A 1 de Novembro de 1755, Lisboa assiste à maior catástrofe de que há memória em Portugal. Pereira de Sousa, 1928, cita Moreira de Mendonça "Pouco depois das nove horas e meya da manhã, estando o Barometro em 27 polegadas, e sete linhas, e o Thermometro de Reaumur em 14 gráos a cima do gelo, correndo hum pequeno vento Nordeste, começou a terra a abalar com pulsação do centro para a superfície, e aumentando o impulso, continuou e tremer formando um balanço para os lados de Norte a Sul (…)". Rómulo de Carvalho (1987) escreve que as paredes começaram a desmoronar-se, abatendo-se sobre as pessoas que fugiam desamparadas das suas casas e corriam pelas ruas. Pelo facto de ser Dia de Todos os Santos o número de vítimas do terramoto foi muito elevado, devido aos incêndios das casas e igrejas, desmoronamento dos edifícios, pânico geral e, por fim, consequências do tsunami. O acontecimento inédito foi publicado e descrito por vários intelectuais e estrangeiros da época, como o caso de Thomas Chase, um inglês estabelecido em Lisboa. Ainda, a Gazeta de Lisboa numa publicação de 1755, dedicou umas breves linhas à descrição do terramoto ocorrido. O tsunami foi descrito da seguinte forma segundo Moreira de Mendonça (1928): "(…) A estes impulsos da terra se retirou o mar, deixando nas suas margens ver o fundo ás suas agoas nunca antes visto, e encapellando-se estas em altissimos montes, se arrojarao pouco depois sobre todas as povoaçoens maritimas com tanto impeto, que parecia quererem submergillas extendendo os seus limites (…)." Marquês de Pombal, rejeita a hipótese divina do sucedido e assume a hipótese científica do mesmo dizendo ao Rei "agora há que enterrar os mortos, cuidar dos vivos e fechar os portos". A reconstituição de Lisboa era urgente e necessária. Antes do terramoto Lisboa era uma cidade pobre descrita por várias personalidades estrangeiras da época como "(…) não encontrar um edifício que mereça a menor atenção (…)", "(…) as suas ruas estreitas, sejas e incómodas (…)" ou mesmo "(…) uma cidade de África (…)". Manuel da Maya entregou a Marquês de Pombal, um longo memorial, com diversas plantas possíveis para a reconstituição de Lisboa. As diversas plantas contemplavam questões fundamentais como manter ou não a velha Lisboa, aproveitar ou não o que restou dos edifícios, alterar a altura dos mesmos e alargar as ruas, proibir a construção desregrada de casas e edifícios públicos, saúde pública, entre outras preocupações. O engenheiro-mor do Reino e arquiteto minucioso em questões de ordem técnica e prática, apresentava um sentido inovador da engenharia sísmica da época, preocupando-se em criar um plano urbanístico integrado para o nascimento de uma nova cidade de Lisboa, ideia que defendia. No entanto, não trabalhou sozinho, mas sim, rodeou-se de distintas personalidades da engenharia, como Eugénio dos Santos e Carlos Mardel. A escolha da planta mais apropriada e inovadora para a reconstituição de Lisboa foi da responsabilidade de Marquês de Pombal, que de forma assertiva se decidiu pela planta da "Baixa Pombalina".