ArticlePDF Available

Tratamento da doença de Gaucher: Um consenso brasileiro

Authors:

Abstract

A doença de Gaucher (DG) é um erro inato do metabolismo do grupo das doenças lisossômicas de depósito, sendo a mais freqüente do referido grupo. É de herança autossômica recessiva, portanto com risco de 25% a cada gestação de casal heterozigoto. A doença é resultante da deficiência da beta-glicosidase ácida ou beta-glicocerebrosidase, que leva ao acúmulo de glicolipídios nos macrófagos principalmente em baço, fígado, medula óssea e pulmão. As manifestações clínicas ou fenotípicas da DG vão depender do grau de deficiência da enzima, existindo três tipos: Tipo I, forma não neuropática, afeta crianças e adultos com hepatoesplenomegalia, anemia, trombocitopenia, leucopenia e lesões ósseas; Tipo II, forma neuropática aguda, afeta crianças com 4-5 meses com quadro neurológico grave, hepatoesplenomegalia e comprometimento pulmonar e o Tipo III, forma neuropática crônica, afeta crianças e adolescentes com quadro neurológico menos grave que o Tipo II e ainda pode comprometer fígado, baço e ossos. Um grupo de catorze médicos com experiência no tratamento da DG com reposição enzimática realizaram extensa revisão da literatura, confrontaram com os dados evolutivos dos pacientes brasileiros e chegaram a um consenso quanto aos critérios para iniciar o tratamento, a dose da enzima e freqüência das infusões, do acompanhamento ambulatorial, laboratorial e radiológico. O Grupo Brasileiro de Estudos em Doença de Gaucher e outras Doenças de Depósito Lisossômico (GBDDL) tem o objetivo de estabelecer diretrizes para o diagnostico, tratamento e acompanhamento de pacientes com doença de Gaucher no Brasil. Esta iniciativa pioneira visa uniformizar a conduta no país com relação ao tratamento de DG com reposição enzimática, tratamento de alto custo porém de grande eficácia.
89
Martins AM et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95
Artigo/Article
1Ambulatório de Doenças Metabólicas Hereditárias – Universidade Federal de São Paulo.
2Instituto Estadual de Hematologia Arthur de Siqueira Cavalcanti – HEMORIO – Rio de Janeiro-RJ.
3Hemato Oncologia Infantil - Santa Casa de Misericórdia de São Paulo.
4Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina – Universidade Federal de Minas Gerais.
5Unidade de Hepatologia Pediátrica – Instituto da Criança do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da USP.
6Centro Geral de Pediatria - Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (FHEMIG).
7Disciplina de Hemato-Oncologia Infantil do Departamento de Pediatria – Universidade Federal do Paraná.
8Hepatologia Infantil do Hospital da Restauração – Pernambuco.
9Fundação Centro de Hemoterapia e Hematologia do Pará (HEMOPA).
10Serviço de Hematologia do Hospital Evangélico de Londrina – Paraná.
11Departamento de Genética Clínica – Hospital de Clínicas de Porto Alegre – Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
12Serviço de Ortopedia Pediátrica – Hospital Sao Bento – Belo Horizonte – Minas Gerais.
13Serviço de Hematologia e Oncologia do Depto. de Clínica Medica da Fac. de Ciências Médicas da Sta. Casa de São Paulo.
Grupo Brasileiro de Estudos em Doença de Gaucher e outras Doenças de Depósito Lisossômico (GBDDL)
Correspondência para: Ana Maria Martins
Avenida Nove de Julho, 2021/ Apto 133 – Bela Vista – 01313-001 – São Paulo-SP – anamartins.dped@epm.br
Tratamento da doença de Gaucher: um consenso brasileiro
Gaucherdiseasetreatment:abrazilianconsensus
Ana M. Martins1
Clarisse L. Lobo2
Elisa A. P. Sobreira3
Eugenia R. Valadares4
Gilda Porta5
José Semionato Filho6
Mara A. D. Piaonovsky7
Marcelo S. Kerstenetzky8
Maria F. P. Montoril9
Paulo C. Aranda10
Ricardo F. Pires11
Ronald M. V. Mota12
Teresa C. Bortolheiro13
Maria T. M. Paula2
A doença de Gaucher (DG) é um erro inato do metabolismo do grupo
dasdoençaslisossômicasde depósito,sendo amais freqüentedo referi-
do grupo. É de herança autossômica recessiva, portanto com risco de
25% a cada gestação de casal heterozigoto. A doença é resultante da
deficiência da beta-glicosidase ácida ou beta-glicocerebrosidase, que
leva ao acúmulo de glicolipídios nos macrófagos principalmente em
baço, fígado, medula óssea e pulmão. As manifestações clínicas ou
fenotípicas da DG vão depender do grau de deficiência da enzima,
existindo três tipos: Tipo I, forma não neuropática, afeta crianças e
adultos com hepatoesplenomegalia, anemia, trombocitopenia, leuco-
penia e lesões ósseas; Tipo II, forma neuropática aguda, afeta crianças
com4-5 meses comquadro neurológico grave,hepatoesplenomegalia e
comprometimento pulmonar e o Tipo III, forma neuropática crônica,
afeta crianças e adolescentes com quadro neurológico menos grave
queo TipoII eainda podecomprometer fígado,baço eossos. Umgrupo
de catorze médicos com experiência no tratamento da DG com reposi-
ção enzimática realizaram extensa revisão da literatura, confronta-
ramcom os dados evolutivosdos pacientes brasileiros echegaram a um
consenso quanto aos critérios para iniciar o tratamento, a dose da
enzimae freqüência das infusões,do acompanhamento ambulatorial,
laboratoriale radiológico. O GrupoBrasileiro de Estudos emDoença de
Gaucher e outras Doenças de Depósito Lisossômico (GBDDL) tem o
objetivodeestabelecer diretrizes para odiagnostico, tratamento e acom-
panhamentodepacientescom doença de Gaucher no Brasil.Estainicia-
tivapioneira visa uniformizar a conduta nopaís com relação ao trata-
mento de DG com reposição enzimática, tratamento de alto custo po-
rém de grande eficácia. Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95.
Palavras-chave: Doença de Gaucher; doenças de depósito; Brasil.
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1489
90
Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95 Martins AM et al
Introdução
Os erros inatos do metabolismo (EIM) re-
sultam da falta de atividade de uma ou mais
enzimas específicas ou defeitos no transporte
de proteínas, e produzem manifestações em
cada órgão, desde a vida fetal à geriátrica.1,2
A incidência acumulativa internacional dos
EIM é de 1:5000 dos recém-nascidos vivos.3
A doença de Gaucher (DG) é um EIM do
grupo das doenças lisossômicas de depósito,
sendo a mais freqüente do referido grupo.2A
herança da doença é autossômica recessiva,
portanto, existe risco de recorrência de 25% a
cada gestação do casal de heterozigotos, e pode
comprometer filhos de ambos os sexos.1
A DG é resultante da deficiência da beta-
glicosidase ácida ou beta-glicocerebrosidase,
que leva ao acúmulo de glicolipídios nos macró-
fagos, principalmente em baço, fígado, medula
óssea e pulmão. A DG ainda pode manifestar-
se no sistema nervoso central por acúmulo de
metabólitos de glicoesfingolipídios endógenos
no tecido cerebral.4
Os macrófagos repletos das inclusões do
substrato têm à microscopia a aparência de “pa-
pel amassado” e são as chamadas células de
Gaucher, que podem ser encontradas em me-
dula óssea, fígado ou baço.5
O Grupo Brasileiro de Estudos em Doen-
ça de Gaucher e outras Doenças de Depósito
Lisossômico (GBDDL) tem o objetivo de esta-
belecer diretrizes para o diagnóstico, tratamen-
to e acompanhamento de pacientes com doen-
ça de Gaucher e outras doenças de depósito
no Brasil. O grupo surgiu por um interesse em
comum de vários especialistas, é formado por
profissionais de área da saúde com experiên-
cia no diagnóstico e tratamento da doença de
Gaucher. Para participar, deve-se entrar em con-
tato com o grupo já estabelecido através do
Fórum DDL (Doença de Depósito Lisossômico
– www.forum-ddl.com.br). Há reuniões perió-
dicas e disponibilidade de membros do grupo
de visitar e dar assessoria aos serviços interes-
sados. O registro brasileiro já existeeéuma
extensão do “Gaucher Registry”, gerenciado
pelo ICGG (International Colaborative Gaucher
Group) e está em atividade no país através dos
coordenadores Dr. Ricardo Pires e Dra. Elisa
Sobreira. As fichas de registro estão disponí-
veis no site www.gaucherregistry.com
Quadro clínico
As manifestações clínicas ou fenotípicas
da DG vão depender do grau de deficiência da
beta-glicosidase ácida e do acúmulo dos glicoli-
pídios, que são variáveis. Existem três fenótipos
descritos da DG:
Tipo 1 (forma não neuropática): Afeta
crianças e adultos, a idade de início dos sinais
e sintomas é muito variável. A apresentação
clínica típica é hepatomegalia, esplenomegalia
levando a hiperesplenismo com progressiva
anemia, trombocitopenia e leucopenia. O qua-
dro é ainda associado à fadiga, cansaço, pleni-
tude gástrica pós-prandial e retardo de cresci-
mento em crianças. O acúmulo de glicocere-
brosídeo na medula óssea leva à osteopenia,
lesões líticas, fraturas patológicas, dor óssea
crônica, crises ósseas, infarto e osteonecrose. É
descrito também uma maior incidência de tu-
mores ósseos nos pacientes com DG. A pro-
gressão do quadro é, em geral, lenta ou variá-
vel, e a sobrevida pode ser normal, na depen-
dência da gravidade das complicações.6,7,8
OtipoIéomais freqüente, correspon-
dendo a 95 % dos casos de DG, tendo uma
incidência de 1:10.000 a 1:20.000.9-11
Tipo 2 (forma neuropática aguda): Afeta
lactentes com 4-5 meses de idade, comprome-
te cérebro, baço, fígado e pulmão. O quadro
neurológico é grave, com múltiplas convulsões,
hipertonia, apnéia e progressivo retardo men-
tal. A incidência descrita é menor que 1:100.000.
A evolução é rápida, com morte nos primeiros
dois anos de vida, em geral pelo envolvimento
pulmonar.6,10
Tipo 3 (forma neuropática crônica): Afeta
crianças e adolescentes, a idade de início é
variável, mas em geral no pré-escolar. Com-
promete cérebro, baço, fígado e ossos. A evo-
lução do quadro neurológico é variável, mas
menos grave que o do tipo II. A incidência des-
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1490
91
Martins AM et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95
crita é menor que 1:100.000. A sobrevida se dá
até a segunda ou terceira década de vida.6,10
Diagnóstico
A suspeita de DG é clínica e o método
definitivo de diagnóstico é a dosagem enzimá-
tica da atividade da beta-glicosidase ácida.2,7,10
Mais de 150 mutações no ácido desoxirri-
bonucleico (DNA), no cromossomo 1 (1q2.1)
têm sido descritas, porém existem hoje sete
alterações nucleotídeas que respondem pela
maioria dos casos. Embora não exista uma per-
feita correlação entre o genótipo (tipo de mu-
tação) e o fenótipo, pelo menos é possível dis-
tinguir a forma não neuropática da neuropática.
A L444P em estado homozigoto (o paciente
recebeu a mesma mutação ou alelo do pai e da
mãe) está mais associada a sintomas neurológi-
cos precoces, podendo observar-se nos tipos
II e III. O alelo N370S está associado com do-
ença não neuropática.6,7,10 É importante realizar
a pesquisa das mutações nos pacientes, pais e
irmãos, para conhecermos melhor a DG no nos-
so meio, fazer previsões de tratamento e reali-
zar um aconselhamento genético mais seguro.3
Critérios de inclusão para o protocolo de
tratamento com reposição enzimática10-12
1. Diagnóstico confirmado de doença de
Gaucher, pela dosagem da atividade enzimática
da beta-glicosidadese ácida em leucócitos.
2. Portador de doença de Gaucher do tipo
I ou III. Nos pacientes do tipo III, o tratamento
deve ser introduzido precocemente, antes de
quadro neurológico grave estar estabelecido.
Além dos critérios1e2descritos acima,
deve estar presente pelo menos uma das situa-
ções abaixo:
Apresentar evidências clínicas de com-
prometimento hepático ou esplênico ou esple-
nectomia prévia
Apresentar anemia com hemoglobina
abaixo de 2 g/dl dos níveis previstos para sexo
e idade
Apresentar plaquetas abaixo de 100.000
/mm3
Apresentar evidência radiológica de do-
ença óssea (osteopenia, deformidade em fras-
co Erlenmeyer, osteoartrose, osteoesclerose,
osteoporose, fratura patológica, necrose assép-
tica) Apresentar dor óssea ou crises ósseas
Apresentar retardo de crescimento defi-
nido como: crianças com estatura abaixo do per-
centil 3, abaixo do esperado para o potencial
genético da média das alturas dos pais, ou de-
créscimo na velocidade de crescimento.
Apresentar sintomas como dor abdomi-
nal, fadiga, fraqueza ou caquexia e comprome-
timento da qualidade de vida
Comprometimento de outros órgãos (co-
ração, rins e pulmão)
História de irmão/irmã com doença de
Gaucher tipo III com presença de genótipo
idêntico
Tratamento com reposição
enzimática7,10,12-23
Imiglucerase: cada frasco de 200 UI ou
400 UI deve ser reconstituído em 5,1 ml ou
10,2 ml de água destilada respectivamente e
posteriormente diluído em soro fisiológico para
um volume final de 200 ml
Via e freqüência: infusão intravenosa a
cada 14 dias
Dose inicial: de acordo com a classifica-
ção abaixo:
• Crianças e adultos:
– 30 UI/kg de peso corpóreo/por infusão
• Crianças e adultos de alto risco:
– 60 UI/kg de peso corpóreo/por infusão
• Crianças com DG do tipo III
– 120 UI/kg de peso corpóreo/por in-
fusão
Pacientes de alto risco
• Doença óssea em atividade
• Fígado maior do que 2,5 vezes o valor
normal
• Baço maior que 15 vezes o valor normal
• Plaquetas abaixo de 60.000 /mm3ou epi-
sódios de sangramento documentados
• Anemia sintomática ou Hb abaixo ou
igual a 8 g/dL
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1491
92
Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95 Martins AM et al
• Doença hepática grave
• Doença renal grave
• Limitação funcional grave caracterizada
por doença incapacitante
• Qualquer condição clínica concomitante
que possa exacerbar ou complicar a doença de
Gaucher.
A dose inicial em adultos e crianças de
alto risco deve ser mantida por pelo menos 24
meses, garantindo assim melhora eficaz e pre-
venção de complicações graves seguindo sem-
pre o juízo clínico do médico que acompanha
o paciente.24-27
O cuidado deve ser muito mais intenso
quando o paciente é criança e já apresenta com-
prometimento ósseo, mostrando assim a gravi-
dade de seu quadro; este tipo de doente mere-
ce especial atenção para prevenção de com-
plicações mais graves na vida adulta, que po-
dem levar até a limitação incapacitante.7,13,28
Outra peculiaridade da criança é que ela está
em fase de crescimento e o comprometimento
da estatura final é descrito nos casos não trata-
dos ou tratados com subdoses.14,29
Dose de manutenção:
• Diminui-se a dose nas crianças para até
30 UI/kg de peso por infusão caso tenha havi-
do normalização dos critérios de inclusão.
• Diminui-se a dose nos adultos para até
20 UI/kg de peso por infusão caso tenha havi-
do normalização dos critérios de inclusão.
Critério de melhora para diminuição da
dose:
• Normalização de todos os critérios utili-
zados para sua inclusão
• Melhora na qualidade de vida
Acompanhamento clínico e
laboratorial7,10,13
As avaliações abaixo sugeridas devem ser
realizadas em todos os pacientes com DG em
tratamento com reposição enzimática (TRE) ou
não: Monitoramento dos pacientes com his-
tória clínica e exame físico a cada 3/6 meses
Hemograma completo, fosfatase ácida
total, enzimas hepáticas a cada 3/6 meses
Avaliação volumétrica do fígado e baço,
preferencialmente por tomografia computado-
rizada ou ressonância magnética; se não for pos-
sível um destes exames, realizar ultra-sonografia
abdominal a cada 12 meses
Avaliação radiológica do esqueleto e/ou
densitometria óssea a cada 12 meses ou a cri-
tério médico. Pode ser realizada, quando pos-
sível, ressonância magnética ponderada T1e
T2do quadril até os joelhos.
O tratamento dos pacientes portadores de
DG, como em outros erros inatos do metabolis-
mo, deve constar de freqüente atualização da
literatura por parte dos profissionais, pois um
grande número de pesquisas vem sendo reali-
zado no mundo visando à qualidade e eficácia
da terapêutica.15
São inúmeros os problemas emocionais e
sociais que os pacientes portadores de doen-
ças raras enfrentam no seu dia a dia e, por esta
razão, devem receber um acompanhamento
multiprofissional, consistindo além do clínico,
do aconselhamento genético periódico, supor-
tes psicológico, fisioterápico e nutricional.30,31
Registro de dados
Deve existir um registro,13,31 como vem
sendo realizado em outros países, com o nome
do médico responsável, de todos os pacientes
portadores de DG, em TRE ou não, porque só
desta forma poderemos conhecer a evolução
de nossos pacientes com ou sem o tratamento
e, a partir destes dados, modificar ou não pro-
tocolos de tratamento e acompanhamento de
acordo com a experiência brasileira.
Comentários adicionais
Quando se trabalha com doenças indivi-
dualmente raras, como são os erros inatos do
metabolismo, devemos sempre buscar o conhe-
cimento básico em textos clássicos, que serão
o início da trilha que nos levará a um melhor
conhecimento da doença.17,18 A literatura cien-
tífica é unânime em reconhecer os benefícios
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1492
93
Martins AM et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95
da TRE nos pacientes portadores de DG,19,32-36
porém existem controvérsias quanto à dose da
enzima recombinante a ser utilizada.20,22,23,25,37-
40 Devido ao custo da enzima, existem inúme-
ros trabalhos tentando mostrar efeitos similares
com baixas doses, porém há falta de rigor nes-
ses relatos, que não separam pacientes graves
de leves, adultos de crianças e até colocam no
estudo portadores de DG que nem têm indica-
ção de fazer a TRE.19-23,32-40 O uso da TRE com
baixas doses em pacientes com DG do tipo I
tem levado ao aparecimento de graves compli-
cações ósseas nos mesmos.41
No futuro, a partir do maior conhecimento
dos pacientes de cada região do mundo e dos
efeitos da TRE a longo prazo, a dose poderá
ser racionalmente individualizada, levando em
conta as necessidades do paciente.
O mais importante é que, ao decidir sobre
o tratamento e acompanhamento do paciente
com DG, o médico avalie os dados disponíveis
na literatura e os resultados da sua experiên-
cia, pesando as vantagens e desvantagens para
a saúde do paciente, mesmo tendo consciência
do alto custo da medicação.
Novas tentativas terapêuticas estão sendo
estudadas42 e é importante que elas sejam incre-
mentadas, para que no futuro nenhum paciente
seja privado de ter uma melhora tão fantástica na
qualidade da sua vida, como a que temos obser-
vado em nossos pacientes com DG que recebem
a TRE, e isto realmente não tem preço.
O Consenso Brasileiro do Tratamento da
Doença de Gaucher deverá ser revisto em 2-3
anos, quando teremos maior experiência ad-
quirida com o acompanhamento dos nossos
pacientes ou quando surgirem novidades na li-
teratura científica quanto à terapêutica da DG
que possa beneficiar nossos pacientes.
Abstract
Gaucher disease is one of the inborn errors of
metabolism from lysossomal storage diseases and the
mostfrequentof this group. Itiss an autosomal recessive
disease with reoccurrence risk of 25% in each
pregnancyof hetrozygotes parents. The disease results
from an b-glucosidase acid or b-glucocerebrosidase
deficiency leading to accumulation of glucolipids
mainly in the spleen, liver, bone marrow, and lung
macrophages.The clinical manifestations of Gaucher
disease depend on the enzyme deficiency level. There
are three types of the disease, namely, Type I,
corresponding to a non-neuropathic form affecting
both adults and children with hepatosplenomegaly,
anemia, thrombocytopenia, leukopenia, and bone
lesions;Type II, corresponding toan acute neuropathic
form affecting 4- to 5-month-old babies with a severe
neurologicalcondition,hepatosplenomegaly, and lung
damage; Type III, corresponding to a chronic
neuropathic formaffecting both childrenand teenagers
with less severe neurological conditions than Type II,
besides being able to cause damage to liver, spleen
andbones. A group of fourteen physicians experienced
in treating Gaucher disease by enzyme replacement
therapy has performed an extensive literature review
on the subject and compared data of the evolution of
Brazilian patients, having reached a consensus as
regards the criteria to start treatment, the enzyme do-
ses and frequency of infusions, as well as medical
evaluationsandlaboratoryandradiologicalmonitoring.
Thepurposeofthis pioneering initiative is to standardize
the conduct within the country, of Gaucher disease
treatmentusing enzyme replacement therapy,which is
anexpensive treatment but withan expressive efficacy.
Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95.
Keywords: Gaucher disease; deposit disease;Brazil.
Referências Bibliográficas
1. Martins AM. Inborn Errors of Metabolism: a clinical
purview. São Paulo Medical Journal/Rev Paul Med
1999;117(6): 251-65.
2. Scriver CR. Foreword IN: Blau N, Duran M, Blaskovics
ME. Physician’s Guide to the Laboratory Diagnosis of
Metabolic Diseases. 3rd ed. Great Britain 1996.
3. Wilcox WR. Inborn Errors of Metabolism. Online
Copyright (C) 1995 World Wide Web URL: http://
www.neonatology.org/syllabus/iem.01.html
4. Cox TM. Gaucher disease: understanding the molecular
pathogenesis of sphingolipidoses. J Inherit Metab Dis
2001;24 (Suppl. 2):106-12.
5. MacElwee M, Tanuos H, Rogers S, Macariola Jr DR,
Staat, MA, Brady RC. Index of suspicion. Pediatr Rev
2001;22(11):388-93.
6. Barranger JA, O’Rourke E. Lessons learned from the
development of enzyme therapy for Gaucher disease.
J Inherit Metab Dis 2001;24 (Suppl. 2): 89-96.
7. Charrow J, Esplin JA, Gribble TJ, Kaplan P, Kolodny EH,
Pastores GM et al. Gaucher Disease: recommendations
on Diagnosis, Evaluation, and monitoring. Arch Intern
Med 1998;158(14):1.754-1.760.
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1493
94
Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95 Martins AM et al
8. Böhm P, Kunz, W, Horny, H-P, Einsele. Adult Gaucher
disease in association with primary malignant bone
tumors. Cancer 2001;91:457-462.
9. Altarescu G, Schiffmann R, Parker CC, Moore DF, Kreps
C, Brady RO et al. Comparative efficacy of dose regimens
in enzyme replacement therapy of Type I Gaucher
disease. Blood Cells Mol Dis 2000;26(4):285-290.
10. Grabowski GA, Leslie N and Wenstrup R. Enzyme
therapy for Gaucher disease: the first 5 years. Blood
Rev 1998;12(2):115-133.
11. NIH Technology Assessment: Panel on Gaucher Disease
Current issues in diagnosis and treatment. JAMA
1996;275:548-553.
12. Vellodi A, Bembi B, De Villemeur TB, Collin-Husted T,
Erikson A, Mengel E et al. Management of neuropathic
Gaucher disease: A European consensus. J Inherited
Metab Dis 2001;24:319-327.
13. Charrow J, Andersson HC, Kaplan P, Kolodny EH,
Mistry P, Pastores G et al. The Gaucher Registry:
demographics and disease characteristics of 1698
patients with Gaucher disease. Arch Intern Med.
2000;160(9):2.835-2.843.
14. Kaplan P, Mazur A, Manor O, Charrow J, Espplin J,
Grible TJ et al. Acceleration of retarded growth in
children with Gaucher disease after treatment with
alglucerase. J Pediatr 1996;129:149-153.
15. Hollak CEM, Maas M, Aerts JM. Clinically relevant
therapeutic endpoints in type I Gaucher disease. J Inherit
Metab Dis 2001;24 (Suppl. 2)97-105.
16. Sibille A, Eng CM, Kim SJ, Pastores G, Grabowski GA.
Phenotype/genotype correlations in Gaucher disease
Type I: clinical and therapeutic implications. Am J Hum
Genet 1993;52:1.094-1.101.
17. Beutler E, Grabowski. Gaucher Disease. IN: Scriver CR,
Beaudet AL, Sly WS, Valle D. The Metabolics and
Molecular Basis of Inherited Disease, 8th ed., Vol. III.
3.665 -3.668. New York: McGraw-Hill Publishing
Company. 2001.
18. Online Mendelian Inheritance in Man, OMIM ™. Center
for Medical Genetics, Johns Hopkins University
(Baltimore, MD) and National Center for Biotechnology
Information, National Library of Medicine (Bethesda,
MD), 1997. #230800 Gaucher Disease, Type I World
Wide Web URL:http://www.ncbi.nlm.nih.gov/omim/
19. Grabowski GA, Barton NW, Pastores G, Dambrosia JM,
Banerjee TK, McKee MA et al. Enzyme therapy in Type
1 Gaucher disease: Comparative efficacy of mannose-
terminated glucocerebrosidase from natural and
recombinant sources. Ann Intern Med 1995;122:33-39.
20. Pastores GM, Sibille AR, Grabowski GA. Enzyme Therapy
in Gaucher disease Type 1: Dosage efficacy and adverse
effects in 33 patients treated for 6 to 24 months. Blood
1993;82:408-416.
21. Moscicki RA, Taunton-Rigby A. Treatment of Gaucher
disease - Series of letters. N Engl J Med 1993; 328:1.564-
1.568.
22. Hollak AEM, Corssmit EPM, Aerts JMFG, Endert E,
Sauerwein P, Romijn JA et al. Differential effects of
enzyme supplementation therapy on manifestations
of Type 1 Gaucher disease. Am J Med 1997;103:185-
191.
23. Ida H, Rennert OM, Kobayashi M, Eto Y. Effects of
enzyme replacement therapy in thirteen Japanese
pediatric patients with Gaucher disease. Eur J Ped 2001;
160:21-25.
24. Rosenthal DI, Doppelt SH, Mankin HJ, Dambrosia JM,
Xavier Rj, McKusick KA et al. Enzyme replacement
therapy for Gaucher Disease: skeletal responses to
macrophage-targeted glucocerebrosidase. Pediatrics
1995;96(4):629-637.
25. Hermann G, Pastores GM, Abdelwahab LF, Lorberboym
Am. Gaucher disease: assessment of skeletal
involvement and therapeutic responses to enzyme
replacement. Skeletal Radiol 1997; 26:687-696.
26. Rodrigue SW, Rosenthal DI, Barton NW, Zarakowiski
D, Mankin HJ. Risk factors for osteonecrosis in patients
with type 1 Gaucher’s Disease. Clin Orthop Rel Res
1998;362:201-207.
27. Ida H, Renert OM, Kato S, Ueda T, Oishi K, Maekawa,
K, Ero Y. Severe skeletal complications in Japanese
patients with Type 1 Gaucher disease. J Inherited Metab
Dis 1999;22:63-73.
28. Ashkenazi A, Zairov R, Matoth Y. Effect of splenectomy
on destructive bone changes in children with chronic
(Type I) Gaucher disease. Eur J Pediatr 1986;145:138-
141.
29. Kauli R, Zaizov R, Lazar L, Pertzelan A, Laron Z, Ma
AG et al. Delayed growth and puberty in patients with
Gaucher Disease Type 1: natural history and effect of
splenectomy and/or enzyme replacement therapy. Isr
Med Assoc J 2000;2:158-163.
30. Martins AM, D’Almeida V, Tavares FM, Oliveira RB,
Macedo DM*, Aoki M et al. Características de um am-
bulatório geral de doenças metabólicas hereditárias.
Artigo eletrônico, 1(4) - Online 1999 - World Wide Web
URL: http://www.brazilpednews.org.br
31. Giraldo P, Pocovi M, Perz-Calvo JI, Rubio-Felix D and
Giralt M. Report of the Spanish Gaucher’s Disease
registry: clinical and genetic characteristics. Hematologica
2000;85(8):792-799.
32. Barton NW, Furbish FS, Murray GJ, Garfield M, O’Brady
R. Therapeutic response to intravenous infusions in a
patient with Gaucher disease. Proc Natl Acad Sci 1990
87:1.913-1.916.
33. Beutler E, Kay A, Saven A, Garver P, Thurston D, Dawson
A, Rosenbloom B. Enzyme replacement for Gaucher
disease. Blood 1991;78:1.183-1.189.
34. Parker RI, Barton NW, Read EJ, O’Brady R. Hematologic
improvement in a patient with Gaucher disease on long
term enzyme replacement therapy: evidence for
decreased splenic sequestration and improved red
blood cell survival. Amer J Hematol 1991;38:130-137.
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1494
95
Martins AM et al Rev. bras. hematol. hemoter. 2003;25(2):89-95
35. Barton NW, Brady, RO, Dambrosia J, Di Bisceglie AM,
Doppelt, SH hill SC et al. Replacement therapy for
inherited enzyme deficiency - macrophage-targeted
glucocerebrosidase for Gaucher’s disease. N Engl J Med
1991;324:1.464-170.
36. Beutler E. Gaucher disease: New molecular Approaches
to diagnosis and treatment. Science. 1992 256:794-799.
37. Figueroa ML, Rosenbloom BE, Kay AC, Garver P,
Thurston DW, Koziol JA et al. A less costly regimen of
alglucerase to treat Gaucher’s disease. N Engl J Med
1992;327:1.632-1.636.
38. Beutler E, Demina A, Laubscher K, Garver P, Gelbart T,
Balicki D et al. The clinically course of treated and
untreated Gaucher disease. A study of 45 patients.
Blood Cells Mol Dis 1995;21:86-108.
39. Zimran A, Elstein D, Kannai, R Zevin S, Hadas-Halpern,
Levy-Lahad, E. Low dose enzyme replacement therapy
for Gaucher’s disease: effects of age, sex, genotype,
and clinical features on responses to treatment. Amer J
Med 1994;97:3-13.
40. Elstein D, Hadas-Halpern I, Itzchaki M, Lahad A,
abrahamov A and Zimran A. Effect of low dose enzyme
replacement therapy on bones in Gaucher disease
patients with severe skeletal involvement. Blood Cells
Mol Dis 1996;22:104-111.
41. Desnick RJ. Personal Communication, Feb 2002.
42. Cox T, Lachman R, Hollak C et al. Novel oral treatment
of Gaucher’s disease with N-butydeoxynojirimycin
(OGT 918) to decrease substrate biosynthesis. Lancet
2000;355(9214):1.481-1.485.
Recebido:20/07/02
Aceito:15/12/02
Tratamento da Doença de Gaucher.p65 02/07/2003, 20:1495
... Gaucher disease (GD) was the first reported lysosomal storage disease and is the most common type of lipidosis. It is caused by hereditary deficiency of the lysosomal enzyme glucocerebrosidase (or beta-glucosidase), which hydrolyzes glucosylceramide (glucocerebroside) into glucose and ceramide (1,2) . The accumulation of glucocerebroside in the bone marrow leads to osteopenia, lytic lesions, pathological fractures, chronic bone pain, bone crises, and infarcts (3,4) . ...
... GD is an autosomal recessive disease, affecting both genders equally. Some studies have shown a slight predominance in females (2) , similar to that observed in our study, in which 55.4% of the patients were women. In addition, the mean age of our patients was 38.2 years (range, 17-70 years), similar to the 34.7 years (range, 1-90 years) reported in the "The Gaucher Registry", a multicenter study conducted in 2000 (25) . ...
Article
Full-text available
Objective: To investigate the correlations among the extent of bone involvement, splenic volume, and quality of life in patients with Gaucher disease. Materials and Methods: This was a descriptive, prospective cross-sectional study of 18 patients with Gaucher disease who underwent 3-T magnetic resonance imaging of both femurs and the lumbar spine. Semiquantitative analyses were performed on the basis of the bone marrow burden (BMB) score. We looked for linear relationships among the variables splenic volume, quality of life score, and BMB score. Results: We identified a linear relationship between the BMB scores and splenic volume. The quality of life score showed no statistically significant relationship with splenic volume or the BMB score. Conclusion: The linear relationship between the BMB score and the splenic volume indicates that the extent of bone disease is greater in individuals with splenomegaly. No correlation was found between the BMB and quality of life scores, illustrating the insidious and silent progression of Gaucher disease.
... O tipo III, forma neuropática subaguda ou forma juvenil neuropática, é intermediária entre os tipos I e II e tem início na infância, com sintomas mais característicos que o Tipo I somada ao envolvimento neurológico do Tipo II. O comprometimento neurológico do sistema nervoso central é de evolução lenta e progressiva e geralmente se inicia entre a adolescência e fase adulta, com expectativa de vida que varia entre a segunda e quarta década de vida 7,9,10,12 . No tipo III o comprometimento do baço, fígado e ossos são comparáveis ao tipo I, porém mais graves. ...
... No paciente com DG tipo II observa-se o envolvimento pulmonar que é uma característica marcante, pois leva à morte nos primeiros dois anos de vida, o que vem de encontro, em parte, com o relato apresentado, pois o paciente fez uso de respirador mecânico e medicação para as doenças do trato respiratório, mas a idade do nosso paciente supera a media da expectativa de vida, o que leva ao questionamento se foi a TRE e/ou as medidas paliativas que prolongaram sua expectativa de vida 9 . ...
Article
Full-text available
A Doença de Gaucher (DG) é uma doença de depósito lisossômico com origem genética de herança autossômica recessiva. São descritos três principais tipos de DG: Tipo I ou não neuropática, Tipo II ou neuropática aguda e Tipo III ou neuropática subaguda ou forma juvenil neuropática. O objetivo deste trabalho é descrever as características clínicas da DG e a realização do tratamento odontológico em um paciente hospitalizado com esta patologia. Paciente LFS, de 3 anos, gênero masculino internado no Pronto Socorro da Criança (PSC) Zona Sul, com diagnóstico de DG Tipo II. No exame físico foi observado hepatoesplenomegalia, traqueostomia, retardo no crescimento e atraso mental. No exame intraoral verificou-se higiene bucal deficiente com cáries nos elementos 51, 52, 61, 62, 74, 75, 84 e 85. Como o paciente encontrava-se internado e os focos infecciosos odontológicos poderiam estar influenciando na saúde geral do paciente os procedimentos foram realizados sob anestesia geral no centro cirúrgico. Os elementos 52, 51, 61, 62 e 84 foram extraídos e os outros elementos foram restaurados pela técnica do ART. Cabe ao cirurgião-dentista integrar-se a equipe multidisciplinar hospitalar envolvida no tratamento destes, conhecer a patologia e proporcionar além de saúde bucal a melhoria da saúde geral do paciente hospitalizado com DG.Descritores: Doença de Gaucher; Pessoas com Deficiência; Unidade Hospitalar de Odontologia.
... 6 Type 3 GD patients have a slow evolving neurologic disease and usually present with seizures, eye movement abnormalities and mild systemic involvement with mean survival being to the third decade of life. 7 The treatment of GD is based on enzyme replacement therapy (ERT), initially by alglucerase, 8 but this was widely substituted by its therapeutic equivalent, imiglucerase. 9 Accordingly to Brazilian Ministry of Health, there were 610 ERT-dependent patients in the country in 2010. ...
... The mean dose administered was slightly higher than the dose recommended by the Brazilian Consensus for the treatment of GD (32.88 IU/kg versus 30.0 IU/kg). 7 This small difference is due to the fact that the dose registered in patients' records was the total amount and the division in respect to the patients' weight frequently did not result in an exact value. Furthermore, individual variations observed in Table 1 reflect: 1 -the levels of the severity of the disease that require higher or lower doses, as explained by Goker-Alpan; 16 2 -the need of new adjustments to the dose due to a dramatic reduction in the stock of imiglucerase after a viral infection that occurred in 2009; 17 3 -the retake of the doses recommended by the Therapeutic Guidelines for GD of the Brazilian Ministry of Health, 18 after the stock was replenished. ...
Article
Full-text available
Objective To evaluate the impact of enzyme replacement therapy for Gaucher Disease on clinical and laboratory parameters after two, five and ten years of treatment. Methods Data were collected from patient records and analyzed using BioEstat software (version 5.0). Student's t-test, Analysis of Variance (ANOVA), Wilcoxon test and Kruskal–Wallis test were used for statistical analysis. Hepatomegaly and splenomegaly were analyzed using the Kappa test. Results There was a significant increase in hemoglobin levels (p-value <0.01) and platelet counts (p-value = 0.01) within two years of therapy. At the same time, the frequencies of splenomegaly (p-value <0.01) and hepatomegaly (p-value <0.05) reduced. These results were similar at five and ten years of enzyme replacement therapy. Conclusions There are substantial and quick (within two years) laboratory and clinical responses to enzyme replacement therapy. These improvements continue as long as enzyme replacement therapy is administered every two weeks, as recommended by the literature.
... Doença de Gaucher (DG) é a principal doença de deposição lisossômica, ocorre devido a deficiência da enzima glicocerebrosidase (β-glicosidase ácida) e a deposição das células de gaucher nos tecidos e órgãos. É uma doença genética de caráter recessivo autossômico, classicamente dividida em três tipos: tipo 1 não neuropática ou do adulto, tipo 2 neuropática aguda, e tipo 3 neuropática subaguda, as duas últimas sendo tratadas como infanto-juvenis (CAMELO; DRAGOSKY; DRELICHMAN, 2016;MARTINS et al., 2003). ...
... À microscopia óptica, são observadas inclusões em aspecto de "papel de amassado", tendo como sinonímia as células de Gaucher. 7 Clinicamente apresenta três fenótipos: 7 • Tipo 1 ou forma não neuropática: representa 95% dos casos, com incidência entre 1:10.000 e 1:20.000. Não apresenta idade específica para início dos seguintes achados clínicos: hepatomegalia, trombocitopenia, leucopenia e esplenomegalia, cursando com hiperesplenismo, progredindo para anemia; • Tipo 2 ou neuropática aguda: apresenta baixa incidência, de 1:100.000, ...
Article
Full-text available
Contexto: A doença de Gaucher (DG) é uma doença lisossômica de depósito, presente com maior prevalência entre judeus asquenazes, e está relacionada à mutação N370S. Apresenta-se clinicamente de três formas: não neuropática ou tipo 1, mais prevalente e com bom prognóstico; neuropática aguda ou tipo 2; neuropática crônica ou tipo 3. No tratamento, emprega-se o imiglucerase, um repositor enzimático. Descrição do caso: Paciente com 20 anos, primigesta, nulípara, com 36 semanas de idade gestacional, diagnosticada com DG tipo I aos oito anos, foi internada para acompanhamento de sua afecção de base, controle da pré-eclâmpsia e infecção do trato urinário. Devido à variação dos índices hematimétricos, foi induzido o parto com 37 semanas e 2 dias. O recém-nascido não apresentou quaisquer distúrbios e seguiu em alojamento conjunto. Discussão: Observou-se a necessidade de controle clínico ativo, mesmo com a paciente em uso regular do imiglucerase, evitando repercussões graves para o binômio materno-fetal. Conclusões: Salienta-se a necessidade de controle hematológico ativo, via de parto conforme indicação obstétrica, seja via alta ou baixa, e níveis plaquetários superiores a 50.000/mm³.
... These values are determined by laboratory tests or by skin biopsy. 4,9 A bone marrow biopsy is widely used to identify Gaucher cells, however, it is not pathognomonic and it can often lead to wrong diagnoses such as chronic myeloid leukemia, myeloblastic leukemia, Niemann-Pick disease, Hodgkin's disease and non-Hodgkin nodular lymphoma. 7 GD is transmitted by autosomal recessive inheritance defined by mutations in the beta-glucosidase (GBA) gene that is responsible for encoding the glucocerebrosidase enzyme. ...
Article
Full-text available
Background Gaucher disease is an inborn, autosomal recessive error of the metabolism which belongs to the group of lysosomal storage disorders. Objective This work reports on the treatment of Gaucher disease in several members of the same family from the countryside of Maranhão. Methods This was an observational, retrospective and prospective, descriptive case study about the efficacy of enzyme replacement therapy. Results The results showed that women were more affected (80% of patients) by the disease, age at diagnosis ranged from 24 to 33 years, the predominant ethnicity was mulatto (80%) and all cases were classified as type 1. The diagnosis of these patients was performed by measuring the levels of glucocerebrosidase and chitotriosidase enzymes and confirmed by genotyping. All patients suffering from Gaucher disease had low glucocerebrosidase levels. Before replacement therapy, hepatosplenomegaly was the most common clinical manifestation (100%) and osteopenia was seen in 80% of the cases. Regarding hematological manifestations, anemia and leukopenia were found in 40% of patients at diagnosis; however the hemoglobin and leukocyte levels were normalized after four years of therapy. Thrombocytopenia, observed in 20% of cases, was normalized after the second year of treatment. Conclusion In these cases, despite gaps in the treatment as the family resides in the rural region of the state, the patients with Gaucher disease showed satisfactory therapeutic response over time.
... Grupos foram formados com características distintas, mas com o objetivo consensual de padronizar abordagens e o tratamento, no País, das diversas doenças hematológicas. As páginas da RBHH, já espelharam no passado inúmeras contribuições com esta característica, 3,4 sendo o exemplo mais fiel o recente fascículo de número 4 do volume 27 de 2005, no qual manuscritos de vários hematologistas reconhecidos no País particularizaram de forma didática os vários aspectos e nuances da leucemia linfóide crônica. 5 Concluindo com este fascículo sobre Síndrome Mielodisplásica, que se caracteriza por uma grande heterogeneidade de moléstias clonais em seus vários aspectos, a RBHH cumpre o seu papel de educação, discussão e divulgação da hematologia brasileira. ...
Article
Full-text available
Introdução: A doença de Gaucher (DG) é uma doença genética rara, provocada pelo défice ou diminuição da actividade da enzima lisossómica glucocerebrosidase. Manifesta-se com hepatoesplenomegalia, doença óssea, citopenias e manifestações neurológicas. O prognóstico depende do diagnóstico precoce e do início atempado da terapêutica. Métodos: Realizou-se um estudo retrospectivo e longitudinal, com o objectivo de caracterizar a população de doentes com DG e entender o impacto do tratamento na progressão da doença. Colheu-se informação clínica dos processos dos doentes com DG seguidos em 2019 em consulta de Medicina Interna e sob tratamento enzimático de substituição (TSE). Resultados: Obteve-se uma amostra de 5 doentes com DG do tipo 1 , do sexo feminino e com idade ao diagnóstico entre 6 e 35 anos. Em 3 doentes o diagnóstico foi histológico e em 2 enzimático. Todos se encontravam medicados com TSE (4 imiglucerase, 1 velaglucerase), sendo que 3 estiveram medicados previamente com alglucerase. A idade de início de TSE variou entre 26 e 52 anos. Previamente à TSE, 80% apresentava trombocitopenia, 100% anemia, 40% esplenomegalia (os restantes 60% foram previamente esplenectomizados), 100% hepatomegalia e 80% dor óssea. Aos 6 meses de tratamento, verificou-se redução do volume do baço e fígado, melhoria da anemia e trombocitopenia e redução de dor óssea. Verificou-se ainda redução dos níveis de 13-D-quitotriosidase e fosfatase ácida resistente ao tártaro. Discussão/Conclusão: A TSE é efectiva na redução das citopenias e do volume hepático e esplénico nos doentes com DG, melhorando a sua qualidade de vida.
Article
Full-text available
Objective: Identify the signs and symptoms of patients with Gaucher Disease, inferring possible priority nursing diagnoses. Method: Cross-sectional study, developed in a specialized laboratory, between 2013 and 2015. The sample (n = 91) comprised the records of patients with genetic diagnosis for Gaucher Disease. The study respected research norms. Results: Prevalence of female sex (57.1%), age at diagnosis between 0 and 10 years, and origin from the Southeast Region of Brazil were prevalent. Hematologic changes, bone pain, hepatomegaly, splenomegaly, and fatigue were the most recurrent signs and symptoms. The inferred diagnoses for the studied population were: Risk for bleeding; Fatigue; Chronic pain and Acute pain; Impaired physical mobility; Imbalanced nutrition: less than body requirements; and Risk for Developmental Delay. Conclusion: The establishment of Priority Nursing Diagnoses based on signs and symptoms makes it possible to achieve expected outcomes for each individual in the care context.
Article
Full-text available
Os autores apresentam uma breve revisão temática à luz de um caso de uma doente de 47 anos de idade que foi internada para estudo de um quadro arrastado de astenia, enfartamento pós-prandial, emagrecimento e edema do membro inferior esquerdo associado a volumosa esplenomegalia e à qual se diagnosticou Doença de Gaucher (DG). GAUCHER DISEASE A Case Report We describe, with a brief thematic review, the case of a 47-year-old woman that was hospitalized to study a clinical picture caracterized by massive splenomegaly with asthenia, postprandial fullness, weight loss and edema in the left lower extremity, in which Gaucher disease was diagnosed. 176 L. P. TRINDADE E SILVA et al INTRODUÇÃO Descrita pela primeira vez em 1882 por Phillippe Gaucher, quando ainda era estudante, a entidade com o seu epónimo é uma patologia rara – menos de 100 casos registados em Portugal – pertencente ao grupo de doen-ças lisossomais de sobrecarga, devido à deficiência da enzima glicocerebrosidase que leva à acumulação de glicocerebrósido no interior dos lisossomas do sistema retículo-endotelial (SRE) com a consequente falência dos órgãos alvo. Clinicamente heterogénea e classificada em três subtipos, o seu prognóstico pode variar de benigno a extremamente grave consoante o subtipo de apresentação. CASO CLÍNICO Doente do sexo feminino de 47 anos de idade, caucasi-ana, enviada ao Serviço de Urgências para esclarecimento de hepato-esplenomegalia (baço com 22 cm e nódulos sólidos) e anemia macrocítica (Hb 9,7 g/dL; VCM 99,9 fL), no seguimento de um quadro de três meses de evolução consistente em astenia, anorexia, enfartamento pós--prandial, emagrecimento não quantificado e edema dos membros inferiores, sobretudo o esquerdo. Dos antecedentes pessoais destacava-se o facto de estar em contacto com gatos e ter engravidado duas ve-zes com um parto eutócico e, o outro, um abortamento espontâneo. Nos antecedentes familiares apenas é de sa-lientar o facto dos pais serem primos em primeiro grau. Na revisão por sistemas a doente referiu ainda diafore-se diurna e nocturna bem como equimoses espontâneas recorrentes. Ao exame objectivo, e como dados positivos, encon-trou-se adenomegalias axilares e inguinais móveis, indolores, de cerca de 1 cm de diâmetro, hepato--esplenomegalia volumosa e dolorosa à palpação profun-da do abdómen e edema dos membros inferiores, sobretu-do o esquerdo, com sinal de Godet positivo. Analiticamente verificou-se imunidade para o CMV e VHB e pancitopenia com a série eritróide apresentando pontuado basófilo, anisocitose com macrocitose e poiquilocitose, e a série plaquetar com plaquetas grandes e algumas gigantes (quadro I). O medulograma revelou uma medula normocelular com alguns fragmentos hipercelulares, displasia sobretudo em linhas mielóide e eritróide, ninhos de eritroblastos, e raros grânulos de fer-ro no eritrão e abundante no SRE. A TAC tóraco-abdomi-nal mostrou hepatomegalia homogénea sem alterações do parênquima e volumosa esplenomegalia com estrutura heterogénea. Outros exames realizados foram normais, nomeadamen-te, estudo fenotípico de medula óssea e citogenético, ionograma, função hepática, função renal, proteínas, imu-noglobulinas, cadeias leves, marcadores tumorais, PCR, serologias para sífilis, brucelose, salmoneloses, toxoplas-mose, hepatite C e HIVs. Posteriormente, a biopsia óssea mostrou ocupação de múltiplos espaços medulares por células histiocitárias com citoplasma muito amplo em papel amarrotado contendo núcleo ovalado discretamente irregular, cujas característi-cas histomorfológicas indicavam doença de armazenamen-to, provavelmente Doença de Gaucher (DG). Esta orientação diagnóstica foi posteriormente corro-borada pela enzimologia que mostrou défice de glucoce-rebrosidase tanto nos leucócitos como nos fibroblastos (quadro II).
Article
Full-text available
Four patients with moderately severe type I Gaucher disease were treated with commercially available mannose terminated glucocerebrosidase (Ceredase; Genzyme, Boston, MA) for up to 13 months. The enzyme was administered at the rate of three to four times weekly at one fourth the total recommended dosage, greatly decreasing the cost. Marked regression of hepatomegaly and improvement in liver function tests, peripheral blood counts, and serum angiotensin-converting enzyme levels were documented. The two patients with pulmonary involvement manifested improvement in pulmonary function tests. Skeletal disease remained unchanged.
Article
Full-text available
Gaucher's disease, the most prevalent of the sphingolipid storage disorders, is caused by a deficiency of the enzyme glucocerebrosidase (glucosylceramidase). Enzyme replacement was proposed as a therapeutic strategy for this disorder in 1966. To assess the clinical effectiveness of this approach, we infused macrophage-targeted human placental glucocerebrosidase (60 IU per kilogram of body weight every 2 weeks for 9 to 12 months) into 12 patients with type 1 Gaucher's disease who had intact spleens. The frequency of infusions was increased to once a week in two patients (children) during part of the trial because they had clinically aggressive disease. The hemoglobin concentration increased in all 12 patients, and the platelet count in 7. Serum acid phosphatase activity decreased in 10 patients during the trial, and the plasma glucocerebroside level in 9. Splenic volume decreased in all patients after six months of treatment, and hepatic volume in five. Early signs of skeletal improvements were seen in three patients. The enzyme infusions were well tolerated, and no antibody to the exogenous enzyme developed. Intravenous administration of macrophage-targeted glucocerebrosidase produces objective clinical improvement in patients with type 1 Gaucher's disease. The hematologic and visceral responses to enzyme replacement develop more rapidly than the skeletal response.
Article
This study investigated 51 patients with Type 1 Gaucher's disease clinically and radiographically for the presence of osteonecrosis. Twenty-five female and 26 male patients with a mean age of 37 years were evaluated retrospectively for osteonecrosis of the proximal and distal femur, proximal tibia, and proximal humerus. All patients were examined before enzyme replacement therapy. Gender, age at diagnosis, prior splenectomy, hematocrit, platelet count, acid phosphatase level, radiographs of the long bones, and magnetic resonance quantitative chemical shift imaging of the spine were analyzed to see if any of these values or findings were associated with the presence of osteonecrosis. Splenectomy was an independent risk factor for the presence of osteonecrosis in three of the four major sites and was a multivariate risk factor for osteonecrosis of the proximal femur and tibia. Male gender was the other significant multivariate risk factor for osteonecrosis of the humerus and distal femur when all sites were taken into account.
Article
Although alglucerase therapy has become the treatment of choice for symptomatic patients with Gaucher's disease, the low-dose/high-frequency regimen introduced as a means to reduce the high cost of treatment has raised major controversy. We evaluated the efficacy and safety of low-dose alglucerase in 29 patients with Gaucher's disease who completed 6 to 28 months of therapy. All received intravenous alglucerase at a monthly dose of 30 units/kg, given usually in equal doses 3 times a week. All patients responded well to treatment. The hematological improvement and the reduction in organomegaly were satisfactory. No correlation was found between age, sex, genotype, previous splenectomy, or severity score index and the response to treatment. Patients with a greater degree of hepatomegaly tended to have a more pronounced decrease in liver size, although this reduction did not reach statistical significance. We confirmed that a low-dose/high-frequency regimen of alglucerase was as effective as a high-dose/low-frequency protocol in the treatment of Gaucher's disease, even in the severely ill. Whenever cost is an issue, we recommend using this low-dose regimen.
Article
Objectives: The incidence and severity of growth retardation in children with type 1 Gaucher disease and the response to enzyme replacement therapy with alglucerase were studied. Study design: A retrospective analysis of growth in 99 children and adolescents with type 1 Gaucher disease before treatment, and in 54 of those subjects during treatment, was done. Growth was compared with gender, age, and dosage of replacement enzyme. Results: Linear growth was normal in the first 1 to 2 years of life and then decelerated. Height was at or below the 5th percentile in 50% of all subjects immediately before treatment. The mean z score was -1.49 (95% confidence interval, -1.83 to -1.16), corresponding to the 6.8th percentile for height. Seventy-two percent were below the 50th percentile and 50% were at or below the 5th percentile for mid-parental height (p <0.001). One and one-half years after treatment was started, the estimated mean z score for all subjects was -1.01, which corresponds to the 16th percentile for height. Normal growth was achieved within 4 to 30 months in eight of nine subjects who were at or below the 5th percentile. It occurred only in those receiving higher doses (60 to 120 U/kg per 4-week period) of alglucerase. There was a significant association between z scores for height before treatment and liver enlargement (r= 0.57; p < 0.01). Conclusions: Half of the subjects who manifest type 1 Gaucher disease in childhood have growth retardation. Treatment with adequate amounts of modified enzyme replacement was effective in normalizing linear growth.
Article
Alglucerase (Ceredase) provides effective enzyme-replacement treatment for patients with Gaucher's disease, but at the usually recommended dose of 60 U per kilogram of body weight every two weeks (130 U per kilogram per month), it costs 382,200peryearfora70kgpatient.Theoreticalconsiderationssuggestthatmorefrequentadministrationwouldbemoreefficient.Fourteenpatientswithtype1Gauchersdiseasethatwasmoderatelyseveretosevereweregiven30Uofalgluceraseperkilogrampermonth,individeddosesgiveneitherdailyorthreetimesweekly,or120Ugiventhreetimesweekly.Theeffectofthetreatmentonthesizeoftheliverandspleenandonbloodcountswascomparedwithpublisheddataonpatientswhoreceivedatotaldosefourtofivetimesaslargeasthelowerdoseweusedandwhoreceivedtreatmenteverytwoweeks.Theresponseto30Uofalgluceraseperkilogrampermonth,fractionatedintothreeorsevendosesweekly,wasapproximatelythesameasthatreportedaftertheadministrationeverytwoweeksofadosefourorfivetimesaslarge,giveninthelargeinfusionsusuallyrecommended.Afourfoldincreaseinthedosegiventhreetimesweekly,from2.3to9.2Uperkilogram,didnotsubstantiallyincreasetherateofimprovement.ThetreatmentofGauchersdiseasewithsmallertotaldosesofalglucerasegivenmorefrequentlyyieldssatisfactoryresults.Adoseof2.3Uperkilogramthreetimesweeklyyieldsmajorfinancialbenefitswithnosacrificeoftherapeuticeffect.Eventakingintoaccounttheincreasedancillarycostsofmorefrequentadministration,thismethodofadministeringalglucerasereducestheannualcostofthedrugfora70kgpatienttoabout382,200 per year for a 70-kg patient. Theoretical considerations suggest that more frequent administration would be more efficient. Fourteen patients with type 1 Gaucher's disease that was moderately severe to severe were given 30 U of alglucerase per kilogram per month, in divided doses given either daily or three times weekly, or 120 U given three times weekly. The effect of the treatment on the size of the liver and spleen and on blood counts was compared with published data on patients who received a total dose four to five times as large as the lower dose we used and who received treatment every two weeks. The response to 30 U of alglucerase per kilogram per month, fractionated into three or seven doses weekly, was approximately the same as that reported after the administration every two weeks of a dose four or five times as large, given in the large infusions usually recommended. A fourfold increase in the dose given three times weekly, from 2.3 to 9.2 U per kilogram, did not substantially increase the rate of improvement. The treatment of Gaucher's disease with smaller total doses of alglucerase given more frequently yields satisfactory results. A dose of 2.3 U per kilogram three times weekly yields major financial benefits with no sacrifice of therapeutic effect. Even taking into account the increased ancillary costs of more frequent administration, this method of administering alglucerase reduces the annual cost of the drug for a 70-kg patient to about 100,000.
Article
Gaucher disease is characterized by the accumulation of glucocerebroside, leading to enlargement of the liver and spleen and lesions in the bones. It is caused by an inherited deficiency of the enzyme glucocerebrosidase. Many mutations exist, but four of these account for over 97% of the mutations in Ashkenazi Jews, the population group in which Gaucher disease is the most common. Although there is a strong relation between the mutations and disease manifestations, genetic counseling is made difficult by the fact that within each genotype there is considerable variability in the severity of the disease. Intravenous infusion of glucocerebrosidase is an effective treatment, but the availability of enzyme replacement therapy is limited by its high cost. Marrow transplantation is also effective in treating the disease, but is rarely performed because of the risks involved. In the future gene transfer may become the treatment of choice.
Article
We describe here an investigation of the hematologic response of a child with Gaucher disease to a six-year therapeutic trial of human placental mannose-terminated glucocerebrosidase. While on enzyme replacement therapy, the patient's hemoglobin and platelet count significantly increased (6.9 g/dl to 12.2 g/dl, and 39,000/microliters to 74,000/microliters, respectively). Over the same time interval his absolute reticulocyte count decreased (88.1 x 10(3)/microliters to 31.5 x 10(3)/microliters). The patient's splenic volume decreased by over 60% (2108ml to 797ml) and his bone marrow demonstrated a dramatic clearing of Gaucher cell infiltration. Serum erythropoietin levels were at the lower range of normal at points in time when he was severely anemic and did not change with improvement in hemoglobin. Coincident with the improvement in the patient's hemoglobin, in vivo survival of autologous radiolabeled RBCs increased 34%. The improved hematopoietic profile appeared to result primarily from an increase in the in vivo survival of mature hematopoietic elements secondary to a decrease in splenic sequestration. Improved marrow function secondary to the clearing of Gaucher cell infiltrates may also play a role in his improved hematologic status.