Os resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) estão cada vez mais presentes no cotidiano. Algumas empresas brasileiras realizam apenas o pré-tratamento de REEE: triagem e desmantelamento, desconsiderando o processo de refino, que apresentaria benefícios econômicos. O artigo apresenta, através da revisão de literatura, a situação atual da reciclagem brasileira e destaca alguns metais desperdiçados das PCI e indica o processo hidrometalúrgico para recuperar estes materiais. Palavras-chave: Lixo eletrônico; Gestão de resíduos; Reciclagem de metais. INTRODUÇÃO Os resíduos de equipamento eletroeletrônicos (REEE) estão entre os fluxos de crescimento mais rápido do mundo (Li, 2017). Um relatório lançado pelas Nações Unidas em 2019 mostrou que o ritmo da taxa de crescimento anual de resíduos eletroeletrônicos subiu para 50 milhões de toneladas, com uma tendência crescente ano após ano (Bel et al., 2019). A gestão correta destes resíduos em simbiose com a reciclagem adequada pode gerar resultados significativos no âmbito econômico, uma vez que apresentam substâncias de alto valor em sua composição, como o cobre e metais nobres como a prata, ouro e paládio, sendo esse último encontrado em concentrações dez vezes maiores em PCIs (Placas de circuito impresso) do que no minério comercialmente extraído (Santos, 2012). Há uma preocupação também com os riscos à saúde e ao meio ambiente, quando associados a uma possível disposição incorreta dos REEE. Os mesmos apresentam um elevado potencial poluidor, já que cada aparelho pode conter até 12 elementos considerados altamente prejudiciais a saúde e ao meio ambiente, dentre eles cádmio, chumbo e arsênio (Wu et. al., 2008). A Política Nacional de Resíduos Sólidos (Brasil, 2010), prevê a prevenção e a redução na geração de resíduos. Podem ser realizadas alterações impostas pela política, incluindo a proibição de importação de resíduos perigosos, que podem causar danos ao ambiente ou à saúde humana, incentivos financeiros de âmbito federal a conselhos locais para a elaboração de planos de gestão de resíduos, o fim das chamadas "lixeiras" (locais impróprios onde a população se desfazia dos seus resíduos) e a implementação da logística reversa. A logística reversa (Lei 12.305/2010) pretende dar continuidade ao ciclo de vida de um material, fazendo com que os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes dos produtos sejam envolvidos em um ciclo responsável. Assim, as empresas que fabricam produtos são responsáveis por encontrar alternativas para o fim da sua vida útil, e são responsáveis por desenvolver estratégias de retorno, tanto de embalagens, quanto dos eletrônicos, além de descartar corretamente os seus resíduos (Brasil, 2010; Nelen et al., 2014). A presença de metais preciosos proporciona um forte incentivo à reciclagem de resíduos de equipamentos eletroeletrônicos (REEE) (Wang e Xu, 2014). Todos REEE contêm placa de circuito impresso (PCI: peça base na qual são montados os circuitos eletrônicos) e, com os avanços tecnológicos, a concentração de metais nestas placas tem se tornado cada vez mais heterogênea, e seus componentes, compactos, dificultando os processos de reciclagem. Tais peças contém a maior quantidade de metais, cerca de 40% do total, sendo a principal parte de interesse para a recuperação (Ladou, 2006; Cucchiella et al., 2015; Gosh et al., 2015; Kumar, Holuszko, Espinosa, 2017). No entanto, infelizmente, no Brasil, mesmo com a recente implementação de políticas nacionais de gestão de resíduos, os governos federais e locais não controlam o número de REEE gerados pela sociedade. A maioria dos aparelhos eletrônicos não chegam no processo de refino e são encaminhados para empresas