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http://www.biotaneotropica.org.br
Registros de mamíferos de maior porte na Reserva Florestal do Morro
Grande, São Paulo
1
Departamento do Patrimônio Genético, Secretaria de Biodiversidade e Florestas, Ministério do Meio Ambiente, SCEN
trecho 2 Ed. Sede do Ibama, Bloco G, 70818-900 Brasília, DF (autor para correspondência: monica.negrao@mma.gov.br)
2
Instituto de Pesquisas Ecológicas, Diretoria – IPÊ, Estrada do Moinho s\n Moinho, 12960-000 Nazaré Paulista, SP
Abstract
Negrão, M.F.F. and Valladares-Pádua, C. Records of mammals of larger size in the Morro Grande Forest Reserve, Sao
Paulo. Biota Neotrop. May/Aug 2006 vol. 6 no. 2, http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/
abstract?article+bn00506022006. ISSN 1676-0603.
Large mammals are known to be important for the maintenance of biological processes and diversity and to be highly
susceptible to extinction in fragmented landscapes. However, there are few studies focusing on the community of large
mammals in Atlantic Forest remnants. This study aims at surveying large mammals in a remnant of Atlantic forest near to São
Paulo. The studied area is the Morro Grande Forest Reserve (RFMG), with 10.870 ha, located in the municipality of Cotia, SP.
Seven areas inside the RFMG were studied with two methodologies: 1) line transect sampling and 2) sand plots for footprint
recording. Others records of mammal species were also considered. Eighteen species of seven orders were found in the
Reserve and were classified in four dietary categories being eight omnivorous, five herbivore, four frugivores and just one
carnivorous. The line transect sampling recorded six species of three orders and footprint sampling recorded seven species
of five orders. The smaller species, as the squirrel (Sciurus aestuans), the opossum (Didelphis aurita) and the brazilian
rabbit (Sylvilagus brasiliense), were the most frequently recorded, and they were present in almost all the study’s areas.
The prevalence of smaller species and, the presence of some generalist species, indicate the high degree of disturbance and the
low quality of this Reserve. The Reserva Florestal do Morro Grande do not maintain the integrity of large mammal community.
Key words: mammal community, Atlantic forest, forest fragmentation
Resumo
Negrão, M.F.F. and Valladares-Pádua, C. Registros de mamíferos de maior porte na Reserva Florestal do Morro Grande,
São Paulo. Biota Neotrop. May/Aug 2006 vol. 6 no. 2, http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/
abstract?article+bn00506022006. ISSN 1676-0603.
Poucos são os estudos sobre comunidades de mamíferos de maior porte em remanescentes de Mata Atlântica, apesar
do importante papel deste grupo na manutenção da diversidade e de processos biológicos e da sua susceptibilidade à
extinção em paisagens fragmentadas. O presente trabalho tem como objetivo o levantamento de espécies de mamíferos de
maior porte presentes em um remanescente de Mata Atlântica próxima à cidade de São Paulo. O remanescente estudado é a
Reserva Florestal do Morro Grande, com área de 10.870 ha, localizada no município de Cotia, SP. Sete áreas da Reserva foram
amostradas utilizando duas metodologias: 1) amostragem em transecto linear e 2) parcelas de areia como armadilhas de
pegadas. Outros registros diretos e indiretos da ocorrência de espécies do grupo também foram considerados. Foram
observadas dezoito espécies, de sete ordens, classificadas em quatro categorias de dieta, sendo oito onívoras, cinco
herbívoras, quatro frugívoras e apenas uma carnívora. O método de amostragem em transecto linear amostrou seis espécies
de três ordens e as parcelas de areia registraram sete espécies de cinco ordens. As espécies menores, como o esquilo
(Sciurus aestuans), o gambá (Didelphis aurita) e o tapiti (Sylvilagus brasiliense) foram as mais registradas e estavam
presentes em quase todas as áreas amostradas. O predomínio de espécies menores e de espécies generalistas é um indício
do alto grau de perturbação e do comprometimento da qualidade desta Reserva. Conclui-se que a Reserva Florestal do
Morro Grande não é capaz de preservar a integridade da fauna de mamíferos de maior porte.
Palavras-chave: comunidade de mamíferos, fragmentação do habitat, conservação, Mata Atlântica
Biota Neotropica v6 (n2) –http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/abstract?article+bn00506022006
Mônica de Faria Franco Negrão
1
e Cláudio Valladares-Pádua
2
Recebido em 17/11/2004
Versão reformulada recebida em 31/3/2005
Publicado em 01/05/2006
http://www.biotaneotropica.org.br
Negrão, M.F.F. & Valladares-Pádua, C. - Biota Neotropica, v6 (n2) - bn00506022006
2
Introdução
A conservação da Mata Atlântica enfrenta grandes
desafios. Seus domínios abrigam 70% da população humana
brasileira e concentram as maiores cidades e pólos industriais
do país (Ministério do Meio Ambiente 2002). Sua área
geográfica inicial cobria 12% do território brasileiro, hoje,
restam menos de 8% de sua extensão original que, mesmo
encontrando-se em situação crítica, ainda abriga altos índices
de diversidade e endemismo (SOS Mata Atlântica, INPE 1993).
Em relação à mastofauna, a Mata Atlântica possui 73 espécies
endêmicas (Fonseca et al.1999), 39 ameaçadas de extinção,
estando 24 presentes no estado de São Paulo (Ministério do
Meio Ambiente http://www.mma.gov.br/port/sbf/index.cfm).
Trabalhos realizados em remanescentes de Mata
Atlântica mostram que algumas modificações das
comunidades de mamíferos de maior porte estão relacionadas
ao tamanho e à disponibilidade de recursos (Chiarello 1999,
2000). Apesar da maioria dos remanescentes de Mata
Atlântica serem pequenos e dos mamíferos de maior porte
estarem entre os grupos mais susceptíveis à extinção em
paisagens fragmentadas são poucos os estudos que
abordam este tema (Turner & Corlett 1995, Primack &
Rodrigues 2001).
Sabe-se, também, que a abundância das espécies
deste grupo é bastante afetada por pressões antrópicas
como a caça. Vários trabalhos mencionam esta prática como
um fator chave em extinções locais de mamíferos e de outras
classes (Redford 1997, Carrillo et al.2000, Cullen Jr. et.al 2000,
2001, Escamilla et al.2000). A caça torna-se ainda mais nociva
para espécies de ciclos de vida longos e com baixas taxas
intrínsecas de crescimento (Bodmer et al.1997).
Estudos como os de Terborgh (1988, 1992), Dirzo &
Miranda (1990), e Janson & Emmons (1990) mostram a
importância dos mamíferos de maior porte na preservação
dos sistemas biológicos em florestas tropicais. No entanto,
ainda existe uma carência de informações sobre distribuição
das espécies e levantamentos da fauna de mamíferos em
remanescentes de Mata Atlântica. Este trabalho tem como
objetivo o levantamento de espécies de mamíferos de maior
porte presentes em um remanescente de Mata Atlântica
próximo à cidade de São Paulo.
Material e Métodos
1. Área de estudo
A Reserva Florestal do Morro Grande (RFMG) (Figura
1) foi criada através da Lei Estadual n° 1.914, de 04 de abril
de 1979, com a destinação específica de preservação da
flora e da fauna e proteção aos mananciais. A RFMG é um
dos maiores remanescentes florestais do Planalto Atlântico,
abrange uma área de cerca de 10.870 ha, e está localizada no
município de Cotia, SP (23°39’S - 23°48’S, 47°01’W -
46°55’W), em uma região que foi submetida a fortes pressões
de desmatamento, tanto para agricultura quanto para a
exploração de lenha e carvão, e, mais recentemente, para
expansão imobiliária.
O clima da região pode ser caracterizado como Cfa
(Köppen 1948), temperado quente e úmido, sem uma estação
de seca bem definida. A precipitação anual média é de 1339
mm, sendo que a média do mês mais seco oscila entre 30 e 60
mm, enquanto a do mês mais quente varia de 150 a 200 mm.
O clima predominante no interior da Reserva é o Cfb
(Köppen 1948), com temperaturas médias mensais que variam
de 12,9°C, em julho, a 21,1°C, em fevereiro. Por estar em
altitudes que variam de 860 a 1075 metros, o clima torna-se
particularmente frio, e a ocorrência de neblina e de vento
são freqüentes.
A Reserva é atualmente composta por um mosaico de
florestas secundárias (sensu Brow & Lugo 1990) em
diferentes estágios de sucessão, algumas com
aproximadamente 70-80 anos de regeneração, e outras mais
antigas e bem estruturadas. A cobertura florestal
predominante do Morro Grande é a Floresta Ombrófila Densa
Montana (Veloso et al. 1991), com contribuições da Floresta
Estacional Semidecidual e das Florestas Mistas com
Araucária, todas pertencentes ao domínio da Mata Atlântica.
Existem duas estradas de terra na parte norte que dão
acesso à represa Pedro Beicht, além da Ferrovia FEPASA na
parte sul, cortando a Reserva sentido leste/oeste, próxima
ao lago da represa (Figura 1). A proximidade da Reserva a
cidades e a existência destes acessos à represa contribuem
para a entrada de moradores locais, que a utilizam para pesca
e lazer, e de animais domésticos.
2. Metodologias de amostragem
O levantamento de mamíferos de maior porte foi
realizado utilizando duas metodologias complementares em
sete áreas dentro da Reserva Florestal do Morro Grande,
com diferentes fitofisionomias (Figura 1): 1) amostragem em
transecto linear e 2) parcelas de areia como armadilhas de
pegadas. A amostragem em transecto linear foi realizada
durante os meses de setembro, outubro e novembro de 2001
e fevereiro e março de 2002, em cinco áreas da Reserva. As
armadilhas de pegadas foram utilizadas no final do mês de
abril e início do mês de maio de 2002 em seis áreas da Reserva.
Para complementar a lista de registros de mamíferos
de maior porte na Reserva Florestal do Morro Grande foram
considerados outros vestígios diretos ou indiretos da
presença de espécies na região, como: fezes, carcaças,
rastros, ossadas e visualizações fora da amostragem em
transecto linear.
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2.1. Amostragem em transecto linear
A metodologia de amostragem em transecto linear,
descrita em Buckland et al. (1993) foi empregada devido à
sua eficiência comprovada, em especial, para espécies
arborícolas como primatas (Peres 1999), mas também pela
sua ampla utilização para estimar abundância e densidade
de espécies em vários estudos com mamíferos (Emmous
1984, Thompson et al. 1988, Bodmer et al. 1997, Chiarello
1999, 2000, Cullen Jr. et al. 2000, 2001, Carrillo et al. 2000).
Neste trabalho foram realizadas apenas amostragens
diurnas com início às seis da manhã e término
aproximadamente às seis da tarde. A amostragem resumiu-
se a explorar a mesma trilha uma ou várias vezes ao dia, com
intervalos de 50 min entre cada utilização da mesma. No
total, foram percorridos 241 km de trilhas, a velocidade média
constante de aproximadamente 1,3 km por hora (Tabela 1).
Inicialmente foram escolhidas cinco trilhas antigas dentro
da Reserva (Riacho, Olaria, Trilha C, Ferrovia 2, Quilombo)
(Figura 1) freqüentadas por pessoas da região, incluindo
caçadores. Porém, não foi possível prosseguir com o trabalho
em duas delas (Olaria e Ferrovia 2), por motivos de
segurança.
A abundância de espécies foi calculada dividindo o
número de indivíduos avistado pelos quilômetros
percorridos em cada trilha. No caso de espécies de vida
social, a abundância foi calculada dividindo o número de
grupos avistados pelos quilômetros percorridos em cada
trilha, e multiplicando este valor pelo numero médio de
indivíduos presentes em cada grupo avistado.
2.2. Armadilhas de pegadas
A utilização de rastros como forma alternativa de
registro de mamíferos vem sendo empregada há algum tempo
(Thompson et a.l 1988, Janson & Emmons 1990, Carrillo et
al. 2000, Prada 2001). Em 1990, Dirzo & Miranda apresentaram
uma técnica para se trabalhar com rastros em florestas, onde
o registro de pegadas é muito precário. Esta técnica baseia-
se em dispor artificialmente blocos de areia ao longo de
trilhas.Apesar desta metodologia não ter sido amplamente
testada, ela vem sendo cada vez mais utilizada, mostrando-
se bastante eficiente para levantamentos de mamíferos em
um curto período de tempo. Para trabalhos com espécies
terrestres, em locais com baixa densidade de mamíferos, esta
técnica pode ser tão, ou mais, eficiente que a metodologia
de amostragem em transecto linear (Pardini et al. 2003).
Neste estudo, o método de parcelas de areia foi
utilizado de forma padronizada com os trabalhos de Pardini
et al. (2003) e Scoss (2002), o que consiste na utilização de
uma linha com várias parcelas de areia distantes 10 m uma
da outra. As parcelas correspondem a áreas de 50 por 50 cm
preenchidas com areia fina e úmida até uma altura de
aproximadamente 3 cm e iscadas com um pedaço de banana.
Cada parcela é previamente limpa, retirando-se a vegetação
e o folhiço, para colocação da areia em solo limpo. A areia é
descompactada e sua superfície homogeneizada para que
rastros de animais mais leves sejam registrados.
Em cada uma das seis áreas amostradas (Riacho,
Olaria, Trilhas A, B e C e Quilombo) (Figura 1) foram
dispostas 20 armadilhas vistoriadas por cinco dias
consecutivos, totalizando 100 armadilhas/dia por trilha, e
600 armadilhas/dia para toda a Reserva. A cada dia as
armadilhas eram vistoriadas, umedecidas e a isca renovada.
A identificação das pegadas baseou-se em
experiência prévia, auxiliada pela utilização do guia de
campo de Becker & Dalponte (1991). Em cada registro de
presença foram anotados: a espécie, a data, o local, o
horário e o número da parcela. Devido aos registros em
cada parcela não apresentarem independência, o que
dificulta a utilização deste método para o cálculo de
abundância de espécies, calculou-se a freqüência de
parcelas com registro de presença das espécies em cada
área. Pressupõe-se que os índices indiretos, como pegadas,
apresentem relação linear positiva com a abundância
relativa das espécies (Wilson et al. 1996).
3. Análise dos dados
Além das espécies registradas pelas metodologias
aplicadas, outros registros diretos e indiretos foram
considerados a fim de obter a riqueza total de mamíferos de
maior porte encontradas na Reserva Florestal do Morro
Grande. As espécies foram classificadas quanto à dieta e o
hábito seguindo Eisenberg & Redford (1999).
A riqueza de espécies foi estimada pelo procedimento
Jackknife1 para os dados obtidos nos dois métodos, para
cada uma das áreas amostradas e para toda a Reserva,
utilizando o programa EstimateS 6.0b1 (Colwell 2000). O
modelo Jackknife é utilizado para minimizar os efeitos de
medidas viciadas, como é o caso da riqueza de espécies.
Resultados
1. Comunidade de mamíferos de maior porte na
Reserva Florestal do Morro Grande
Considerando todos os tipos de registros, mesmo
aqueles obtidos fora das amostragens em transecto linear
e parcelas de areia, foram listadas 18 espécies de mamíferos
de maior porte na Reserva Florestal do Morro Grande,
pertencentes a sete ordens diferentes (um Didelphimorphia,
dois Edentata, três Primates, cinco Carnivora, um Artio-
dactyla, quatro Rodentia e dois Lagomorpha) e
enquadradas em quatro categorias de dieta (oito espécies
onívoras, cinco herbívoras, quatro frugívoras e apenas
uma carnívora - Tabela 2).
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2. Riqueza de mamíferos de maior porte na
Reserva Florestal do Morro Grande
Durante a amostragem em transecto linear, foram
registradas seis espécies de mamíferos de maior porte de
três ordens (três Primates, dois Carnivora e um Rodentia) e
estimadas oito espécies na Reserva do Morro Grande (Figura
2). O número de espécies variou de zero a três espécies
observadas e de zero a 3,96 espécies estimadas por área de
amostragem na Reserva.
Utilizando a metodologia de parcelas de areia, foram
registradas sete espécies de cinco diferentes ordens (um
Didelphimorphia, um Edentata, três Carnivora, um Rodentia
e um Lagomorpha) e estimadas 8,6 espécies na Reserva
Florestal do Morro Grande (Figura 2). O número de espécies
variou de uma a quatro espécies observadas e uma a 5,6
espécies estimadas por área de amostragem na Reserva. A
riqueza obtida por esta metodologia foi menor do que os
valores registrados no trabalho de Pardini et. al (2003) em
três áreas de Mata de Planalto no estado de São Paulo,
Parque Estadual Morro do Diabo, Fazenda Tucano e Fazenda
Mosquito, e no trabalho de Scoss (2002) realizado no Parque
Estadual do Rio Doce, Minas Gerais.
3. Composição da comunidade de mamíferos de
maior porte com relação às categorias de dieta
Com base nas categorias de dieta, a área Quilombo,
com vegetação natural avançada, apresentou espécies de
mamíferos classificados em três categorias de dieta (33,3%
herbívoro, 16,7% frugívoro e 50% onívoro). As demais áreas,
com vegetação natural média, passando por áreas de
vegetação natural com influência fluvial média avançada
apresentaram: espécies pertencentes a duas categorias na
Olaria (50% herbívoro e 50% onívoro); espécies pertencentes
às quatro categorias de dieta na área do Riacho (25%
herbívoro, 25% frugívoro e 25% onívoro e 25% carnívoros);
espécies classificadas em duas categorias de dieta nas áreas
B e C (33,3% frugívoro e 66,7% onívoro, e 20% frugívoro e
80% onívoro, respectivamente); e registros apenas de
onívoros na trilha A (Figura 3).
Dentre as sete áreas amostradas, os onívoros
apareceram nas seis áreas onde houve registros de
mamíferos de maior porte. Em quatro destas áreas, os
onívoros foram o grupo com maior porcentagem de espécies
registradas. Os frugívoros foram registrados em quatro áreas,
os herbívoros em três e os carnívoros em uma única área.
Na área em que carnívoros foram registrados, as proporções
de espécies entre as categorias de dieta forma semelhantes,
não havendo o predomínio de onívoros como na maioria
das áreas (Figura 3).
As três maiores espécies presentes na Reserva, o veado
(Mazama sp.), a capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) e o
bugio (Alouatta fusca), possuem dieta frugívora/herbívora,
herbívora e herbívora/folívora e são espécies capazes de
ocupar florestas secundarias ou perturbadas. A presença do
bugio pode estar relacionada à provável ausência ou baixa
densidade de seus principais predadores: os grandes felinos
e a harpia (Harpia harpyja) (Emmous 1984, Janson & Emmous
1990 e Chiarello 1999) na região.
4. Abundância e/ou freqüência calculadas para as
espécies de mamíferos de maior porte registradas
na Reserva Florestal do Morro Grande
As espécies mais comuns na Reserva Florestal do
Morro Grande foram espécies menores, como o esquilo
(Sciurus aestuans), o gambá (Didelphis aurita) e o tapiti
(Sylvilagus brasilienses), estando presentes em quase todas
as áreas amostradas.
As espécies da ordem Carnivora (gato do mato -
Leopardus sp, irara -Eira barbara e coati - Nasua nasua)
foram registradas em poucas áreas amostradas e, a maioria
delas, apresentou baixo número de registros na amostragem
por transcecto linear e/ou nas parcelas de areia (Tabela 3).
Das espécies registradas pelo método de transecto
linear, o esquilo (Sciurus aestuans) foi a mais abundante na
Reserva (Tabela 3). Das espécies registradas nas parcelas
de areia, o gambá (Didelphis aurita) apresentou o maior
número de registros na Reserva (Tabela 3).
Discussão
A Reserva Florestal do Morro Grande foi criada com
o intuito de proteger as nascentes e cursos d’água
formadores do rio Cotia. Desta forma, garantiu-se a
preservação de uma área de mata muito próxima à capital
paulista, uma das maiores cidades do mundo. Em 1994, a
Reserva foi também inserida como área-núcleo na Reserva
da Biosfera do Cinturão Verde da Cidade de São Paulo,
recebendo assim um reconhecimento internacional pelos
significativos serviços ambientais que ela propicia à cidade
de São Paulo (Victor et al. 1998). No entanto, se não forem
mantidas as suas características e composição originais, a
preservação dessas matas não irá garantir a manutenção de
todos os seus serviços biológicos.
Apesar da lista de espécies de mamíferos de maior
porte registrados na Reserva Florestal do Morro Grande
ser extensa, o número de espécies registradas pela
amostragem em transecto linear na Reserva Florestal do
Morro Grande foi menor do que os valores registrados em
seis remanescentes de Mata Atlântica estudados por
Chiarello (1999) no estado do Espírito Santo, Reserva
Florestal de Linhares, Reserva Biológica de Sooretama,
Reserva Biológica Córrego do Veado, Reserva Biológica
Córrego Grande e dois outros remanescentes menores, Putiri
e M7/317, e em cinco áreas estudadas por Cullen Jr. et al.
(2000) situadas em Matas de Planalto no estado de São
Paulo, Parque Estadual Morro do Diabo, Estação Ecológica
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de Caetetus, Fazenda Mosquito, Fazenda Tucano e Fazenda
Rio Claro. Além disto, a comunidade de mamíferos de maior
porte desta Reserva Florestal é composta em sua maioria
por espécies generalistas e menos sensíveis à presença
humana, indicando um alto índice de perturbação da área.
As espécies mais comuns na Reserva Florestal do Morro
Grande foram espécies menores, como o esquilo (Sciurus
aestuans), o gambá (Didelphis aurita) e o tapiti (Sylvilagus
brasilienses), estando presentes em quase todas as áreas
amostradas.
As espécies da ordem Carnivora (gato do mato -
Leopardus sp, irara -Eira barbara e coati - Nasua nasua)
foram registradas em poucas áreas amostradas e, na maioria
delas, apresentaram baixos valores de abundância e
freqüência na amostragem por transcecto linear e nas
parcelas de areia. Das espécies registradas pelo método de
amostragem em transecto linear, o esquilo (Sciurus aestuans)
apresentou maior abundância na Reserva, coincidindo com
os resultados encontrados por Chiarello (1999) em quatro
dos seis fragmentos de Mata Atlântica estudados no Espírito
Santo. No entanto, a abundância encontrada para a Reserva
Florestal do Morro Grande é quase dez vezes menor do que
as registrado nas áreas amostradas por este autor,
aproximando-se dos valores de abundância encontrados
por Cullen Jr. et.al. (2000).
Das espécies registradas nas parcelas de areia, o
gambá (Didelphis aurita) apresentou o maior número de
registros na Reserva. Este resultado difere dos dados
obtidos nas áreas estudadas por Pardini et al.(2003) no
estado de São Paulo, nas quais o gênero Didelphis
apresentou a maior freqüência em apenas uma das três áreas
estudadas, com valor seis vezes menor do que o valor de
freqüência registrado na Reserva Florestal do Morro Grande.
O predomínio desta espécie na Reserva é um indício
do alto grau de perturbação da área. Dados de Fonseca
(1989) e Fonseca & Robinson (1990) mostram que espécies
do gênero Didelphis são generalistas de habitat e dieta e se
adaptam muito bem a áreas onde a fauna de carnívoros esteja
depauperada ou eliminada. Nessas situações, espécies do
gênero Didelphis tendem a tornar-se dominante, como
ocorre na Reserva.
Das dezoito espécies encontradas, podemos verificar
espécies exóticas como: a lebre (Lepus capensis) e o mico-
estrela (Callitrhix penicillata), mais comum ao bioma Cerrado.
A ocorrência natural de C.penicillata é descrita para
o noroeste do estado de São Paulo, delimitada pelo início da
área de ocorrência da espécie C. aurita, (Auricchio 1995).
Apesar de não haver áreas de ocorrência simpátrica entre
as espécies do gênero Callithrix (Stevenson & Rylands
1988), não podemos afirmar se esta espécie foi introduzida
na Reserva pelo homem ou se ocorreu de forma natural. A
presença de C. penicillata pode representar uma ameaça à
C. aurita, espécie registrada na Reserva e presente na lista
de espécies ameaçadas na categoria vulnerável, devido à
competição por alimentos e, principalmente, pelo risco de
hibridização entre as duas espécies.
A presença da lebre, considerada uma espécie exótica
no Brasil, foi registrada em inventários de fauna e trabalhos
técnicos mais recentes na região sul e no estado de São
Paulo (Silva 1994, Rosa 2002, Mazantti (cord.) 2002, Tortato
et al. 2004, Lemes et al. 2004). De acordo com a Diretoria
Regional Agrícola de Botucatu, a presença desta espécie
no estado de São Paulo pode ser atribuída a sua importação
por criadores da região de Paraguaçu Paulista, e o seu
registro é mais comum nas regiões de Marília, Araçatuba,
Sorocaba e norte e noroeste do estado. A ausência de
predadores de maior porte pode contribuir para o crescimento
populacional desta espécie invasora no interior da Reserva
Florestal do Morro Grande.
Além das dezoito espécies silvestres, também foram
registradas espécies domésticas como: cachorro, gato e
cavalo. Em uma ocasião, foram observados três cachorros
domésticos perseguindo um gato do mato (Leopardus sp)
na área do Riacho. A presença de cachorros domésticos no
interior da Reserva pode ser atribuída à alta densidade
populacional no entorno da Reserva e à entrada de
moradores/caçadores com seus animais domésticos através
das estradas que cortam a Reserva.
Foi observada também a presença de pessoas
utilizando as trilhas retirando madeira. Foram encontradas
antigas cevas e poleiros de caçadores nas áreas da Olaria,
Riacho, Ferrovia 2 e Trilha C. Na área do Quilombo, podemos
observar a retirada ilegal de palmito e a presença de barracas
de lona no interior da mata, provavelmente, para servir de
abrigo aos responsáveis por esta ação.
A ausência de espécies cinegéticas como os porcos-
do-mato (Tayassu sp), a paca (Agouti paca) e a cutia
(Dasyprocta sp) e o encontro de armadilhas, cevas, poleiros
de caçadores, além da presença de cachorros domésticos,
são indicativos de fortes distúrbios de caça no passado e,
provavelmente, ainda no presente. A caça intensa na região
pode ter contribuído para extinção local desse grupo de
mamíferos. Muitos deles são sensíveis ao contato humano,
e o simples fato de pessoas e veículos transitarem pela
Reserva pode estar comprometendo a ocorrência dessas
espécies da região.
Observamos, neste trabalho, que a fauna de mamíferos
presentes na Reserva Florestal do Morro Grande já se
apresenta bastante alterada como conseqüência do impacto
das atividades humanas à sua volta. Nossas observações
nos levam a crer que a Reserva Florestal do Morro Grande
não será capaz de preservar a integridade da fauna de
mamíferos de maior porte. Mesmo mudanças no
comportamento das pessoas que vivem próximas a Reserva
e dos proprietários dos vários sítios existentes na região
provavelmente serão insuficientes para permitir o
restabelecimento de elementos e populações viáveis de
animais como os grandes mamíferos predadores.
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Negrão, M.F.F. & Valladares-Pádua, C. - Biota Neotropica, v6 (n2) - bn00506022006
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Para minimizar os impactos já existentes, recomenda-
se a implementação de um plano de manejo para os mamíferos
de maior porte presentes nesta Reserva, que inclua a retirada
das espécies exóticas e domésticas citadas, e o
monitoramento das espécies com ferramentas que incluam
a utilização das duas metodologias apresentadas neste
trabalho, de forma a aumentar a probabilidade de registro
das espécies de diferentes grupos e hábitos.
O aumento da fiscalização na área da Reversa e a
inclusão de trabalhos de educação ambiental envolvendo
as comunidades locais devem ser implementados como forma
de minimizar os distúrbios causados pela entrada e circulação
de pessoas nas trilhas e nas represas.
Recomenda-se, também, priorizar ações de
conservação na parte sul da Reserva. As características
fitofisionômicas apontam esta área como a que apresenta
vegetação em estágios naturais mais avançados. Para o
grupo dos mamíferos de maior porte, a parte sul apresentou
os maiores valores de riqueza de espécies, além de possuir
registro de espécies exclusivos nesta área da Reserva.
Agradecimentos
Agradeço ao Professor Jean Paul Metzger pela
oportunidade de realização deste trabalho, à Renata Pardini
pelo convite para participar desta série de artigos do Morro
Grande, aos demais pesquisadores que trabalharam na
Reserva Florestal do Morro Grande pelo apoio durante este
trabalho e aos revisores deste artigo. Agradeço, também, ao
meu marido, Jorge, meu filho, Felipe, e familiares, pela
compreensão, e a todos os amigos. Este trabalho fez parte
do projeto temático BIOTA/FAPESP “Conservação da
Biodiversidade em Paisagens Fragmentadas no Planalto
Atlântico de São Paulo” (processo 99/05123-4).
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Título: Registros de mamíferos de maior porte na Reserva
Florestal do Morro Grande, São Paulo.
Autores: Negrão, M.F.F. & Valladares-Pádua, C.
Biota Neotropica, Vol. 6 ( número 2 ): 2006
http://www.biotaneotropica.org.br/v6n2/pt/
abstract?article+bn00506022006
Recebido em 17/11/2004 - Versão reformulada recebida
em 31/3/2005 - Publicado em 01/05/2006
ISSN 1676-0603
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Figura 1: Mapa de vegetação e indicação dos pontos de amostragem dentro da Reserva Florestal do Morro Grande.
Figure 1: Map of vegetation and sampling points in the Morro Grande Forest Reserve
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Área amostrada
Número de espécies
0
2
4
6
8
10
12
14
16
RFMG quilombo riacho trilha C trilha B trilha A olaria
Dados de parcelas de areia
Dados de amostragem em transecção linear
Figura 2: Estimativa de riqueza e intervalos de confiança calculados a partir de 50 randomizações dos dados obtidos, calculados pelo
método de Jackknife1, para cada área estudada dentro da Reserva Florestal do Morro Grande onde ocorreu registro de mamíferos de maior
porte e para toda a Reserva.
Figure 2: Estimate of relative abundance and confiance limits calculated from 50 randomly choosed data, evaluated by the Jackknife1
method, for each area studied where occurred records of larger size mammals and for the entire Reserve
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10
0
20
40
60
80
100
RFMG Quilombo Riacho Olaria Ferrovia Trilha A Trilha B Trilha C
Área amostrada
Número de espécies (%)
herbívoros carnívoros frugívoros onívoro
Figura 3: Porcentagem do número registrado de espécies de mamíferos de maior porte por tipo de dieta em cada uma das sete áreas
amostradas na Reserva Florestal do Morro Grande, São Paulo.
Figure 3: Percentage of the recorded number of species of larger size mammals for each kind of diet in each one of the seven areas sampled
in the Morro Grande Forest Reserve, São Paulo
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Tabela 1: Áreas amostradas, tamanho da trilha utilizada em cada área, número de vezes que cada trilha foi percorrida e quilometragem total
percorrida em cada área dentro da Reserva Florestal do Morro Grande durante a amostragem em transecto linear.
Table 1 – Sampled areas, length of the line transect used in each area, number of times in which was walked and total number of km walked
in each area within the Morro Grande Forest Reserve, São Paulo
Áreas Trilha
(km)
N° de
amostragens
total de
km
Quilombo 2,8 24 67,2
Riacho 10 6 60,0
Olaria 3,3 10 33,0
Ferrovia 2,7 4 10,8
Trilha C 3,5 20 70,0
Total
54 241,0
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Tabela 2: Lista das espécies de mamíferos de maior porte registradas na Reserva Florestal do Morro Grande, São Paulo, apresentando o
nome comum, a dieta (On - onívoro, Fr – frugívoro, Car - carnívoro, Fol - folhas como principal item da dieta, In - insetos como principal
item da dieta) e o hábito (Ter - terrestre, Arb – arborícola, Aqu – aquático) segundo
Eisenberg & Redford (1999), e a forma de registro (c -
carcaça, f - fezes frescas, o - ossada, p - rastros nas parcelas de areia, r - rastros fora das parcelas de areia, v - visualização durante a
amostragem em transecto linear, ob - visualização fora da amostragem em transecto linear).
*espécie ameaçada de extinção
**espécie exótica
Table 2: Listing of the species of larger size recorded in the Reserve and their relation with diet (On = Omnivorous, Fr = Frugivorous, Car =
Carnivorous, Fol = leaves as main component of the diet, In = insects as main component of the diet), habit (Ter = Terrestrial, Arb = Arboreal,
Aqu = Aquatic and type of recording (according Eisenberg and Redford, 1999), and type of recording (c = carcass, f = fresh feces, o = bones,
p = footprints on sandy spots, r = footprints out of sandy spots, v = observation during line transect sampling, ob = observation out of the line
transect sampling)
*espécie ameaçada de extinção
**espécie exótica
Táxon Nome comum Dieta principal Hábito Tipo de
registro
Didelphimorphia
Didelphis aurita Gambá On Ter/Arb p
Edentata
Dasypus novemcinctus Tatu galinha On/In Ter p
Euphractus sexcinctus Tatu peba On Ter r
Primates
Callithrix penicillata** Mico estrela On Arb v
Callithrix aurita* Sagüi escuro da serra On Arb v
Allouata fusca Bugio He/Fol Arb v
Carnivora
Cerdocyon thous Lobinho On Ter r
Nasua nasua Coati On Ter/Arb v/p
Procyon cancrivorus Mão-pelada Fr/On Ter r
Eira barbara Irara On Ter/Arb p
Leopardus sp.* Gato do mato pintado Car Ter v/p/f
Artiodactyla
Mazama sp. Veado Fr/He Ter r
Rodentia
Cavia sp. Preá He Ter r
Hydrochaeris hydrochaeris Capivara He Ter/Aqu r/f
Sciurus aestuans Esquilo Fr Arb v/p
Sphiggurus insidiosus Ouriço-cacheiro Fr Arb r/c
Lagomorpha
Sylvilagus brasilienses Tapiti He Ter p/ob
Lepus capensis** Lebrão He Ter o
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Tabela 3: Número de indivíduos, ou grupos (*), registrados a cada 10 km percorridos na amostragem em transectos lineares e freqüência de registros de rastros nas parcelas de areia em cada
uma das áreas estudadas dentro da Reserva Florestal do Morro Grande, SP.
Table 3: Number of individuals or groups * recorded each 10 km walked in line transect sampling and frequency of records of footprints in sand spots in each one of the areas studied in the
Morro Grande Forest Reserve, São Paulo.
Quilombo
R
iacho Ferrovia Olaria Trilha C Trilha B Trilha A TotalEspécies
Abun Freq Abun Freq Abun Freq Abun Freq Abun Freq Abun Freq Abun Freq Abun Freq
Didelphis aurita - 90 - 86 - - - 100 - 97 - 100 - 97 - 95
Dasypus novemcinctus - - - - - - - - - - - 1 - - - 0,2
Alouatta fusca* 0,9 - - - - - - - - - - - - - 0,25 -
Callithrix penicillata* - - - - - - - - 1,3 - - - - - 0,37 -
Callithris aurita* - - - - - - - - 1,9 - - - - - 0,54 -
Nasua nasua* 1,2 - - - - - - - - 33 - - - - 0,33 5,5
Eira barbara - 18 - - -
- - - - - - - - - - 3
Leopardus sp. - - 0,2 11 - - - - - - - - - - 0,04 1,8
Sciurus aestuans 1,3 1 0,5 - - - - - 1,1 - - 1 - - 0,87 0,3
Sylvilagus brasilienses - 1 - 3 - - - 14 - 38 - - - - - 9,3
Abundância total de mamíferos por área/
Freqüência total de parcelas com registros
por área
0,34
98
0,12
92
0
-
0
100
0,43
99
-
100
-
97
0,25
97,7
Riqueza de espécies
3 4 2 3 0 - 0 2 3 3 - 3 - 1 6 7