ArticlePDF Available

Abstract

Twenty-three dogs with infectious canine hepatitis (ICH) were analyzed, based on general data, clinicopathological findings, and immunohistochemistry. The main gross lesions were hepatic paleness (17/23), hepatomegaly (10/23), and hemorrhage (21/23). Gallbladder edema (11/23), fibrinous material on the hepatic capsular surface (8/23), and jaundice (6/23) were also found. Severe hepatic necrosis was observed in association with amphophilic or basophilic intranuclear inclusions inside hepatocytes and endothelial cells (22/23). Splenic and nodal lymphoid necrosis and hemorrhage associated with small number of intranuclear inclusions inside reticuloendothelial cells were identified. Immunohistochemistry (IHC) was positive for adenovirus type 1 in all animals, with the best staining pattern occurring in the liver (23/23), brain (22/22), cerebellum (16/20), and kidney (16/21). Greater amount of viral antigen was identified in hepatocytes and vascular endothelial cells from the brain and glomerular tuft.
158
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
RESUMO.- Vinte e três cães com hepatite infecciosa cani-
na (HIC) foram analisados com base nos seus dados ge-
rais, achados clínicos, patológicos e imuno-histoquímicos.
As principais lesões macroscópicas encontradas foram pa-
lidez do fígado (17/23), hepatomegalia (10/23) e hemorragia
(21/23). Observou-se também edema da parede da vesícu-
la biliar (11/23), malhas de fibrina cobrindo a superfície
capsular hepática (8/23) e icterícia (6/23). Acentuada necro-
se hepatocelular foi encontrada associada à identificação
de corpúsculos intranucleares anfofílicos e basofílicos em
hepatócitos e células endoteliais (22/23) característicos de
adenovírus. Identificou-se no baço e linfonodos necrose
linfoide, hemorragia e menor ocorrência de corpúsculos in-
tranucleares em células reticuloendoteliais. A imuno-histo-
química (IHQ) foi positiva para adenovírus canino tipo 1 em
todos os animais analisados. Os principais órgãos positi-
vos na IHQ foram fígado (23/23), telencéfalo (22/22), cerebelo
(16/20) e rim (16/21). Maior marcação de antígenos viral foi
observada em hepatócitos e no endotélio vascular do
encéfalo e dos tufos glomerulares renais.
TERMOS DE INDEXAÇÃO: Hepatite, cães, necrose, hemorra-
gia, imuno-histoquímica.
INTRODUÇÃO
A hepatite infecciosa canina (HIC) é uma doença viral
sistêmica causada pelo adenovírus canino tipo 1 (CAV-1)
(Decaro et al. 2008) e acomete principalmente cães jovens
e não vacinados (Timoney et al. 1988). Como importante
característica, o CAV-1 possui tropismo por hepatócitos e
células endoteliais (Zee & MacLachlan 2004), resultando
em grave quadro clínico devido à necrose hepatocelular e
hemorragia sistêmica (Greene 2006, Decaro et al. 2008).
A HIC foi diagnosticada primeiramente em cães em 1930
(Decaro et al. 2008) e com o decorrer dos anos se tornou
uma doença comum e amplamente diagnosticada em dife-
rentes países (Carvalho et al. 1975). Com a utilização de
Hepatite infecciosa canina em cães naturalmente infectados:
achados patológicos e diagnóstico imuno-histoquímico1
Eduardo C. Oliveira2, Paula R. Almeida2, Luciana Sonne2, Saulo P. Pavarini2,
Tatiane T.N. Watanabe2 e David Driemeier2*
ABSTRACT.- Oliveira E.C., Almeida P.R., Sonne L., Pavarini S.P., Watanabe T.T.N. &
Driemeier D. 2011. [Infectious canine hepatitis in naturally infected dogs: Pathological
findings and immunohistochemical diagnosis.] Hepatite infecciosa canina em cães
naturalmente infectados: achados patológicos e diagnóstico imuno-histoquímico. Pesquisa
Veterinária Brasileira 31(2):158-164. Setor de Patologia Veterinária, Faculdade de
Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Av. Bento Gonçalves 9090, Porto
Alegre, RS 91540-000, Brazil. E-mail: davetpat@ufrgs.br
Twenty-three dogs with infectious canine hepatitis (ICH) were analyzed, based on general
data, clinicopathological findings, and immunohistochemistry. The main gross lesions were
hepatic paleness (17/23), hepatomegaly (10/23), and hemorrhage (21/23). Gallbladder edema
(11/23), fibrinous material on the hepatic capsular surface (8/23), and jaundice (6/23) were
also found. Severe hepatic necrosis was observed in association with amphophilic or basophilic
intranuclear inclusions inside hepatocytes and endothelial cells (22/23). Splenic and nodal
lymphoid necrosis and hemorrhage associated with small number of intranuclear inclusions
inside reticuloendothelial cells were identified. Immunohistochemistry (IHC) was positive for
adenovirus type 1 in all animals, with the best staining pattern occurring in the liver (23/23),
brain (22/22), cerebellum (16/20), and kidney (16/21). Greater amount of viral antigen was
identified in hepatocytes and vascular endothelial cells from the brain and glomerular tuft.
INDEX TERMS: Hepatitis, dogs, necrosis, hemorrhage, immunohistochemistry.
1 Recebido em 15 de junho de 2010.
Aceito para publicação em 15 de outubro de 2010.
Parte da tese de Doutorado do primeiro autor.
2 Setor de Patologia Veterinária, Faculdade de Veterinária, Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul, Avenida Bento Gonçalves 9090,
Bairro Agronomia, Porto Alegre, RS 91540-000, Brasil. *Autor para
correspondência: davetpat@ufrgs.br
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
Hepatite infecciosa canina em cães naturalmente infectados: achados patológicos e diagnóstico imuno-histoquímico 159
vacinas para a prevenção da doença, a ocorrência de HIC
apresenta-se reduzida pelo mundo e atualmente é mais
descrita em países sem adequados programas de vacina-
ção ou que não apresentam um controle de importação de
animais (Decaro et al. 2007, 2008).
O objetivo deste trabalho é descrever as características
gerais, os achados clinicopatológicos e o diagnóstico por
imuno-histoquímica (IHQ) de 23 casos de HIC diagnostica-
dos no Setor de Patologia Veterinária da Universidade Fe-
deral do Rio Grande do Sul (SPV-UFRGS) entre 1996 e 2009.
MATERIAL E MÉTODOS
Registros de necropsias realizadas em cães no SPV-UFRGS
foram revisados do período de janeiro de 1996 a dezembro de
2009 para identificar cães diagnosticados com HIC. Todos os
diagnósticos foram baseados em achados histológicos de HIC.
Dados gerais, históricos e achados patológicos dos cães com
HIC foram registrados e analisados. Informações referentes ao
sexo, raça, idade, ano da realização da necropsia, sinais clíni-
cos, suspeita clínica e estado vacinal dos cães foram buscadas.
Como diagnóstico complementar, realizou-se a identificação de
antígeno viral pela técnica de IHQ em cortes histológicos de
fígado, rim, pulmão, baço, linfonodo mesentérico, timo, telencé-
falo e cerebelo. A técnica foi realizada pelo método estreptavidi-
na-biotina ligada à peroxidase. Inibição da peroxidase foi reali-
zada com peróxido de hidrogênio a 10% em solução de metanol
durante 30 minutos. A recuperação antigênica ocorreu com a
utilização de proteinase K ready-to-use (S3020, DakoCytomation)
por 1 minuto. O bloqueio das reações inespecíficas foi realizado
com leite em pó por 20 minutos. Para diagnóstico de HIC, utili-
zou-se anticorpo monoclonal para adenovírus canino tipo 1
(VMRD - 2E10-H2) na diluição de 1:400 durante o período de
14-16 horas (overnight) a 4oC. Após esta fase, os cortes histoló-
gicos foram incubados com anticorpo secundário biotinilado li-
gado a estreptavidina-peroxidase (kit LSAB-K0690,
DakoCytomation) durante um período total de 40 minutos. Como
cromógeno utilizou-se o 3,3’diaminobenzidina (DAB-K3468,
DakoCytomation) durante um minuto.
RESULTADOS
Durante o período de janeiro de 1996 a dezembro de 2009
realizaram-se 23 diagnósticos de HIC, de um total de 6.993
necropsias em cães realizadas no SPV-UFRGS, represen-
tando 0,34% das necropsias de cães. Foram afetados 13
fêmeas e 10 machos. A idade foi informada em 21 casos,
Quadro 1. Distribuição dos casos de hepatite infecciosa canina diagnosticados com o ano da realização da
necropsia, dados gerais e informações clínicas dos 23 cães
Caso Ano da Raça Sexo Idade Vacinação Suspeita Histórico e sinais clínicos
necropsia clínica
1 1998 SRD Fêmea 12 meses NV NR NR
2 2003 SRD Fêmea 36 meses N R NR Edema subcutâneo e anorexia.
3 2005 Chow Chow Fêmea 2 meses NR Intoxicação Quadro clínico de um dia com apa-
tia, vômitos, hipertemia e convulsões.
4 2005 Pit Bull Macho NR NR NR NR
5 2005 SRD Fêmea 4 meses NV Babesiose ou Apatia e anorexia.
leptospirose
6 2005 Boxer Fêmea 45 dias NV Parvovirose Quadro clínico de dois dias com vô-
mitos e mucosas pálidas.
7 2006 SRD Fêmea NR NR HIC ou Quadro clínico de poucas horas com
leptospirose icterícia e fezes com sangue.
8 2006 SRD Fêmea 4 meses 3 doses Babesiose ou Quadro clínico de 3 dias com icterícia,
cinomose anorexia e dificuldade de locomoção.
9 2006 Poodle Fêmea 2 meses 1 dose NR Quadro clínico de poucas horas com
apatia e anorexia.
10 2006 Labrador Macho 3 meses NV Verminose Apatia, convulsões e mucosas pálidas.
11 2008 SRD Fêmea 5 meses 3 doses NR Apatia e diarreia.
12 2008 SRD Macho 2 meses NV Intoxicação Encontrado morto, sem sinais clínicos
anteriores.
13 2008 SRD Macho 3 meses NV NR Apatia, anorexia e icterícia.
14 2008 SRD Macho 2 meses NV Parvovirose Apatia, hipotermia, diarreia e mucosas
pálidas.
15 2009 Yorkshire Macho 2 meses NV Parvovirose Fezes pastosas e com sangue.
16 2009 Pastor Fêmea 4 meses 2 doses Parvovirose Anorexia e diarreia.
Alemão
17 2009 Shih Tzu Macho 2 meses 1 dose NR Anorexia, apatia e morte em 2 dias.
18 2009 SRD Macho 1 mês NR Leptospirose Apatia, icterícia e petéquias na pele.
19 2009 Poodle Fêmea 2 meses NR NR NR
20 2009 SRD Fêmea 3 meses NV Leptospirose Apatia, icterícia e dispneia.
21 2009 SRD Macho 2 meses NR NR NR
22 2009 Pastor Fêmea 3 meses NR Parvovirose Apatia, anorexia, mucosas pálidas e di-
Alemão arreia com sangue.
23 2009 Yorkshire Macho 36 meses NR Intoxicação Quadro clínico de um dia e com con-
vulsões.
SRD = Sem raça definida, NV = não vacinado, NR = não relatado, HIC = hepatite infecciosa canina.
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
Eduardo C. Oliveira et al.
160
obtendo-se uma média de idade de seis meses, variando
de 45 dias a três anos. Animais sem raça definida represen-
taram 52,2% dos casos e cães com raça 47,8% das ne-
cropsias. Em 14 casos, informações quanto ao programa
de vacinação foram relatadas pelo médico veterinário ou
proprietário. Desses, nove cães não receberam nenhuma
dose de vacina polivalente canina (apresenta antígeno vacinal
de adenovírus), dois cães receberam três doses desse tipo
de vacina, dois filhotes receberam uma dose e um cão re-
cebeu duas doses. A suspeita clínica, informada pelo vete-
rinário ou proprietário, foi relatada em 15 casos. As duas
principais suspeitas clínicas relatadas foram parvovirose
canina (4/15) e leptospirose (4/15), e em somente um caso
foi cogitada a possibilidade de HIC. Em 19 cães, informa-
ções do histórico clínico foram dadas na requisição de ne-
cropsia. Os principais sinais clínicos relatados no histórico
foram apatia (11/19), anorexia (8/19), icterícia (5/19) e diarreia
(4/19). Dados gerais do cão, o ano da realização da necrop-
sia e informações clínicas estão descritas no Quadro 1.
Achados macroscópicos
O exame de necropsia identificou alterações macros-
cópicas hepáticas em todos os cães (Quadro 1), carac-
terizadas principalmente por palidez (17/23) e friabilidade
(13/23), hepatomegalia (10/23), focos de hemorragia (5/
23) e acentuação do padrão lobular (5/23) (Fig.1). Obser-
vou-se discreto material fibrinoso na superfície capsular
Fig.1. Fígado de um cão com hepatite infecciosa canina, apre-
sentando padrão lobular evidente e hemorragias na su-
perfície capsular.
Fig.2. Fígado pálido e com fibrina na superfície capsular de um
cão com hepatite infecciosa canina.
Fig.3. Vesícula biliar com edema acentuado em um cão com
hepatite infecciosa canina.
Fig.4. Hemorragia tímica acentuada em um cão com hepatite
infecciosa canina.
Fig.5. Hemoperitônio em um cão com hepatite infecciosa canina.
1
2
45
3
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
Hepatite infecciosa canina em cães naturalmente infectados: achados patológicos e diagnóstico imuno-histoquímico 161
hepática e entre os lóbulos (8/23) (Fig.2) e edema da pare-
de da vesícula biliar (11/23) (Fig.3). Fezes amolecidas fo-
ram vistas em dez animais e nesses casos se apresenta-
va hemorrágica em sete. Icterícia foi observada em parte
das necropsias (6/23). Grande parte dos casos (21/23)
cursou com hemorragia em diferentes órgãos. O principal
órgão acometido por essa alteração foi o intestino delgado
(10/23), que apresentou hemorragia na luz e em alguns
casos petéquias e equimoses na serosa e/ou mucosa.
Observaram-se hemorragias também na mucosa e/ou se-
rosa do estômago (6/23), timo (6/23) (Fig.4), pulmões (5/
23), peritônio (4/23) (Fig.5), pele (4/23), fígado (3/23), cora-
ção (3/23), encéfalo (3/23), subcutâneo (1/23), mesentério
(1/23) e na serosa do cólon (1/23). Identificou-se serosa
intestinal rugosa em nove das 23 necropsias, além de
hiperemia da serosa e mucosa (5/23) e placas de Peyer
evidentes (4/23). No exame macroscópico de órgãos
linfoides abdominais, observaram-se esplenomegalia (15/
23) e aumento de linfonodos mesentéricos (14/23). Havia
também edema tímico (4/23) (Fig.4), pulmonar (3/23),
hidrotórax (2/23), ascite (2/23) e subcutâneo (2/23).
Achados microscópicos
A avaliação histológica apresentou variação no núme-
ro de órgãos analisados. A descrição das lesões é segui-
da pela análise numérica, seguindo a regra (número de
casos com a lesão/número de cortes histológicos analisa-
dos). No fígado encontrou-se necrose hepatocelular acen-
tuada (23/23), com padrão centrolobular (14/23), massivo
(5/23) e aleatório (4/23) (Fig.6). Outros achados no fígado
incluíam congestão (13/23), hemorragia (10/23), leve
infiltrado inflamatório formado por macrófagos e linfócitos
ou misto (9/23), leve colestase (5/23) e vasculite linfoplas-
mocitária (3/23). As lesões microscópicas hepáticas iden-
tificadas em cada caso de HIC estão apresentadas no
Quadro 2. Na vesícula biliar, somente foi observado ede-
ma na submucosa (8/13) associado à dilatação de vasos
e autólise em grau variado.
Cortes histológicos de linfonodos mesentéricos revela-
ram necrose acentuada de células foliculares e interfolicula-
res (14/19), infiltrado de histiócitos (15/19), hemorragia (9/
19), eritrofagocitose (8/19), rarefação linfoide (6/19) e hiper-
plasia linfoide (3/19). No baço identificou-se hemorragia (10/
21), necrose linfoide (9/21), rarefação linfoide (8/21), infiltrado
de histiócitos (6/21) e eritrofagocitose (3/21). No timo havia
congestão acentuada (8/18), necrose linfoide (5/18), focos
de hemorragia (6/18), rarefação linfoide moderada (4/18),
edema interlobular (4/14) e hiperplasia linfoide da região
cortical (3/14). Na avaliação pulmonar, identificou-se con-
gestão (9/22), infiltrado inflamatório alveolar formado por lin-
fócitos, macrófagos, plasmócitos ou misto (8/22), focos de
hemorragia (6/22) e edema alveolar de grau variado (7/22).
A histologia renal revelou congestão (8/21), degeneração
tubular (5/21), glomerulonefrite membranosa discreta (4/21)
e focos de hemorragia (3/21). No intestino delgado, obser-
vou-se necrose e rarefação linfoide nas placas de Peyer (7/
19) e discreto infiltrado de linfócitos na mucosa (4/19). No
encéfalo, havia congestão de vasos superficiais do córtex
(8/22), vacuolização discreta multifocal da substância bran-
ca (6/22), raros focos de vasculite linfocitária (6/22), hemor-
Quadro 2. Identificação de edema da vesícula biliar, alterações macroscópicas e histológicas do fígado dos 23 cães
com hepatite infecciosa canina
Caso Edema de Macroscopia do fígado Microscopia fígado
vesícula NE CI CO HE CL VA HT
1 + Aumentado, pálido e friável. + + + + - - -
2 - Friável, fibrina e manchas brancas. + + + + - - -
3 - Pálido e friável. + + + - + + +
4 - Pálido. + + + - - - -
5 - Aumentado, pálido, padrão lobular evidente e com áreas vermelhas. + + - + - - +
6 - Pálido, friável, fibrina e com padrão lobular evidente. + + + + - - -
7 + Aumentado, pálido, friável e com padrão lobular evidente. + + - + + - +
8 - Pálido e friável. + + + - + + +
9 + Aumentado, pálido, friável e com pontos brancos. + + + + - - -
10 + Aumentado, pálido, friável e com padrão lobular evidente. + + + + - - -
11 - Pálido. + + + - - - +
12 + Aumentado, pálido, friável e com fibrina. + + + + + - +
13 - Pálido e friável. + + - - + + +
14 + Aumentado, pálido, friável e com fibrina. + + - - - - -
15 + Aumentado, pálido, friável e com fibrina. + + - - + - +
16 + Aumentado + + + - - - -
17 - Aumentado, pálido, friável e com padrão lobular evidente. + + - - + - -
18 - Friável. + + - + - - -
19 + Aumentado, pálido, friável. + + + + + - -
20 - Friável. + + - - - - -
21 + Aumentado. + + - - - - -
22 - Aumentado, pálido, friável. + + + - + - +
23 + Padrão lobular evidente. + - - + + - +
NE = Necrose, CI = corpúsculo de inclusão intranuclear, CO = congestão, HE = hemorragia, CL = colestase, VA = vasculite, HT = hepatite,
(+) = presente, (-) = ausente.
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
Eduardo C. Oliveira et al.
162
ragia multifocal de grau variado (5/22) e necrose focal do
neurópilo em área adjacente a hemorragia (2/22).
Corpúsculos intranucleares anfofílicos (Fig.7) caracte-
rísticos de adenovírus foram identificados em grande parte
dos casos (22/23). O fígado foi o principal órgão na identifi-
cação de corpúsculos, apresentando-se grande número (12/
23), pequeno número (8/23), moderado número (2/23) ou
nenhum corpúsculo em um caso. Os corpúsculos de inclu-
são intranucleares foram encontrados principalmente em
hepatócitos e em menor grau nas células de Kupffer e no
endotélio vascular (em poucos casos ocorrendo no endotélio
glomerular renal, encefálico e tímico). Identificou-se reduzi-
do número de corpúsculos intranucleares em células
reticuloendoteliais do baço e de linfonodos mesentéricos.
Exame imuno-histoquímico
O resultado da IHQ foi positivo para adenovírus canino
tipo 1 em todos os cães. Entre os órgãos testados, os
melhores resultados foram obtidos no fígado (23/23), te-
lencéfalo (22/22), cerebelo (16/20) e rim (16/21) (Quadro
3). No fígado, antígeno viral foi identificado em maior nú-
mero em hepatócitos, com marcação no citoplasma, nú-
6
8
10
7
9
Fig.6. Necrose hepática aleatória devido à infecção pelo ade-
novírus canino tipo 1. HE, obj.40x.
Fig.7. Corte histológico de fígado de um cão com hepatite in-
fecciosa canina. Corpúsculos de inclusão intranucleares
(setas) no interior de hepatócitos. HE, obj.100x.
Fig.8. Imuno-histoquímica positiva para antígenos de adenovírus
canino tipo 1 em hepatócitos caracterizada por marcação
em corpúsculos de inclusão intranucleares, núcleos e no
citoplasma (em marrom). Método estreptavidina-biotina li-
gada à peroxidase, obj.40x.
Fig.9. Imuno-histoquímica positiva (em marrom) para antíge-
nos de adenovírus canino tipo 1 no endotélio glomerular.
Método estreptavidina-biotina ligada à peroxidase, obj.40x.
Fig.10. Imuno-histoquímica positiva (em marrom) para antíge-
nos de adenovírus canino tipo 1 no endotélio cerebral.
Método estreptavidina-biotina ligada à peroxidase, obj.40x.
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
Hepatite infecciosa canina em cães naturalmente infectados: achados patológicos e diagnóstico imuno-histoquímico 163
cleo e em corpúsculos de inclusão intranucleares (Fig.8).
Porém, alguns corpúsculos de inclusão intranucleares não
se apresentavam marcados. Observaram-se também mar-
cação em células de Kupffer e ocasionalmente no endotélio
vascular. No diagnóstico do animal que não apresentava
corpúsculos de inclusão intranucleares no corte histológi-
co de fígado, identificou-se hepatócitos marcados positi-
vamente para CAV-1. No rim, marcação foi obtida unica-
mente em células endoteliais dos tufos glomerulares (Fig.9).
No encéfalo, antígeno de CAV-1 foi identificado no endotélio
vascular, com forte marcação do citoplasma, núcleo e
corpúsculos de inclusão intranucleares (Fig.10). Em órgãos
linfoides, observou-se menor número de cortes histológi-
cos positivos para CAV-1 e baixa quantidade de linfócitos
ou células endoteliais marcadas positivamente.
DISCUSSÃO
Durante o período de análise, os óbitos devido à hepatite
infecciosa canina (HIC) representaram reduzido número nas
necropsias do SPV-UFRGS. Resultado semelhante foi iden-
tificado por Inkelmann et al. (2007), que encontrou HIC em
1,2% dos diagnósticos numa avaliação de 5.361 necropsi-
as de cães na região central do Rio Grande do Sul. Entre-
tanto, os casos apresentados, relacionados com o aumen-
to do número de casos, principalmente nos últimos dois
anos (39,1% dos casos analisados), podem estar associa-
dos a um deficiente programa de vacinação. Na avaliação
vacinal dos cães, observou-se a doença em animais vaci-
nados, mesmo tendo as três doses recomendadas. Esse
resultado pode estar relacionado a uma menor qualidade da
vacina aplicada ou a um deficiente estado imunológico dos
animais. Fatores como inadequada conservação da vacina,
Quadro 3. Resultados dos testes imuno-histoquímicos em diferentes órgãos
nos 23 cães com hepatite infecciosa canina
Caso Fígado Rim Baço Linfonodo Timo Pulmão Cérebro Cerebelo
1 +++a+++ NA NA NA - +++ NA
2 + + + NA NA NA + +
3 + + - NA NA - ++ ++
4 +++ NA ++ - - - + +
5++++--- + +
6 + + - ++ - - ++ -
7++++---- NANA
8 +++ +++ NA - - - + NA
9+ - - + - + + -
10 +++ +++ - NA + - +++ +++
11 ++ - + - NA - + +
12 +++ ++ ++ ++ + - ++ +++
13 ++ +++ - - - + + +
14 +++ + - - ++ - + -
15 +++ - +++ + - - ++ -
16 +++ +++ - - + + ++ ++
17++---- + +
18 +++ +++ ++ + + + +++ +
19 +++ - + - ++ - ++ +
20 + NA - + NA - + +
21+----- +++++
22 +++ +++ +++ + +++ +++ +++ ++
23 ++ + ++ - + + + +
a Grau de marcação: + = leve, ++ = moderada, +++ = acentuada; - = resultado negativo, NA= não
analisado.
modo de aplicação, intervalos entre as aplicações e estres-
se do animal podem ter contribuído para a ocorrência da
infecção (Greene & Schultz 2006).
A idade jovem encontrada na maior parte dos cães tam-
bém é apresentada em outras publicações, indicando uma
maior sensibilidade de jovens em adquirir HIC (Studdert &
Studdert 1972, Decaro et al. 2007, Inkelmann et al. 2007).
Entretanto, o acometimento de caninos maiores de um ano
também é descrita, podendo ocorrer pela não vacinação
ou por um estado imunológico menos eficiente (Greene
2006, Inkelmann et al. 2007).
A suspeita clínica de HIC somente estava presente no
histórico de um cão. Esse resultado pode estar relaciona-
do à dificuldade de realizar um diagnóstico clínico de HIC,
provavelmente devida ao curso agudo da doença, ou ao
fato de que a HIC pode apresentar sinais clínicos inespe-
cíficos ou alterações que são observadas em outras doen-
ças de maior casuística. Dessa forma, os sinais apresen-
tados em um caso de HIC podem apresentar semelhan-
ças a casos de parvovirose canina. Além disso, juntamen-
te a alterações hepáticas agudas observadas na HIC, al-
guns achados macroscópicos de HIC também são encon-
trados em casos de parvovirose canina, como fezes mais
líquidas e hemorrágicas, serosa intestinal rugosa e altera-
ções linfoides (Gelberg 2007). Com isso, durante a necrop-
sia, os achados comumente apresentados por essas do-
enças confirmam um quadro clínico e patológico seme-
lhante e que somente será confirmado por meio de análise
histológica e/ou por diagnóstico complementar.
A avaliação do padrão de necrose hepática revelou um
predomínio de necrose centrolobular, padrão descrito em
infecções por CAV-1 (Stalker & Hayes 2007, Decaro et al.
Pesq. Vet. Bras. 31(2):158-164, fevereiro 2011
Eduardo C. Oliveira et al.
164
2008), porém outros padrões de necrose hepática, como
aleatória, foram identificados. Esses achados também fo-
ram descritos por Inkelmann et al. (2007). Hemorragias
em diferentes locais anatômicos se apresentaram comu-
mente durante a necropsia. Essa alteração é ocasionada
pelo desenvolvimento de coagulação intravascular dis-
seminada (CID) provocada pela trombocitopenia, pelo au-
mento no tempo de protrombina e diminuição dos fatores
de coagulação (Greene 2006, Decaro et al. 2008). Essas
anormalidades são desencadeadas pela lesão do CAV-1
no endotélio, com ativação da coagulação pela exposi-
ção de substâncias pró-coagulantes no subendotélio, pro-
vocando uma coagulopatia de consumo com a utilização
de plaquetas e fatores de coagulação (Stalker & Hayes
2007).
Outros achados patológicos como icterícia, edema de
vesícula biliar e depósito de fibrina na superfície hepática
podem ser identificados no exame de necropsia, auxilian-
do o diagnóstico de HIC. Porém, a ocorrência destas le-
sões é menor (Greene 2006, Inkelmann et al. 2007). O
resultado apresentado na vesícula biliar difere de Cornwell
& Wright (1969), que em estudo experimental de HIC em
filhotes, observaram edema de vesícula biliar em muitos
cães. Algumas possibilidades são colocadas para a for-
mação do edema, como aumento da pressão portal, dimi-
nuição da pressão osmótica ou combinação de ambos os
fatores (Van Breda Vriesman et al. 2007).
O diagnóstico complementar pela IHQ foi eficaz na iden-
tificação do CAV-1 em cortes histológicos. Em um caso,
auxiliou o diagnóstico de HIC na ausência de corpúsculos
de inclusão intranucleares. A identificação de antígeno viral,
principalmente em hepatócitos e no endotélio vascular,
confirma o tropismo do CAV-1 por esses locais, ajudando
no entendimento da patogenia da HIC. Marcação por IHQ
não foi identificada em todos os corpúsculos de inclusão
intranucleares que caracterizam a infecção pelo CAV-1,
resultado também observado em outros trabalhos de HIC
que utilizaram a IHQ como ferramenta de diagnóstico
(Rakich et al. 1986, Crouinard et al. 1998, Inkelmann et al.
2008). Segundo Rakich et al. (1986), corpúsculos de inclu-
sões são formados por uma matriz amorfa com variada
quantidade de material viral, podendo conter estruturas
virais antigenicamente diferentes e dessa forma podem
não ligar ao anticorpo específico de CAV-1.
Alterações linfoides foram observadas em diferentes
órgãos e associadas à identificação histológica do CAV-1
pela IHQ também demonstraram o tropismo viral por célu-
las linfoides. Esses resultados também foram descritos
em outros estudos com a identificação de achados patoló-
gicos e a identificação viral em cortes histológicos (Cornwell
& Wright 1969, Inkelmann et al. 2007, 2008).
Agradecimentos.- Aos demais membros do Setor de Patologia Vete-
rinária da UFRGS pelo auxílio técnico. Ao Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio financeiro
deste trabalho.
REFERÊNCIAS
Carvalho R.P.S., Soborg F. & Souza V.A.U.F. 1975. Canine hepatitis
virus infections in dogs of São Paulo city, Brazil. Arqs Inst. Biológico,
São Paulo, 42:93-98.
Cornwell H.J.C. & Wright N.G. 1969. The pathology of experimental
infectious canine hepatitis in neonatal puppies. Res. Vet. Sci. 10:156-
160.
Crouinard L., Martineau D., Forget C. & Girad C. 1998. Use of
polymerase chain reaction and immunohistochemistry for detection
of canine adenovirus type 1 in formalin-fixed, paraffin-embedded
liver of dogs with chronic hepatitis or cirrhosis. J. Vet. Diagn. Invest.
10:320-325.
Decaro N., Campolo M., Elia G., Buonavoglia D., Colaianni M.L., Lorusso
A., Mari V. & Buonavoglia C. 2007. Infectious canine hepatitis: An
“old” disease reemerging in Italy. Res. Vet. Sci. 83:269-273.
Decaro N., Martella V. & Buonavoglia C. 2008. Canine adenoviruses
and herpesvirus. Vet. Clin. Small Anim. 38:799-814.
Gelberg H.B. 2007. Alimentary system, p.378-380. In: McGavin M.D.
& Zachary J.F. (Eds), Pathologic Basis of Veterinary Disease. 4th ed.
Mosby Elsevier, St Louis. 1476p.
Greene C.E. 2006. Infectious canine hepatitis and canine acidophil cell
hepatitis, p.41-53. In: Ibid. (Ed), Infectious Diseases of the Dog and
Cat. 3rd ed. Saunders Elsevier, St Louis. 1387p.
Greene C.E. & Schultz R. D. 2006. Immunoprophylaxis, p.1069-1119.
In: Greene C.E. (Ed), Infectious Diseases of the Dog and Cat. 3rd ed.
Saunders Elsevier, St Louis. 1387p.
Inkelmann M.A., Anjos B.L., Kommers G.D., Fighera R.A. & Barros
C.S.L. 2008. Aspectos imunoistoquímicos da hepatite infecciosa
canina. Ciência Rural 38:2636-2640.
Inkelmann M.A., Rozza D.B., Fighera R.A., Kommers G.D., Graça
D.L., Irigoyen L.F. & Barros C.S.L. 2007. Hepatite infecciosa canina:
62 casos. Pesq. Vet. Bras. 27:325-332.
Rakich P.M., Prasse K.W. Lukert P.D. & Cornelius L.M. 1986. Immuno-
histochemical detection of canine adenovirus in paraffin sections of
liver. Vet. Pathol. 23:478-484.
Stalker M.J. & Hayes M.A. 2007. Liver and biliary system. In: Maxie
M.G. (Ed.), Jubb, Kennedy, and Palmer’s Pathology of Domestic
Animals, p.297-388. Vol.2. 5th ed. Saunders Elsevier, Philadelphia.
Studdert M.J. & Studdert V.P. 1972. Recovery of infectious canine
hepatitis virus from dogs with different clinical syndromes. Aust. Vet.
J. 48:554-557.
Timoney J.F., Gillespie J.H., Scott F.W. & Barlough J.E. 1988. The
adenoviridae, p.532-551. In: Ibid. (Eds), Hagan and Bruner’s
Microbiology and Infectious Diseases of Domestic Animals. 8th ed.
Cornell University Associates, New York. 951p.
Van Breda Vriesman A.C., Engelbrecht M.R., Smithuis R.H.M. &
Puylaert J.B.C.M. 2007. Diffuse gallbladder wall thickening: Differential
diagnosis. Am. J. Roentgenol. 188:495-501.
Zee Y.C. & MacLachlan N.J. 2004. Adenoviridade, p.317-319. In: Hirsh
D.C., MachLachlan N.J. & Walker R.L. (Eds), Veterinary Microbiology.
2nd ed. Blackwell Publishing, Iowa.
... Wild species are likely reservoirs of CAdV-1, from which sporadic spill over to susceptible unvaccinated domestic dogs may occur. Although the incidence of acute CAdV-1 infection in domestic dogs is currently low, the virus persists in dog populations worldwide, as evidenced by reports of the disease from North America (Caudell et al. 2005;Wong et al. 2012), South America (Oliveira et al. 2011;Headley et al. 2013), Asia (Kobayashi et al. 1993;Hai et al. 2009), Middle East (Cheema et al. 2012), and Europe (Pratelli et al. 2001;Decaro et al. 2007a;Gleich et al. 2009;Muller et al. 2010). ...
Article
Full-text available
ABSTRACT : This study reports the diagnostic algorithm followed for the identification of a fatal canine adenovirus type 1 (CAdV-1) infection in an unvaccinated 56 day-old puppy to overcome the limitations imposed by inconclu - sive histopathology hampered by body freezing. The animal was submitted to necropsy after a clinical history of lethargy, dehydration, vomiting and haemorrhagic diarrhoea. Pathological features, suggestive of infectious illness, included generalised gelatinous subcutaneous oedema, petechial, ecchymotic haemorrhages of the subcutaneous tissues and a friable uniformly yellow mottled liver. Differential diagnosis based on PCR ruled out the presence of most common gastrointestinal canine viruses and bacteriology and coprology confirmed that pathogenic bacteria and intestinal parasites did not account for the puppy’s death. Strong amplification of CAdV-1 DNA was obtained from liver samples. Isolation of CAdV-1 in MDCK cells was subsequently demonstrated and sequencing analysis showed high similarity with CAdV-1 isolates from Europe. In the absence of serum, antibodies against CAdV-1 were investigated in lung tissue extracts. The presence of CAdV-1 infectious particles and absence of immune response was consistent with rapid progression of the infection and death of the animal two days after the onset of clinical signals, allowing a final diagnosis of the acute form of ICH. Antibodies against CAdV-1 were detected in sera collected from clinically healthy dogs from the same premises, 14-months after the index case, suggesting that the virus had circulated in the breeding kennel. We believe this to be the first report of CAdV-1 in Portugal where canine infectious hepatitis is considered a rare infection.
Article
Executive Summary The World Small Animal Veterinary Association Vaccination Guidelines Group has produced global guidelines for small companion animal practitioners on best practice in canine and feline vaccination. Recognising that there are unique aspects of veterinary practice in certain geographical regions of the world, the Vaccination Guidelines Group undertook a regional project in Latin America between 2016 and 2019, culminating in the present document. The Vaccination Guidelines Group gathered scientific and demographic data during visits to Argentina, Brazil and Mexico, by discussion with national key opinion leaders, visiting veterinary practices and review of the scientific literature. A questionnaire survey was completed by 1390 veterinarians in five Latin American countries and the Vaccination Guidelines Group delivered continuing education at seven events attended by over 3500 veterinarians. The Vaccination Guidelines Group recognised numerous challenges in Latin America, for example: (1) lack of national oversight of the veterinary profession, (2) extraordinary growth in private veterinary schools of undetermined quality, (3) socioeconomic constraints on client engagement with preventive health care, (4) high regional prevalence of some key infectious diseases (e.g. feline leukaemia virus infection, canine visceral leishmaniosis), (5) almost complete lack of minimal antigen vaccine products as available in other markets, (6) relative lack of vaccine products with extended duration of immunity as available in other markets, (7) availability of vaccine products withdrawn from other markets (e.g. Giardia vaccine) or unique to Latin America (e.g. some Leishmania vaccines), (8) accessibility of vaccines directly by pet owners or breeders such that vaccination is not delivered under veterinary supervision, (9) limited availability of continuing education in veterinary vaccinology and lack of compulsion for continuing professional development and (10) limited peer‐reviewed published scientific data on small companion animal infectious diseases (with the exception of leishmaniosis) and lack of support for such academic research. In this document, the Vaccination Guidelines Group summarises the findings of this project and assesses in evidence‐based fashion the scientific literature pertaining to companion animal vaccine‐preventable diseases in Latin America. The Vaccination Guidelines Group makes some recommendations on undergraduate and postgraduate education and academic research. Recognising that current product availability in Latin America does not permit veterinarians in these countries to vaccinate according to the global World Small Animal Veterinary Association guidelines, the Vaccination Guidelines Group makes a series of “pragmatic” recommendations as to what might be currently achievable, and a series of “aspirational” recommendations as to what might be desirable for the future. The concept of “vaccine husbandry” is addressed via some simple guidelines for the management of vaccine products in the practice. Finally, the Vaccination Guidelines Group emphasises the global trend towards delivery of vaccination as one part of an “annual health check” or “health care plan” that reviews holistically the preventive health care needs of the individual pet animal. Latin American practitioners should transition towards these important new practices that are now well embedded in more developed veterinary markets. The document also includes 70 frequently asked questions and their answers; these were posed to the Vaccination Guidelines Group during our continuing education events and small group discussions and should address many of the issues surrounding delivery of vaccination in the Latin American countries. Spanish and Portuguese translations of this document will be made freely available from the on‐line resource pages of the Vaccination Guidelines Group.
Article
Outbreaks of infectious canine hepatitis are described in red foxes (Vulpes vulpes) at two wildlife rescue centres in the UK. Disease occurred in two-month-old to four-month-old juvenile foxes, which were held in small enclosures in groups of three to eight animals. The foxes died or were euthanased after a short clinical course, sometimes including neurological signs and jaundice, with a high case fatality rate. Four red foxes submitted for postmortem examination had enlarged, congested livers, with rounded borders and mild accentuation of the lobular pattern. On histological examination, there was random, multifocal to massive hepatic necrosis, along with multifocal vasculitis in the central nervous system (CNS) and mild, multifocal glomerulonephritis. Intranuclear inclusion bodies, typical of canine adenovirus type 1 (CAV-1) infection, were present in hepatocytes, vascular endothelial cells in the CNS, renal glomeruli and renal tubular epithelial cells. CAV-1 was detected in tissues from affected foxes by PCR and sequencing. Congregation of juvenile foxes in wildlife rescue centres is likely to be a risk factor for transmission of CAV-1. Preventive measures in wildlife centres should be implemented to prevent the spread of the virus among conspecifics and to other susceptible species.
Article
Full-text available
Necropsy reports from 5,361 dogs necropsied over a 43-year period (1964-2006) were reviewed in search for cases of infectious canine hepatitis (ICH). Sixty two (1.2%) cases of the disease were found. Most of the 62 affected dogs (91.9%,) were 2-year-old or less. Clinical signs were recorded in the necropsy files of 45 ICH affected dogs and included anorexia (55.6%), apathy (35.6%), diarrhea (35.6%) (often with blood [43,8%]), neurological signs (33.3%), vomiting (26.7%), petechiae and echymosis in the mucous membranes and/or skin (24.4%), hypothermia (20.0%), abdominal pain (15.6%), icterus (13.3%), enlargement and congestion of the tonsils (11.1%), fever (11.1%) and ascites (6.7%). The clinical courses lasted from few hours to 15 days. The most frequent necropsy findings included hepatic changes (87.1%), edematous, congested and hemorrhagic lymph nodes (51.6%), bloodstained fluid, clear fluid or whole blood in the abdominal cavity (35.5%), and petechial or paint-brush hemorrhages over the pleural (27.4%) and gastrointestinal (24.2%) serosal surfaces. In 12.9% of the cases there was a granularity to the intestinal serosa. Hemorrhages in the leptomeninges and in the substance of the brain were observed in 9.7% of the cases. Hepatic gross changes included moderately enlarged and more friable livers with marked lobular pattern, congestion and multifocal pale or hemorrhagic foci of necrosis. Films and strands of fibrin covered the hepatic surface in 20.4% of the cases and in 27.8% of the cases the gall bladder was thickened by edema. Zonal or randomly distributed multifocal hepatic necrosis (93.5%) associated with intranuclear inclusion bodies were the most consistent microscopic findings. Intranuclear inclusion bodies were found in the liver in every case and their detection was the criterium for confirmation of the diagnosis. The most significant microscopic extra-hepatic lesions included hemorrhages and intranuclear inclusion bodies in endothelial and reticuloendothelial cells of the renal glomeruli (50.0%) lymph nodes (47.8%), brain (27.8%), tonsils (25.0%) and spleen (10.0%).
Article
Full-text available
Os protocolos de necropsias realizadas em 5.361 cães durante um período de 43 anos (1964-2006) foram revisados em busca de casos de hepatite infecciosa canina (HIC) e sessenta e dois (1,2%) casos foram encontrados. A maioria dos 62 cães afetados tinha dois anos de idade ou menos (91,9%). Os sinais clínicos foram anotados nos protocolos de necropsia de 45 cães afetados por HIC e incluíam anorexia (55,6%), apatia (35,6%), diarréia (35,6%), freqüentemente com sangue (43,8% dos casos de diarréia), distúrbios neurológicos (33,3%), vômito (26,7%), petéquias e equimoses nas membranas mucosas e/ou pele (24,4%), hipotermia (20,0%), dor abdominal (15,6%), icterícia (13,3%), aumento de volume e congestão das tonsilas (11,1%), febre (11,1%) e ascite (6,7%). A duração do curso clínico variou de poucas horas a 15 dias. Os principais achados de necropsia incluíram alterações hepáticas (87,1%), linfonodos edematosos, congestos e hemorrágicos (51,6%), líquido sanguinolento, líquido claro ou sangue na cavidade abdominal (35,5%), víbices, sufusões e petéquias sobre a pleura visceral (27,4%) e superfície serosa das vísceras gastrintestinais (24,2%). Em 12,9% dos casos a serosa do intestino tinha aspecto granular. Hemorragias cerebrais nas leptomeninges e na substância do encéfalo foram observadas em 9,7% dos casos. As alterações hepáticas macroscópicas incluíam fígados moderadamente aumentados de volume, mais friáveis, com acentuação do padrão lobular, congestos e com múltiplos focos de necrose pálidos ou hemorrágicos. Películas e filamentos de fibrina cobriam a superfície hepática em 20,4% dos casos e em 27,8% dos casos a parede da vesícula biliar estava espessada por edema. Necrose hepática zonal ou aleatória (93,5% dos casos) associada a corpúsculos de inclusão intranucleares foi a lesão histológica mais regularmente encontrada. Os corpúsculos de inclusão intranucleares ocorreram no fígado em todos os casos e esse foi o critério para confirmação do diagnóstico. As lesões histológicas extra-hepáticas mais importantes incluíram hemorragias e corpúsculos de inclusão em células endoteliais do tufo glomerular renal (50,0%) dos linfonodos (47,8%) , do encéfalo (27,8%), das tonsilas (25,0%) e do baço (10,0%).
Article
Full-text available
Tecidos de 27 cães que morreram de hepatite infecciosa canina (HIC) foram avaliados por imunoistoquímica (IHQ) para detecção de antígeno de adenovírus canino tipo 1 (CAV-1), por meio de um anticorpo monoclonal. Os tecidos examinados incluíram fígado, rim, baço, linfonodos, tonsilas, pulmão, intestino delgado, encéfalo e medula óssea. Para cada órgão foram atribuídos graus crescentes (de leve a acentuada) de intensidade de imunomarcação. O antígeno de CAV-1 estava presente na maioria dos órgãos examinados, principalmente em células endoteliais. Relacionando o tempo de evolução clínica da HIC com a intensidade da imunomarcação, o maior número de casos com evolução clínica hiperaguda ou aguda coincidiu com a maior intensidade de marcação do antígeno viral. A IHQ demonstrou ser um teste adequado para a detecção do antígeno de CAV-1 e pode ser usado para o estudo da patogênese da doença
Article
Infectious Canine Hepatitis virus was isolated from 10 of 51 tested dogs caught in São Paulo and neighbouring Districts. The viruses were isolated in dog kidney cell cultures from fecal specimens and, in two instances, from the non-inoculated cell cultures themselves. All the isolated virus strains presented biological and physicochemical characteristics proper to the adenovirus and were immunologically identified as ICH virus. Specific neutralizing antibodies to the ICH virus were found in 50% of the dogs with negative virus isolations in titers from 1/500 to 1/25,000. These results point to a very high frequency of infection by the ICH virus in the sample studied.
Article
An avidin-biotin immunoperoxidase procedure was optimized for detection of canine adenoviral antigens in formalin-fixed, paraffin-embedded liver. Long-term stability of viral antigen was shown by successful demonstration of virus in liver tissue preserved up to six years from dogs with infectious canine hepatitis. This immunohistochemical stain was applied to sections from livers with a wide range of inflammatory lesions. Examination of sections from 53 dogs yielded five livers with small amounts of adenovirus. An additional virus-positive liver was identified from a dog with no hepatic inflammation. Although a cause and effect relationship remains to be determined, these findings suggest a possible connection between canine adenovirus and spontaneous chronic hepatitis.