Resumo A paisagem sonora é composta pelo total de sons presentes em um ambiente, podendo ser naturais ou artificiais, incluindo-se a capacidade física dos componentes presentes em transmiti-la. Este trabalho teve como objetivo caracterizar a paisagem sonora de uma trilha situada em um fragmento florestal urbano (Capão do Tigre) de Curitiba, Paraná. A coleta dos dados foi realizada durante o outono/2018, em 14 pontos diferentes na floresta, na parte interna e externa. Foi utilizado um decibelímetro modelo DEC-470 para a avaliação da pressão sonora. Foram coletados os níveis do som ambiente com compensação em A (simulando a recepção humana) (dB (A)) e equivalente (dBeq) e realizada a classificação do som em cada ponto de coleta. Foi observada diferença significativa das condições do som, sendo os maiores níveis de pressão sonora observados nos pontos P1 e P11 com 75,5 e 76,5 dB (A), respectivamente. Nesses pontos também foram encontrados os maiores valores de dBeq (56,2 e 56,1 dBeq), os quais encontram-se acusticamente poluídos. Os valores mínimos registrados foram nos pontos P4 (36,2 dB (A)) e P10 (36,7 dB (A)). Os menores valores de dBeq foram registrados nos pontos P3, P4, P7 e P8 com 46,4, 46,9, 47,1 e 47,6 dBeq. Também foi observada diferença entre os valores medidos externa e internamente, com valor médio de 5,9 dBeq. O ambiente sonoro da trilha apresenta diferentes tipos de sons em sua composição, com predominância de sons artificiais provenientes de tráfego (uma rodovia próxima a floresta) e sons bióticos de animais, na sua maioria pássaros. Palavras-chave: Fragmento florestal urbano; Ruído sonoro; Vegetação. 1. Introdução A paisagem sonora é composta pelo total de sons presentes em um ambiente, podendo ser naturais ou artificiais, incluindo-se a capacidade física dos componentes presentes em transmiti-los (GOSWAMI, 2011; FARINA; PIERETTI, 2012; MOLINA et al., 2013). Nos ambientes naturais, a paisagem sonora pode ser constituída unicamente por sons naturais ou pela sobreposição desses com os de atividades humanas (MOLINA et al., 2013), compostos principalmente por sons desagradáveis, os quais constituem os ruídos sonoros. Os elementos que compõe uma paisagem sonora são estritamente conectados, uma vez que os padrões de vegetação, as infraestruturas e a distribuição de animais influenciam na produção e propagação dos sons (FARINA; PIERETTI, 2012). A vegetação é o elemento mais eficiente na atenuação do ruído nas áreas urbanas, devido a capacidade que as folhas das plantas possuem de absorver o ruído e de transmitir o som para outras superfícies, alterando a sua direção e misturando sons indesejados com outros mais agradáveis (YANG et al., 2011; CHOUDHURY, 2013). A paisagem sonora das cidades é um indicativo da qualidade de vida nesses ambientes (GOSWAMI, 2011). Brambilla et al. (2013) acrescentam que os benefícios à saúde devem ser preservados e melhorados, especialmente nas áreas verdes urbanas, pois constituem ilhas de atenuação de ruído sonoro cercadas por áreas poluídas sonoramente. Além disso, as áreas verdes podem fornecer conforto sonoro, ao promover sensação de relaxamento e bem-estar à população (YANG et al., 2011). Segundo Curitiba (2002), o som é a vibração acústica capaz de provocar sensações auditivas, enquanto que o ruído é o som que pode causar perturbação ao sossego público ou efeitos psicológicos e fisiológicos negativos em seres humanos e animais. Curitiba (2002) ainda define a poluição sonora