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240
Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e
variações meteorológicas no
Brasil: revisão sistemática
The ocurrence of dengue and
weather changes in Brazil: A
systematic review
Dione Viero VianaI,II
Eliane IgnottiI,II
I Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal de Mato Grosso (ISC/
UFMT), Cuiabá, MT.
II Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), Cáceres, MT.
Declaramos ausência de conitos de interesse relacionados à publicação deste artigo.
Correspondência: Dione Viero Viana. Rua Brasília, 118 - Bairro Areão, 78010-265 Cuiabá, MT.
E-mail: dionevieronev@gmail.com
Resumo
Introdução: A dengue configura-se nas
últimas décadas como importante causa
de morbidade e mortalidade no Brasil e
no mundo atingindo as zonas tropicais e
subtropicais. Objetivo: Revisar a literatura
científica sobre a ocorrência da dengue
no Brasil e sua relação com variáveis me-
teorológicas. Método: Revisão sistemática
de estudos publicados nas bases de dados
(SciELO, PubMed, MEDLINE, Lilacs) atra-
vés de descritores referentes à dengue e
a variações meteorológicas no Brasil, em
artigos publicados no período de 1991 a
2010. Foram selecionados 31 artigos que
tiveram como área de estudo o território
nacional. Resultados: A maioria dos estudos
epidemiológicos usa desenho ecológico; os
estudos entomológicos fazem uso de captu-
ras com armadilhas; são comuns estudos de
série histórica da doença e análise espacial.
Evidencia-se relação entre incidência da
dengue com a temperatura e pluviosidade;
a associação é mais expressiva a partir do
segundo até o quarto mês do ano. Estudos
comparativos entre períodos de seca e
chuva mostram comportamento sazonal da
doença. Há dificuldades no estabelecimen-
to de padrão único sazonal da incidência da
doença e variáveis meteorológicas para o
país. Conclusão: A dengue está fortemente
relacionada com variáveis meteorológicas.
A variação sazonal da temperatura e da
pluviosidade influenciaram a dinâmica
do vetor e a incidência da doença em todo
o país, independente do compartimento
climático.
Palavras-chave: Dengue. Aedes. Epide-
miologia. Saúde ambiental. Clima. Inci-
dência. Revisão sistemática.
241 Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
Abstract
Introduction: Dengue is configures in recent
decades as an important cause of morbidity
and mortality in Brazil and around the world
reaching the tropical and subtropical areas.
Objective: To review the scientific literature
on the occurrence of dengue in Brazil and its
relationship with meteorological variables.
Method: A systematic review of studies
published in databases (SciELO, PubMed,
MEDLINE, Lilacs) using descriptors related
to weather variations and dengue fever in
Brazil, published between 1991 to 2010. It
was selected 31 articles that had the study
area nationwide. Results: Most epidemio-
logical studies use ecological design, the
studies make use of entomological trapping,
are common also series of studies of the
disease and spatial analysis. It is evident re-
lationship between dengue incidence with
temperature and rainfall, the association is
more significant from the second to fourth
months of the year. Comparative studies of
drought and rain show seasonal behavior
of the disease. There are difficulties in es-
tablishing unique pattern of seasonality of
disease incidence and weather variables for
the country. Conclusion: Dengue is strongly
related to meteorological variables. The se-
asonal variation in temperature and rainfall
influences the dynamics of the vector and
the incidence of the disease throughout the
country, regardless of the climate category.
Keywords: Dengue. Aedes. Epidemiology.
Environmental health. Climate. Incidence.
Systematic Review.
Introdução
A dengue é atualmente a arbovirose
mais prevalente no mundo, com cerca de
40% da população em risco1. Circulam
quatro sorotipos do vírus, aumentando
significativamente as formas graves e letais
da doença2,3.
O número de casos da dengue clássi-
ca (DC) e da febre hemorrágica da den-
gue (FHD) vem aumentado anualmente.
Estima-se 550 mil internações com 20 mil
óbitos anuais em um total de aproximada-
mente 2,5 bilhões de pessoas expostas4,5 e
uma média de 80 milhões de casos novos
notificados anualmente2.
Como doença endêmica ou pandêmi-
ca reemergente, ocorre praticamente em
todas as regiões tropicais e subtropicais
do planeta1. Os países localizados nestas
regiões são mais suscetíveis em função
de diversos condicionantes, tais como:
mudanças globais, alterações climáticas,
variabilidade do clima, uso da terra, arma-
zenamento de água e irrigação, crescimen-
to da população humana e urbanização6.
Tais fatores, dentre outros, contribuem
expressivamente para a proliferação e de-
senvolvimento do Aedes aegypti - vetor do
vírus7-9. As alterações climáticas impactam
no aumento de mais de 2 bilhões o número
de pessoas expostas a dengue e as proje-
ções para 2085 sugerem que cerca de 5 a 6
bilhões de pessoas (50 a 60 % da população
global) estarão em risco de transmissão da
doença10.
A dinâmica sazonal do vetor da dengue
está comumente associada às mudanças e
flutuações climáticas9,11, que incluem: au-
mento da temperatura, variações na pluvio-
sidade e umidade relativa do ar, condições
estas que favorecem maior número de cria-
douros disponíveis e consequentemente o
desenvolvimento do vetor. Este último apre-
senta duas fases distintas: aquática, com as
etapas de desenvolvimento de ovo, larva
e pupa, e a terrestre, que corresponde ao
mosquito na forma adulta, estando ambas
as fases sujeitas às alterações ambientais e
meteorológicas12,13.
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A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
No Brasil, a introdução da dengue com
confirmação laboratorial data de meados de
1981 – 1982 na cidade de Boa Vista, Estado
de Roraima - Amazônia brasileira –, onde
foram isolados os sorotipos DEN - 1 e 4,
com 11.000 casos confirmados14. Desde
então o país já passou por diversos surtos
epidêmicos15,16.
Atualmente, a dispersão do Ae. aegypti
atinge as 27 Unidades Federadas, com mais
de 3.587 municípios infestados pelo vetor da
doença. A dengue configura-se nas últimas
décadas como importante causa de morbi-
dade e mortalidade17,18.
O Brasil é considerado um país tropical
por estar situado particularmente em zonas
de latitudes baixas, nas quais prevalecem
os climas quentes e úmidos, com tempe-
raturas médias em torno de 20º C19. Com
uma área de 8.5 milhões de km², é forma-
do por cinco regiões geográficas (Norte,
Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e
cinco compartimentos climáticos, definidos
por clima Equatorial, Temperado, Tropical
Brasil Central, Tropical Nordeste Oriental e
Tropical Zona Equatorial20.
A variabilidade climática do Brasil se
deve à dimensão do território, extensão
da faixa litorânea, variação de altitude e,
principalmente, à presença de diferentes
massas de ar que modificam as condições
de temperatura e umidade das cinco re-
giões. Por esta razão, são verificados no
país desde climas super-úmidos quentes,
provenientes das massas de ar equatoriais,
como é o caso de grande parte da região
Amazônica, até climas semiáridos, próprios
do sertão nordestino20,21.
Considerando os diversos estudos
que mostram a relação de determinantes
ambientais e fatores climáticos sob a di-
nâmica das endemias, e conhecendo-se a
pertinência e a magnitude da dengue no
Brasil e no mundo, torna-se relevante o
desenvolvimento de uma revisão. O pre-
sente estudo tem por objetivo apresentar
uma revisão sistemática da literatura
científica brasileira sobre a ocorrência
da dengue e a sua relação com variáveis
meteorológicas.
Metodologia
Desenho do estudo
Estudo de revisão bibliográfica siste-
mática em diferentes bases de dados ele-
trônicas científicas, através de descritores
referentes à dengue e a variáveis meteoro-
lógicas no Brasil. A identificação dos artigos
e inclusão dos mesmos ocorreu no primeiro
semestre de 2010.
Bases de dados eletrônicas
A pesquisa bibliográfica foi conduzida
nas seguintes bases de dados eletrônicas:
(1) Scientific Electronic Library Online -
SciELO; (2) Medical Literature Analysis
and Retrieved System - MEDLINE; e (3)
Literatura Latino-americana e do Caribe em
Ciências da Saúde - Lilacs; (4) U.S. National
Library of Medicine - PubMed.
Informações complementares foram
obtidas a partir de boletins epidemiológi-
cos; relatórios de mudanças climáticas e
ambientais publicados pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), Organização Pan-
Americana da Saúde (OPAS) e Ministério da
Saúde (MS); dados geográficos e de clima
através do Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Realizou-se também
busca manual com base nas referências
listadas nos artigos inclusos na revisão.
Estratégia de busca
As buscas foram conduzidas através de
descritores catalogados no Descritor em
Ciências da Saúde – DeCS e no Medical
Subject Headings – MeSH, em português
e em inglês contidos no título ou nos re-
sumos dos estudos. Utilizou-se o operador
booleano “AND” e “OR”, além da utilização
das aspas a fim de facilitar a busca aos
manuscritos.
A combinação de termos utilizados jun-
tos ou separados nas respectivas bases de
dados (SciELO, PubMed, Medline, LILACS)
foram:
· “Dengue (dengue)”;
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A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
· “Aedes (Aedes)”;
· “Dengue variáveis meteorológicas (den-
gue meteorological variables)”;
· “Dengue fatores climáticos (dengue
climatic factors)”;
· “Dengue temperatura (dengue tempe-
rature)”;
· “Dengue umidade (dengue humidity)”;
· “Dengue verão (dengue summer)”;
· “Dengue chuva (dengue rain)”;
· “Dengue inverno (dengue winter)”;
· “Dengue pluviosidade (dengue rainfall)”.
Seleção e análise das publicações
Para a seleção dos artigos construiu-se
um formulário com as informações a seguir:
autor e ano, periódico de publicação, título,
período de desenvolvimento do estudo, uni-
dade federativa, cidade e área da pesquisa,
desenho do estudo, indexação, descritor uti-
lizado para localizar a publicação, método
de análise estatística, objetivo e principais
resultados.
Utilizou-se como critério de inclusão ar-
tigos do tipo original, publicados em periódi-
cos internacionais ou nacionais, nos idiomas
inglês, português ou espanhol, independente
do ano de publicação, indexados em uma das
bases anteriormente citadas.
Foram selecionados para revisão so-
mente os artigos que continham análise de
variáveis meteorológicas e a relação com a
ocorrência da dengue ocorridos no Brasil,
e incluídos os estudos que utilizaram como
principal vetor transmissor o Aedes aegypti,
assim como Aedes albopictus, entre outros
de menor prevalência.
Foram identificados 625 artigos cien-
tíficos relacionando a dengue a fatores
ambientais/meteorológicos no Brasil e no
mundo. Do total de 43 artigos produzidos
com dados brasileiros analisados na ínte-
gra, foram removidos 12 trabalhos por não
terem relação com a temática da revisão ou
por estarem duplicados. 31 trabalhos foram
selecionados para a presente revisão de
literatura cientifica. Os resultados obtidos
com a aplicação da estratégia de busca des-
crita estão apresentados no quadro lógico
do estudo.
Os estudos são apresentados em mapas
pelas Unidades da Federação, por regiões
geográficas e conforme o compartimento
climático do país, e em tabela segundo
cronologia de publicação, clima, local de es-
tudo, variáveis meteorológicas e principais
achados. Os resultados e discussão estão
exibidos por pluviosidade, pluviosidade/
temperatura, temperatura/umidade relativa
do ar e defasagem.
Resultados e discussão
Artigos revisados
Da totalidade de 31 (trinta e um) artigos
originais e distintos inclusos na revisão, 12
(doze) publicações referem-se à tempe-
ratura (oC) e pluviosidade (mm); 9 (nove)
abordam pluviosidade; 7 (sete) artigos têm
enfoque em temperatura, pluviosidade,
pressão atmosférica, direção dos ventos
e umidade relativa do ar; 1(um) trabalho
mencionou o fator abiótico temperatura
trimestral e semestral de cada ano; 1 (um)
estudo comparou períodos distintos de
chuva e seca; 1 (uma) publicação referente
a diferenciação sazonal verão/inverno em
relação à incidência da dengue (Figura 1).
Constatou-se que todos os estudos
utilizaram abordagem quantitativa, e os
principais métodos empregados nos estu-
dos compreenderam: captura de mosquitos
através de armadilhas (ovitrampas, mos-
quitraps, aspiradores, iscas, entre outros
métodos); levantamentos entomológicos/
larvais em reservatórios, tanques, tonéis,
vasos, pneus; levantamento entomológico
de imóveis por meio do índice de Breteau
e índice de infestação predial – IIP. Foram
mais frequentes os estudos epidemioló-
gicos transversais e ecológicos descritivos
de série histórica, por meio da utilização
de dados secundários do Sistema Nacional
de Agravos de Notificação – SINAN e de
análise espacial. Entre as análises utiliza-
das destacam-se as correlações e técnicas
de geoprocessamento, especialmente pelo
método de Kernel.
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A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
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Distribuição dos estudos
As Figura 2 e 3 ilustram o número de
publicações segundo áreas de estudo
por Unidades da Federação, por regiões
geográficas e conforme o compartimento
climático do país. Na Figura 2 observa-se
que o maior número de estudos foi reali-
zado no Estado de São Paulo, SP, seguido
do Rio de Janeiro, RJ. Foram publicados
estudos para toda a região Sudeste exceto
o Estado do Espírito Santo. Por outro lado,
para a região Sul foi publicado apenas um
estudo realizado em município do Estado
do Paraná. A Figura 3 exibe o número de
estudos publicados por compartimentos
climáticos. Observa-se que foram realiza-
dos estudos em áreas que contemplam os
cinco climas brasileiros. Estudos relacio-
nando dengue e variáveis meteorológicas
foram mais frequentes em área de Clima
Tropical Brasil Central.
Na Tabela 1 são apresentados em ordem
cronológica e por clima os estudos da te-
mática dengue e variações meteorológicas
no Brasil, publicados entre 1992 e 2010.
Figura 1 – Quadro lógico da revisão sistemática, a ocorrência da dengue e variações
meteorológicas no Brasil, publicações de 1992 a 2010.
Figure 1 – Logical framework of the systematic review, the occurrence of dengue in Brazil and
weather variations, publications from 1992 to 2010.
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* Publicação de Câmara et al. em 200730, não inclusa no mapa, analisou concomitantemente as 5 regiões do Brasil.
*A study conducted by Câmara et al. in 200730, not included in the map, analyzed simultaneously the 5 regions of Brazil.
Figura 2 – Distribuição do número de publicações sobre dengue e variáveis meteorológicas
no Brasil, publicadas entre 1992 e 2010, segundo área geográca de estudo – (a) Unidade da
Federação; (b) Região Geográca.
Figure 2 - Distribution of number of publications on dengue and climate variables in Brazil published
between 1992 and 2010, according to the geographic area of study - (a) Unit of the Federation; (b)
Geographic Region.
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Em termos de evolução temporal, maior
número de publicações ocorreu a partir do
ano 2000.
Pluviosidade
O fator abiótico chuva22-29 foi importante
para a produção de larvas, pupas e ocorrên-
cia da dengue. As infestações ocorreram
principalmente entre os meses de maior
índice de precipitação pluviométrica nas
diferentes localidades. Estudos realizados
no Vale do Paraíba (SP)22, em São José do Rio
Preto (SP)23, no Estado do Maranhão (MA)24,
em Vila das Pedrinhas (litoral sul do Estado
de São Paulo)25, Manaus (AM)26, Paraíba
(PB)27, Uberlândia (MG)28 e Boa Vista (RR)29
mostraram que, mesmo havendo diferença
na dinâmica das chuvas nas várias regiões
do país, a maior incidência da doença e ní-
veis de infestação de vetores coincidiu com
os meses chuvosos que também foram os
meses mais quentes do ano no país30.
Estudo realizado em todos os 246 mu-
nicípios do Estado de Goiás31, no período
de janeiro 2001 a dezembro 2005, mostrou
que o índice de infestação predial (IIP) de
Ae. aegypti apresentou importante variabi-
lidade entre os meses, além de associação
significativa dos picos da doença com
épocas de maiores IIP e de pluviosidade
média. A densidade larvária e os casos da
dengue apresentaram incremento durante
os primeiros quatro meses de cada ano
(período de alta pluviosidade) e redução
entre junho e setembro (menor pluviosi-
dade), resultados encontrados também nos
estudos realizados em São José do Rio Preto
(SP)23, Maranhão (MA)24, Vila das Pedrinhas
(SP)25 e Tupã (SP)32.
O Estado de Goiás possui clima Tropical
Brasil Central, com duas estações bem
definidas, extremamente seco no meio do
ano e chuvoso no verão, com um período
de seca com duração de 5 a 6 meses (maio
a setembro) e estação chuvosa (outubro a
Figura 3 – Número de publicações sobre dengue e variáveis meteorológicas no Brasil
publicadas entre 1992 e 2010, segundo o compartimento climático.
Figure 3 – Number of publications of dengue and climate variables in Brazil published between 1992
and 2010, according to climate category.
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Viana, D.V. & Ignotti, E.
Tabela 1 – Estudos sobre dengue e variáveis meteorológicas no Brasil, publicados entre 1992 a 2010.
Table 1 - Studies on dengue and climate variables in Brazil, published between 1992 to 2010.
Referências
Ano de publicação Local e período do estudo Variável Principais achados
Clima Tropical Brasil Central
Gomes et al. 199222
Rev Pública Saúde c
Vale do Paraíba, SP
Junho de 1989 a julho 1990
Temperatura
Pluviosidade
A pluviosidade foi importante para a produção de lar-
vas e pupas, mas o período de chuvas não coincide
com a produção máxima. A abundância ocorreu nas
estações verão-outono, sendo o pico máximo alcan-
çado nos meses de março-abril. Os dados de tempe-
ratura média sugeriram a faixa de 17 a 23° C como
mais favorável ao desenvolvimento larvário do vetor.
Chiaravalloti Neto, 199723
Rev Soc Bras Med Trop c
São José do Rio Preto, SP
Abril a maio de 1985
Pluviosidade Infestações domiciliares pelo Aedes aegypti ocorre-
ram em sua maioria entre novembro e abril, meses de
maior incidência de chuva na região, evidenciando
associação importante com as precipitações pluvio-
métricas.
Marques & Gomes, 199749
Rev Saúde Pública b
Chácara Tremembé, SP
Julho 1989 a junho 1990
Temperatura
Pluviosidade
A abundância de Ae. albopictus fêmeas ocorreu pre-
dominantemente nos meses mais quentes e chuvo-
sos (verão e inicio do outono), principalmente em
janeiro e fevereiro. O comportamento hematofágico
demonstrou predominância diurna, podendo ocorrer
durante todo o ano.
Souza-Santos, 199946
Rev Soc Bras Med Trop c
Bairro do Galeão
Ilha do Governador, RJ
Junho 1992 a julho 1994
Temperatura
Pressão
Umidade relativa
Foram demonstrados valores representativos para
temperatura e umidade relativa do ar; acredita-se
que apenas as temperaturas máximas exerçam forte
inuência sobre a população de larvas. Nos meses
em que ocorreram os maiores índices de umidade re-
lativa do ar foram observadas as maiores médias de
números de criadouros positivos.
Forattini et al. 200025
Rev Saúde Pública b
Vila de Pedrinhas, SP
Outubro 1996 a janeiro 2000
Temperatura
Pluviosidade
Houve maior predomínio de Ae. scapularis em rela-
ção a Ae. albopictus. Nos meses chuvosos de janeiro a
maio o Ae. albopictus atingiu os valores mais expressi-
vos, enquanto de julho a outubro maior produtivida-
de de adultos Ae. scapularis.
Forattini et al. 200138
Rev Saúde Pública c
Vila de Pedrinhas, SP
Novembro 1996 a março 2000
Temperatura
Pluviosidade
Obteve-se um total de 7.825 formas imaturas, 2.397
(30,6%) pertencente a espécie Aedes albopictus. Não
houve correlação signicativa com temperatura mé-
dia e pluviosidade e emergência diária de adultos fê-
meas de Ae. Albopictus, mas a ocorrência de valores
mais elevados nos meses mais quentes e chuvosos
(dezembro – maio).
Favier et al. 200639 Trop Med
Int Healthc
Vila Planalto, DF
Dezembro 1997 a maio 1999
Temperatura
Pluviosidade
Umidade relativa
Os índices entomológicos mostraram valores mais
elevados no período chuvoso; o número de criadou-
ros potenciais segue o padrão da precipitação. O nú-
mero médio de pupas por recipiente positivo aparece
intimamente associado com a temperatura média. A
umidade relativa do ar também favoreceu o número
de recipientes positivos.
da Costa-Ribeiro et al. 200644
Trop Med Int Healthb
Rio de Janeiro, RJ
(14 municípios)
Dezembro de 2002 a dezembro
2003
Pluviosidade Os resultados de coleta das amostras foram mais
elevados no período chuvoso em relação ao período
seco. Foram detectados altos níveis de diferenciação
genética, que tenderam a persistir ao longo do ano; a
diferenciação da estrutura genética foi maior na esta-
ção chuvosa.
Ribeiro et al., 20069 Rev
Saúde Públicaa
São Sebastião, SP
2001 a 2002
Temperatura
Pluviosidade
Evidenciou-se associação entre incidência de dengue
e fatores abióticos (temperatura e pluviosidade) a
partir do segundo mês, estendendo-se até o quarto
mês. Ondas epidêmicas ocorreram de abril a junho.
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Viana, D.V. & Ignotti, E.
Referências
Ano de publicação Local e período do estudo Variável Principais achados
Honório et al. 200637
Mem Inst Oswaldo Cruzc
Ambaí, RJ
Novembro 1997 a outubro 1998
Temperatura
Pluviosidade
Umidade relativa
Ae. albopictus foi a espécie dominante em todos os
pneus, foi mais abundantes na estação chuvosa, e
pupas foram encontradas nos meses mais quentes
quando o volume de água foi maior. A abundância
Ae. aegypti mostrou um padrão sazonal menos evi-
dente.
Urbinatti et al. 200752
Rev Saúde Públicac
Parque Tietê, SP
Abril de 2001 a março de 2002
Temperatura
Pluviosidade
Vericou-se correlação positiva entre: positividade x
precipitação (rs = 0,69; p < 0,001); positividade x tem-
peratura (rs = 0,35; p < 0,001); número de indivíduos
x precipitação (rs = 0,29; p < 0,001) e número de in-
divíduos x temperatura (rs = 0,13; p < 0,05). As corre-
lações sugerem que as chuvas foram mais inuentes
que a temperatura, sendo as maiores frequências ob-
servadas no período quente e chuvoso.
Maciel-de-Freitas et al.
200834
Trop Med Int Healthb, c
2 Bairros do Rio de Janeiro, RJ
(Favela do Amorim e Tubiacanga)
2005
Chuva
Seca
Não houve diferença estatística signicante entre os
dois períodos seco e chuvoso. O efeito da sazonalida-
de foi baixo ou ausente na maioria dos reservatórios
analisados.
Costa et al. 200828
Rev Soc Bras Med Tropb, c
Uberlândia, MG
Março de 2003 a
fevereiro de 2005
Temperatura
Pluviosidade
A temperatura e a pluviosidade inuenciaram signi-
cativamente no aumento do número de criadouros e
na dinâmica populacional de Ae. aegypti. Observou-
-se que 86,5% tornaram-se positivas no período chu-
voso, e apenas 13,5% no período seco.
Dibo et al. 200843
Mem Inst Oswaldo Cruzc
Mirassol, SP
Novembro 2004 e
novembro 2005
Temperatura
Pluviosidade
A proliferação de Ae. aegypti, larvas e positividade
para ovos fêmea foi mais frequente em períodos de
temperaturas mais elevadas e com maior precipita-
ção.
Câmara et al. 200936
Rev Soc Bras Med Tropa
Cidade do Rio de Janeiro, RJ
1986 a 2003
Temperatura
Pluviosidade
Picos das epidemias foram registrados no inicio do
verão de cada ano; observou-se relação da epidemia
com a temperatura. Os índices pluviométricos não
foram signicativos. Considerou-se como período de
maior risco: os verões quentes e secos, temperatura
média mínima acima de 22° C e volume de chuvas
abaixo de 200 mm/mês.
Honório et al. 200935
J Med Entomolb,c
3 bairros do Rio de Janeiro, RJ
(Higienópolis, Tubiacanga e
Palmares)
Setembro 2006 a março2008
Temperatura
Pluviosidade
Os índices entomológicos mostraram associação en-
tre a positividade de ovos e incidência da dengue,
principalmente no período seco (baixa pluviosidade).
Sugere-se que a temperatura média mensal acima de
22-24º C está fortemente associada com abundância
de Ae. aegypti.
Miyazaki et al. 200948
Rev Soc Bras Med Tropb,c
Campus da UFMT Cuiabá, MT
Agosto de 2004 a agosto de 2005
Temperatura
Pluviosidade
Umidade relativa
Relatou-se associação signicativa com a temperatu-
ra (máxima, média e mínima) - valores signicativos
da correlação de Spearman apenas para tempera-
tura máxima. A chuva foi o fator que apresentou in-
uência no nível de infestação do vetor. Não houve
associação signicativa entre o número de ovos e a
umidade relativa do ar.
Dos Reis et al. 201042
Acta Tropb, c
3 bairros do Rio de Janeiro, RJ
(Higienópolis, Tubiacanga e
Palmares)
2007
Verão
Inverno
As capturas não diferiram signicativamente entre as
estações do ano, contudo maior número de ovos foi
obtido durante o verão.
Tabela 1 – Estudos sobre dengue e variáveis meteorológicas no Brasil, publicados entre 1992 a 2010. (cont.)
Table 1 - Studies on dengue and climate variables in Brazil, published between 1992 to 2010. (cont.)
249 Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
Referências
Ano de publicação Local e período do estudo Variável Principais achados
Souza et al. 201031
Rev Soc Bras Med Tropa, c
Goiás, GO
(Todos os 246 municípios)
Janeiro 2001 a dezembro 2005
Pluviosidade Constatou-se forte associação com picos da doença
em épocas de maiores Índices de Infestação Predial
- IIP de Ae. aegypti, pluviosidade e incidência da den-
gue. O número de casos da doença foi mais elevado
durante os primeiros quatro meses de cada ano (pe-
ríodo de alta pluviosidade) e menor entre junho e se-
tembro (menor pluviosidade).
Barbosa e Lourenço, 201032
Rev Soc Bras Med Tropa, c
Tupã, SP
Janeiro 2004 a dezembro 2007
Temperatura
Pluviosidade
Evidenciou-se maior infestação no primeiro trimestre
de cada ano, incidência crescente de janeiro a abril,
onde atinge o pico, e o decréscimo em seguida, até o
m da epidemia no mês de junho. Maior número de
recipientes positivos nos meses mais quentes e úmi-
dos do ano.
Clima Tropical Nordeste Oriental
Rebêlo et al. 199924
Cad Saúde Pública a, b
Maranhão, MA
87 dos 136 municípios
1995 a 1996
Pluviosidade Os Índices de Infestação Predial - IIP foram maiores
nos meses de janeiro e maio (período chuvoso), e
novembro (nal do período seco). A incidência da
dengue seguiu padrão similar ao regime pluvial, du-
rante o período seco houve sensível decréscimo na
incidência do dengue.
Gonçalves Neto & Rebêlo,
200451
Cad Saúde Públicaa
São Luiz, MA
1997 a 2002
Temperatura
Pluviosidade
Umidade relativa
Maior frequência de casos foi observado na estação
chuvosa 83,8%. Evidenciou-se correlação positiva ao
longo dos anos com a precipitação (r = 0,84) e umida-
de relativa do ar (r = 0,76), e negativa com a tempera-
tura (r = -0,78).
Monteiro et al. 200940
Epidemiol. Serv. Saúdea
Teresina, PI
2002 a 2006
Temperatura
Pluviosidade
Observou-se correlação positiva forte entre incidên-
cia da dengue com a precipitação e a temperatura,
particularmente no primeiro semestre de cada ano.
Os valores mais elevados do Índice de Infestação Pre-
dial - IIP coincidiram com os maiores índices de plu-
viosidade
Souza et al. 200727
Cad Saúde Públicaa
Paraíba, PB
Janeiro 1998 a junho 2005
Pluviosidade A cada ano observou-se uma curva de incidência do
dengue. Os picos oscilam entre os meses de março a
maio (verão/outono), assemelhando-se à precipita-
ção pluviométrica.
Clima Equatorial
Pinheiro & Tadei, 200226
Rev Inst Med Trop São
Paulo c
Manaus, AM
Janeiro a novembro 1999
Pluviosidade A maior média de positividade de Aedes aegypti,
ocorreu no período de alta pluviosidade, principal-
mente no mês de abril. No período seco houve di-
minuição média de produtividade e positividade das
larvas.
Ríos-Velásquez et al. 200733
Mem Inst Oswaldo Cruzc
3 Bairros de Manaus, AM
(Chapada, Coroado, Flores e
Tancredo Neves)
2004
Pluviosidade Observou-se os menores valores de prevalência na
estação seca (agosto), quando Ae. aegypti foi encon-
trada em 84-90% das casas. Enquanto os maiores va-
lores foram encontrados em novembro (período de
transição), com 94-98% dos domicílios positivos.
Clima Tropical Zona Equatorial
Rosa-Freitas et al. 200653
Rev Panam Salud Publicaa
Boa Vista, RR
Setembro de 1998 a
dezembro 2001
Temperatura
Pressão
Umidade relativa
Direção Vento
As correlações foram de forte a moderada, incidindo
diferenças estatísticas signicativas. Sendo maior a
relação sazonal que as correlações diárias.
Tabela 1 – Estudos sobre dengue e variáveis meteorológicas no Brasil, publicados entre 1992 a 2010. (cont.)
Table 1 - Studies on dengue and climate variables in Brazil, published between 1992 to 2010. (cont.)
250
Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
Referências
Ano de publicação Local e período do estudo Variável Principais achados
Zeidler et al. 200829
Rev Saúde Públicaa,c
Boa Vista, RR
Novembro 2006 a maio 2007
Pluviosidade Vericou-se correlação positiva entre o número de
ovos com o índice pluviométrico, sugerindo que as
chuvas contribuíram para o aumento de criadouros,
mas não se correlacionaram com a incidência de den-
gue. Ocorrem picos de incidência da dengue tanto
no período chuvoso quanto seco.
Codeço et al. 200941
Mem Inst Oswaldo Cruzb, c
2 bairros de Boa Vista, RR
(Centro e Tancredo Neves)
Julho de 2005 a julho 2007
Pluviosidade A abundância do vetor apresentou as maiores ta-
xas de infestação durante a estação chuvosa (maio
- agosto), e índices elevados também durante início
da estação seca (novembro), apresentando grande
variabilidade entre os anos.
Clima Temperado
Oliveira et al. 200750
Arq. Ciênc. Saúde Unipara
Toledo, PR
Janeiro de 2001 a
dezembro de 2005
Temperatura
Pluviosidade
Umidade relativa
Os dados da precipitação referentes aos meses de
maior noticação de casos demonstraram pequena
relação entre si. A análise estatística pelo método do
Qui-Quadrado, não demonstrou correlação entre a
infestação do Ae. aegypti e a umidade relativa do ar.
A variação de temperatura contribuiu de forma mais
signicativa, com uma correlação média de 40%.
Todos os climas simultaneamente
Câmara et al. 200730
Rev Soc Bras Med Tropa
(Norte, Nordeste, Centro-Oeste,
Sudeste e Sul)
1986 a2003
Temperatura A maior parte das noticações do agravo incidiu nos
meses mais quentes, correspondendo ao primeiro
semestre do ano. Os valores estão associados aos ele-
vados índices demográcos apresentando diferenças
signicativas entre as regiões.
Objeto principal do estudo: a) Doença/Número de casos; b) Vetor/mosquito; c) Ovos/larva/pupa.
Main object of the study: a) Disease/Number of cases; b) Vector/mosquito; c) Eggs/larvae/pupae.
Tabela 1 – Estudos sobre dengue e variáveis meteorológicas no Brasil, publicados entre 1992 a 2010. (cont.)
Table 1 - Studies on dengue and climate variables in Brazil, published between 1992 to 2010. (cont.)
abril)31. O clima de Goiás se assemelha ao
clima dos outros Estados do Centro-Oeste
e os ciclos de sazonalidade pluviométrica
se assemelham aos do resto do Brasil, ex-
ceto algumas regiões do Nordeste de clima
Tropical Nordeste Oriental, e da Amazônia
setentrional com clima Tropical Zona
Equatorial20,21.
Há estudos que mostram a taxa de
incidência do agravo por estações do ano.
Em Manaus verificou-se menor incidência
da dengue na estação seca, quando o Ae.
aegypti foi encontrado em 84-90% das
casas, enquanto os valores mais elevados
foram verificados em novembro (período
de transição/chuvoso), com 94-98% dos do-
micílios positivos33. Sabe-se que em Manaus
o clima predominante é o Equatorial20, com
a estação chuvosa de janeiro a maio e seca
durante julho a setembro33.
Estudo realizado em 200534 na cidade
do Rio de Janeiro mostrou que não hou-
ve diferença estatística significativa de
infestação entre os dois períodos, sendo o
efeito da sazonalidade descrito como baixo
ou ausente na maioria dos reservatórios
analisados naquela localidade. Honório et
al.35, em estudo realizado também no Rio
de Janeiro sobre a distribuição temporal
do Ae. aegypti entre setembro 2006 a março
2008, verificaram associação importante de
ovitrampas positivas. No verão os índices
médios foram de 70-80%, atingindo picos
expressivos de 90-100%, enquanto no
inverno a infestação sofreu redução, mas
raramente abaixo de 60%, demonstrando
que o mosquito é prevalente o ano todo. A
maior abundância foi verificada no período
mais úmido e quente do ano, indicando
sazonalidade35. O Rio de Janeiro apresenta
clima Tropical Brasil Central20 e temperatura
variando entre 20ºC e 27ºC, os meses mais
quentes ocorrendo entre novembro e abril
e os mais frios, entre maio e outubro. As
chuvas são mais frequentes entre dezembro
e março, sendo janeiro o mês mais chuvoso,
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2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
e o período mais seco ocorre de junho a
setembro36, assemelhando-se à maioria dos
Estados brasileiros.
Diversos estudos empregando levanta-
mentos entomológicos,22,23,26,29,37-39 demons-
traram valores mais elevados de infestação
de ovos, larvas e vetor no período chuvoso;
entretanto, os criadouros positivos persis-
tem no período da seca, fato este favorecido
pela facilidade de adaptação do mosquito
ao ambiente humano, através dos reserva-
tórios naturais e/ou artificiais31,34,40,41.
Pluviosidade e temperatura
Estudo realizado entre março de 2003 a
fevereiro de 2005 em três bairros de alta inci-
dência da dengue na cidade de Uberlândia,
Minas Gerais, região Sudeste, indicou que a
temperatura e a pluviosidade influenciaram
significativamente no aumento do número
de criadouros e na dinâmica populacional
do Ae. Aegypti. No período chuvoso, 86,5%
das armadilhas expostas tornaram-se
positivas e apenas 13,5% no período seco.
Ao analisarem períodos mais frios e secos
do ano (condições menos favoráveis ao
desenvolvimento do mosquito), Costa et
al.28 observaram redução acentuada na
população adulta do vetor e, embora em
menor proporção, o mosquito também se
fez presente nos meses mais frios e secos
do ano. Este fato também é descrito por
Dos Reis et al.42, que utilizaram armadilhas
de oviposição em 3 bairros da cidade do Rio
de Janeiro, no verão (janeiro a março) e no
inverno (junho a setembro) de 2007; embora
as capturas não diferissem foi verificado
maior número de ovos e adultos fêmeas
durante o verão.
Dibo et al.43, por meio de coletas se-
manais de ovos e larvas no município de
Mirassol, SP, Região Sudeste do país, entre
novembro 2004 a novembro 2005, confir-
maram os resultados já descritos sobre a
proliferação do Ae. aegypti, evidenciando
que o número de ovos, larvas e mosquitos
é mais frequente em períodos de tem-
peraturas e índices pluviométricos mais
elevados25,26,37,44.
Como evidenciado nos trabalhos citados
anteriormente, Monteiro el al.40, ao anali-
sarem os indicadores epidemiológicos da
dengue na cidade de Teresina, Piauí, de 2002
a 2006, observaram correlação positiva entre
a incidência da dengue com a precipitação e
a temperatura, particularmente no primeiro
semestre de cada ano, período de maior ín-
dice pluviométrico e de infestação predial,
principalmente nos meses de março a maio
de 2002-2003. Tais achados legitimam com
o estudo de Barbosa e Lourenço32, realizado
no interior de São Paulo, na cidade de Tupã,
no período de janeiro 2004 a dezembro
2007. Notou-se maior infestação no pri-
meiro trimestre de cada ano, decréscimo da
epidemia em junho, incremento do número
de recipientes positivos nos meses mais
quentes e úmidos do ano, correspondendo
aos meses de janeiro a abril.
Na cidade do Rio de Janeiro, entre 1986 a
2003, foi observado que os fatores de maior
risco em relação às epidemias de dengue
foram a temperatura média mínima acima
de 22°C, os verões mais quentes e secos,
sendo mais relevante a temperatura do
primeiro trimestre do período analisado.
Observou-se que nos anos em que as epi-
demias ocorreram as temperaturas foram
significativamente mais elevadas compara-
das aos demais anos. Não houve associação
importante da incidência da doença com
a pluviosidade. As epidemias foram mais
frequentes nos anos em que o volume plu-
viométrico ficou abaixo de 200 mm/mês36.
Câmara et al.30, em estudo de série his-
tórica da dengue realizado entre o período
de 1986 a 2003, referenciando as cinco re-
giões do Brasil, evidenciou que as regiões
Nordeste e Sudeste corresponderam a
cerca de 86% das notificações da doença,
enquanto a região, Centro-Oeste (7,6%),
Norte (5,7%) e Sul (1,2%) obtiveram um
número menor de registros. Em 2003, as
regiões Nordeste e Sudeste apresentavam
70,5% da população brasileira, ou seja, ain-
da que relativizada pela população a doença
foi mais incidente nestas duas regiões. Para
as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul mais
da metade dos casos ocorreu no primeiro
252
Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
trimestre, enquanto na região Nordeste
ocorreu no segundo trimestre do ano.
No entanto, os dados epidemiológicos
de 2008 e 2010 mostram uma mudança no
padrão de distribuição da dengue no país.
Em 2010 foi registrado mais de um milhão
de casos prováveis da doença em decor-
rência da recirculação do DENV-1, com
63% dos casos nas regiões Centro-Oeste e
Sudeste, principalmente em municípios
dos Estados do Rio de Janeiro, Mato Grosso
e Mato Grosso do Sul45.
Os picos das notificações analisados
pelos autores30 são concordantes com os
estudos ora analisados. Em suma, con-
centram-se particularmente no primeiro
semestre de cada ano, período este consi-
derado o mais úmido e quente do ano. Nos
meses em que a temperatura decresce na
segunda metade do ano, observou-se que
a incidência sofreu redução, demonstrando
dependência da variação sazonal sobre a
dinâmica do vetor e da doença.
Temperatura e umidade relativa do ar
Análise de levantamento entomológico
durante 82 semanas por meio de ovitrampa
e mosquitrap, de setembro de 2006 a março
de 2008, demonstrou associação importante
entre o número de ovos positivos e incidên-
cia da dengue, principalmente no período
seco (baixa pluviosidade). Os autores35 suge-
rem que a temperatura média mensal acima
de 22-24° C está fortemente associada com
abundância do Ae. aegypti e por consequên-
cia maior risco de transmissão da doença.
Favier et al.39 consideraram que o núme-
ro de criadouros potenciais segue o padrão
da precipitação, mas os valores não se anu-
lam no período da seca. O número médio
de pupas por recipiente positivo aparece
intimamente associado com a tempera-
tura média. Considerou-se que a variável
umidade relativa do ar também favoreceu
o número de recipientes positivos, Vila
Planalto, Brasília. Resultados semelhantes
referenciando São Sebastião, SP9, indicaram
que os valores mais elevados de temperatu-
ra e umidade relativa do ar foram registrados
entre novembro a abril, meses estes também
em que se observaram os maiores índices de
densidade larvária do Ae. Aegypti.
Estudo realizado no Bairro do Galeão
Ilha do Governador, RJ, entre junho 1992
e julho 1994, relatou que provavelmente
apenas os extremos de temperaturas exer-
ceram efeito diferenciado na população de
larvas. Nos meses seguintes ou logo depois
da observação de registros mais elevados
de umidade relativa do ar, foram notadas
as maiores médias de números de cria-
douros positivos e correlações negativas
para a média da pressão atmosférica46. A
temperatura média na faixa de 17 a 23° C
foi relatada como o período mais favorável
ao desenvolvimento larvário22.
Os dados descritos anteriormente são
corroborados por literatura específica de
estudo entomológico laboratorial. Analisou-
se o desenvolvimento embrionário do Ae.
aegypti sob a influência de variação da tem-
peratura e observou-se que a viabilidade
dos ovos entre 16-31°C foi superior a 80% e
entre 22-28 °C foi superior a 90%. Farnesi et
al.47 salientam que estas faixas de tempera-
tura favorecem a presença de Ae. aegypti nas
regiões tropicais e subtropicais do mundo.
Miyazaki et al.48, em estudo de monito-
ramento através de ovitrampas realizado em
Cuiabá, MT, entre agosto de 2004 a agosto
de 2005, uma das capitais mais quentes do
país (média máxima por volta de 31º C),
evidenciaram correlação significativa com
a temperatura máxima, média e mínima.
No entanto, os autores48 consideraram que a
pluviosidade foi o único fator determinante
no nível de infestação. A frequência da cole-
ta dos ovos evidenciou incremento para os
meses de outubro e dezembro, perfazendo
49% e 36,8%, respectivamente. Observou-
se para os meses de julho e agosto maior
presença de fêmeas e não houve associação
entre o número de ovos e a umidade relativa
do ar. O número de coletas não obedeceu a
um padrão de distribuição único ao longo
do período, podendo ocorrer durante todo o
ano, como evidenciado também em outros
estudos28,43,49.
253 Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
Defasagem
Apesar das variações meteorológicas se
apresentarem como um importante predi-
tor, sabe-se que na maioria das situações
existe um time lag, ou seja, uma defasagem
na associação entre as variáveis meteo-
rológicas e a ocorrência da dengue ou do
surgimento de novas larvas/mosquitos no
mesmo mês.
Ribeiro et al.9, ao analisarem o intervalo
de tempo (time lag) da associação entre o
número de casos de dengue e fatores abióti-
cos (chuva e temperatura) ocorridos em São
Sebastião, SP, de 2001 a 2002, identificaram
que a defasagem revelou associação signifi-
cativa no segundo, terceiro e quarto meses
de observação, ou seja, a chuva e a tempera-
tura de um determinado mês contribuíram
para explicar o número de casos da dengue
de dois a até quatro meses depois.
A análise de incidência da dengue na
Paraíba, PB, por modelos de defasagem
distribuída verificou que os coeficientes
decrescem até o quarto mês, voltando a
crescer no quinto mês. O início das curvas
de crescimento anual se dá com cinco me-
ses de antecedência, o que corresponde à
defasagem de cinco meses. Sendo assim, a
cada ano ocorreu uma curva de incidência
da dengue, na qual os picos oscilam entre
os meses de março a maio. Por esta razão,
Souza et al.27 afirmaram que a defasagem
cinco corresponde à duração do período ne-
cessário para haver mudança na tendência
da curva anual da incidência da dengue, a
partir do início do verão.
Oliveira et al.50, em estudo realizado em
município de Toledo, PR, no período de no-
vembro de 2001 a julho de 2002, observaram
20,5% de correlação para a influência da
precipitação sobre o número de casos con-
firmados no mês seguinte. Essa correlação
é praticamente inexistente para dois ou três
meses após o período das chuvas.
Considerações nais
Foi evidenciado que os fatores mete-
orológicos como temperatura, umidade
relativa do ar e pluviosidade mencionados
nos diversos estudos influenciaram a dinâ-
mica do vetor, bem como os picos das epi-
demias da dengue no Brasil, independente
do compartimento climático. A ocorrência
do agravo está associada à elevação dos
índices pluviométricos e às variações de
temperatura, principalmente no primeiro
semestre de cada ano. Trata-se do período
de pluviosidade e temperatura mais elevados
na maior parte do Brasil, o que contribuiu
para o aumento do número de criadouros
e, consequentemente, dos casos da dengue.
Mesmo sendo uma doença tipicamente
sazonal são registrados casos da dengue
tanto no período chuvoso quanto no seco,
haja vista que a redução da densidade veto-
rial de adultos nos meses mais frios e secos
não é suficiente para cessar a transmissão
da doença. Há, contudo, inúmeras dificul-
dades no estabelecimento de um padrão
sazonal “chave”, da incidência da doença
e das variáveis meteorológicas, em virtude
do padrão hematofágico do vetor ocorrer
predominantemente durante todo ano em
diferentes intensidades.
Há que ser considerada a grande ex-
tensão territorial do Brasil, a fronteira
com os países vizinhos, a diversidade de
biomas, falta de infraestrutura urbana, as
características meteorológicas e ambientais
favoráveis durante praticamente o ano todo
que facilitam a manutenção da doença. Na
maioria dos estudos analisados a maior
densidade vetorial coincide com o período
chuvoso, sugerindo que a pluviosidade é
o fator abiótico mais importante para o
incremento da população do vetor. Nesse
sentido, ressalta-se que o ciclo de chuvas no
país apresenta características peculiares de
acordo com os diferentes compartimentos
climáticos nas distintas regiões geográficas,
não havendo uma distribuição da precipi-
tação pluviométrica de forma homogênea
em todo o território nacional, ainda que a
sazonalidade seja em estações semelhantes.
Outro aspecto relevante é a complexi-
dade genética do vetor e a circulação de
diferentes sorotipos que possivelmente
também influenciam a distribuição da
254
Rev Bras Epidemiol
2013; 16(2): 240-56
A ocorrência da dengue e variações meteorológicas no Brasil: revisão sistemática
Viana, D.V. & Ignotti, E.
ocorrência da dengue, tanto em períodos
seco quanto chuvoso, e sua capacidade de
adaptação ao ambiente humano através de
criadouros. Portanto, o vetor não depende
exclusivamente dos fatores abióticos. Este
sobrevive em baixa densidade durante os
meses menos favoráveis em termos climáti-
cos, apontando a relevância da manutenção
das ações de vigilância e controle do vetor
durante todo o ano.
Por se tratar de revisão de literatura
científica, o presente estudo está potencial-
mente condicionado aos vieses dos estudos
de revisão, ou seja, na dependência dos
achados contidos nas publicações. Outro
viés diz respeito à distribuição dos estudos
que se concentraram particularmente em
alguns Estados. Com base nesta revisão
sistemática observou-se que todos os climas
brasileiros foram representados se consi-
deradas as áreas em estudo. No entanto, o
clima mais bem representado foi o Clima
Tropical Brasil Central, que coincide com a
área mais populosa, bem como com a mais
endêmica do país.
Conclui-se que a dengue está fortemen-
te relacionada com as variáveis meteoroló-
gicas. A variação sazonal da temperatura e
da pluviosidade influenciaram a dinâmica
do vetor e a incidência da doença em todo
o país, independente do compartimento
climático.
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Recebido em: 12/03/12
Aprovado em: 10/07/12