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Amamentar no Egipto antigo: do prazer na relação materno-infantil à ideologia

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Abstract

Este artigo é dedicado à consideração e à análise do fenómeno da amamentação no Egipto antigo que, na nossa óptica, entra no campo de uma arqueologia das emoções, com conexões estreitas com o erotismo, o amor e o prazer, categorias do repertório afectivo de todos os tempos. Procuramos neste estudo não nos restringir aos vectores habituais associados ao prazer (o diálogo erótico dos corpos, as sensações do amor carnal, o desejo, a sensualidade), mas reflectir justamente sobre o prazer entendido de uma forma bem mais ampla, neste caso o prazer e a paixão inerentes à relação materno-infantil e expressos/ vividos através do acto de amamentar/ ser amamentado. Iniciamos o tratamento do tema com uma incursão relativamente alargada no universo mental egípcio, no que diz respeito à concepção de vida terrena e às suas principais etapas, onde a problemática da amamentação se insere. Depois, o nosso esforço hermenêutico concentra-se, sobretudo, especificamente, sobre as cenas de amamentação patentes nas paredes dos templos do antigo Egipto (baixos-relevos e pinturas) com o objectivo de determinar as motivações e as finalidades subjacentes à sua produção e inclusão nos respectivos contextos artístico-arquitectónicos.
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... No seio da mitologia egípcia, os três mais conhecidos touros sagrados são Ápis (associado a Ptah e Osíris, em Mên s), Meruer/ Mnévis (associado a Ré, em Heliópolis) e Bukhis (associado a Montu e a Ré, em Hermontis), mas são também de mencionar outros touros como Bata em Cinópolis, Kemuer em Athribis, Hesbu no XI nomos do Alto Egipto, Tjai-Sepf e Siankh. A estes exemplos de bovinos-machos devem ainda associar-se também várias divindades-vacas com signi cativa importância na mitologia egípcia: Bat, Hathor, Mehet-Ueret, Nut, Hesat, Ihet, Sekhat-Hor, Sekhetet, Chentayet, Khensit (Dodson, 2009;Kessler, 2001;Sales, 2006;omas, 1986;Vernus, Yoyotte, 2005;Wilkinson, 2003). ...
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Os antigos Egípcios acreditavam que o touro poderoso representava a personalidade do próprio faraó. O touro estava, de facto, intimamente associado ao Estado faraónico, estando presente ao nível dos regalia (cauda taurina) e significativamente nos próprios epítetos reais (ka nakht). Na mitologia egípcia, de todos os touros sagrados o que maior projecção alcançou, como deus agrário da fecundidade, da vegetação renascida e da ressurreição, foi, seguramente, o touro Ápis, associado em Mênfis aos deuses Ptah e Osíris. Na sua condição de touro ágil, vigoroso e viril, Ápis era um intermediário consistente entre o mundo dos vivos e o dos mortos, além de ser um propiciador de fertilidade e renascimento quando associado ao deus-Sol. A sua participação, literalmente ao lado do faraó, na «corrida ritual», importante cerimónia no âmbito da concepção ideológica do poder real, reforçou ainda mais a sua importância no seio do panteão egípcio. Palavras-Chave: Ápis, iconografia, cauda taurina, corrida ritual, epítetos.
Article
Thesis (doctoral)--Rijksuniversiteit te Leiden, 1971.
Il mito. ll tnisterio. La magia
  • Lside Aavv
AAVV, lside. Il mito. ll tnisterio. La magia, Milão, Electa, 1997
lmages de la vie quotidienne en Egypte au temps des pharaons
  • Guillernette Andreu
ANDREU, Guillernette, lmages de la vie quotidienne en Egypte au temps des pharaons, Paris, Hachette, 1992.
01. I. Lisboa. Museu Nacional de Arqueologia
  • Antiguidades Egípcias
Antiguidades Egípcias. "01. I. Lisboa. Museu Nacional de Arqueologia. 1993.