a reagir contra
os seus próprios distúrbios através de uma reação vital (secundária, homeostática,
paradoxal) orientada pelos efeitos primários da droga empregada, com propriedades
semelhantes aos distúrbios do paciente. Este princípio curativo foi citado por expoentes
de inúmeras escolas médicas, ao longo de todos os tempos. Sugerido inicialmente pelo
fundador da medicina grega, era enunciado por Hipócrates através do aforismo similia
similibus. Segundo aplicações distintas e peculiares, foi mencionado como técnica
terapêutica pelos propagadores da medicina romana (Erasistrato, Mitrídates, Heráclides
de Tarento, Nicandro, Celso, etc.), da medicina medieval (Basílio Valentino), da
medicina renascentista (Paracelso) e da medicina pós-renascentista (Sydenham, van
Helmont, Stahl, von Haller, Stoerck, Jenner, etc.). Ao final do século XVIII, Hahnemann
sistematiza o método homeopático de tratamento das enfermidades de uma forma
lógica e racional, encontrando, atualmente, fundamentação científica na reação
paradoxal da fisiologia clássica e no fenômeno rebote da farmacologia moderna. Assim
como fizemos com o vitalismo homeopático [57], este estudo aborda a evolução
histórica do princípio homeopático de cura até os dias atuais.
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2. Revista de Homeopatia (São Paulo) - Forma online (ISSN: 2175-3105)
" Homeopatia nas doenças epidêmicas: conceitos, evidências e propostas [58]
Empregando o princípio da similitude curativa, a homeopatia visa estimular o
organismo a reagir contra os seus próprios distúrbios. No entanto, para que o
medicamento homeopático desperte uma reação homeostática efetiva, ele precisa ser
individualizado, ou seja, ser escolhido pela semelhança com o conjunto de sintomas
característicos do binômio doente-doença. Desta forma, buscando diminuir as
suscetibilidades individuais que predispõe ao adoecer, o medicamento homeopático
atua curativa e preventivamente em muitas doenças humanas. Por outro lado, possui
indicação específica no tratamento e na prevenção das doenças epidêmicas, desde que
escolhido individualmente segundo o conjunto de sintomas peculiares à epidemia
(denominado “gênio epidêmico”), com exemplos históricos descritos na literatura.
Nessa atualização, discorremos sobre as premissas epistemológicas que fazem da
homeopatia hahnemanniana uma prática médica preventiva por excelência, as
evidências científicas que endossam sua aplicação clínica e os requisitos mínimos para
utilizá-la terapêutica e preventivamente nas doenças epidêmicas.
Publicado originalmente no periódico International Journal of High Dilution Research
[59] e, recentemente, em La Homeopatía de México [60], essa revisão tece críticas ao
uso indiscriminado de nosódios para prevenir doenças epidêmicas (isoprofilaxia), por
não apresentar comprovação científica que ateste sua eficácia e segurança.
Repudiando a conduta de terapeutas homeopatas que sugerem a aplicação desta
“imunização isopática” como substituto regular da imunização clássica (calendário
vacinal), infringindo os princípios bioéticos da beneficência e da não maleficência,
esse material foi alvo de crítica dos defensores dessa prática [61], permitindo a
ampliação da discussão sobre o tema em uma nova e recente revisão [62].
" Experimentação patogenética de ácido bórico em feijoeiro e tomateiro [47,48]
Atualmente, a homeopatia tem sido considerada uma prática para manejo de doenças
e pragas na agricultura orgânica. No entanto, ao contrário dos médicos, que dispõem
das matérias médicas e repertórios para a escolha do medicamento homeopático mais
adequado para o paciente, os agrônomos não dispõem de uma Matéria Médica Vegetal
Homeopática (MMVH) com sintomas observados na experimentação das substâncias
em vegetais. Executado no IAPAR pela agrônoma Solange Carneiro e sua equipe de
pesquisadores, o objetivo deste trabalho foi realizar uma experimentação patogenética
homeopática em vegetais, comparando os sintomas patogenéticos observados em
cultivares de feijoeiro e tomateiro, após a administração de ácido bórico em dose
ponderal e na diluição 6cH. Foram conduzidos 4 experimentos, 2 com tomateiros e 2
com feijoeiros, sendo que as plantas receberam entre 1 a 6 pulverizações dos
tratamentos. Observaram-se diferenças entre as espécies quanto à sensibilidade ao
ácido bórico: nenhuma planta de tomateiro que recebeu Boro 6cH apresentou
sintomas, diferentemente do feijoeiro. Por outro lado, nos ensaios com ácido bórico
em dose ponderal, o tomateiro apresentou 3 sintomas a mais que o feijoeiro. Nos
ensaios com feijoeiro, um maior número de plantas apresentou sintomas após o
tratamento com ácido bórico em dose ponderal, comparativamente ao ácido bórico
6cH. Na elaboração de uma MMVH, estes resultados indicam que deve ser
considerado a espécie vegetal na qual os sintomas foram obtidos, informando também
a variedade e/ou cultivar utilizado. Além disso, as experimentações patogenéticas
homeopáticas em vegetais devem ser realizadas tanto com doses ponderais quanto
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com doses ultra-diluídas, a fim de que as diferenças na sensibilidade entre espécies
possam ser detectadas.
O conjunto de estudos realizados por este grupo de pesquisadores deu origem à obra
Homeopatia: princípios e aplicações na agroecologia [63], publicada em 2011 pelo
IAPAR.
" Evidências científicas da episteme homeopática [64]
A homeopatia fundamenta-se em princípios e conhecimentos distintos do modelo
biomédico convencional, dificultando sua compreensão e aceitação pela racionalidade
científica contemporânea. Para que se consiga legitimar a homeopatia perante a
episteme moderna, torna-se fundamental a produção de pesquisas que confirmem
esses princípios homeopáticos: princípio da similitude, experimentação no indivíduo
sadio, medicamento dinamizado e medicamento individualizado. Enquanto as
pesquisas nas áreas básicas da ciência devem sustentar a validade dos pressupostos
homeopáticos, os ensaios clínicos têm o intuito de confirmar a efetividade da
homeopatia no tratamento das enfermidades. Nesse ensaio, nos propusemos a discutir
a episteme homeopática, fundamentando os pilares homeopáticos nas diversas áreas
da pesquisa experimental moderna e endossando o emprego terapêutico da
homeopatia nas pesquisas clínicas existentes. Como premissa fundamental dessa
racionalidade homeopática, a individualização do medicamento figura como condição
imprescindível para que o princípio da similitude terapêutica seja despertado e o
tratamento homeopático apresente eficácia e efetividade clínica.
Publicado originalmente no periódico International Journal of High Dilution Research
[65] e, recentemente, em La Homeopatía de México [66], essa revisão, juntamente
com a cópia impressa dos artigos nela citados, compôs um dossiê de centenas de
páginas sobre as evidências científicas da homeopatia, utilizado na elaboração de
processo ético-profissional junto ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São
Paulo (CREMESP), movido contra colega que havia denegrido a imagem da
homeopatia (como especialidade médica) e dos médicos homeopatas na mídia
jornalística.
" Conhecimento e interesse dos estudantes de medicina participantes do ECEM 2010
frente à homeopatia [67]
Este estudo, disponibilizado em edição especial da Revista de Homeopatia (São Paulo),
que se propôs a publicar os resumos dos trabalhos científicos apresentados no XXX
Congresso Brasileiro de Homeopatia (2010, Recife, PE), mostrou os resultados de um
levantamento sobre o conhecimento e o interesse dos estudantes de medicina pela
homeopatia, aplicado a 160 participantes do 40º Encontro Científico de Estudantes de
Medicina (ECEM, 2010, João Pessoa, PB).
Reproduzindo pesquisa semelhante realizada com participantes do 3 ECEM (2003,
São Paulo) [68], a análise de uma amostra aleatória de 19 estudantes de universidades
públicas, de 18 estados, apontou que 63% destes, embora no início do curso, já tinha
uma especialidade definida; 11% achavam que a homeopatia não deveria fazer parte
da formação médica, enquanto 21% a defendia como disciplina obrigatória e 68%
como optativa. 32% não tinham nenhum conhecimento de homeopatia, 47% tinham
pouco e 21% algum, o qual foi adquirido através de leitura suplementar por 53%
desses estudantes e de forma curricular ou extracurricular por 10,5%. Quanto às
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indicações do tratamento homeopático, 53% apontaram para doenças crônicas,
enquanto 37% a indicariam para doenças crônicas e agudas. 47% a consideravam
como uma terapêutica bastante eficaz, enquanto 11% referiram ineficácia. 63% tinham
bastante interesse em aprender homeopatia e 68% acreditavam em sua integração ao
serviço público, embora apenas 26% conhecessem a existência da Portaria MS
971/2006, que indica a inserção dessa prática no SUS, bem como prevê o incremento
de seu ensino em todos os níveis da formação do profissional de saúde.
Assim como outros estudos que vimos desenvolvendo na área da educação médica em
homeopatia e acupuntura [69-73], esta pesquisa conclui pela necessidade da inserção
do ensino dos fundamentos da homeopatia no início da formação acadêmica, como
forma de enfrentamento ao desconhecimento e ao preconceito existente na classe
médica.
" Novos medicamentos homeopáticos: uso dos fármacos modernos segundo o
princípio de cura homeopático [74]
O método de tratamento homeopático baseia-se na aplicação do princípio da
similitude (similia similibus curentur), utilizando medicamentos que causam efeitos
semelhantes aos sintomas da doença, com o objetivo de estimular uma reação do
organismo contra seus próprios distúrbios. Essa reação vital, homeostática ou
paradoxal do organismo está cientificamente embasada no estudo do efeito rebote das
drogas modernas. Nesse trabalho, concluindo projeto antigo [75], descrevemos um
método para a utilização homeopática dos fármacos modernos. Apoiados na
justificativa epistemológica de que determinada classe de eventos adversos descritos na
farmacologia clínica são sintomas patogenéticos das substâncias, elaboramos uma
matéria médica e um repertório homeopático com 1.251 fármacos modernos,
sugerindo sua utilização segundo o princípio da similitude e a totalidade sintomática
individualizante. Além de embasar a racionalidade homeopática perante a
farmacologia experimental, estamos disponibilizando uma metodologia que poderá
ampliar o espectro de ação da homeopatia nas diversas doenças e síndromes
modernas.
Correspondendo à tradução literal de artigo publicado na Homeopathy em 2011 (New
homeopathic medicines: use of modern drugs according to the principle of similitude
[76]), esta proposta terapêutica também foi divulgada em outras publicações e
periódicos [77-79], estando completamente disponibilizada em um site bilíngue e de
livre acesso (www.novosmedicamentoshomeopaticos.com) [80], a fim de que todos
possam utilizá-la segundo as suas necessidades.
Vale ressaltar que, na última década, essa mesma proposta vem sendo sugerida pela
farmacologia moderna sob a denominação de “farmacologia paradoxal” (“paradoxical
pharmacology”), propondo que “a exacerbação de uma doença pode fazer com que os
mecanismos compensatórios e redundantes do organismo consigam uma resposta
benéfica em longo prazo”, empregando os efeitos paradoxais ou bidirecionais das
drogas de forma curativa, analogamente ao modelo homeopático [81].
Conclusão
Nesta revisão, divulgamos aos colegas homeopatas os principais aspectos de uma série
de estudos publicados na Revista de Homeopatia da APH, facilitando a seleção dos
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temas que lhes interessem, a fim de que possam acessar o(s) artigo(s) na íntegra [1,82].
Por outro lado, serviu-me também para refletir sobre a trajetória até então
desenvolvida, reiterando a importância deste periódico em minha jornada
homeopática.
Sendo a revista científica em que publiquei a primeira pesquisa em homeopatia e que
continua me possibilitando a divulgação de outros estudos em diversas áreas da
doutrina, aproveito o ensejo para agradecer as oportunidades recebidas e render
minhas homenagens a todos que trabalharam pela manutenção da mesma ao longo
das décadas de sua existência, com dedicação voluntária e ideal altruístico, em prol do
desenvolvimento da episteme homeopática.
Tendo participado como editor da revista durante oito anos (2000-2007), juntamente
com o colega Lech Szymanski, tenho noção da dificuldade e da importância em se
manter a qualidade e a periodicidade das edições, parabenizando o Corpo Editorial
atual por esta nova etapa online, associada ao primor técnico e científico de suas
publicações.
Para brindar este movimento ascendente, seria de grande valia ao movimento
homeopático brasileiro se a Revista de Homeopatia (São Paulo) conseguisse
disponibilizar, em formato digital de acesso livre, todas as edições anteriores do
periódico (desde 1936), como fizemos com alguns poucos artigos pessoais na referida
coletânea. Com isto, uma infinidade de outros estudos homeopáticos poderia ser
utilizada na educação continuada dos profissionais, no ensino dos estudantes e na
produção de novos projetos de pesquisa, permitindo também uma análise do
conhecimento homeopático ao longo das décadas.
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therapeutic application. Homoeopathic Links. Summer 2014; 27(2): 105-107
[80] Teixeira MZ. Novos medicamentos homeopáticos: uso dos fármacos modernos
segundo o princípio da similitude. São Paulo: Marcus Zulian Teixeira; 2010.
Disponível em: http://www.novosmedicamentoshomeopaticos.com
[81] Teixeira MZ. ‘Paradoxical strategy for treating chronic diseases’: a therapeutic
model used in homeopathy for more than two centuries. Homeopathy. 2005; 94(4):
265-266.
[82] Revista de Homeopatia (São Paulo). Forma online. Disponível em:
http://www.aph.org.br/revista/index.php/aph/index
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Além da materialidade grosseira do corpo físico, sempre se acreditou na existência de uma natureza imaterial do homem, assumindo várias conotações ao longo das diversas épocas e civilizações humanas. Em todas as filosofias e religiões, termos como alma, espírito, mente, força vital, etc. são citados, representando uma entidade energética-espiritual com ascendência sobre a entidade orgânica-material. Além disso, atribui-se ao Espírito (Alma) uma natureza eterna, imortal, ao contrário da existência limitada e passageira do corpo físico. Até o século XIX, existia na Medicina a noção de uma força vital responsável pela manutenção do equilíbrio das funções orgânicas e da saúde, sendo substituída, no século XX, pelos princípios cartesianos que localizaram a causa das doenças nos órgãos, nos tecidos e nas células. Dentre as especialidades médicas atuais, a Homeopatia apresenta em seu corpo doutrinário concepções científicas e filosóficas. Dentre essas, propaga a noção de que o binômio saúde doença se fundamenta num substrato material-energético (corpo físico-força vital). Apesar de utilizar esse conceito filosófico para tentar explicar a gênese profunda das enfermidades, apresenta um modelo terapêutico fundamentado nos conhecimentos experimentais e científicos da Medicina moderna. Nessa obra, procuramos estudar comparativamente as diversas escolas médicas (Homeopatia, Medicina Tradicional Chinesa, Medicina Ayurvédica e Medicina Antroposófica) e filosóficas (Hinduismo, Ocultismo, Teosofia, Rosacruz, Cabala e Espiritismo) que valorizam os veículos sutis de manifestação da individualidade humana (princípio vital, mente, alma, espírito, etc.), evidenciando, através das inúmeras semelhanças conceituais encontradas, que este conhecimento metafísico se originou de uma fonte primordial comum, incorporando-se à cultura de todas as civilizações primevas. Através das inúmeras citações e referências bibliográficas desta obra, o leitor poderá se aprofundar no estudo desta natureza imaterial humana, sem que alimentemos a pretensão de esgotar um assunto de tamanha complexidade e importância para o entendimento do homem e de seu papel no atual ciclo de evolução da Terra.
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Apesar da bissecular eficácia terapêutica da Homeopatia, fator imprescindível à permanência deste método de tratamento até os dias atuais, o meio acadêmico e científico exige comprovações segundo os parâmetros da pesquisa moderna. Esta sempre foi a tônica das discussões entre homeopatas e alopatas (enantiopatas), pois estes dois métodos de tratamento estão fundamentados em paradigmas opostos, possuindo metodologias distintas e divergindo sobre inúmeros fatores, tais como verificação dos poderes curativos das drogas utilizando a experimentação em indivíduos humanos sadios ou doentes (animais); valorização dos aspectos psíquicos, emocionais e gerais nestas experimentações e na atuação terapêutica; escolha do medicamento segundo os princípios da semelhança ou dos contrários; utilização de doses infinitesimais ou ponderais; administração de medicamentos únicos ou combinados, etc. Esta obra foi idealizada na tentativa de aproximar o modelo homeopático da racionalidade médica contemporânea, buscando nas publicações e pesquisas científicas modernas o substrato para fundamentar os principais conceitos da Homeopatia, em especial, o princípio da similitude terapêutica. Em diversas áreas do conhecimento humano, da Física à Fisiologia, assim como em centenas de medicamentos empregados pela Farmacologia clássica, encontramos a confirmação dos pressupostos homeopáticos, de forma análoga ao citado por Hahnemann há mais de duzentos anos. Buscando a aproximação da medicina homeopática com a medicina convencional, esperamos num futuro próximo poder participar conjuntamente na formação de uma única Medicina, na qual o benefício ao paciente esteja acima de qualquer sentimento individualista ou sectário.
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Resumo: Na última década, a demanda da população mundial por práticas não-convencionais em saúde aumentou substancialmente, exigindo cada vez mais do médico noções básicas das diversas terapêuticas vigentes, a fim de que possa orientar os pacientes que, sob seus cuidados, desejem utilizar tratamentos distintos dos que está habituado a empregar. Desta forma, compete às escolas de medicina propiciarem aos graduandos e pós-graduandos o conhecimento das evidências científicas, dos pressupostos teóricos e das abordagens clínicas e terapêuticas empregadas por estas distintas formas de tratamento. Com o intuito de fomentar a discussão sobre o ensino de práticas médicas não-convencionais (homeopatia e acupuntura) nas faculdades de medicina brasileira, apresentamos esta revisão sobre o assunto, enfocando o interesse da população e da classe médica (estudantes, residentes e especialistas) nestas terapêuticas, a importância e as iniciativas brasileiras e de outros países no ensino na graduação, na pós-graduação e na residência, e as perspectivas para o futuro da educação médica em práticas não-convencionais em saúde.
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Em virtude da valorização dos aspectos técnico-científicos no modelo biomédico, aspectos subjetivos da individualidade foram desprezados, tornando a medicina moderna desumanizada e reducionista na abordagem do processo de adoecimento humano. Com o intuito de resgatar a relação médico-paciente e a atenção integral ao indivíduo enfermo, com nítidos reflexos na qualidade e eficácia dos serviços prestados, a preocupação com a humanização da saúde passou a ser uma prioridade dos sistemas públicos, com a implantação de iniciativas nos diversos níveis de atenção. Desta forma, propostas humanísticas estão sendo incorporadas à formação médica nos cursos de graduação em Medicina e na rede de Atenção Básica em Saúde, visando contemplar, entre outros aspectos, "a compreensão dos determinantes sociais, culturais, comportamentais, psicológicos, ecológicos, éticos e legais, nos níveis individual e coletivo do processo saúde-doença". Neste contexto, o modelo homeopático, por aplicar em sua prática clínica diária uma abordagem semiológico-terapêutica individualizante e humanística na compreensão do processo saúde-doença e no tratamento das enfermidades, valorizando os determinantes éticos, filosóficos, antropológicos, psicológicos e socioambientais, poderia contribuir de forma adjuvante e complementar a humanização da formação médica, desde que seus preceitos sejam incorporados de forma regular e gradativa ao processo ensino-aprendizagem das instituições públicas e acadêmicas.
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Homoeopathic immunisation was first used in 1798, but remains controversial with some homoeopathic practitioners. Teixeira supports the use of genus epidemicus (GE) remedies, but strongly condemns the use of nosodes for disease prevention. However, Teixeira failed to fully understand the principle of similars, he used a double standard when comparing evidences using GE remedies and nosodes, he misread information demonstrating the safety of long-term homoeoprophylaxis (HP), and he appeared to be unaware of scientific evidence which is available supporting the prophylactic use of nosodes. These four areas are addressed in turn, and evidence from 1798 to 2012 is presented showing that appropriate homoeopathic immunisation using GE remedies and/or nosodes has the potential to prevent much suffering without any risk of possible short-term toxic damage or long-term energetic adverse effects.
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Apesar da secular eficácia terapêutica da homeopatia, fator imprescindível na manutenção deste método de tratamento até os dias atuais, o meio acadêmico e científico exige comprovações segundo os seus parâmetros de pesquisa e avaliação. Essa é sempre a tônica das discussões entre homeopatas e 'alopatas', pois esses dois métodos de tratamento estão fundamentados em paradigmas opostos, possuindo metodologias distintas e divergindo sobre inúmeros fatores: verificação dos poderes curativos das drogas utilizando a experimentação em indivíduos humanos sadios ou em doentes (animais); valorização de aspectos psíquicos, emocionais e gerais nessas experimentações; escolha do medicamento através dos princípios da semelhança ou dos contrários; utilização de doses infinitesimais ou ponderais; administração de medicamentos únicos ou combinados, etc. Essa obra foi idealizada na tentativa de aproximar o modelo homeopático à racionalidade médica atual, buscando nas publicações e pesquisas científicas modernas o substrato para fundamentar os principais conceitos da homeopatia, em especial, o princípio terapêutico pela similitude. Em diversas áreas do conhecimento humano, da física à fisiologia humana, assim como em centenas de medicamentos empregados pela farmacologia clássica, encontramos a confirmação dos pressupostos homeopáticos, semelhantemente ao citado por Hahnemann há mais de dois séculos. Buscando a aproximação científica da medicina homeopática com a medicina convencional, esperamos num futuro próximo poder participar conjuntamente na formação de uma Medicina única, na qual o benefício ao paciente esteja acima de qualquer outro objetivo. Principais tópicos O método de cura homeopático reiterado pelo conhecimento científico moderno. O princípio terapêutico homeopático observado na história da medicina. Relatos de curas homeopáticas por médicos de todas as épocas. Estudo minucioso dos pilares fundamentais da homeopatia: lei dos semelhantes e experimentação no homem são. O princípio da similitude segundo a racionalidade científica dos séculos XVI a XIX: lei dos semelhantes como lei natural. O princípio da semelhança evidenciado em outras áreas do conhecimento humano (física, psicoterapia). Conceitos homeopáticos abordados segundo os fundamentos da fisiologia moderna. O mecanismo de ação das drogas homeopáticas evidenciado pela farmacologia clínica e experimental: fundamentação dos preceitos homeopáticos na observação dos efeitos secundários de centenas de fármacos modernos. Sugestões de pesquisa homeopática com drogas convencionais. Available at: http://homeozulian.med.br/homeozulian_visualizarlivroautor.asp?id=3
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O método de tratamento homeopático se baseia na aplicação do princípio da similitude (similia similibus curentur), utilizando medicamentos que causam efeitos semelhantes aos sintomas da doença, com o objetivo de estimular uma reação do organismo contra seus próprios distúrbios. Essa reação vital, homeostática ou paradoxal do organismo está cientificamente embasada no estudo do efeito rebote das drogas modernas. Nesse trabalho estamos concluindo uma proposta antiga, na qual sugerimos um método para a utilização homeopática das drogas modernas. Apoiados na justificativa epistemológica de que determinada classe de eventos adversos descritos na farmacologia experimental são sintomas patogenéticos das substâncias, foi elaborada uma Matéria Médica e um Repertório Homeopático com 1.251 fármacos modernos, sugerindo sua utilização segundo o princípio da similitude e a totalidade sintomática individualizante. Além de embasar a racionalidade homeopática perante a farmacologia científica, estamos disponibilizando uma metodologia que poderá ampliar o espectro de ação da homeopatia nas doenças modernas (www.novosmedicamentoshomeopaticos.com).
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A experimentação ou ensaio patogenético homeopático (EPH) é o método de investigação clínico-farmacológica utilizado pela homeopatia para conhecer as manifestações patogenéticas (sinais e sintomas) que as substâncias despertam nos seres humanos, possibilitando a aplicação do princípio da similitude terapêutica. Instrumento indispensável na assistência, na pesquisa e no ensino da homeopatia, apresenta modelos de aplicação diversos ao longo destes dois séculos de prática homeopática, através dos quais milhares de substâncias foram experimentadas em indivíduos humanos sadios e tiveram suas manifestações sintomáticas descritas nas Matérias Médicas Homeopáticas. Apesar da sua importância no desenvolvimento da episteme homeopática, a Homeopatia Brasileira carece, na atualidade, de protocolos de pesquisa patogenética condizentes com as exigências da metodologia científica moderna, que tornariam os testes mais confiáveis e facilitariam sua aprovação perante os comitês de ética em pesquisa das instituições que pretendam executá-los. Este protocolo de experimentação patogenética homeopática foi desenhado com o intuito de suprir esta demanda, seguindo os passos e as exigências necessárias à elaboração de um projeto de pesquisa clínica em humanos, a fim de disponibilizar uma sistemática que permita a uniformização do procedimento e sua aplicação nas diversas instâncias que se proponham a realizar pesquisa patogenética homeopática. A possibilidade da publicação deste protocolo numa revista indexada e de livre acesso, permitindo a ampla divulgação de um tema imprescindível ao entendimento e ao progresso da homeopatia, facilita o esclarecimento da racionalidade científica homeopática perante a classe médica e a disseminação da proposta perante o movimento homeopático brasileiro.
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The demand of the population by complementary and alternative medicine (CAM) has been substantially increasing in the last decades, requiring that doctors have basic notions of these various therapies, in order to guide patients in different treatments of those who are accustomed to prescribe. In this way, the medical schools have the responsibility to provide to students the knowledge of scientific evidences, theoretical assumptions and practical approaches used in these different forms of treatment. The present review has the purpose of fomenting the discussion regarding the teaching of non-conventional therapeutics in medical schools. It is focused on the interest of the population and the medical class, the importance of the initiatives in undergraduate and graduate (residency), and the perspectives of medical education in non-conventional therapeutics. RESUMO: A demanda da população pela medicina alternativa e complementar (CAM) vem aumentando substancialmente nas últimas décadas, exigindo dos médicos noções básicas dessas diversas terapias, a fim de que possam orientar os pacientes em tratamentos diferentes dos que estão habituados a prescrever. Assim sendo, compete às escolas de medicina propiciar aos estudantes o conhecimento das evidências científicas, dos pressupostos teóricos e das abordagens práticas empregadas por estas distintas formas de tratamento. A presente revisão tem o propósito de fomentar a discussão sobre o ensino de terapêuticas não convencionais nas escolas de medicina, enfocando o interesse da população e da classe médica, a importância das iniciativas na graduação e na pós-graduação (residência), e as perspectivas da educação médica em terapêuticas não convencionais.
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A Revista de Homeopatia da Associação Paulista de Homeopatia (APH) é uma das mais antigas publicações científicas homeopáticas, tendo sido inaugurada em 1936 com o intuito de difundir estudos relacionados à Homeopatia e áreas afins. Indexada na base de dados LILACS sob a denominação Revista de Homeopatia (São Paulo), está incluída também em outros bancos de dados e bibliotecas virtuais (National Library of Medicine, EBSCO, DOAJ, Google Scholar e Biblioteca Virtual em Saúde). Em uma valorosa iniciativa da Equipe Editorial e da Diretoria da APH, a partir do volume 71 (2008), a Revista de Homeopatia passou a ser disponibilizada na forma online por acesso aberto (ISSN: 2175-3105; http://www.aph.org.br/revista/), “a fim de facilitar ainda mais o acesso ao saber construído nesta área de estudos médicos-científicos” e “com base no princípio de que a disponibilidade livre e pública do conhecimento fomenta um maior intercâmbio global do saber”. No entanto, as edições anteriores a essa data encontram-se apenas na forma impressa (ISSN: 0102-227x), de difícil divulgação e acesso pelos interessados. Em vista disso, compartilhando os mesmos ideais da revista, me propus a disponibilizar, neste volume em formato digital e de acesso livre, a coletânea dos artigos publicados antes da referida fase online em que participei como autor, mantendo a integridade dos textos e as devidas referências. Juntamente, disponibilizei também os artigos publicados na Revista de Homeopatia da Associação Médica Homeopática Brasileira (AMHB), outra fonte impressa de publicações científicas homeopáticas que teve breve período de editoração (1997-2002) e também apresenta acesso restrito aos interessados. Reunindo aspectos fundamentais da doutrina e da prática clínica homeopática, este material poderá ser utilizado como fonte de referência e informação na atualização de profissionais, em atividades didáticas e na produção de trabalhos científicos. Com o intuito de facilitar o contato de estudantes, profissionais e pesquisadores aos resultados destas pesquisas, espero estar contribuindo ao fortalecimento e à ampliação da ciência, da filosofia e da arte de curar homeopática.