ArticlePDF Available

Abstract

OBJETIVO: conhecer a auto-imagem, dificuldades e presença de sintomas negativos após o canto em coralistas amadores com diferentes classificações vocais, idades e experiência. MÉTODO: cento e vinte e cinco cantores responderam a um questionário que abordou dados de identificação, informações sobre a auto-imagem da voz cantada, dificuldades apresentadas no canto e ocorrência ou não de sintomas vocais após o canto. RESULTADOS: a comparação por naipes evidenciou maior dificuldade na emissão de sons agudos para os contraltos e baixos, maior dificuldade na emissão graves para os sopranos, maior dificuldade na transição de registro grave para agudo para os baixos, e maior cansaço vocal para os contraltos. Na divisão por idade, tanto adultos jovens e adultos referiram maior soprosidade do que os idosos. Os adultos referiram melhor intensidade vocal do que adultos jovens. Os adultos jovens consideraram seu timbre de voz adequado mais frequentemente do que adultos. Em relação à experiência, os cantores menos experientes referiram percepção de voz rouca em maior número do que os cantores mais experientes, que referiram apresentar intensidade adequada durante o canto em maior número do que os demais. Cantores menos experientes referiram maior ocorrência de rouquidão após o canto do que cantores mais experientes. CONCLUSÃO: as dificuldades encontradas no canto estão atreladas ao naipe, e não dependem da idade e nem da experiência. Sintomas estão relacionados ao naipe e ao grau de experiência com o canto. A auto-imagem vocal negativa também está relacionada ao naipe e ao nível de experiência, sendo que a auto-imagem positiva é mais comum em cantores experientes.
436
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
CORALISTAS AMADORES: AUTO-IMAGEM, DIFICULDADES
E SINTOMAS NA VOZ CANTADA
Amateur choir singers: self-image, difculties
and symptoms of the singing voice
Ana Cristina de Castro Coelho(1), Irandi Fernando Daroz(2),
Kelly Cristina Alves Silvério(3), Alcione Ghedini Brasolotto(4)
RESUMO
Objetivo: conhecer a auto-imagem, diculdades e presença de sintomas negativos após o canto em
coralistas amadores com diferentes classicações vocais, idades e experiência. Método: cento e
vinte e cinco cantores responderam a um questionário que abordou dados de identicação, informa-
ções sobre a auto-imagem da voz cantada, diculdades apresentadas no canto e ocorrência ou não
de sintomas vocais após o canto. Resultados: a comparação por naipes evidenciou maior diculdade
na emissão de sons agudos para os contraltos e baixos, maior diculdade na emissão graves para
os sopranos, maior diculdade na transição de registro grave para agudo para os baixos, e maior
cansaço vocal para os contraltos. Na divisão por idade, tanto adultos jovens e adultos referiram maior
soprosidade do que os idosos. Os adultos referiram melhor intensidade vocal do que adultos jovens.
Os adultos jovens consideraram seu timbre de voz adequado mais frequentemente do que adultos.
Em relação à experiência, os cantores menos experientes referiram percepção de voz rouca em
maior número do que os cantores mais experientes, que referiram apresentar intensidade adequada
durante o canto em maior número do que os demais. Cantores menos experientes referiram maior
ocorrência de rouquidão após o canto do que cantores mais experientes. Conclusão: as diculdades
encontradas no canto estão atreladas ao naipe, e não dependem da idade e nem da experiência.
Sintomas estão relacionados ao naipe e ao grau de experiência com o canto. A auto-imagem vocal
negativa também está relacionada ao naipe e ao nível de experiência, sendo que a auto-imagem
positiva é mais comum em cantores experientes.
DESCRITORES: Voz; Distúrbios da Voz; Música
(1) Fonoaudióloga da Clínica de Fonoaudiologia da Facul-
dade de Odontologia de Bauru da Universidade de São
Paulo, Bauru, P, Brasil; Mestre em Ciências pelo Programa
de Pós-Graduação em Fonoaudiologia da Faculdade de
Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo,
Bauru, SP, Brasil.
(2) Regente de coral; Professor do Curso de Música e Artes
Cênicas da Universidade Sagrado Coração – USC, Bauru,
SP, Brasil; Graduação em Educação Artística (Licenciatura
plena em Música) pela Universidade Sagrado Coração;
Mestre em Música pela Universidade Estadual Paulista
“Júlio de Mesquita Filho”.
(3) Fonoaudióloga; Professora do Departamento de Fonoau-
diologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Univer-
sidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil; Doutora em Biolo-
gia Buco-Dental pela Universidade Estadual de Campinas,
São Paulo, SP, Brasil.
INTRODUÇÃO
O canto coral se caracteriza pela prática em
grupo e tem a diversidade como uma de suas
principais características. Sua demanda é bastante
variada dependendo da natureza amadora ou
prossional e das características de repertório que
também variam em grande escala1.
(4) Fonoaudióloga; Professora do Departamento de Fonoau-
diologia da Faculdade de Odontologia de Bauru da Univer-
sidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil; Doutora em Distúr-
bios da Comunicação Humana pela Universidade Federal
de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
Conito de interesses: inexistente
Características do uso vocal de coralistas 437
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
do envelhecimento podem estar relacionadas a
comprometimentos como diminuição do volume
respiratório e a diminuição do controle inspiratório
no canto16. Outras alterações vocais causadas pelo
envelhecimento incluem diminuição dos tempos
máximos de fonação, soprosidade, fraqueza,
instabilidade, rouquidão, inabilidade de sustentar
a fonação, loudness inadequado e perda da
extensão vocal17. Entretanto, as mudanças na
frequência habitual relacionada à idade parecem
ser menos proeminentes ou até mesmo ausentes
em vozes treinadas18. O amadurecimento vocal de
prossionais da voz cantada mostra estabilidade
na fonação, promovendo a otimização do controle
respiratório e habilidades fonatórias. Desta forma,
é possível que prossionais idosos bem preparados
possam adicionar treinamento e experiência ao seu
desempenho vocal, não apresentando modicações
vocais signicantes com o envelhecimento19. Neste
contexto, estudos sobre o impacto do canto coral
na voz de idosos iniciantes na atividade do canto,
revelaram diminuição de queixas e diculdades
para o canto, bem como vericaram extensão vocal
abrangente4,5. Já o cantor idoso que nunca recebeu
treinamento adequado pode apresentar alterações
vocais características do envelhecimento16.
Este estudo teve por objetivo conhecer a auto-
-imagem, diculdades e presença de sintomas
negativos após o canto em coralistas amadores
com diferentes classicações vocais, idades e
experiência.
MÉTODO
Este estudo transversal e prospectivo contou
com a participação dos integrantes de cinco corais
regidos pelo mesmo prossional, totalizando 125
indivíduos – 95 mulheres e 30 homens, com idades
entre 18 e 77 anos.
Não foi utilizado critério de exclusão, uma vez
que, diante do objetivo do trabalho, pretendeu-se
conhecer as características e diculdades vocais
dos integrantes destes grupos.
Após assinarem o Termo de Consentimento livre
e esclarecido, os cantores responderam, por escrito
e individualmente, a um questionário com perguntas
fechadas que abordou: 1. Dados de identicação:
idade, tempo de experiência com canto, classi-
cação do naipe da voz (soprano, contralto, tenor e
baixo); 2. Informações sobre a auto-imagem vocal
na voz cantada: em relação ao tipo de voz – voz
soprosa, rouca ou normal, volume – fraca demais,
forte demais ou adequada e qualidade vocal que
foi denominada como “timbre” para melhor compre-
ensão dos participantes – clara, escura, nem clara e
nem escura; 3. Diculdades apresentadas durante
A literatura coloca diversos fatores que têm
impacto direto no desempenho de um coralista.
Entre elas estão a classicação vocal2, as modi-
cações vocais relativas à idade desde o amadure-
cimento até o envelhecimento3-6 além de grande
heterogeneidade dos integrantes no que se refere
ao grau de experiência com a voz cantada na
prática coral7,8.
Uma das características encontradas em corais é
a grande evasão de cantores nos coros amadores9.
Em geral, os novos integrantes são inexperientes
e costumam ter deciência no conhecimento de
normas que protejam sua saúde vocal10. Entretanto,
normalmente é possível que pessoas que estejam
iniciando a prática do canto possam desenvolver,
com treino, uma voz saudável e esteticamente
agradável11.
A experiência musical parece ter diferentes
efeitos no desempenho do canto e é considerada
importante para o crescimento musical12. Braun-
Janzen e Zeine13 investigando os níveis de
interesse e conhecimento da produção vocal de
cantores, concluiram que cantores amadores foram
susceptíveis ao desenvolvimento de sintomas
negativos. Cohen et al.14 investigaram a qualidade
de vida em cantores idosos com queixas vocais,
e concluíram que cantores menos experientes
apresentaram maior desvantagem vocal do que
cantores prossionais.
Uma etapa importante para os cantores iniciantes
é a classicação vocal, na qual são divididos em
naipes de vozes agudas (“soprano” para mulheres
e “tenor” para homens) e graves (“contralto” para
as mulheres e “baixo” para os homens). Devido
às características vocais observadas em cada um
desses naipes, além da demanda vocal exigida a
cada um, é comum que os naipes tenham mais
facilidade em realizar determinadas tarefas e maior
diculdade em outras.
Numa investigação do perl do uso vocal de
coralistas, Ribeiro e Hanayama2 concluíram que
sopranos apresentam menor número de dicul-
dades globais e que contraltos apresentam maior
número de sintomas múltiplos em relação à voz
cantada, como a diculdade na transição de registro
e na emissão de notas agudas em fraca intensidade.
A atividade coral pode ser realizada por pessoas
de diferentes idades ou pers, que normalmente
praticam o canto amador em busca de entreteni-
mento. A literatura tem feito referência crescente
ao uso da voz cantada de cantores de meia idade
e idosos. Spiegel, Sataloff e Emerich15 citam que
a prevalência de abuso vocal e problemas de
saúde relacionados à idade podem ser fatores
importantes a serem considerados. Além disso,
modicações vocais durante o processo normal
438 Coelho ACC, Daroz IF, Silvério KCA, Brasolotto AG
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
• Idade:
Grupo 1: 46 adultos jovens de 17 a 25 anos
Grupo 2: 53 adultos de 26 a 49 anos
Grupo 3: 26 adultos de meia-idade e idosos,
acima de 50 anos
• Experiência com o canto:
Grupo A: 64 cantores com experiência menor
que 1 ano
Grupo B: 17 cantores com pouca experiência,
de 1 a 2,5 anos
Grupo C: 26 cantores experientes, de 2,5 a
5 anos
Grupo D: 18 cantores com muita experiência,
acima de 5 anos
Os aspectos investigados se referem à proprio-
cepção vocal dos cantores, suas principais dicul-
dades no exercício do canto e a sintomas negativos
após o uso vocal no canto.
Em relação à comparação por naipes (Tabela
1), foi observado que os contraltos têm maior
diculdade na emissão de notas agudas do que os
sopranos (p=0,001) e que os baixos tem a mesma
diculdade em relação aos tenores (p=0,032). O
contrário também ocorreu somente para as vozes
femininas, sendo que os sopranos referiram maior
diculdade na emissão de notas graves em relação
aos contraltos (p=0,007). Além disso, o naipe de
baixos referiu maior diculdade na transição de
registro grave para agudo em relação aos tenores
(p=0,018). Considerando os sintomas negativos,
os contraltos referiram maior cansaço vocal após o
canto em relação aos sopranos (p=0,021).
o canto: na emissão de sons agudos ou graves,
no uso do falsete, na passagem para agudo ou
grave, quebras na voz, diculdade para emissão
em intensidade “piano” ou “forte”, diculdades
relacionadas a ataques e cortes (começo e m do
trecho de canto), diculdades relacionadas à respi-
ração e apoio respiratório, e nenhuma diculdade;
4. Ocorrência ou não de sintomas vocais após o
canto: voz rouca, cansada ou fraca; desconforto
laríngo-faríngeo: coceira, dor ou ardor na região da
laringe, sensação de bolo ou aperto na garganta,
tensão na região do pescoço.
Os cantores foram divididos por classicação
vocal, idade e tempo de experiência com canto.
Este trabalho foi submetido à apreciação do
Comitê de Ética da Faculdade de Odontologia de
Bauru e foi aprovado sob o processo nº 115/2005.
As respostas dos questionários foram tabuladas
e comparadas entre os grupos para todas variáveis
estudadas por meio do Teste Exato de Fisher,
Teste do Qui-Quadrado e Teste de Comparação de
Proporções, adotando-se nível de signicância de
5%.
RESULTADOS
Para uma colocação mais didática dos resul-
tados, os grupos foram divididos de acordo com as
variáveis selecionadas da seguinte forma:
• Classicação da voz:
Grupo sopranos: 59 cantores
Grupo contraltos: 36 cantores
Grupo tenores: 14 cantores
Grupo baixos: 16 cantores
Características do uso vocal de coralistas 439
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
Tabela 1 – Auto-imagem vocal na voz cantada, diculdades no canto e presença de sintomas
negativos após o canto comparando-se os naipes de sopranos e contraltos, tenores e baixos
Auto-imagem vocal na voz cantada
Geral Sopranos Contraltos P Tenores Baixos P
Rouca 6 (4,8%) 1 (1,7%) 1 (2,8%) p=1,000 0 (0,0%) 4 (25,0%) p=0,102
Soprosa 21 (16,7%) 12 (20,0%) 4 (11,1%) p=0,396 4 (28,6%) 1 (6,3%) p=0,157
Forte demais 5 (4,0%) 0 (0,00%) 3 (8,3%) p=0,049* 0 (0,0%) 2 (12,5%) p=0,485
Intensidade adequada 91 (72,2%) 44 (73,3%) 26 (72,2%) p=1,000 12 (85,7%)
9 (56,3%) p=0,118
Fraca demais 30 (23,8%) 15 (25,0%) 7 (19,4%) p=0,620 2 (14,3%) 6 (37,5%) p=0,225
Timbre claro 53 (42,1%) 25 (41,7%) 16 (44,4%) p=0,833 7 (50,0%) 5 (31,3%) p=0,457
Timbre adequado 71 (56,3%) 34 (56,7%) 20 (55,6%) p=1,000 7 (50,0%) 10 (62,5%)
p=0,713
Timbre escuro 3 (2,4%) 1 (1,7%) 0 (0,0%) p=1,000 0 (0,0%) 2 (12,5%) p=0,485
Dificuldades no canto Geral Sopranos Contraltos P Tenores Baixos P
Agudos 44 (34,9%) 12 (20,0%) 19 (52,8%) p=0,001* 3 (21,4%) 10 (62,5%)
p=0,032*
Graves 24 (19,0%) 17 (28,3%) 2 (5,6%) p=0,007* 3 (21,4%) 2 (12,5%) p=0,642
Falsete 17 (13,5%) 10 (16,7%) 3 (8,3%) p=0,358 3 (21,4%) 1 (6,3%) p=0,315
Passagem para agudo 29 (23,0%) 11 (18,3%) 12 (33,3%) p=0,137 0 (0,0%) 6 (37,5%) p=,0185*
Passagem para grave 20 (15,8%) 13 (21,7%) 4 (11,1%) p=0,271 2 (14,3%) 1 (6,3%) p=0,586
Quebras na voz 29 (23,0%) 14 (23,3%) 10 (27,8%) p=0,634 2 (14,3%) 3 (18,8%) p=1,000
Apoio 22 (17,5%) 15 (25,0%) 4 (11,1%) p=0,118 1 (7,1%) 2 (12,5%) p=1,000
Fortes 7 (5,5%) 3 (5,0%) 0 (0,0%) p=0,289 3 (21,4%) 1 (6,3%) p=0,315
Pianos 5 (4,0%) 4 (6,7%) 1 (2,8%) p=0,647 0 (0,0%) 0 (0,0%) -
Ataques e cortes 6 (4,8%) 3 (5,0%) 0 (0,0%) p=0,289 1 (7,1%) 2 (12,5%) p=1,000
Respiração 55 (43,6%) 31 (51,7%) 16 (44,4%) p=0,532 4 (28,6%) 4(25,0%) p=1,000
Nenhuma 21 (16,7%) 8 (13,3%) 5 (13,9%) p=0,999 4 (28,6%) 4 (25,0%) p=1,000
Sintomas negativos após canto Geral Sopranos Contraltos P Tenores Baixos P
Desconforto Laringo-Faríngeo 71 (56,3%) 37 (61,6%) 16 (44,4%) p=0,100 11 (78,6%)
7 (43,7%) p=0,052
Voz rouca 44 (34,9%) 19 (31,6%) 14 (38,9%) p=0,470 4 (28,6%) 7 (43,7%) p=0,3894
Voz cansada 51 (41,3%) 19 (31,6%) 20 (55,5%) p=0,021* 5 (35,7%) 6 (37,5%) p=0,919
Voz fraca 20 (15,9%) 8 (13,33%) 6 (16,7%) p=0,654 2 (14,3%) 4 (25%) p=0,464
Teste exato de Fisher, adotado nível de signicância de 5%
Na divisão do grupo por faixa etária (Tabela
2), pôde-se observar que tanto adultos jovens
e adultos referem maior soprosidade do que os
idosos (p=0,014). Os adultos referem melhor inten-
sidade vocal (p=0,01) e timbre claro (p=0,23) do
que adultos jovens. Da mesma forma, um número
signicantemente maior de adultos jovens consi-
derou seu timbre de voz adequado em comparação
aos adultos (p=0,028). Em relação às diculdades
para o canto e aos sintomas negativos após o canto,
não houve diferenças estatisticamente signicantes
entre os grupos.
440 Coelho ACC, Daroz IF, Silvério KCA, Brasolotto AG
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
Tabela 2 – Auto-imagem vocal, diculdades no canto e presença de sintomas negativos após o canto
comparando-se os adultos jovens (Grupo 1), adultos (Grupo 2) e idosos (Grupo 3)
Auto-imagem vocal na voz cantada
Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 P
Rouca 4 (8,69%) 2 (3,77%) 0 (0,00%) p=0,227
Soprosa 12 (26,08%) 8 (15,09%) 1 (3,84%) p=0,014 *G1xG3/G2xG3
Forte demais 2 (4,34%) 3 (5,66%) 0 (0,00%) P=0,447
Intensidade Adequada 30 (65,21%) 48 (90,56%) 20 (76,92%) p=0,01 *G1xG2
Fraca demais 14 (30,43%) 10 (18,86%) 6 (23,07%) p=0,402
Timbre claro 12 (26,08%) 28 (52,83%) 12 (46,15%) p=0,023 *G1xG2
Timbre adequado 33 (71,73%) 24 (45,28%) 14 (53,8%) p=0,028 *G1xG2
Timbre escuro 2 (4,34%) 1 (1,88%) 0 (0,00%) p=0,486
Dificuldades no canto Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 P
Agudos 16 (34,78%) 21 (39,62%) 7 (26,92%) p=0,538
Graves 12 (26,08%) 10 (18,86%) 2 (7,79%) p=0,163
Falsete 9 (19,56%) 8 (15,09%) 0 (0,00%) p=0,055
Passagem para agudo 14 (30,43%) 9 (16,98%) 6 (23,07%) p=0,286
Passagem para grave 9 (19,56%) 10 (18,86%) 0 (0,00%) p=0,052
Quebras na voz 13 (28,26%) 9 (16,98%) 7 (26,92%) p=0,365
Apoio 7 (15,21%) 10 (18,86%) 5 (19,23%) p=0,866
Fortes 3 (6,62%) 4 (7,74%) 0 (0,00%) p=0,368
Pianos 1 (2,17%) 3 (5,66%) 1 (3,84%) p=0,676
Ataques e cortes 3 (6,52%) 2 (3,77%) 1 (3,84%) p=0,790
Respiração 21 (45,65%) 19 (35,84%) 14 (53,8%) p=0,289
Nenhuma 7 (15,21%) 6 (11,32%) 8 (30,76%) p=0,088
Sintomas negativos após canto Grupo 1 Grupo 2 Grupo 3 P
Desconforto laringo-faríngeo 29 (63,04%) 31 (37,73%) 12 (46,15%) p=0,373
Voz rouca 19 (41,30%) 20 (37,53%) 5 (19,23%) p=0,149
Voz cansada 21 (45,65%) 22 (41,51%) 9 (34,61%) p=0,660
Voz fraca 10 (21,74%) 7 (13,20%) 3 (11,54%) p=0,402
Teste do qui-quadrado e comparação de 3 proporções, adotado nível de signicância de 5%
Por m, na divisão dos grupos de acordo com a
experiência de canto (Tabela 3) foi observado que
os cantores menos experientes têm mais percepção
de voz rouca do que os cantores mais experientes
(p=0,04). Não houve diferença estatisticamente
signicante para diculdades no canto. Os cantores
mais experientes referiram apresentar intensidade
adequada durante o canto em maior número do
que os demais (p=0,028). Os cantores menos
experientes referiram ainda maior ocorrência de
rouquidão após o canto do que cantores mais
experientes (p=0,035).
Características do uso vocal de coralistas 441
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
Um maior número de cantores inexperientes e
com pouca experiência referiram rouquidão, sendo
que esse índice para os cantores mais experientes
foi de 0%. Da mesma forma os cantores mais
experientes referiram melhor controle da inten-
sidade vocal para o canto. A literatura refere que as
vozes treinadas, além de maior estabilidade para
o canto25, têm riscos diminuídos de apresentarem
alterações13,26,27. Portanto, a auto-imagem vocal
negativa é mais comum entre os cantores mais
jovens. Os cantores mais experientes referiram
signicantemente auto-imagem positiva, como
intensidade adequada do que os menos experientes.
Não foram encontrados dados signicantes
quanto às diculdades no canto na divisão do grupo
por faixa etária e por tempo de experiência, o que
sugere que tais diculdades estejam ligadas à
classicação vocal. Os achados referentes às dicul-
dades entre os naipes em atingir notas graves ou
agudas da tessitura evidenciam a proposta de cada
naipe, ou seja, sopranos e tenores cantam predomi-
nantemente em regiões mais agudas, e contraltos
e baixos cantam predominantemente em regiões
DISCUSSÃO
Assim como neste estudo, diversos pesquisa-
dores2,20,21 encontraram queixas das mais variadas
naturezas em prossionais da voz cantada.
Já em relação à divisão por faixa etária foi
observado que os idosos apresentam menor índice
de queixa de soprosidade durante a voz cantada
do que os mais jovens. Este dado vai contra a
literatura que descreve o desenvolvimento ontoge-
nético da voz e sua repercussão nas características
vocais17,22,23. Entretanto, foi observado que a média
em anos de experiência coral foi maior entre a
população idosa, seguida pela população adulta
jovem e por m, a população adulta com a menor
média, o que nos mostra que o grupo com maior
média de idade é o que tem mais experiência coral
e os que têm menos idade são os que têm menos
experiência coral. Se esse fato for levado em consi-
deração, este dado está em concordância com que
literatura que relata que vozes treinadas têm menor
chance do desenvolvimento de sinais e sintomas
negativos3-5,16,18,24.
Tabela 3 – Auto-imagem vocal, diculdades no canto e presença de sintomas negativos após o canto
comparando-se cantores sem experiência (Grupo A), com pouca experiência (Grupo B), experientes
(Grupo C) e com muita experiência (Grupo D)
Auto-imagem vocal na voz cantada
Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D P
Rouca 3 (4,76%) 3 (17,65%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) p=0,040*
Soprosa 14 (22,22%) 1 (5,88%) 4 (15,38%) 1 (5,56%) p=0,208
Forte demais 3 (4,76%) 2 (11,76%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) p=0,207
Intensidade Adequada 42 (66,67%) 10 (58,82%) 22 (84,62%)
17 (94,44%) p=0,028*
Fraca demais 18 (28,57%) 6 (35,29%) 5 (19,23%) 1 (5,56%) p=0,135
Timbre claro 24 (38,10%) 4 (23,53%) 11 (42,31%)
12 (66,67%) p=0,063
Timbre adequado 37 (58,73%) 13 (76,47%) 15 (57,69%)
6 (33,33%) p=0,077
Timbre escuro 2 (3,17%) 0 (0,00%) 0 (0,00%) 1 (5,56%) p=0,579
Dificuldades no canto Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D P
Agudos 21 (33,33%) 6 (35,29%) 12 (46,15%)
5 (27,78%) p=0,596
Graves 12 (19,05%) 4 (23,53%) 4 (15,38%) 3 (16,67%) p=0,918
Falsete 10 (15,87%) 2 (11,76%) 3 (11,54%) 2 (11,11%) p=0,916
Passagem para agudo 14 (22,22%) 6 (35,29%) 8 (30,77%) 1 (5,56%) p=0,146
Passagem para grave 7 (11,11%) 5 (29,41%) 5 (19,23%) 2 (11,11%) p=0,259
Quebras na voz 12 (19,05%) 6 (35,29%) 7 (26,92%) 4 (22,22%) p=0,531
Apoio 15 (23,81%) 0 (0,00%) 3 (11,54%) 4 (22,22%) p=0,103
Fortes 4 (6,35%) 1 (5,88%) 1 (3,85%) 1 (5,56%) p=0,975
Pianos 3 (4,76%) 0 (0,00%) 2 (7,69%) 0 (0,00%) p=0,483
Ataques e cortes 2 (3,17%) 0 (0,00%) 3 (11,54%) 1 (5,56%) p=0,289
Respiração 29 (46,03%) 6 (35,29%) 1 (46,15%) 6 (33,33%) p=0,817
Nenhuma 11 (17,46%) 4 (23,53%) 3 (11,54%) 3 (16,67%) P=0, 783
Sintomas negativos após canto Grupo A Grupo B Grupo C Grupo D P
Desconforto laringo-faríngeo 43 (68,25%) 7 (41,18%) 12 (46,15%)
8 (30,77%) p=0,061
Voz rouca 25 (39,70%) 8 (47,05%) 10 (38,46%)
1 (3,85%) p=0,035 *GAxGD/GBxGD
Voz cansada 27 (42,86%) 5 (29,41%) 12 (46,15%)
7 (26,92%) p=0,717
Voz fraca 12 (19,04%) 4 (23,52%) 2 (7,69%) 2 (7,69%) p=0,425
Teste do qui-quadrado e comparação de 4 proporções, adotado nível de signicância de 5%
442 Coelho ACC, Daroz IF, Silvério KCA, Brasolotto AG
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
o treinamento vocal em longo prazo é um fator
determinante para a manutenção de uma voz
saudável3-5,13,16,18,24,25.
A realização de outros estudos envolvendo
a questão do cantor de coral poderá avaliar se a
qualidade vocal desses cantores é condizente com
as queixas relatadas. Além disso, o conhecimento
das características do uso vocal de um grupo de
coralistas pode oferecer importantes informações
ao regente que, ao identicar suas principais
diculdades, poderá adaptar a técnica vocal, redire-
cionando-a para esses aspectos, colaborando com
o melhor desempenho na voz cantada e com a
saúde vocal dos seus cantores.
CONCLUSÃO
As diculdades encontradas no canto estão
atreladas ao naipe, e não dependem da idade e
nem da experiência. Sintomas, como voz cansada,
estão relacionados ao naipe e ao grau de experi-
ência com o canto. Os grupos de cantores menos
experientes são os que apresentam maior índice de
queixa de rouquidão após o canto. A auto-imagem
vocal negativa também está relacionada ao naipe e
ao nível de experiência, sendo que a auto-imagem
positiva é mais comum em cantores experientes.
mais graves. A diculdade de passagem para notas
agudas, referida pelo naipe de baixos sugere que a
equalização da voz durante a passagem é de difícil
realização28, Esse naipe apresenta extensão
reduzida para o agudo, o que pode dicultar a
coordenação da musculatura laríngea, onde a ação
do músculo cricotireóideo deve sobrepujar a ação
do músculo tireoaritenóideo.
Na análise de sintomas negativos após o canto,
foi observado índice estatisticamente signicante
de cansaço vocal em contraltos em relação aos
sopranos. Esse dado contradiz um dos resultados
de um estudo semelhante29, que encontrou maior
índice de fadiga vocal em sopranos em relação aos
contraltos. Pesquisadores colocam que as causas
e o contexto do cansaço vocal podem ser o mau
uso da voz por pela utilização de altas frequências
e fortes intensidades30, o que fala a favor de maior
fadiga vocal em sopranos, ao contrário do que foi
encontrado neste estudo. Não foram observadas
diferenças dessa natureza na divisão do grupo
por faixa etária. Porém a maior parte das queixas
é advinda dos adultos jovens, seguidos pelos
adultos e pelos idosos, respectivamente. Os grupos
de cantores inexperientes e com pouca experi-
ência apresentaram alto índice de ocorrência de
rouquidão após o canto em relação aos cantores
mais experientes. Dessa forma, é reforçado que
ABSTRACT
Purpose: to evaluate vocal self-perception, difculties and presence of negative symptoms after
singing of amateur choir singers of different vocal classications, age and experience. Method: one
hundred and twenty ve singers answered a questionnaire containing identication data, information
about self-perception of the singing voice, difculties with singing and negative symptoms after
singing. Results: the comparison considering vocal classication evidenced greater difculties with
high notes for altos and basses, greater difculty regarding the transition to high notes for basses and
greater vocal fatigue for altos. Comparing the singers by age, both adults and young adults referred
more breathiness than the elderly. The adults referred better vocal intensity than the young adults.
The young adults referred better timbre than adults. Regarding the experience, the less experienced
singers reported self-perception of hoarseness and presence of hoarseness after singing in greater
number than the experienced singers. Conclusion: the difculties with singing are connected to the
vocal classication and do not depend on age or experience. Vocal symptoms are related to the vocal
classication and to the experience with singing. Negative self-perception is also related the vocal
classication and to the experience with singing, and positive self-perception was more reported by
experienced singers.
KEYWORDS: Voice; Voice Disorders; Music
Características do uso vocal de coralistas 443
Rev. CEFAC. 2013 Mar-Abr; 15(2):436-443
14. Cohen SM, Jacobson BH, Garrett CG, Noordzij
JP, Stewart MG, Attia A, et al. Creation and validation
of the singing voice handicap index Ann Otol Rhinol
Laryngol. 2007;116(6):402-6.
15. Spiegel JR, Sataloff RT, Emerich KA. The Young
Adult Voice. J Voice. 1997; 11(2):138-43.
16. Boone D. The singing voice in the mature adult.
J Voice. 1997;11(2):161-4.
17. Takano S, Kimura M, Nito T, Imagawa H,
Sakakibara K, Tayama N. Clinical analysis
of prebylarynx vocal fold atrophy in elderly
individuals. Auris Nasus Larynx. 2009; doi:10.1016/j.
anl.2009.11.013.
18. Sataloff RT, Roses DC, Hawkshaw M, Spiegel JR.
The aging adult voice. J Voice. 1997;11(2):156-60.
19. Heman-Ackah YD, Dean CM, Sataloff RT.
Strobovideolaryngoscopic ndings in singing
teachers. J Voice. 2002;16(1):81-6.
20. Prakup B. Acoustic measures of the voices
of older singers and nonsingers. J Voice.
2012;26(3):341-50. [epub ahead of print].
21. Schmid-Tatzreiter E, Schmid R. Interdisciplinary
voice examination (screening) for (choir) singers at
the Salzburger Sanger Service-tag 2003. Logoped
Phoniatr Vocol. 2004Apr;(29):92-6.
22. Brasolotto A, Pontes P, Behlau M. Glottic
characteristics and voice complaint in the elderly. J
Voice. 2005;19(1):84-94.
23. Behlau M, Azevedo R, Pontes P. Conceito de
voz normal e classicação das disfonias. In: Voz:
O livro do especialista. Volume I. Rio de Janeiro:
Revinter; 2001. p. 53-73.
24. Cohen S, Noordzij J, Garrett G, Ossoff RH.
Factors associated with perception of singing.
Otolaryngol Head Neck Surg. 2008;138(4):430-4.
25. Fuchs M, Meuret S, Thiel S, Taschner R,
Dietz A, Gelbrich G. Inuence of singing activity,
age and sex on voice performance parameters, on
subjects’perception and use of their voi in childhood
and adolescence. J Voice. 2009;23(2):182-9.
26. Siupsinskiene N, Lycke H. Effects of vocal training
on singing and speaking voice characteristics in
vocally healthy adults and children based on choral
and nonchoral data. J Voice. 2011;25(4):e177-89.
27. Awan SN, Ensslen AJ. A comparison of trained
and untrained vocalists on the Dysphonia Severity
Index. J Voice. 2010;24(6):661-6.
28. Neumann K. Schunda P, Hoth B, Euler HA.
The interplay between glottis and vocal tract
during the male passaggio. Folia Phoniatr Logo.
2005;57(5-6):308-27.
29. Tepe E, Deutsch E, Sampson Q, Lawless S,
Reilly J, Sataloff R. A pilot survey of vocal health in
young singers. J Voice. 2002;16(2):244-50.
30. Kitch JA, Oates J. The perceptual features of
vocal fatigue as self-reported by a group of actors
and singers. J Voice. 1994;8(3):207-14.
REFERÊNCIAS
1. Fernandes A, Kayama A, Östergren E. O
regente moderno e a construção da sonoridade
coral [The modern conductor and today’s choral
practice: sonority and technique]. In: Per Musi. Belo
Horizonte: UFGM (Programa de Pós-Graduação
em Música). 2006;(13):33-51.
2. Ribeiro LR, Hanayama EM. Perl vocal de
coralistas amadores. Rev CEFAC. 2005;7(2):252-66.
3. Sorrel JA, Sorrel LM. Music as a Healing Art for
older Adults. J Psychosoc Nurs. 2008;46(3):21-4.
4. Cassol M, Bos AJG. Canto coral melhora
sintomas vocais em idosos saudáveis. Ver Brás de
Ciên do Envelh Hum. 2006;3(2):113-22.
5. Rocha TF, Amaral FP, Hanayama EM. Extensão
vocal de idosos coralistas e não coralistas. Rev
CEFAC. 2007;9(2):248-54.
6. Perry BE. Health information-seeking behaviors
among classically trained singers. J Voice.
2012;26(3):330-5. [epub ahead of print].
7. McCrea CR, Morris RJ. Effects of Vocal Training
and Phonatory Task on Voice Onset Time. J Voice.
2007;21(1):54-63.
8. Phyland DJ, Oates J, Greenwood KM.
Self-reported voice problems among three groups
of professional singers. J Voice. 1999;13(4):602-11.
9. Cunha AL. A ocina coral como atividade de
apoio ao coro amador. Dissertação (Mestrado) –
Escola de Comunicação e Artes, Universidade de
São Paulo, São Paulo. 1999; 129p.
10. McKinney J. The singing/acting young adult
from a singing instruction perspective. J Voice.
1997;11(2):153-5.
11. Emerich KA, Sataloff RT. Chronic Fatigue
Syndrome in Singers. In: Sataloff RT. Professional
Voice: the science and art of clinical care, 2ed. San
Diego: Singular; 1997. p. 447-51.
12. Mang E. Effects of Musical Experience on
Singing Achievement. Bulletin of the Council for
Research in Music Education. 2007;174:75-92.
13. Braun-Janzen C, Zeine L. Singers Interest and
Knowledge Level of Vocal Function and Dysfunction:
survey ndings. J Voice. 2009;23(4):470-83.
Recebido em: 08/03/2012
Aceito em: 10/06/2012
Endereço para correspondência:
Ana Cristina de Castro Coelho
Praça Wenceslau Braz, 74, Apto 21
Itajubá – MG
CEP: 37500-038
Email: anacrisccoelho@yahoo.com.br
... Na comparação entre as classificações vocais, o estudo mostrou que há uma diferença estatisticamente significativa do escore total do IDV-C, tendo as idosas contraltos apresentado maior desvantagem vocal para o canto do que as sopranos. Esse fato concorda com outros estudos, nos quais as coristas contralto tiveram maiores escores na desvantagem para o canto (24) e apresentaram maior cansaço vocal (25) . No presente estudo, as perguntas do IDV-C mais pontuadas e que descrevem as principais dificuldades das coristas contralto, além do alcance às notas agudas, estão relacionadas ao controle da própria voz e da soprosidade durante o canto, o que instiga a hipótese de que estas coristas estejam sob maior efeito da presbifonia. ...
Article
Full-text available
Purpose: To analyze the singing voice handicap index in elderly choristers and verify its relationship with the profile, habits and health conditions of the participants. Methods: 110 individuals aged 60 years or older, participating in amateur choirs, were included. Choir singers were interviewed in order to verify data such as age, time in choir singing, vocal classification, and the presence of habits and health conditions adverse to voice production. Subsequently, they answered the questionnaire "Singing Voice Handicap Index (SVHI)", which assesses the individual's self-perception in relation to experiences in the use of the singing voice. Results: The SVHI score had a median of 25, with a minimum score of 0 and a maximum score of 86. The most scored items were related to physical aspects in the use of singing voice: "I am unable to use my 'high voice'" (Q10) and "My throat is dry when I sing"(Q13). It was found that older adults over 75 years of age had a greater voice handicap when compared to younger ones (p=0.020). Choir singers classified as contralto also had a higher SVHI score (p=0.023), as well as individuals who reported drinking little water (p=0.007). Conclusion: The choristers in this study presented a singing voice handicap index compatible with healthy singing voices. When verifying the relationship of the SVHI score with the characteristics of the participants and with respect to habits and health conditions, it was found that the elderly choir singers over 75 years old, the contralto choir singers, and those who claimed to drink little water had higher scores for the singing voice handicap.
... Tais achados confirmam dados obtidos por outro estudo com cantores de coros universitários de música popular brasileira (5) , estudo com cantores de coros de igrejas católicas e evangélicas (12) e estudo com cantores populares, que comparou dois grupos, com e sem treinamento vocal (2) educação vocal e demanda ocupacional parecem contribuir para a variabilidade na prevalência de alteração de voz autorrelatada (1) . A desvantagem vocal em cantores pode ser interpretada como falta de conhecimento técnico, grande demanda vocal e curta experiência no canto (5,13,14) . Os resultados do presente estudo confirmaram a maior desvantagem vocal em cantores com o menor tempo de experiência no canto popular. ...
Article
Full-text available
Objetivo verificar a associação das características sociodemográficas, ocupacionais, de estilo de vida e saúde com a desvantagem vocal de cantores populares. Métodos estudo observacional transversal com amostra de conveniência, composta por cantores populares. A coleta de dados foi realizada por meio de questionário com 21 perguntas, além do protocolo de Índice de Desvantagem para o Canto Moderno (IDCM). Foram utilizados os testes de Mann Whitney e Kruskal Wallis. Resultados a amostra foi composta por 57 cantores, predominantemente do sexo masculino e com idade entre 30 e 39 anos. Houve significância estatística entre o escore total do IDCM e as variáveis: presença de mais de um cantor intercalando as músicas nas apresentações, menor tempo de profissão, não realização do desaquecimento vocal e autopercepção da voz falada como razoável. Conclusão maior desvantagem vocal foi verificada em cantores mais novos na profissão, que não intercalam as músicas com outro cantor, não desaquecem a voz e percebem a voz falada como razoável.
Article
"The relevance of the studied issue is the need to identify the main trends in choral performance, and determine the principles of the work of conductors and choral artists in the context of renewal of the components in this field. The aim of the research is to study the problem of current global trends in the development of choral performance as a complex multifaceted and integral phenomenon. Its practical methods (audio search; audio selection; audio analysis) were used in the research. The aspects of modern choral performance (interdisciplinary; socio-cultural; as well as artistic management; professional training; modern engineering technologies; information and communication space; technologies aimed at preserving human and professional resources) were identified. The current components of activity in the field of modern choral art were established. The directions of modern choral practice were identified (activation of the musical group in the life of society; expansion of traditional executive functions; growth of the genre stylistic palette of the choral repertoire). The system of key modernized methods of interpreting choral works of the 20th and 21st centuries was studied (principles of intonation; the principle of expanding the range; the principle of enriching the technical means of interpretation; the principles of forming the performance texture; the principle of interpreting the verbal text in the context of the choral score; the principle of creating different types of sound). The general features of modern choral performance in Ukraine and in the world were studied. The results can be applied in the process of researching future choral performing practice and preparing the relevant studies. The prospects of research in this field of musical culture are to enrich the theoretical and practical sectors of choral art as a complex system which is open for updates. Keywords: choral art, choir, choral work, performance interpretation, choral genre, choral style, timbre dramaturgy, performance analysis."
Article
Full-text available
Este artigo aborda a importância da colaboração entre profissionais fonoaudiólogos e cantores de grupos de louvor no contexto da preparação vocal. Dada a importância da música na expressão espiritual e adoração, a qualidade vocal dos cantores é essencial para proporcionar experiências significativas. O papel do fonoaudiólogo é vital nesse processo, visando aprimorar a técnica vocal e assegurar a saúde vocal a longo prazo. A metodologia abrangeu uma revisão completa de estudos e artigos científicos relacionados à intervenção do fonoaudiólogo na preparação vocal de cantores de grupos de louvor. Foram consultadas fontes acadêmicas, livros e publicações relevantes para compilar uma visão geral completa do tópico. A pesquisa incluiu trabalhos que exploram técnicas de treinamento vocal, intervenções fonoaudiológicas e os resultados observados em cantores de grupos de louvor que receberam esse suporte. Os resultados indicaram consistentemente os benefícios substanciais da inclusão do fonoaudiólogo na preparação vocal de cantores de grupos de louvor. Os fonoaudiólogos desempenham um papel crucial na avaliação da saúde vocal, correção de técnicas vocais inadequadas e promoção da educação vocal, resultando em melhorias significativas na qualidade vocal, resistência e na redução de lesões vocais. Além disso, a colaboração contribui para uma compreensão mais profunda das necessidades vocais individuais no contexto de adoração.
Article
Full-text available
Purpose: the knowledge concerning care of the voice on the part of professional and amateur singers in Chile is relevant for voice professionals and also for speech pathologists who work in disorder prevention and voice care. It is important to know if there are differences between both groups regarding the knowledge of voice care. Methods: the "Vocal Awareness Questionnaire for Singers'' was applied to a sample of 66 singers: 33 professional and 33 amateur singers. Three areas of knowledge were evaluated: anatomy and physiology of the larynx, vocal hygiene and voice pathologies. Results: there were no significant differences in the knowledge of voice care between professional and amateur singers both at a general level and in specific areas of knowledge. The topic of vocal hygiene obtained the highest percentage of correct answers in both groups, while the lowest percentage was in the area of voice pathologies. Conclusions: there were no differences in the level of knowledge on voice care between the professional and amateur singers included in this study. In both groups, the level of knowledge was from low to moderate. This could increase the incidence of vocal pathologies in both groups.
Article
Full-text available
Objectives: The study aimed to investigate and map the existence of vocal risk in amateur singers, analyzing the contribution of general voice signs and symptoms, specific singing handicap, and generalized anxiety. Study design: This is a cross-sectional study. Methods: The sample comprised 526 volunteer amateur choristers-186 male and 340 female-(mean age of 42.07 years) from different choirs in the region of São Paulo. Three questionnaires were used: the Voice Symptom Scale (VoiSS), the Modern Singing Handicap Index (MSHI), and the Generalized Anxiety Disorder 7-item (GAD-7) scale. Results: The mean total score obtained on the VoiSS was 17.57, which is almost two points higher than the protocol's passing score (16). The choristers who scored higher or equal to 16 points (51.5%, n = 271)-considered at vocal risk-and the group who scored less than 16 points (48.5%, n = 255)-healthy group-were analyzed separately. The risk group presented a mean total score of 26.34 on the VoiSS and 20.97 on the MSHI, with higher deviation on the impairment subscale, followed by the disability and handicap subscales, along with mild anxiety. The healthy group presented a mean total score of 8.27 on the VoiSS and 6.11 on the MSHI, also with higher deviation in the impairment subscale, followed by disability and handicap, and a minimum level of anxiety. Conclusion: Even in leisure activities, vocal care is necessary for the correct use of the singing voice, which demands individual adaptations. The use of protocols for voice symptoms and singing handicap has revealed the possibility of amateur choristers to present vocal risk.
Article
Full-text available
An investigation was conducted on song performance and melodic pitch matching skills of three groups of adults who had different type and level of mask background. The instrumentalists had received formal music training but had little choral experience; the choristers had not received any formal college music training but had substantial choral experience, and a control group of musically untrained college students who had neither received any choral nor formal instrumental music training beyond school general music education during childhood. All subjects were evaluated on their performance to maintain tonality in song performance and accuracy on echo-sing melodic patterns. Results suggest that the extent of choral experience and formal instrumental music training have different effects on different types of criterion singing tasks. For melodic pitch-matching task, the instrumentalists performed significantly better than both the musically untrained control group and the nonmusic-major choristers group. In contrast, the nonmusic-majors who had choral experience performed significantly better in song performance tasks than both the instrumentalists and the musically untrained group. Tints, personal musical experience appeared to have different effects on singing achievement. The findings also imply that informal music training, such as choral singing, might be considered analogous or even superior in fostering musical growth under certain song performance context.
Article
Full-text available
PURPOSE: compare the vocal extension of senior choristers and non-choristers and analyze the influence of the practice of the amateur coral-song in the vocal extension of the aforementioned subjects. METHODS: extracting the vocal extension through a musical keyboard and comparative analysis of the number of half-notes among 40 senior choristers and 40 non-choristers. RESULTS: the number of half-notes achieved by the choristers is significantly higher than the one achieved by the non-choristers. The vocal extension profile of the seniors choristers was from 27 to 39 half-notes, totalizing a sum of 3 octaves, 1 tone and 1 half-note. The profile of the no-choristers seniors' vocal extension was from 18 to 35 half-notes, totalizing a sum of 2 octaves, 5 tones and 1 half-note. CONCLUSION: The practice of the amateur coral song increases the choristers seniors' vocal extension.
Article
Full-text available
This prospective cross-sectional study examines the effects of voice training on vocal capabilities in vocally healthy age and gender differentiated groups measured by voice range profile (VRP) and speech range profile (SRP). Frequency and intensity measurements of the VRP and SRP using standard singing and speaking voice protocols were derived from 161 trained choir singers (21 males, 59 females, and 81 prepubescent children) and from 188 nonsingers (38 males, 89 females, and 61 children). When compared with nonsingers, both genders of trained adult and child singers exhibited increased mean pitch range, highest frequency, and VRP area in high frequencies (P<0.05). Female singers and child singers also showed significantly increased mean maximum voice intensity, intensity range, and total VRP area. The logistic regression analysis showed that VRP pitch range, highest frequency, maximum voice intensity, and maximum-minimum intensity range, and SRP slope of speaking curve were the key predictors of voice training. Age, gender, and voice training differentiated norms of VRP and SRP parameters are presented. Significant positive effect of voice training on vocal capabilities, mostly singing voice, was confirmed. The presented norms for trained singers, with key parameters differentiated by gender and age, are suggested for clinical practice of otolaryngologists and speech-language pathologists.
Article
Summary: Objectives. This study investigated whether there were differences in the acoustic measures of fundamental frequency (Fo), jitter, intensity, and shimmer of older amateur singers and nonsingers and whether there were significant correlations between these acoustic measurements and listener judgments of speaker age. Methods. Acoustic measurements were obtained on 60 speaker participants from a sustained vowel production. Study participants included 30 male and female singers and 30 male and female nonsingers between the ages of 65 and 80 years. In addition, 10 speech-language pathology graduate students were recruited as listener participants to estimate the age of speaker participants from recorded vowel sounds. Results. The results of this study indicate that participants were perceived as significantly younger than their real ages, and male and female singers were perceived to be significantly younger than male and female nonsingers. Significant differences were found between male and female singers and nonsingers regarding jitter and intensity, with singers displaying significantly less jitter and significantly greater intensity than nonsingers. Perceived age was found to be related to jitter in male singers and nonsingers and female singers. Perceived age was found to be related to intensity in female nonsingers. No statistically significant differences were found between singers and nonsingers regarding Fo or shimmer. No significant correlations were found between perceived age and intensity in male singers, male nonsingers, or female singers. Conclusions. Acoustic and auditory-perceptual features of the aging voice appear to be factors associated with participation in amateur singing.
Article
Purpose: to raise information about amateur choral singers vocal profile looking for symptoms, habits, feelings and attitude regarding singing and voice. Methods: 124 amateur choral singers questionnaires have been analyzed. Results: found data has shown a higher number of multiple vocal symptoms in singing than in voice. There was a significant statistic association between voice and singing symptoms, habits and feelings compared to the number of vocal and singing symptoms found. Conclusion: amateur choral singers vocal profile show there are voice and singing aspects association although a detailed investigation of vocal production patterns is required to guarantee a general vision of the aspects that can influence amateur choral singers voice quality.
Article
This study investigated whether there were differences in the acoustic measures of fundamental frequency (Fo), jitter, intensity, and shimmer of older amateur singers and nonsingers and whether there were significant correlations between these acoustic measurements and listener judgments of speaker age. Acoustic measurements were obtained on 60 speaker participants from a sustained vowel production. Study participants included 30 male and female singers and 30 male and female nonsingers between the ages of 65 and 80 years. In addition, 10 speech-language pathology graduate students were recruited as listener participants to estimate the age of speaker participants from recorded vowel sounds. The results of this study indicate that participants were perceived as significantly younger than their real ages, and male and female singers were perceived to be significantly younger than male and female nonsingers. Significant differences were found between male and female singers and nonsingers regarding jitter and intensity, with singers displaying significantly less jitter and significantly greater intensity than nonsingers. Perceived age was found to be related to jitter in male singers and nonsingers and female singers. Perceived age was found to be related to intensity in female nonsingers. No statistically significant differences were found between singers and nonsingers regarding Fo or shimmer. No significant correlations were found between perceived age and intensity in male singers, male nonsingers, or female singers. Acoustic and auditory-perceptual features of the aging voice appear to be factors associated with participation in amateur singing.
Article
Understanding health information-seeking behaviors (HISBs) within a particular patient demographic group is an important part of effective clinical outreach and education efforts. Although the community of classically trained singers has long been recognized by specialized health care providers, no studies have yet addressed the processes by which they search for voice-related health information, and little is known about how they use and access medical care. An electronic questionnaire focusing on HISB and voice-related health care issues was administered to 151 self-identified classically trained singers and 49 nonsinger controls. Outcomes of interest were tested for association with groups of singers and controls, followed by tests of association between demographic variables (age, gender, insurance status) with each outcome of interest. Results showed significant differences in specialty care access including point of first contact (P=0.0085), gender-associated delay of treatment initiation (P=0.0324), and use of home remedies for vocal problems (P≤0.0001). Significant differences in HISB were noted as well, including history of having undertaken an information search (P≤0.0001), likelihood of having concerns about information quality (P≤0.0001), and difficulty knowing where to find information (P≤0.0001). Differences were influenced by singing status, age, and gender. The insights provided by these data may inform decision-making processes regarding patient care, patient education, and clinical outreach to the target population.