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Listeria spp. coliformes totais e fecais e E.Coli no leite cru e pasteurizado de uma indústria de laticínios no Estado da Paraíba (Brasil)

Authors:

Abstract

The microbiological quality of raw and pasteurized milk was studied along its line production in a dairy factory in Paraíba State, Brazil. Listeria monocytogenes was frequent found in raw milk and the levels of total coliforms (TC), fecal coliforms (FC) and Escherichia coli, were high in the same samples. The results of 75 milk studied samples (45 raw milk, 15 recently pasteurized and 15 sacked), were distributed in two clusters, according its collected period (before and after changes in factory's hygienic process). Both raw samples groups showed high contamination. In the first period (March-April/1998), all the pasteurized milk were out of total and fecal coliforms standards. During the second period (May-August/1998), there was a significant reduction of coliforms levels, however the progress in hygienic conditions were not enough for eliminate the contamination: 11.1% of recent pasteurized milk samples and 22.2% of sacked milk samples were out of TC and also 33.3% and 44.4% recent pasteurized and sacked milk samples. Sacked milk presented more TC and FC than recent pasteurized milk, suggesting contamination after pasteurization or failure at storage. Listeria spp. was found in 33 raw milk samples (73.3%) and in 9 (30%) of pasteurized milk samples. L. monocytogenes was isolated in 17 (51.5%) raw milk samples and in 9 (100%) pasteurized milk samples (4 recent-pasteurized and 5 sacked). The Listeria spp. diversity was: L. monocytogenes (66.6%), L. innocua (25.3%), L. ivanovii (3.9%) L. welshimeri (2.5%) and L. grayi (1.5%). In the pasteurized milk was isolated only: L. monocytogenes and L. innocua. The results suggest a direct relation between high levels of coliforms and presence of Listeria spp.
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(3): 281-287, set.-dez. 2001 281
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Recebido para publicação em 10/01/00. Aceito para publicação
em 24/08/01. Parte da dissertação de mestrado apresentada por
R.M.R.Catão, ao Curso de Mestrado em Ciência e Tecnologia de
Alimentos da Universidade Federal da Paraíba-UFPB.
2
Departamento de Farmácia e Biologia da Universidade Esta-
dual da Paraíba-UEPB, Campus I - Campina Grande-PB.Av.
Floriano Peixoto, 718 - Campina Grande-PB. CEP 58100-001.
3
Departamento de Tecnologia Química e de Alimentos do Centro
de Tecnologia da Universidade Estadual da Paraíba-UFPB -
Campus I - João Pessoa-PB e DEC/CCT/UFPB - Campus I Cam-
pina Grande -PB.
* A quem a correspondência deve ser enviada.
RESUMO
Investigou-se a qualidade microbiológica do leite in natura e na
linha de produção (leite recém-pasteurizado e leite ensacado),
de uma usina de beneficiamento em Campina Grande-PB. Foi
pesquisada a presença de Listeria spp. e sua diversidade de
espécies, os níveis de coliformes totais (CT), coliformes fecais
(CF) e Escherichia coli. Analisou-se um total de 75 amostras de
leite, sendo 45 de leite cru, 15 de leite recém-pasteurizado e 15
de leite ensacado. Os resultados foram reunidos em dois gru-
pos segundo o período de monitoramento: antes e após mudan-
ças no processo de higienização da usina. Foi evidenciada ele-
vada contaminação nas amostras de leite cru nas duas épocas.
Na primeira (março-abril/1998), todas as amostras de leite be-
neficiado estiveram fora dos padrões da legislação vigente para
CT e CF; na segunda (maio-agosto/1998), houve acentuada re-
dução dos níveis destas bactérias indicadoras, porém as melhorias
na higienização não foram suficientes para solucionar este pro-
blema, visto que 11,1% das amostras recém-pasteurizadas es-
tavam fora dos padrões para CT e 33,3% para CF. Das amos-
tras ensacadas, 22,2% estavam fora dos padrões para CT e
44,4% para CF. Comparando-se os resultados de CT, CF, e E.coli
nas amostras de leite recém-pasteurizado e não ensacado com
as amostras de leite ensacado, foi verificado que as amostras
após serem pasteurizadas e ensacadas apresentaram valores
de CT e CF levemente mais elevados, sugerindo contaminação
durante o processo de ensacamento ou falhas na armazena-
gem. Observou-se que 33 (73,3%) das amostras de leite cru e 9
(30%) das de leite pasteurizado estavam contaminadas com Listeria
spp., sendo identificadas L. monocytogenes em 17 (51,5%) amostras
de leite cru e em 9 (100%) de leite beneficiado (4 recém-pasteu-
rizadas e 5 ensacadas). Em relação à diversidade de espécies,
nas amostras de leite cru foram encontradas: L. monocytogenes
(66,6%), L. innocua (25,3%), L. ivanovii (3,9%), L. welshimeri
(2,5%) e L. grayi (1,5%). Nas amostras de leite pasteurizado
isolaram-se: L. monocyogenes e L. innocua. O conjunto dos
resultados evidenciou deficiências higiênico-sanitárias no leite
in natura e ao longo do processo de produção, resultando em
porcentagens elevadas de amostras que ultrapassaram os valo-
res padrões de CT e CF além de apresentarem-se contamina-
das por Listeria spp., com predominância de L. monocytogenes,
sugerindo a existência de uma relação direta entre os altos índi-
ces de coliformes e a presença de Listeria spp.
Palavras-chave: L. monocytogenes; leite; contaminação.
SUMMARY
LISTERIA SPP., TOTAL COLIFORM, FECAL COLIFORM AND
E.COLI ON RAW AND PASTEURIZED MILK ON A DAIRY
INDUSTRY, (PARAÍBA, BRAZIL). The microbiological quality
of raw and pasteurized milk was studied along its line production
in a dairy factory in Paraíba State, Brazil. Listeria monocytogenes
was frequent found in raw milk and the levels of total coliforms
(TC), fecal coliforms (FC) and Escherichia coli, were high in the
same samples. The results of 75 milk studied samples (45 raw
milk, 15 recently pasteurized and 15 sacked), were distributed
in two clusters, according its collected period (before and after
changes in factory’s hygienic process). Both raw samples groups
showed high contamination. In the first period (March-April/1998),
all the pasteurized milk were out of total and fecal coliforms standards.
During the second period (May-August/1998), there was a significant
reduction of coliforms levels, however the progress in hygienic
conditions were not enough for eliminate the contamination: 11.1%
of recent pasteurized milk samples and 22.2% of sacked milk
samples were out of TC and also 33.3% and 44.4% recent
pasteurized and sacked milk samples. Sacked milk presented
more TC and FC than recent pasteurized milk, suggesting
contamination after pasteurization or failure at storage. Listeria
spp. was found in 33 raw milk samples (73.3%) and in 9 (30%)
of pasteurized milk samples. L. monocytogenes was isolated in
17 (51.5%) raw milk samples and in 9 (100%) pasteurized milk
samples (4 recent-pasteurized and 5 sacked). The Listeria spp.
diversity was: L. monocytogenes (66.6%), L. innocua (25.3%),
L. ivanovii (3.9%) L. welshimeri (2.5%) and L. grayi (1.5%). In
the pasteurized milk was isolated only: L. monocytogenes and
L. innocua. The results suggest a direct relation between high
levels of coliforms and presence of Listeria spp.
Keywords: L. monocytogenes; milk; contamination.
1 – INTRODUÇÃO
Durante o processo de produção, elaboração, trans-
porte, armazenamento e distribuição, qualquer alimen-
to está sujeito à contaminação por substâncias tóxicas
ou por bactérias patogênicas, vírus e parasitos. O leite,
devido à sua riqueza nutritiva, constitui um excelente
meio de cultura para o desenvolvimento de diversos
microrganismos, sendo veículo de transmissão de im-
portantes zoonoses para o homem [12].
No Brasil, de modo geral, o leite é obtido sob con-
dições higiênico-sanitárias deficientes, e em conseqüên-
cia, apresenta elevados números de microrganismos,
o que constitui um risco à saúde da população, princi-
palmente quando consumido sem tratamento térmico
[4]. Em relação ao leite e seus derivados, os cuidados
higiênicos para evitar a contaminação devem ser ini-
ciados desde a ordenha e continuados até a obtenção
do produto final. Diversos microrganismos patogênicos
podem ser encontrados contaminando o leite, dentre
eles podem-se destacar Escherichia coli e L.
monocytogenes [33].
LISTERIA SPP., COLIFORMES TOTAIS E FECAIS E E.COLI
NO LEITE CRU E PASTEURIZADO DE UMA INDÚSTRIA
DE LATICÍNIOS, NO ESTADO DA PARAÍBA (BRASIL)
1
Raïssa Mayer Ramalho CATÃO
2,
*, Beatriz Susana Ovruski de CEBALLOS
3
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Na microbiologia de alimentos vem sendo estuda-
da, nos últimos anos, a presença de Listeria spp. com
predominância da espécie L. monocytogenes, assim
como a diversidade de espécies do gênero. Contribuem
para este estudo, um maior conhecimento destes
patógenos nos seus aspectos epidemiológicos, clínicos
e laboratoriais através do desenvolvimento de meios
de cultura mais seletivos que favoreceram seu isola-
mento e identificação [11, 16]. De fato, sua detecção
ficou bastante facilitada em alimentos com a limitação
do desenvolvimento da microbiota acompanhante [7,
17], possibilitando a utilização de procedimentos que
agilizaram o diagnóstico e facilitaram seu rastreamento
ambiental.
Listeria spp. é um cocobacilo Gram-positivo, não-
esporulado, não-produtor de ácidos, aeróbio e anaeróbio
facultativo, de ampla distribuição ambiental, com cará-
ter ubiquitário, tendo sido isolado de águas superficiais,
de esgotos domésticos, águas residuárias de indústrias
de laticínios e de abatedouros, de solos, de insetos, de
adubo orgânico e em fezes de animais e inclusive de
humanos [19, 23, 26]. Pode também ser isolada em
diversos produtos alimentícios sejam crus ou após tra-
tamentos térmicos ou químicos [10, 12, 31, 35].
L. monocytogenes é patogênica para o homem e
diversos animais, e sua ampla distribuição ambiental,
igual às outras espécies, é favorecida pela sua capaci-
dade de se desenvolver entre 0°C e 44°C e, embora
sua faixa ótima seja entre 30°C e 37°C, pode sobrevi-
ver em alimentos congelados. Tolera pH extremos de 5
e 9, baixa atividade da água e concentrações de NaCl
de 10% e até superiores. Este conjunto de característi-
cas faz com que Listeria spp. e L. monocytogenes, em
especial, sejam um patógeno emergente de grande in-
teresse na área de alimentos e explica o destaque que
estes microrganismos vêm ocupando nos últimos anos
no controle de qualidade na indústria de alimentos, vis-
to as dificuldades de sua eliminação, assim como, a
possibilidade de causar uma doença grave no consu-
midor [20, 27, 30, 31, 37].
A literatura é abundante em relatos da presença de
Listeria spp. em alimentos, seja nas matérias-primas,
durante a produção e/ou durante o processamento ou
nos produtos já acabados em exposição nas pratelei-
ras [10, 31].
No Brasil, existem vários registros da presença de
L. monocytogenes em leite e derivados [6, 13, 24, 38,
42]. Dentre eles, SILVA, HOFER, TIBANA [39], pesqui-
sando a contaminação em queijos produzidos no Rio
de Janeiro, encontraram 19,6% das amostras positivas
para L. monocytogenes e, ainda, as mesmas amostras
foram também positivas para L. innocua e L. grayi. A
grande freqüência de casos de listeriose, veiculada por
queijos, evidencia a importância desse alimento e de
outros derivados do leite na cadeia epidemiológica de
transmissão de Listeria spp. [35].
Curiosamente, a Portaria nº 451 da Secretaria de
Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde de 19 de
setembro de 1997, que estabelecia os padrões micro-
biológicos para produtos alimentícios expostos à ven-
da, não apresentava, na época que este trabalho foi
realizado, nenhuma referência para valores de L.
monocytogenes isoladas de leite [2]. Entretanto, nos
Estados Unidos, a USDA (1987) fixou uma tolerância
zero para esta bactéria em suprimentos alimentícios
de um modo geral [15, 18].
A falta de notificações de casos de listeriose no Brasil,
e, em particular, os associados a alimentos na região
Nordeste tornam interessante a pesquisa de Listeria spp.,
comparando-se sua presença com a qualidade sanitá-
ria do produto, usando-se como indicadores os coliformes
totais e os coliformes fecais.
O objetivo deste trabalho é investigar a qualidade
microbiológica e em particular a presença de Listeria
spp. no leite cru (in natura) e ao longo da linha de pro-
dução do leite pasteurizado de uma Usina de Laticínios
no Estado da Paraíba, visando detectar as condições
microbiológicas do produto pronto para consumo.
2 – MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 – Coleta das amostras de leite
Foram analisadas 75 amostras de leite, sendo 45
de leite cru (15 provenientes do município de Sousa-
PB, 15 do município de Campina Grande-PB, 15 do
município de Garanhuns-PE) e 30 de leite pasteuriza-
do tipo C (15 coletadas na saída do pasteurizador e 15
ensacadas e prontas para comercialização). As amos-
tras foram coletadas com freqüência quinzenal, no pe-
ríodo de março a agosto de 1998. Em cada amostragem
foram coletados ao todo 5 (cinco) litros de leite, sendo
1 (um) litro de cada tipo, utilizando-se recipientes esté-
reis para as amostras de leite cru e recém-pasteuriza-
do. As amostras de leite pasteurizado, já ensacadas,
foram coletadas aleatoriamente dentro da câmara re-
frigerada de estocagem da própria usina. O volume das
amostras utilizadas na amostragem foi coletado inde-
pendente do volume de produção da usina, pois este
variava de acordo com a quantidade de leite fornecido
diariamente pelos produtores. As amostras foram trans-
portadas ao laboratório sob refrigeração, em caixa
isotérmica, e analisadas em um período de aproxima-
damente uma hora após a coleta.
2.2. – Pesquisa de Listeria
Foi investigada segundo a metodologia descrita pela
Food and Drug Administration-FDA, citada por ROCOURT,
SCHRETTENBRUNNER, SEELIGER [34]. A técnica
usada foi a seguinte: homogeneização da amostra de
leite por agitação e inoculação de 25mL da mesma em
225mL de Caldo Enriquecido para Listeria (Caldo LEB
da BIOBRÁS), adicionado de A.N.C. (Acriflavina, Áci-
do Nalidixico, Cicloheximida), seguido de incubação a
30°C (±1°C)/24-48 horas. Posteriormente, após agita-
ção do Caldo LEB, transferiu-se 0,1mL deste para pla-
ca de Petri contendo Ágar Oxford (BIOBRÁS) adiciona-
do de C.C.C.A.F (Cloreto de Lítio; Acriflavina, Fosfomi-
cina, Colistina, Cicloheximida, Cefotetan) e o sistema
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indicador (Esculina e Citrato Férrico Amoniacal). As
placas foram incubadas a 35°C/24-48 horas. Todas as
análises foram realizadas em duplicatas. As cepas sus-
peitas de Listeria spp., nas placas de ágar seletivo para
Listeria – Ágar Oxford, foram identificadas através de
testes: morfo-tintoriais (coloração de Gram), motilidade,
catalase, redução do nitrato a nitrito, produção de β-
hemolisina e fermentação de carboidratos (glicose,
ramnose, xilose e manitol). As cepas β-hemolisina po-
sitivas foram submetidas ao teste de CAMP com
Staphylococcus aureus. Todas as cepas identificadas
como L. monocytogrnes foram produtoras de β-hemolisina
e positivas para os testes de CAMP, catalase, motilidade
e fermentação da ramnose e glicose e apresentaram-
se negativas para os testes de redução do nitrato a nitrito
e fermentação da xilose e manitol. Trinta destas cepas
foram escolhidas aleatoriamente para serem testadas
pelo sistema API Listeria – Bio Mérieux, a fim de com-
parar os resultados das duas metodologias. Todas as
cepas analisadas apresentaram o mesmo resultado,
confirmando assim a equivalência dos dois métodos.
2.3 – Quantificação de coliformes totais (CT) pela téc-
nica de tubos múltiplos – Número mais provável
(NMP)
Seguiu-se a metodologia da APHA [1], usando-se
a técnica dos tubos múltiplos, com 3 tubos por dilui-
ção, para determinação do NMP de coliformes totais
por mL (CT/mL) de amostra, utilizando-se o meio Cal-
do Lactosado Verde Brilhante e Bile 2% (VBB) com in-
cubação a 35°C durante 24 – 48 horas.
2.4 – Quantificação de coliformes fecais (CF) através
da técnica de tubos múltiplos e identificação E. coli
Tubos de VBB positivos foram repicados para tu-
bos com caldo E.coli suplemetado com 4 metil umbeliferil
β-D glucoronídeo (EC-MUG), utilizado para determinar
de forma simultânea, a presença de CF e E. coli. Após
a incubação a 44,5°C durante 24 horas, registrou-se o
número dos tubos com crescimento positivo para a pre-
sença de CF (turbidez e gás) e determinou-se o NMP/mL.
Todos os tubos de EC-MUG com desenvolvimento em
24h de incubação foram observados sob luz ultravioleta
(λ=365nm) numa cabine escura, considerando-se po-
sitivos para E. coli os que apresentaram fluorescência
azul. Uma alça do material de cada um desses tubos,
foi semeada em Ágar Eosina Azul de Metileno (EMB)
para obtenção de colônias isoladas e após incubação a
37°C/24 horas; as colônias típicas foram submetidas a
testes de triagem (Triple Sugar Iron – TSI; motilidade -
SIM, Citrato de Simmons, Uréia, Vermelho de Metila –
VM e Voges Proskauer – VP).
3 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 1 mostra que das 75 amostras de leite, 42
(56,0%) apresentaram Listeria spp., sendo mais freqüen-
tes no leite cru (33 amostras – 73,3%). É importante
ressaltar que todos os tipos de leite analisados revela-
ram a presença de Listeria spp. em percentuais eleva-
dos (66,6% a 86,6%), variando com a origem do pro-
duto. Salienta-se presença de Listeria spp. em 9 (30%)
amostras de leite pasteurizado. L. monocytogenes foi
isolada em 26 (61,9%) das amostras de leite analisa-
das. Observa-se que os resultados para o leite pasteu-
rizado e para o ensacado foram analisados em conjun-
to, ou seja, sem diferenciar a origem das amostras vis-
to que, na usina, são misturadas as amostras de leite
de todos os fornecedores, antes da pasteurização.
TABELA 1. Incidência de Listeria spp. e de L. monocytogenes em
amostras de leite cru e pasteurizado (Campina Grande-PB)
I, II e III = amostras de leite cru de diferentes produtores; IV= amostra de leite
recém-pasteurizado; V= amostra de leite ensacado.
Para uma melhor avaliação da distribuição tempo-
ral dos resultados, estes foram divididos em dois gru-
pos, de acordo com o período de coleta (março a abril/
1998 e maio a agosto/1998). Esta divisão foi caracteri-
zada pelas melhorias das condições de higienização
(sanitização) da usina de laticínios, executada entre fins
do mês de abril e início do mês de maio em prol da
ampliação de sua linha de produção, quando se troca-
ram os detergentes e sanitizantes utilizados por outros,
específicos para a higienização de plantas de produtos
láteos. Isto foi feito após dois meses de iniciada esta
pesquisa.
A Figura 1 apresenta o percentual de positividade
de Listeria spp. no total das amostras de leite cru, re-
cém-pasteurizado e ensacado em cada período. A fi-
gura mostra também o percentual de amostras positi-
vas, referente a todo o período estudado.
FIGURA 1. Percentual de positividade para Listeria spp. nas
amostras de leite in natura (cru), recém-pasteurizado e
ensacado, coletadas nos períodos de março a abril/1998 e
de maio a agosto/1998
Na Tabela 2 observa-se que o leite in natura apre-
sentou a maior diversidade de espécies do gênero: L.
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I (Sousa-PB) 15 10 (66,6%) 4 (40,0%)
II (Garanhuns-PE) 15 13 (86,6%) 8 (61,5%)
III (C.Grande-PB) 15 10 (66.6%) 5 (50,0%)
Sub – total 1 45 33 (73,3%) 17 (51,5%)
IV 15 4 (26,6%) 4 (100%)
V
15 5 (33,3%) 5 (100%)
Sub – total 2 30 9 (30,0%) 9 (100%)
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1º Período 2º Período Média do total de Am ostras
(mao - abril) (maio - agosto) (março - agosto)
Leite Cru Recém-Pasteurizado Ensacado
284 Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(3): 281-287, set-dez. 2001
monocytogenes, L. innocua, L. ivanovii, L. welshimeri e
L. grayi. Esta última foi encontrada apenas nas amos-
tras do produtor I. Nas amostras de leite recém-pasteu-
rizado, foram encontradas L. monocytogenes e nas de
leite ensacado L. monocytogenes e L. innocua, sugerin-
do a possibilidade de contaminação pós-pasteurização.
TABELA 2. Diversidade das espécies de Listeria spp. em amostras
de leite cru e pasteurizado.
I, II e III = amostras de leite cru de diferentes produtores; IV= amostra de leite
recém-pasteurizado; V= amostra de leite ensacado.
Observaram-se diferentes percentuais de isolamento
para as várias espécies de Listeria, que foram identificadas
como: L. monocytogenes 88 (66,6%) das 126 cepas
isoladas, L. innocua 32 (25,3%), L.ivanovii 5 (3,9%), L.
welshimeri 3 (2,3%) e L. grayi 2 (1,5%), constatando-se
a predominância de L. monocytogenes.
A Figura 2 mostra o percentual de diversidade e de
isolamentos simultâneos das espécies de Listeria en-
contradas no leite cru e no pasteurizado. A maioria das
amostras de leite caracterizou-se por apresentar con-
taminação com duas espécies ao mesmo tempo e a
concomitância de ocorrência mais comum foi L.
monocytogenes e L. innocua, tanto nas amostras de
leite cru quanto nas de leite pasteurizado. De fato, esta
concomitância de isolamento ocorreu principalmente com
as duas espécies de maior freqüência nos diferentes
tipos de leite estudados e em porcentagens menores
com as outras, mais escassas. Observou-se que 47,6%
das amostras apresentaram uma única espécie sendo:
L. monocytogenes (38,1%) e L. innocua (9,5%), nas
demais amostras foram isoladas duas espécies.
As amostras de leite cru de todos os produtores
apresentaram elevada incidência de CT, CF e E. coli,
evidenciando alta contaminação da matéria-prima. To-
das as amostras de leite pasteurizado analisadas nos
meses de março a abril/1998 (1º período de estudo)
apresentaram-se fora dos padrões microbiológicos, que
determinam para o leite tipo C, valor máximo de CT de
10NMP/mL e de CF de 2NMP/mL. Os resultados suge-
rem contaminação pós-pasteurização no ensacamento
ou pasteurização deficiente.
FIGURA 2. Percentual de diversidade e concomitância entre as
espécies de Listeria spp. isoladas em amostras de leite cru
e pasteurizado.
Após melhorias na higienização, houve uma signi-
ficativa redução da contaminação. Os valores de CT e
CF passaram a ser aceitáveis a partir de maio/1998,
permanecendo assim durante quase todo o segundo
período de estudo, onde se constatou que 11,1% das
amostras recém-pasteurizadas estavam fora dos pa-
drões para CT e 33,3% para CF e dentre das amostras
ensacadas, 22,2% estavam fora dos padrões para CT
e 44,4% para CF (Tabela 3).
TABELA 3. Número e percentual de amostras de leite benefici-
ado, fora dos padrões, em relação ao período de coleta.
IV= amostra de leite recém-pasteurizado; V= amostra de leite ensacado
Considerando que o processo de pasteurização
continuou sem alterações, as melhorias na qualidade
microbiológica do leite podem ser atribuídas à higieni-
zação. Vale a pena ressaltar que o valor médio de CF
nas amostras ensacadas (CF de 11,32NMP/mL) foi pra-
ticamente igual ao valor médio das amostras recém-
pasteurizadas (10,68CF/mL), o que reforça a hipótese
de que havia deficiências higiênicas no ensacamento.
Também as flutuações observadas ao longo do perío-
do de amostragem para ambos indicadores foram bas-
tante semelhantes. Comparando-se os valores de E.
coli com os de CF em ambos os períodos, constatou-se
que as flutuações foram semelhantes. As Figuras 3, 4
e 5 ilustram esse comportamento.
FIGURA 3. Distribuição temporal do NMP/mL de coliformes to-
tais nas amostras de leite recém-pasteurizado e ensacado
FIGURA 4. Distribuição temporal do NMP/mL de coliformes fecais
nas amostras de leite recém-pasteurizado e ensacado.
A
A
m
m
o
o
s
s
t
t
r
r
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a
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s
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N
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l
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h
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i
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m
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e
r
r
i
i
I
10 (30)
17 ( 56,6) 9 (30,.0) 1 ( 3,3) 2 (6,6) 1 (3,3)
II 13 (39)
24 ( 61,5) 13 (33,3) 1 ( 2,5) 0 (0,0) 1 (2,5)
III 10 (30)
19 ( 63,3) 7 (23,3) 3 (10,0) 0 (0,0) 1 (3,3)
IV 4 (12)
12 (100,0) 0 ( 0,0) 0 ( 0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
V 5 (15)
12 ( 80,0) 3 (20,0) 0 ( 0,0) 0 (0,0) 0 (0,0)
T
T
o
o
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t
a
a
l
l
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6
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,
3
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)
)
5
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3
3
,
,
9
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)
)
2
2
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(
1
1
,
,
5
5
)
)
3
3
(
(
2
2
,
,
3
3
)
)
C
A
B
D
E
F
G
Amostras fora dos Padrões (Nº e %)
IV VPeríodo de Coleta
Nº de
Amostras
CT CF CT CF
1º(março a abril/1998) 6 6 (100,0%) 6 (100,0%) 6 (100,0%) 6 (100,0%)
2º(maio a agosto/1998) 9 1 ( 11,1%) 3 ( 33,3%) 2 ( 22,2%) 4 ( 44,4%)
0
1
10
100
1000
10000
Datas
NMP CT/m
Recém-pasteurizado Ensacado
1º Período 2º Período
0
1
10
100
1000
10000
5/3
13/3
21/3
29/3
6/4
14/4
22/4
30/4
8/5
16/5
24/5
1/6
9/6
17/6
25/6
3/7
11/7
19/7
27/7
4/8
12/8
Datas
NMP CF/m
L
Recém-pasteurizado Ensacado
1º Período
2º Período
A =
L. monocytogenes
(38,1%)
B =
L. innocua
(9,5%)
C =
L. monocytogenes
+
L. innocua
(33,3%)
D =
L. monocytogenes
+
L. grayi
(4,8%)
E =
L. innocua
+
L. welshimeri
(4,8%)
F =
L. monocytogenes
+
L. ivanovii
(7,1%)
G =
L. welshimeri
+
L. ivanovii
(2,4%)
Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(3): 281-287, set.-dez. 2001 285
FIGURA 5. Distribuição temporal do NMP/mL de E. coli nas amostras
de leite recém-pasteurizado e ensacado.
Na Tabela 4 pode-se observar que um elevado nú-
mero de amostras de leite pasteurizado tipo C, e de
amostras ensacadas estão fora dos padrões de CT e
CF. Em relação ao leite recém-pasteurizado, 7 (46,6%)
e 9 (60,0%) das amostras estavam fora dos padrões,
respectivamente para CT e CF, enquanto no leite
ensacado somente 8 (53,3%) e 10 (66,6%) das amos-
tras estiveram fora dos padrões.
TABELA 4. Número e percentual de amostras de leite pasteuri-
zado tipo C, fora dos padrões para CT e CF, analisadas no
período de março a agosto/1998.
IV= amostra de leite recém-pasteurizado; V= amostra de leite ensacado.
Neste estudo foram realizados testes qualitativos
para o isolamento de Listeria spp., que permitiram de-
terminar sua presença em amostras de leite. Métodos
qualitativos são considerados adequados para atender
à legislação de alguns países, que preconizam tolerân-
cia zero de Listeria em alimentos prontos para consu-
mo [15]. A adoção do padrão contemplando a ausên-
cia de Listeria spp. em diversos países [36] visa asse-
gurar um produto isento de risco para o consumidor,
pois apesar de uma única célula de L. monocytogenes
provavelmente não ser suficiente para causar listeriose,
sua capacidade de multiplicação em condições de
estocagem, mesmo sob refrigeração, faz com que sua
presença no alimento coloque em risco a saúde dos
consumidores mais susceptíveis (gestantes, crianças,
imunodeprimidos) [22, 40]. A completa exclusão de L.
monocytogenes dos alimentos é irreal, porém em um
futuro próximo, critérios mais convenientes devem ser
estabelecidos e rigorosamente adotados [15].
Nas 75 amostras de leite (in natura e beneficiado)
analisadas neste trabalho, a freqüência de Listeria spp.
(56,0%) foi elevada e dentro deste percentual L.
monocytogenes ocorreu em 61,9%, o que é considera-
do uma porcentagem muito alta. Embora a maioria das
amostras positivas para Listeria spp. (33 amostras) fos-
sem de leite cru, uma quantidade importante (9 amos-
tras) foi de leite beneficiado, sendo 4 de amostras re-
cém-pasteurizadas e 5 de amostras ensacadas. Estes
resultados sugerem fortemente deficiências de condi-
ções higiênico-sanitárias na ordenha, no transporte ou
em ambos. O isolamento em amostras pasteurizadas
indica que a pasteurização não foi suficiente, ou que
houve recontaminação ou, ainda, que ocorreram am-
bos fenômenos.
MOURA, DESTRO, FRANCO [24], investigando a
incidência de Listeria spp. em 220 amostras de leite cru
em São Paulo, observaram 28 (12,7%) positivas, sendo
identificadas as espécies L. innocua, L. monocytogenes,
L. welshimeri e L. grayi. Em outro lote de 220 amostras
de leite pasteurizado, apenas duas (0,9%) foram posi-
tivas para Listeria e em ambas foi isolada a espécie L.
innocua. Analisando-se os resultados desses autores e
os deste estudo, os dados sugerem que é freqüente no
Brasil a incidência de Listeria spp. em leite cru, inde-
pendente da região geográfica. Este panorama não é
exclusivo do Brasil, visto que a ocorrência de Listeria
spp. em leite cru também foi registrada em outros paí-
ses, como Espanha, [8]; Canadá [5, 9]; Suíça [3]; Esta-
dos Unidos da América [21, 32], Irlanda e Japão [41].
Segundo OH, MARSHALL [28], pode haver conta-
minação cruzada de L. monocytogenes entre os alimentos
e os manipuladores, o qual pode ser, nesta pesquisa,
uma das causas da contaminação do leite após pas-
teurizado. Manipuladores com educação sanitária
deficiente poderiam ter recontaminado o produto visto
que eles circulam por todos os setores da usina, desde
a plataforma de recepção (do leite cru), até o ensaca-
mento. De fato, a situação ideal seria prevenir a entra-
da deste patógeno no ambiente da indústria de alimen-
tos, fazendo-se o controle do microrganismo nos pon-
tos de origem da matéria-prima, higienizando-se cui-
dadosamente as plataformas de recepção do leite,
sanitizando-se corretamente os equipamentos, cuidan-
do-se da saúde, da higiene e da educação sanitária dos
manipuladores e funcionários e em geral dentro da in-
dústria, assim como manter programas de controle de
pontos críticos. O conjunto de medidas devem ser orien-
tadas a erradicar ou pelo menos a diminuir as chances
de contaminação.
Uma outra possível via de contaminação do leite
pasteurizado se refere às falhas no controle da tempe-
ratura do pasteurizador, que embora suficientemente
altas para exercer um efeito letal sobre os coliformes,
não teriam atingido a Listeria spp., uma vez que estas
bactérias apresentam alta resistência térmica [10]. En-
tre os fatores relacionados diretamente com a pasteu-
rização (tempo/temperatura) estão: a possibilidade de
que a contaminação tenha como origem às próprias
embalagens ou falta de poder germicida das lâmpadas
ultravioleta (UV) utilizadas no setor de ensacamento (não
havia registros quanto ao seu tempo de uso na usina,
podendo estar com sua ação diminuída), ou ainda ina-
bilidade dos manipuladores.
OH, MARSHAL [28] ressaltam a importância do tra-
tamento da embalagem à base de ácido lático e ácido
monoláurico sobre a L. monocytogenes, destacando que
0
1
10
100
1000
10000
5/3
13/3
21/3
29/3
6/4
14/4
22/4
30/4
8/5
16/5
24/5
1/6
9/6
17/6
25/6
3/7
11/7
19/7
27/7
4/8
12/8
Datas
NMP
E.col
i/mL
Recém-pasteurizado Ensacado
1º Período 2º Período
Amostras Nº de Amostras Analisadas Amostras Fora dos Padrões (Nº e %)
CT CF
IV 15 7 (46,6%) 9 (60,0%)
V 15 8 (53,3%) 10 (66,6%)
T
T
o
o
t
t
a
a
l
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3
3
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1
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1
9
9
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6
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,
3
3
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%
)
)
286 Ciênc. Tecnol. Aliment., Campinas, 21(3): 281-287, set-dez. 2001
estes ácidos reduzem também a carga global de mi-
crorganismos. Seria interessante que esta medida fos-
se adotada pela indústria, através de um setor de con-
trole de qualidade destinado ao processamento. Tam-
bém deveriam ser adotadas medidas de controle sani-
tário do ambiente e do pessoal técnico.
Os valores de CT e CF foram bastante elevados,
evidenciando a contaminação na maioria das amostras.
Valores elevados de CT e CF também foram documen-
tados por outros autores que analisaram leite tipo C
tanto na região Nordeste como na região Sul do país.
Estudos efetuados, em João Pessoa-PB, registraram
98% das amostras pasteurizadas e ensacadas fora dos
padrões [25] e em Campinas-São Paulo, OLIVEIRA [29]
constatou que 77% das amostras analisadas estavam
contaminadas.
Entretanto, na legislação não há registros de valo-
res-limites para E. coli que permitam avaliar o grau de
contaminação do leite por este microrganismo. Deve-
se considerar que as tendências mais modernas sobre
o uso de bactérias indicadoras de contaminação fecal
sugerem E. coli como indicador mais específico, por-
que seria o único membro do grupo dos CF de origem
exclusivamente fecal [14].
4 – CONCLUSÕES
Listeria spp. esteve presente em porcentagens ele-
vadas de amostras de leite cru de todos os forne-
cedores, as quais também apresentaram elevados
níveis de contaminação fecal.
No leite cru houve grande diversidade de espécies
de Listeria, com predominância de L. monocytogenes,
seguida por L. innocua, e em menores porcenta-
gens, L. ivanovii e L. grayi.
A redução dos níveis de contaminação avaliada pela
concentração de coliformes nas amostras de leite
pasteurizado mostrou que melhorias na higieniza-
ção/sanitização, introduzidas na linha de proces-
samento, não foram suficientes para eliminar a pre-
sença destes microrganismos, uma vez que foram
detectadas porcentagens significativas de amos-
tras fora dos padrões para CT e CF (11,1% das
amostras recém-pasteurizadas e 22,2% das
ensacadas).
As amostras ensacadas apresentaram índices de
CT e CF mais elevados que as recém-pasteuriza-
das, sugerindo contaminação pós-pasteurização ou
falhas no armazenamento após pasteurização.
A positividade para Listeria spp. nas amostras de
leite pasteurizado, de 66,6% no primeiro período
e 11,1% no segundo, demonstraram que a pas-
teurização não foi suficiente para eliminação da
Listeria ou que a contaminação ocorreu pós-pro-
cessamento. Entretanto, a diminuição das porcen-
tagens de amostras positivas, sugere que a
sanitização da usina melhorou a qualidade
bacteriológica do leite beneficiado, apesar de não
ter eliminado a contaminação.
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Tecnol. Aliment., 18 (2): 150-155, 1998.
[41] YOSHIDA, T.; SATO, M.; HIRAI, K. Prevalence of Listeria
species in raw milk from farm bulk tanks in Nagano
prefecture. J. Vet. Med. Sci., 60 (3): 311-314, 1998.
[42] VAN DENDER, A. G. F. Listeria monocytogenes: um proble-
ma em leite e produtos lácteos. Inf Agopec., 13 (155):
19-23, 1995.
6 – AGRADECIMENTOS
À CAPES, pela bolsa PICD/UEPB concedida e pelo
apoio financeiro; à Indústria de Laticínios de Campina
Grande-PB, por ter gentilmente permitido a realização
deste estudo nas suas instalações e, em particular, ao
Prof. Dr. Ernesto Hofer, da Fundação Oswaldo Cruz,
pelas valiosas sugestões na revisão deste artigo.
... Moraes et al. (2005) obtained similar results to analyze the microbiological quality of raw milk and found that in eight evaluated properties were found coliform in one of the three samples taken. Catão, Ceballos (2001) analyzed raw and pasteurized milk found high counts for total and fecal coliforms, so that 33.33% of samples analyzed for total coliforms and 10% for fecal coliforms were in disagreement with the legislation. Leite et al (2002) also found inadequate results for this group of microorganisms when analyzed pasteurized milk in the city of Salvador, Bahia, and found that, of the 20 samples analyzed, 13 (65%) showed contamination by total coliforms, with values ranging from 0.60 to 3.38 log MPN/mL -1 , of which 11 (55%) were at odds with the standards established by legislation. ...
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The objective of this study was to verify the microbiological quality of raw and pasteurized goat milk and produced in Alagoas state, Brazil. Was carried out three interval collect of pasteurized and raw milk and the samples taken to the laboratory. All samples were subjected to aerobic mesophilic microorganisms counting, psychrotrophic microorganisms, determination of the most probable number (MPN) of total coliforms and thermotolerant microorganisms. For analysis, samples were plated on specific medium (Baird-Parker Agar Base himedia M043) and incubated at 37 °C for 24h. To Salmonella sp. detection was used plating the medium Salmonella Shigella agar. The presence of coliforms at 35 °C was detected in all samples as well as 45 °C except to first sample. To the pasteurized milk was found to coliforms at 35 °C and 45 °C in the second and third samples. Only in the second test was checked the presence of mesofilic bacteria. We have not found samples contaminated with microorganisms psychrotrophic, Salmonella sp. and Staphylococcus sp. According to the obtained results the quality of collected milk has unacceptable conditions of consumption compared to coliform counts, according to the parameters established by law.
... Deficiency in hygiene and sanitary measures starting since before milking, begins with the health of cows from the milking process until the processing plant constitutes an urgent risk to public health due to the presence of microorganisms or toxins and residues of antibiotics and chemicals (Catão & Ceballos, 2001;Padilha et al., 2001;Fagan et al., 2010), considering also that, due to its nutritional quality and digestibility, milk and dairy products are consumed by all age groups of the population. According to Assis et al. (2007), the problems are also related to the small-scale production, in addition to unsatisfactory technical standards, whereas raw milk quality is emphasized, and such factors, if looked at, will contribute to the stability of milk agribusiness. ...
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The purpose of this study was to monitor improvements in the hygiene and sanitation conditions of the milk after application of Good Manufacturing Practices (GMP) to milking. A total of 106 farms were assessed in four periods of six months in the regions named agreste, dairy region, mid-backlands and high backlands in State of Alagoas, Brazil. Two activities were executed in the project: monitoring of milk quality; and application of GMP to pre-milking and milking processes. Milk samples underwent determination of Somatic Cell Count (SCC), Total Bacterial Count (TBC) and composition. The results correspond to milk components, determination of mammary health indicative parameters - SCC and milking hygiene - TBC. Regarding SCC, 73% of producers complied with the standards established by normative instruction (IN) 62/2011. Results of SCC after application of GMP remained basically the same, showing the only significant difference in the group studied from 401 to 500 SCC (x 1,000) / mL. Regarding TBC, the use of GMP increased from 237 (46.75%) to 380 (59.94%), but this increase was significant only in the group of “up to 100 (x 1,000) / mL”. The average of the other assessed samples was within the established parameters. Less than 4% of the samples presented one million or higher TBC/mL of milk.
... A significant coagulase-positive Staphylococcus count was observed in relation to the maximum temperature of the regions (27 ºC) and bovine thermal discomfort at the time from the third, fourth and fifth collections characterized by the intermediate between the end of the summer season and the beginning of autumn. Other relevance studies about the relation between raw milk microbiota and the climate variation in semiarid areas from Brazil (southeast and northeast from Brazil) have been reported in scientific literature ( Catão & Ceballos, 2001;Mendonça et al., 2001;Mendes et al., 2010;Da Silva et al., 2008;Silva et al., 2010;Tebaldi et al., 2008). ...
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The aim of this study was to evaluate the quality of the raw milk produced in the semiarid region of the Alagoas state, Brazil being influenced by bovine thermal control index and vegetation index. The raw milk was collected after the dairy cow of 12 small rural areas (semi-arid) of Alagoas state during four seasons. Fifty-eight collected raw milk samples were subjected to examine microbiologically for coliforms, Escherichia coli and coagulase-positive Staphylococcus. Only 02 rural associations presented low levels of microbiological contamination, which were located in areas of climatic conditions and parameters of Bovine Thermal Comfort Index (BCTI) and vegetation index favorable, but 10 rural associations presented high counting of coliforms at 45°C, Escherichia coli. The BTCI and Vegetation Index have shown to influence growth of coliforms at 45°C and Escherichia coli with high incidence during summer condition. The BCTI and vegetation index had influenced the coagulase-positive Staphylococcus count especially during the end of summer and start of the autumn seasons.
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No presente estudo foram avaliadas as características microbiológicas e físico-químicas dos leites cru, dos produtos recém pasteurizados e dos leites pasteurizados embalados, de uma indústria de laticínios, localizada no Estado da Paraíba, a fim de avaliar os parâmetros em comparação aos padrões estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Quatorze amostras de cada tipo de leite foram submetidas as seguintes análises microbiológicas: contagem de bactérias mesófilas viáveis, Número Mais Provável (NMP) de coliformes totais e termotolerantes, contagem de Staphylococcus coagulase positiva e negativa, pesquisa de Escherichia coli e de Salmonella. Para análises físico-químicas foram determinados pH e acidez, além dos testes de fosfatase e peroxidase no leite recém pasteurizado. O leite cru apresentou números elevados de bactérias mesófilas viáveis e coliformes totais. Staphylococcus coagulase positiva foi detectado em 78,6% dessas amostras. Em 35,7% das amostras de leite recém pasteurizado e 64,3% das de leite pasteurizado embalado foram detectados coliformes totais, em números acima do limite estabelecido pela legislação em vigor. A enzima fosfatase não foi detectada no leite recém pasteurizado, indicando que a presença de coliformes pode ter ocorrido em função da recontaminação pós-pasteurização. Nenhuma amostra demonstrou a presença de Salmonella. Os três tipos de leite apresentaram amostras com acidez abaixo do limite mínimo estabelecido na legislação.
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Queijos frescos como o Minas frescal e a ricota são excelentes meios para a proliferação de microbiota indesejável, prejudicando a qualidade e a integridade destes produtos. Nesse contexto, este estudo objetivou avaliar a evolução da microbiota contaminante em linha de processamento de queijos Minas frescal e ricota, de uma indústria de laticínios localizada no município de São José do Rio Preto-SP. As análises foram realizadas nas seguintes etapas: água, leite pasteurizado, coalho, massa, soro, superfície palmar dos manipuladores e tanque de coagulação, e queijos nos tempos zero e cinco dias de vida de prateleira. Tais etapas foram monitoradas por meio da determinação do NMP de coliformes totais e termotolerantes; contagem de Staphylococcus coagulase positiva e bactérias aeróbias mesófilas; pesquisa de Escherichia coli, Salmonella spp. e Listeria monocytogenes. Foram avaliadas doze amostras em cada uma das etapas. Das amostras de água, observou-se que três das amostras apresentaram valores acima do estabelecido para bactérias aeróbias mesófilas. Três amostras de leite apresentaram-se em desacordo para coliformes termotolerantes. As amostras de massa, coalho e soro apresentaram reduções nas contagens para todos os microrganismos. A superfície palmar e tanque de coagulação apresentaram baixas contagens para todos os bioindicadores. Os queijos apresentaram inconformidade para Staphylococcus coagulase positiva. Todas as amostras de leite apresentaram conformidade quanto à fosfatase/peroxidase.
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RESUMO Listeria monocytogenes é o agente causador da listeriose, uma grave doença de origem alimentar que causa severas infecções em humanos com altas taxas de mortalidade. O leite e seus derivados estão entre os produtos alimentícios mais frequentemente envolvidos na transmissão de L. monocytogenes. A listeriose acomete, sobretudo, indivíduos imunodeprimidos, grávidas, recém-nascidos e idosos, o que ressalta o caráter oportunista deste micro-organismo e sua importância para a saúde pública. No presente trabalho, faz-se uma revisão narrativa crítica sobre o risco à saúde humana decorrente da ingestão de leite e derivados contaminados por L. monocytogenes, bem como se discutem os fatores que determinam a contaminação por L. monocytogenes na cadeia de produção e distribuição de leite e derivados. São apresentados e avaliados os dados de ocorrência de L. monocytogenes em leite cru e em produtos lácteos no Brasil, tendo em vista seu potencial de envolvimento em casos de listeriose humana. Adicionalmente, são indicadas as principais áreas de pesquisa e atuação para prevenir a contaminação de L. monocytogenes em produtos lácteos.
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A garantia da qualidade da água para consumo humano está inclusa em leis federais brasileiras e em Minas Gerais, a COPASA (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) é a responsável pelo abastecimento de diversos municípios e precisa garantir a qualidade de seus serviços e produto. Nesse trabalho, foi utilizado controle estatístico de processo (CEP) multivariado para proporção, indicando uma sugestão de ferramenta para controle das características que descrevem a qualidade da água. Foram utilizados dados de relatórios da COPASA de 2012 à 2016, para as sete características que são verificadas, em proporção fora de especificação mensal, totalizando 60 meses, para as cidade de Alfenas e Belo Horizonte. Com a ferramenta, verificou-se pontos fora de controle para ambas cidades, e para diferentes características. O CEP pode ser utilizado em processo de triagem, embasando gestores em tomadas de decisão, como, por exemplo, para onde devem ser voltadas as atenções, decidindo quais partes do processo deve-se realizar estudos mais detalhados.
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The Minas fresh cheese is a fresh and moist cheese and, therefore, has a short shelf-life. The use of raw milk as the main feedstock, the absence of ripening and the facility of contamination are factors that can compromise the product’s microbiological quality. The aim of this study was to describe the hygienic-sanitary quality of 50 Minas fresh cheeses marketed in Botucatu city, São Paulo, Brazil, close to their production date, and another 50 units from the same lot exactly on the expiration date, according to the Brazilian Sanitary Surveillance Agency (ANVISA). We also searched for enterotoxins genes in Staphylococcus aureus and its in vitro expression. In 36% of the first analyzed samples, the count of coliforms at 45ºC was above the limit and, as for the second analysis, 44%. Regarding coagulase positive staphylococci, 10 (20%) samples showed concentration above the permitted by law next to the production date and 14% on the expiration date. Salmonella was only observed in one sample analyzed near the date of production, while L. monocytogenes only in one sample analyzed on the expiration day. We isolated three enterotoxigenic strains of S. aureus that produced Staphylococcal Enterotoxin B (SEB) and Staphylococcal Enterotoxin C (SEC) in vitro, highlighting the importance of proper storage of this product due to its potential to cause intoxication. Overall, the quality of Minas fresh cheese is still unsatisfactory, leading to risks to consumers’ health.
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Various retail foods were analyzed for the presence of Listeria spp. One hundred ten samples of vegetables including lettuce, celery, tomatoes, and radishes, and 14 samples of pasteurized milk, were found to be free of L. monocytogenes. In contrast 9 of 16 (56.3%) chicken legs, 38 of 44 (86.4%) ground meats, and 6 of 30 (20%) fermented sausages contained the organism. Of 530 samples of ice cream products obtained at the manufacturing level, only 2 were positive for L. monocytogenes.
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Long known as an animal pathogen, Listeria monocytogenes has recently been recognized as a important foodborne agent in human disease. The widespread distribution of L. monocytogenes and other Listeria spp. in nature and an association with domestic livestock makes the occasional presence of these bacteria on raw meats almost unavoidable. Contamination of ready-to-eat meat products with L. monocytogenes poses a special threat to public health because of the organism's ability to grow at refrigeration temperatures and its pathogenicity within certain segments of the population. This paper reviews the prevalence of Listeria spp. in meat and meat products, analyzes the potential for survival and growth of listeriae on fresh meats and during meat processing, and addresses the effect of various meat preservation parameters on L. monocytogenes. Copyright © International Association of Milk, Food and Environmental Sanitarians.
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The use of Fraser Broth enables the presumptive detection of Listeria spp. within 48 h, thereby producing major cost and time savings when compared to existing methods. Fraser Broth was developed by modification of the USDA secondary enrichment broth through the addition of lithium chloride and ferric ammonium citrate. Esculin hydrolysis in Fraser Broth results in the production of a black precipitate. Since all Listeria spp. hydrolyse esculin, cultures which do not blacken can be considered to be Listeria -free. The efficacy of Fraser Broth was documented by testing a wide range of food and environmental samples from food processing facilities in parallel with the methods used by the government regulatory agencies. Fraser Broth inoculated from the USDA primary enrichment was found to be more sensitive than either Fraser Broth inoculated from the FDA enrichment or the existing FDA method in the analysis of ice cream products.
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The ability of Listeria monocytogenes to grow during the Feta cheese-making process, and to survive during ripening, and storage of the cheese was examined. Pasteurized whole cow's milk was inoculated to contain ca. 5.0 × 103 L. monocytogenes [strain Scott A or California (CA)] cfu/ml and made into Feta cheese according to standard procedure. Lactobacillus bulgaricus, and Streptococcus thermophilus (1:1, v/v) were used as starter culture (1%, v/v). Fresh cheese was placed into sterile 12% salt brine and was held at 22°C for 24 h. Then it was placed into sterile 6% salt brine and held 4 d at 22°C after which it was stored in the same brine at 4°C. Milk, curd, whey, cheese, and brine were tested for numbers of L. monocytogenes and pH. Duplicate samples were used to enumerate L. monocytogenes by surface-plating on McBride Listeria Agar. Selected Listeria colonies were confirmed biochemically, L. monocytogenes was entrapped in curd during cheese-making with the population in curd being 0.92 Log10 cfu/g greater than in the inoculated milk; the whey contained an average of 3.2% of the initial inoculum. L. monocytogenes in cheese increased in numbers by ca. 1.5 Log10 cfu/g during the first 2 d of ripening, the population was 2.33 (S.D. ± 0.12) Log10 cfu/g greater in cheese than in the inoculated milk, with a maximum number of 1.5 × 106 cfu/g. The pH value of 2-d-old cheese decreased to 4.6 and then growth of L. monocytogenes ceased. Both strains of L. monocytogenes survived in Feta cheese for more than 90 d even at the low pH of 4.30 (S.D. ± 0.05) that Feta cheese had after ripening. Strain CA was significantly (P<0.006) less tolerant than strain Scott A, of conditions in the cheese during storage at 4°C.
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Three selective enrichment procedures-the U.S. Food and Drug Administration (FDA) method, the U.S. Department of Agriculture (USDA) method, and the Netherlands Government Food Inspection Service (NGFIS) method-were compared for isolating Listeria monocytogenes from contaminated foods. The foods were obtained from the refrigerators of patients with culture-proven listeriosis who were identified through multistate active surveillance in a U.S. population of 19 million. The study was designed to identify foods that may be important in transmission of L. monocytogenes in sporadic cases of human listeriosis. Of 899 foods analyzed by all three methods, 121 were positive for L. monocytogenes by at least one method. The three enrichment methods detected L. monocytogenes in 65% (FDA), 74% (USDA), and 74% (NGFIS) of the foods shown to contain L. monocytogenes . The differences among the three methods were not statistically significant. However, the recovery of L. monocytogenes by a combination of any two methods (USDA-FDA 88%, USDA-NGFIS 91%, FDA-NGFIS 87%) was significantly better than that by one method alone (p < 0.02). The differences among the combinations of methods were not statistically significant. These results suggest that at least two enrichment methods must be used in combination to recover L. monocytogenes from contaminated foods with a success rate near 90%. Correlations were observed between negative results and low (<0.3 CFU/g) level of L. monocytogenes contamination for the USDA (p < 0.001) and NGFIS (p < 0.001) methods. A similar but somewhat weaker association was observed for the FDA method (p < 0.06).
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Methods used to isolate Listeria spp. from raw milk were compared during a 13-month period (April 1989-April 1990). Raw milk was obtained bimonthly from 12 dairy farms during this time period. Three enrichments were compared: Listeria enrichment broth (LEB); University of Vermont medium (UVM), followed by a secondary enrichment with Fraser broth; and L-PALCAMY. Four selective plating media, including Listeria selective agar-Oxford formulation; Modified McBride Listeria agar (MMLA); Lithium chloride-phenylefhanol-moxalactam (LPM) agar; and L-PALCAM agar, were compared. L-PALCAMY enrichment broth enhanced isolation of L. monocytogenes and other Listeria spp. The greatest numbers of positive Listeria samples were obtained on Oxford and PALCAM agars, while the poorest isolation was obtained using the combination of LEB with MMLA. L. monocytogenes was found to be present in 3.0% (9/300) of the samples analyzed. The incidence of Listeria spp. was 28.0%; Listeria innocua, 26.7%; and Listeria welshimeri, 1.7%. Listeria ivanovii was not isolated. The incidence of Listeria was highest during the warmer months of April-July, while the lowest incidences occurred in December and February. Somatic cell counts (SCC) and standard plate counts (SPC) were determined by the cooperative that supplied the raw milk. In general, a producer's milk with high SPC corresponded to a high incidence of Listeria spp., while low SPC corresponded to a low incidence. A particular producer's milk with the highest incidence of Listeria spp. also had the highest SCC. © Copyright International Association of Milk, Food and Environmental Sanitarians.
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Since the second edition of Listeria, Listeriosis, and Food Safetywas published in 1999, the United States has seen a 40 percent decline in the incidence of listeriosis, with the current annual rate of illness rapidly approaching the 2010 target of 2.5 cases per million. Research on this food-borne pathogen, however, has continued unabated, concentrating in the last five years on establishing risk assessments to focus limited financial resources on certain high-risk foods. Listeria, Listeriosis, and Food Safety, Third Edition summarizes much of the newly published literature and integrates this information with earlier knowledge to present readers with a complete and current overview of foodborne listeriosis. Two completely new chapters have been added to this third edition. The first deals with risk assessment, cost of foodborne listeriosis outbreaks, and regulatory control of the Listeria problem in various countries. The second identifies specific data gaps and directions for future research efforts. All of the chapters from the second edition have been revised, many by new authors, to include updated information on listeriosis in animals and humans, pathogenesis and characteristics of Listeria monocytogenes, methods of detection, and subtyping. The text covers the incidence and behavior of Listeria monocytogenes in many high-risk foods including, fermented and unfermented dairy products, meat, poultry, and egg products, fish and seafood products, and products of plant origin. Upholding the standard of the first two editions, Listeria, Listeriosis, and Food Safety, Third Edition provides the most current information to food scientists, microbiologists, researchers, and public health practitioners.
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Three selective enrichment procedures - the U.S. Food and Drug Administration (FDA) method, the U.S. Department of Agriculture (USDA) method, and the Netherlands Government Food Inspection Service (NGFIS) method - were compared for isolating Listeria monocytogenes from contaminated foods. The foods were obtained from the refrigerators of patients with culture- proven listeriosis who were identified through multistate active surveillance in a U.S. population of 19 million. The study was designed to identify foods that may be important in transmission of L. monocytogenes in sporadic cases of human listeriosis. Of 899 foods analyzed by all three methods, 121 were positive for L. monocytogenes by at least one method. The three enrichment methods detected L. monocytogenes in 65% (FDA), 74% (USDA), and 74% (NGFIS) of the foods shown to contain L. monocytogenes. The differences among the three methods were not statistically significant. However, the recovery of L. monocytogenes by a combination of any two methods (USDA-FDA 88%, USDA-NGFIS 91%, FDA-NGFIS 87%) was significantly better than that by one method alone (p < 0.02). The differences among the combinations of methods were not statistically significant. These results suggest that at least two enrichment methods must be used in combination to recover L. monocytogenes from contaminated foods with a success rate near 90%. Correlations were observed between negative results and low (<0.3 CFU/g) level of L. monocytogenes contamination for the USDA (p << 0.001) and NGFIS (p << 0.001) methods. A similar but somewhat weaker association was observed for the FDA method (p < 0.06). Copyright ©, International Association of Milk, Food and Environmental Sanitarians.
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Three cases of Listeria monocytogenes infection are presented to illustrate the spectrum of disease caused by this gram-positive organism. The most common forms of infection are ‘early’ and ‘late onset’ perinatal listeriosis and listeriosis in the immunocompromised host. The treatment of listeriosis, the epidemiology of the infection, and the virulence factors of Listeria monocytogenes are briefly reviewed.