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A Influência do Conhecimento sobre a Doença e a Atitude Frente à Tomada dos Remédios no Controle da Hipertensão Arterial

Authors:

Abstract

A hipertensão arterial é uma doença com elevada prevalência e complicações cardiovasculares - quando não tratada adequadamente - e altos índices de controle inadequado da pressão arterial. Objetivos: Relacionar o controle da pressão arterial com o Teste de Morisky e Green, conhecimento sobre a doença, atitude frente à tomada dos remédios, comparecimento às consultas e juízo subjetivo do médico. População e Método Foram estudados 130 pacientes hipertensos (73% mulheres, 60 '+ OU -' 11 anos, 58% casados, 70% brancos, 45% aposentados, 45% com o primeiro grau incompleto, 64% com renda familiar entre 1 e 3 salário mínimo, índice massa corporal 30 '+ OU -' 7 Kg/m2, 11 '+OU-' 9,5 anos de conhecimento da doença e 8 '+OU-' 7 anos de tratamento). Resultados: Apenas 35% dos hipertensos apresentavam pressão arterial controlada. Os pacientes controlados apresentaram mais tempo de tratamento (p<0,05, 10 '+ OU -' 7 vs 7 '+ OU -' 6,5 anos) e com predomínio de aposentados. O Teste de Morisky-Green não se relacionou com controle da pressão arterial (sensibilidade 39%, especificidade 70%). Na avaliação da atitude frente à tomada dos remédios os pacientes controlados apresentaram nota significativamente mais elevada do que a dos não controlados(8,0 '+ OU -' 1,9 vs 7,0 '+ OU -' 2,0, p<0,05). Os hipertensos apresentaram altos níveis de conhecimento em relação à doença e tratamento, porém não houve relação com controle da pressão arterial. A maioria (7. Dissertação (Mestrado).
Arq Bras Cardiol
2003; 81: 343-8. Strelec e cols
Conhecimento sobre a doença e a tomada de remédios para HA
343343
Escola de Enfermagem e Faculdade de Medicina da USP
Correspondência: Décio Mion Jr - Instituto Central do HC - Av. Dr. Enéas de
Carvalho Aguiar, 255, 7º, s/7032 - Cep 05403-900 - São Paulo, SP
E-mail: deciomion@uol.com.br
Recebido para publicação em 2/5/02
Aceito em 24/3/03
Arq Bras Cardiol, volume 81 (nº 4), 343-8, 2003
Maria Aparecida A Moura Strelec, Angela M. G. Pierin e Décio Mion Jr.
São Paulo, SP
A Influência do Conhecimento sobre a Doença e a Atitude Frente
à Tomada dos Remédios no Controle da Hipertensão Arterial
Artigo Original
A hipertensão arterial representa sério problema de
saúde pública, pela sua elevada prevalência, de 15% a 20%
na população adulta e mais de 50% nos idosos1. Além dis-
so, junto com o tabagismo, diabetes e dislipidemia constitui-
se em importante fator de risco para as doenças cardiovas-
culares responsáveis por cerca de 30% das mortes2.
O tratamento anti-hipertensivo tem, como principal ob-
jetivo, reduzir a morbidade e mortalidade cardiovasculares3,4 .
Apesar da sua efetividade, a hipertensão arterial é pouco
controlada. Estudos no nosso meio mostraram que, apro-
ximadamente, um terço dos pacientes estava com a pressão
arterial controlada5,6. Assim, a falta de controle da pressão
arterial é um desafio para os profissionais de saúde. Vários
fatores interferem na adesão ao tratamento7. Dentre eles des-
tacam-se o conhecimento do paciente sobre a doença e o seu
comportamento frente à tomada dos remédios. Neste senti-
do, Morisky e Green8 apresentam uma escala de auto-relato,
teste de Morisky e Green, composta de quatro perguntas para
identificar atitudes e comportamentos frente à tomada de re-
médios, que têm se mostrado úteis para identificação de pa-
cientes aderentes ou não ao tratamento.
Apesar da auto-informação estar sujeita a problemas,
como omissão, falhas de memória e falhas no processo co-
municativo, este é um método ainda bastante usado em es-
tudos, por apresentar correlações importantes com outros
métodos9. Até o momento, em nosso meio, não há registro
da utilização do teste de Morisky e Green na avaliação do
controle e adesão do hipertenso ao tratamento. Além disso,
considera-se relevante estudar a influência do conhecimen-
to e atitudes referidas por hipertensos frente ao tratamento
medicamentoso, no controle da pressão arterial. O presente
estudo teve como objetivo: relacionar o controle da pressão
arterial com: a) o teste de Morisky e Green, b) o conhecimen-
to sobre a doença e tratamento, c) a atitude frente à tomada
dos remédios, d) o comparecimento às consultas médicas,
e) a opinião do médico.
Métodos
Trata-se de um estudo descritivo exploratório, com
abordagem quantitativa, de 130 pacientes com hipertensão
arterial primária leve ou moderada, (diastólica entre 90 e
Objetivos - Relacionar o controle da pressão arterial
com o teste de Morisky e Green, o conhecimento sobre a
doença, a atitude frente à tomada dos remédios e o compa-
recimento às consultas e juízo subjetivo do médico.
Método - Foram estudados 130 hipertensos: 73%
mulheres, 60 ± 11 anos, 58% casados, 70% brancos, 45%
aposentados, 45% 1º grau incompleto, 64% renda fami-
liar de 1 e 3 salário mínimo, índice de massa corporal 30
± 7 Kg/m2, 11 ±9,5 anos de conhecimento da doença e 8 ±
7
anos de tratamento.
Resultados - Apenas 35% dos hipertensos apresenta-
vam pressão arterial controlada, maior tempo de trata-
mento (10 ± 7 vs 7 ± 6,5 anos; p < 0,05) e predomínio de
aposentados. O teste de Morisky-Green não se relacionou
com controle da pressão arterial. Na avaliação da atitude
frente à tomada dos remédios os pacientes controlados
apresentaram nota significativamente mais elevada do que
os não controlados (8 ± 1,9 vs 7 ± 2; p < 0,05). Os hiper-
tensos apresentaram altos níveis de conhecimento em re-
lação à doença e tratamento, porém sem relação com con-
trole da pressão arterial. A maioria (70%) compareceu en-
tre 3 a 4 consultas médicas, sem influência no controle da
pressão arterial. Os médicos atribuíram notas significa tiva-
mente mais elevadas para a adesão ao tratamento aos pa-
cientes controlados (6 ± 0,8 vs 5 ± 1,2; p < 0,05).
Conclusão - O conhecimento, o teste de Morisky-
Green e o comparecimento às consultas não influenciaram
no controle da pressão arterial.
Palavras-chave: hipertensão arterial, controle, adesão,
tratamento
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2003; 81: 343-8.
109mmHg e/ou sistólica entre 140 e 179mmHg); com idade >
18 anos; sem doenças associadas, como infarto agudo do
miocárdio, acidente vascular cerebral, doenças renais e dia-
betes mellitus; em tratamento há pelo menos seis meses,
que concordaram em participar do estudo e assinaram ter-
mo de consentimento livre e esclarecido. O estudo obteve
aprovação do comitê de ética local.
Os hipertensos foram entrevistados após consulta
médica, respondendo às questões do teste de Morisky e
Green e dois formulários, um de atitudes frente à tomada
dos remédios e outro de conhecimento em relação à doença
e tratamento.
O teste de Morisky-Green é formado pelas questões: 1)
você, alguma vez, esquece de tomar seu remédio? 2) você,
às vezes, é descuidado quanto ao horário de tomar seu re-
médio? 3) quando você se sente bem, alguma vez, você dei-
xa de tomar o remédio? 4) quando você se sente mal com o
remédio, às vezes, deixa de tomá-lo? De acordo com o proto-
colo do teste de Morisky e Green8, considera-se aderente ao
tratamento o paciente que obtém pontuação máxima de 4
pontos e não aderente o que obtém 3 pontos ou menos.
Utilizou-se também um formulário composto por 10
questões para avaliar a atitude frente ao tratamento medica-
mentoso, atribuindo-se um ponto para cada atitude positi-
va esperada. O conhecimento em relação à doença e trata-
mento também foi avaliado por meio de 10 questões com
respostas verdadeiro ou falso, sendo atribuído um ponto a
cada resposta verdadeira.
Para a análise da pressão arterial utilizaram-se os valores
anotados no prontuário do paciente. Rotineiramente, a me-
dida da pressão arterial é realizada com o paciente sentado,
após 5min de repouso, com aparelho aneróide calibrado. Fo-
ram considerados hipertensos controlados, os pacientes
com pressão sistólica < 140mmHg e diastólica < 90mmHg,
média dos valores da pressão arterial dos últimos 6 meses.
A classificação da adesão do hipertenso ao tratamen-
to, conforme opinião dos médicos, foi avaliada através de
atribuição de notas que variavam de 1 a 7, e de classificação
em adesão total, parcial ou nula.
As respostas obtidas nos três processos foram compa-
radas com a pressão arterial, sensibilidade, especificidade e
acurácia de cada questão. A associação entre as variáveis
classificatórias foi verificada com o teste qui-quadrado ou
teste da razão de verossimilhança ou com o teste exato de
Fisher. As variáveis contínuas foram apresentadas em ta-
belas contendo médias, desvio padrão, observadas em uma
única condição e analisadas com o teste t-Student ou teste
da soma de pontos de Wilcoxon. Os valores de p < 0,05 foram
considerados significantes.
Resultados
Do total de 130 pacientes estudados apenas 35% esta-
vam com a pressão arterial controlada (< 140/90mmHg), 23%
apresentavam hipertensão no estágio I (leve), 24% estágio
II (moderada), 17% hipert ensão sistólica isolada e 1% hiper-
tensão estágio III (grave).
Analisando-se as características biossociais, hábitos
de vida, tempo de doença e tratamento, os dados da tabela I
mostram que somente a ocupação e tempo de tratamento in-
fluenciaram de modo significante (p < 0,05) no controle da
pressão arterial. Os aposentados e as donas de casa foram
os que mais apresentaram controle da pressão arterial. Os hi-
pertensos controlados tinham mais tempo de tratamento do
que os não controlados (10 ± 7 vs 7 ± 6,5 anos; p < 0,05). Ve-
rificou-se ainda, que os níveis da pressão arterial dos
pacientes não controlados foram significativamente mais
elevados que os dos controlados.
Os dados da tabela II apresentam os resultados do
teste Morisky e Green. Das quatro questões avaliadas, os
maiores percentuais de atitudes positivas, do total de hiper-
tensos estudados, frente à tomada dos medicamentos, foram
para “não deixar de tomar os remédios mesmo sentindo-se
mal” (83%) e “não deixar de tomar o remédio quando sentem-
se bem” (72%). Somente a questão “descuido do horário da
tomada das medicações” associou-se de modo significativo
(p < 0,05) ao controle ou não da pressão arterial, ou seja, os
pacientes não controlados descuidaram-se mais do horário
dos remédios (74%) do que os pacientes controlados (26%).
A somatória dos pontos dos hipertensos controlados
e não controlados, de acordo com o preconizado no teste de
Morisky e Green, mostrou que 77% apresentaram pontua-
ção 3, portanto, não aderentes. O controle da pressão arte-
rial não influenciou de modo significante nessa classifica-
ção. O total de atitudes positivas frente à tomada dos remé-
dios, analisadas pelo teste de Morisky e Green, apresentou
especificidade satisfatória (70%), revelando a proporção
entre pacientes não controlados, que apresentaram atitude
negativa e o total dos que não estavam com a pressão arte-
rial controlada. Porém, a sensibilidade foi baixa (39%), de-
tectando a relação entre os indivíduos que apresentavam a
pressão arterial controlada com atitude positiva frente à to-
mada dos remédios e o total dos hipertensos com pressão
arterial controlada. Considerando-se acurácia de 59%, con-
clui-se que o teste de Morisky e Green não foi eficiente para
relacionar controle da pressão arterial e atitude positiva fren-
te à tomada dos remédios.
Além do teste de Morisky e Green utilizou-se outro
questionamento também com o objetivo de avaliar atitudes
frente à tomada dos remédios. Na tabela III encontra-se o
percentual expressivo dos pacientes apontando atitudes
positivas. Somente a questão relativa à tomada dos remé-
dios, mesmo quando a pressão estava controlada, asso-
ciou-se com o controle da pressão arterial. Os pacientes
não controlados referiam-se a deixar de tomar os remédios
mais do que os pacientes controlados (83% vs 17%;
p < 0,05). Do total das 10 questões, verificou-se que 6 das
respostas apresentaram sensibilidade satisfatória (>70%),
porém apenas na questão “anota horário de tomada dos re-
médios”, a especificidade foi satisfatória (76%).
Analisando-se a média da pontuação obtida nas 10
questões que avaliaram atitudes positivas frente à tomada
dos remédios observou-se que nos pacientes controlados
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Tabela I - Distribuição dos pacientes hipertensos controlados e não controlados de acordo com as características sócio-estruturais,
hábitos de vida e dados da doença
Grupo
Controlados (n=46) Não controlados (n=84) Total (n=130)
Características n%n%n%
Sexo
Masculino 11 31 24 69 35 27
Feminino 35 37 60 63 95 73
Estado civil
Solteiro 3 37 5 63 8 6
Casado 26 34 50 66 76 58
Viúvo 12 43 16 57 28 22
Separado 2 33 4 67 6 5
Amasiado 3 25 9 75 12 9
Raça
Branca 35 38 56 62 91 70
Não – branca 11 28 28 72 39 30
Ocupação *
Aposentado 26 45 32 55 58 45
Do lar 18 37 30 63 48 37
Autônomo 0 0 10 100 10 8
Desempregado 1 14 6 86 7 5
Outros 0 0 2 100 2 1
Escolaridade
Analfabeto 9 33 18 67 27 21
Sabe ler e escrever 7 25 21 75 28 21
1º Grau completo 5 50 5 50 10 8
1º Grau incompleto 22 38 36 62 58 45
2º Grau incompleto 3 60 2 40 5 4
Superior 0 0 2 100 2 1
Renda familiar (sal. mínimo)
< 1 2 100 0 0 2 1
1 até 3 29 34 57 66 86 64
4 até 5 4 22 14 78 18 14
5 até 7 7 58 5 42 12 9
7 até 10 1 20 4 80 5 4
> 10 3 50 3 50 6 5
Uso de hormônios 2 50 2 50 4 3
Fumo 1 10 9 90 10 8
Bebidas alcoólicas 3 33 6 67 9 7
Atividade física 16 41 23 59 39 30
Idade 60 ±12 59 ±11 60 ±11
Tempo hipertensão 12 ±9 10 ±9,5 11 ±9,5
Tempo tratamento* 10 ±7 7 ±6,5 8±7
IMC (Kg/m2)29 ±6 30 ±7 30 ±7
PAS/PAD(mm Hg) 127 ±7 / 79 ± 5 150 ± 10* / 93 ± 7* 142 ± 14 / 88 ± 9
* p < 0,05
Tabela II - Distribuição dos hipertensos controlados e não controlados no teste Morisky e Green, sensibilidade, especificidade e acurácia
Grupo
Controlado Não controlado Total Sensibilidade % Especificidade % Acurácia %
n%n%n%
Esquece de tomar remédio
Sim 20 31 44 69 64 49 57 52 54
Não 26 39 40 61 66 51
Descuidado no horário
Sim 15 26 43 74* 58 45 67 51 53
Não 31 43 41 57 72 55
Sente bem, deixa de tomar o remédio
Sim 11 30 26 70 37 28 76 31 47
Não 35 38 58 62 93 72
Sente mal, deixa de tomar o remédio
Sim 8 37 14 63 22 17 39 70 59
Não 38 35 70 65 108 83
* p < 0,05
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2003; 81: 343-8.
ela foi significativamente mais elevada do que nos não con-
trolados (8±1,9 vs 7±2; p < 0,05). Quando realizou-se corte
em 7, também houve relação significante, porém, inversa,
maior percentual de pacientes não controlados na faixa de
pontuação 7, quando comparados aos controlados (73%
vs 27%; p < 0,05).
Os dados da tabela IV mostram que o conhecimento
dos pacientes hipertensos foi satisfatório. Apenas em duas
questões, o percentual de acerto foi inferior a 50%, “pres-
são alta é assintomática” (30%) e “hipertensão pode ser tra-
tada sem remédios” (11%). A sensibilidade foi satisfatória
(>70%) em 7 questões (doença crônica, complicações, trata-
mento contínuo, praticar exercícios físicos, perder peso, di-
minuir o sal e nervosismo), indicando sensibilidade para se
associar o conhecimento da doença e tratamento com o
controle da pressão arterial. Porém, só duas questões, hi-
pertensão é assintomática, e pressão alta pode ser tratada
sem remédios, revelaram especificidade satisfatória.
Apesar dos altos níveis de conhecimento em relação à
doença e ao tratamento, não houve associação com o con-
trole da pressão arterial, também revelado pelas médias simi-
lares obtidas pelos hipertensos controlados e não controla-
dos, (7 ± 1 e 7 ± 1,5; respectivamente).
Analisando-se o comparecimento às consultas médi-
cas no período de seis meses, a maioria dos pacientes (70%)
compareceu entre 3 e 4 consultas, 5% em 6 consultas e 10%
em apenas 2 consultas. Não houve associação significativa
(p > 0,05) entre controle da pressão arterial e número de com-
parecimento às consultas.
Na avaliação da adesão dos pacientes ao tratamento
feita pelos médicos, as notas foram significativamente mais
elevadas para os hipertensos controlados em relação aos
não controlados (6 ± 0,8 vs 5 ± 1,2; p < 0,05).
Em relação ao tratamento medicamentoso, verificou-se
que pouco mais da metade (56%) dos pacientes tinha pres-
crição de dois medicamentos anti-hipertensivos, 26% um
medicamento e 18% três ou mais. Os medicamentos mais fre-
qüentes foram os diuréticos em monoterapia ou associados
com drogas de ação central, inibidores da enzima de conver-
são e antagonistas dos canais de cálcio. Os pacientes com
pressão arterial não controlada tiveram número significati-
vamente mais elevado (p < 0,05 ) de drogas prescritas em
relação aos controlados (tab. V).
Discussão
Os dados do presente estudo evidenciaram que os pa-
cientes hipertensos no teste de Morisky e Green referiram
atitudes positivas em relação à tomada dos remédios, porém
sua associação com o controle ou não da pressão arterial
foi pouco significativa, exceto para a questão “descuido do
Tabela III - Distribuição dos hipertensos controlados, e não controlados de acordo com as respostas obtidas no formulário para avaliar atitude frente à
tomada dos remédios, sensibilidade, especificidade e acurácia.
Grupo
Controlado Não controlado Total Sensibilidade % Especificidade % Acurácia %
n%n%n%
Anota horário
Sim 13 40 20 60 33 25 28 76 59
Não 33 34 64 66 97 75
Toma no mesmo horário
Sim 29 34 57 66 86 66 63 32 43
Não 17 39 27 62 44 34
Associa com atividades
Sim 26 39 41 61 67 52 57 51 53
Não 20 32 43 68 63 48
Toma quando sai
Sim 37 37 64 63 101 78 80 24 44
Não 9 31 20 69 29 22
Providencia antes de acabar
Sim 38 35 70 65 108 83 83 17 40
Não 8 36 14 64 22 17
Leva quando viaja
Sim 45 38 74 62 119 92 98 12 42
Não 1 9 10 91 11 8
Toma com a pressão controlada
Sim 39 44 50 56 89 68 85 40 56
Não 7 17 34 83* 41 32
Deixa de tomar quando ingere bebida alcoólica
Sim 4 29 10 71 14 11 91 12 40
Não 42 36 74 64 116 89
Deixou de tomar nos últimos 30 dias
Sim 19 31 43 69 62 48 59 51 54
Não 27 40 41 60 68 52
Faltou à consulta
Sim 11 30 26 70 37 28 76 31 59
Não 35 38 58 62 93 72
*p<0,05
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Conhecimento sobre a doença e a tomada de remédios para HA
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Tabela IV - Distribuição dos hipertensos controlados e não controlados de acordo com as respostas obtidas na avaliação do conhecimento em relação à
doença e tratamento
Grupo
Controlado Não controlado Total Sensibilidade % Especificidade % Acurácia %
n%n%n%
Pressão alta é para toda vida
Verdadeiro 39 38 64 62 103 79 85 24 45
Falso 7 26 20 74 27 21
Hipertensão é assintomática
Verdadeiro 19 46 22 54 41 32 41 74 62
Falso 27 30 62 70 89 68
Pressão alta é 14 por 9
Verdadeiro 26 36 46 64 72 55 57 45 49
Falso 20 34 38 66 58 45
Pressão alta traz complicações
Verdadeiro 43 35 80 65 123 95 93 5 36
Falso 3 43 4 57 7 5
O tratamento é para a vida toda
Verdadeiro 43 39 68 61 111 85 93 19 43
Falso 3 16 16 84 19 15
Pressão alta pode ser tratada sem remédios
Verdadeiro 6 40 9 60 15 11 13 89 62
Falso 40 35 75 65 115 89
Fazer exercícios físicos controla a pressão
Verdadeiro 33 34 63 66 96 74 72 25 42
Falso 13 38 21 62 34 26
Perder peso controla a pressão arterial
Verdadeiro 38 36 69 64 107 82 83 18 41
Falso 8 35 15 65 23 18
Diminuir o sal controla a pressão
Verdadeiro 45 35 82 65 127 98 98 2 36
Falso 1 33 2 67 3 2
Diminuir o nervosismo controla a pressão arterial
Verdadeiro 44 35 82 65 126 97 96 2 35
Falso 2 50 2 50 4 3
Tabela V - Distribuição dos hipertensos controlados e não controlados
e o número de medicamentos prescritos.
Grupo
N.º de drogas Controlado Não controlado* Total
n%n%n%
1 18 53 16 47 34 26
2 20 27 53 73 73 56
3 7 30 16 70 23 18
Total 45 35 85 65 130 100
* p < 0,05
horário da tomada das medicações” Observou-se também
que os hipertensos apresentaram conhecimento satisfató-
rio em relação à doença e tratamento e mais uma vez com
fraca associação com o controle ou não da pressão arterial.
Ressalta-se porém, que na avaliação mais abrangente, com
maior número de questionamentos sobre as atitudes frente
ao tratamento medicamentoso, verificou-se que houve rela-
ção significante entre a pontuação obtida e o controle da
pressão arterial. Portanto, os teste de Morisky e Green e co-
nhecimento sobre doença e tratamento não apresentaram
abrangência suficiente para predizer o controle da pressão ar-
terial. No presente estudo a avaliação dos hipertensos com o
referido teste foi pontual e com tratamento em curso, o que
talvez justifique os resultados encontrados.
Apenas cerca de um terço dos hipertensos estudados
estava com a pressão arterial controlada, similar ao encontra-
do na literatura6,7,10 . A influência da aposentadoria e mais
tempo de tratamento no controle da pressão poderia ser justi-
ficada pela maior disponibilidade de dedicação ao tratamento.
Estudos têm mostrado que idade mais elevada, baixa escola-
ridade, baixa renda, menos de 5 anos de doença associam-se
ao abandono e controle inadequado da pressão arterial7,11 .
Os profissionais de saúde têm procurado orientar os
hipertensos quanto à importância do controle da pressão
arterial por medidas medicamentosas ou não. A educação
em saúde para os hipertensos é relevante para o êxito no
controle da pressão arterial12 ,13 . Na tentativa de melhorar a
adesão ao tratamento medicamentoso dos hipertensos em
relação à atitude frente ao tratamento medicamentoso, algu-
mas recomendações fazem parte da prática usual. Na pre-
sente investigação, procurou-se relacionar ao controle da
pressão arterial algumas destas recomendações. Os resulta-
dos mostraram que o total de pontuação frente às respostas
positivas dos hipertensos coincidiu com o grau de controle
da pressão arterial: os pacientes que apresentaram pressão
arterial controlada alcançaram notas significativamente
mais altas do que os não controlados (p < 0,05), apesar de,
isoladamente, as questões não se relacionarem com o con-
trole da pressão arterial, exceto para uma questão.
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Strelec e cols
Conhecimento sobre a doença e a tomada de remédios para HA Arq Bras Cardiol
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Destaca-se que na associação do conhecimento sobre
a doença e tratamento com o controle da pressão arterial,
também avaliados na presente investigação, o conhecimen-
to satisfatório expresso pelos hipertensos, não se relacio-
nou com o controle da pressão arterial. Esse dado talvez in-
dique que os hipertensos que compuseram a amostra do
estudo, apesar de expressarem conhecimentos dos aspec-
tos importantes sobre a doença e tratamento, não realiza-
ram, em seus hábitos de vida, mudanças suficientes para al-
cançar o controle da pressão arterial. Também merece desta-
que que o conhecimento é racional, e a adesão é um proces-
so complexo, envolvendo fatores emocionais e barreiras
concretas, de ordem prática e logística14 ,15 .
O comparecimento às consultas também pode ser um
parâmetro para avaliar a adesão ao tratamento9, mas na pre-
sente investigação não se relacionou com o controle ou não
da pressão arterial.
A classificação da adesão dos hipertensos feita pelos
médicos, associou-se ao controle da pressão, revelando,
provavelmente, que os médicos têm conhecimento da situ-
ação de controle de seus pacientes.
Os achados deste estudo apontam para a necessidade
de uma abordagem multidisciplinar, na qual a vivência de
cada paciente, seus valores, crenças e práticas culturais
sejam reconhecidos e abordados. Para tanto, é importante
trabalhar o contexto social e psicossocial do paciente. O en-
volvimento com a problemática de saúde, expresso por ati-
tudes e sentimentos positivos, só tende a favorecer a ade-
são ao tratamento e conseqüente controle da hipertensão,
além de interação efetiva com a equipe multidisciplinar em
um processo de aceitação e respeito mútuos16 .
Nossos dados evidenciam que, apesar dos pacientes
referirem atitudes positivas em relação ao tratamento medi-
camentoso e bom nível de conhecimento sobre doença e
tratamento, o controle da pressão arterial não foi satisfató-
rio, caracterizando a necessidade de medidas que visem me-
lhor controle da pressão arterial, tornando o tratamento um
problema que deve ser enfrentado por todos: o hipertenso,
família, comunidade, instituições e equipe de saúde.
... Sabe-se que a hipertensão arterial é um sério problema de saúde pública que possui prevalência elevada. Nesse contexto, acomete cerca de 15% a 20% em adultos e 50% em idosos; associada ao tabagismo, diabetes e dislipidemia, acarreta num importante fator de risco para doenças cardiovasculares (STRELEC et al., 2003). ...
... Para reduzir a morbidade e mortalidade cardiovascular, como principal tratamento são os anti-hipertensivos, apesar da efetividade a hipertensão arterial não é muito controlada, sendo que um terço dos pacientes estava com a pressão controlada, a falta deste controle é um desafio para todos os profissionais sendo que alguns fatores interferem na adesão do tratamento como o conhecimento da doença e do tratamento pelo paciente (STRELEC et al., 2003). Os fatores relacionados à hipertensão arterial que são detectados nos estudos brasileiros são o sobrepeso, e a obesidade, que são associados à baixa escolaridade e raça/cor negra, a hipertensão arterial é considerada a principal causa de morbimortalidade (AMMER; MARCON, 2011). ...
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A hipertensão arterial é um dos principais problemas desaúde pública atual que, desde a década de 1960 vem se apresentandocomo principal causa de óbito no Brasil. Devido ao curso clínico lento eassintomático, possui uma elevada prevalência, favorecida por váriosfatores de risco, dificuldades no seu controle e ocorrência decomplicações. Diante ao exposto, este estudo objetivou analisar oconhecimento produzido a partir das ações direcionadas a grupospopulacionais com agravos ou sob risco, pelo Programa Saúde daFamília. Para tanto, realizou-se uma revisão de literatura integrativa.Nesta analise observou que os hipertensos apresentam uma idade acimados 40 anos, na maioria são do sexo feminino em que as condiçõessocioeconômicas são baixas e com difícil acesso aos serviços de saúde,esses hipertensos tem uma prevalência a ter obesidade/sobrepeso, commenor escolaridade e do sexo branco. Diante da analise apresentadaobserva-se que em relação à Hipertensão, a Equipe de Saúde da Famíliadeve melhorar e muito a relação en tre a equipe multiprofissional, ohipertenso e a família. Percebe-se que existe uma falha na Equipe Saúdeda Família em relação aos grupos de hipertenso, e muitas vezes naestrutura do local onde essa equipe esta instalada.
... "quando de sente mal com o medicamento, às vezes deixa de tomá-lo?". Segundo Strelec et al. (2003), considera-se que o indivíduo adere ao tratamento anti-hipertensivo quando responde negativamente às 4 questões e considera-se não aderente quando responde positivamente a pelo menos uma questão A população-alvo deste estudo englobou todos os utentes do Centro de Saúde n.º 1, localizado no concelho de Bragança. Trata-se de um universo de cerca de 27500 indivíduos dos géneros masculino e feminino com idades superiores a 18 anos. ...
... A adesão ao tratamento é crucial no controlo da HTA. De acordo com Strelec et al. (2003), no protocolo do teste de Morisky e Green, considera-se que o indivíduo é aderente ao tratamento antihipertensivo quando responde negativamente às quatro questões propostas e considera-se não aderente o que apresenta, no mínimo, uma resposta positiva. Assim, pode afirmar-se que os utentes inquiridos se dividem quase simetricamente no que diz respeito à adesão/não adesão à terapêutica anti-hipertensiva. ...
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Esta investigação tem como objetivo analisar a adesão ao tratamento anti-hipertensivo por parte dos doentes do Centro de Saúde no 1 localizado no Concelho de Bragança, bem como avaliar o conhecimento que os utentes têm acerca da HTA. A amostra aleatória simples inclui 366 inquiridos (235 do género feminino e 131 do género masculino), com idades entre os 18 e os 95 anos. Foi elaborado um questionário intersetivo, face a face, inserido num estudo de carácter transversal e observacional. Os dados foram sujeitos a tratamento estatístico através do programa SPSS 17.0 (Statistical Package for Social Sciences). Dos utentes inquiridos, 33,9% possuem HTA, sendo a média de idades de 62,9 anos. No que diz respeito ao conhecimento dos utentes sobre a doença, verificou-se que este é satisfatório em cinco das oito questões propostas. Nos indivíduos medicados, apenas 50,4% aderiram ao tratamento, sendo o esquecimento a principal justificação para a não adesão. A taxa de prevalência da HTA obtida nesta investigação poderá ser explicada pela idade avançada da maioria dos respondentes. Os utentes em geral possuem conhecimentos satisfatórios acerca da HTA, o que poderá ser resultado do esforço das equipas de saúde. Os resultados da adesão ao tratamento, embora preocupantes, assemelham-se aos obtidos por outros investigadores.
... E as específicas para idosas, como exame citopatológico e mamografia, assim como para idosos, com a realização do exame de próstata. A adesão medicamentosa foi verificada pelo Instrumento de Avaliação da Atitude Frente à Tomada de Remédios (IAAFTR) (19) . É composto por dez perguntas estruturadas e sua pontuação que varia de 0 a 10. ...
... É composto por dez perguntas estruturadas e sua pontuação que varia de 0 a 10. As pontuações menores ou iguais a sete são referentes à atitude negativa, e maiores, à positiva (19) . ...
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Objectives to describe sociodemographic and health characteristics of older adults with morbidity, identify self-care practices and verify the association of sociodemographic variables with those related to health and self-care practices. Methods a quantitative, analytical and cross-sectional household survey, developed in the urban area in the countryside of Minas Gerais, from 2017 to 2018. A total of 796 older adults were assessed using validated instruments, such as Geriatric Depression Scale: short form, Brazilian Questionnaire for Functional and Multidimensional Assessment, International Physical Activity Questionnaire, Instrument for Assessing Attitude Towards Taking Medications. Multiple logistic regression (p<0.05) was used. Results negative self-perceived health was associated with low income and education. As for self-care in health, being physically active associated with the age group 60 |-| 79 years and higher education. Conclusions sociodemographic variables such as sex, age group, income, education, marital status, housing arrangement were related to health status and self-care practice. Descriptors: Aged; Self Care; Geriatric Nursing; Nursing Theory; Health Promotion
... E as específicas para idosas, como exame citopatológico e mamografia, assim como para idosos, com a realização do exame de próstata. A adesão medicamentosa foi verificada pelo Instrumento de Avaliação da Atitude Frente à Tomada de Remédios (IAAFTR) (19) . É composto por dez perguntas estruturadas e sua pontuação que varia de 0 a 10. ...
... É composto por dez perguntas estruturadas e sua pontuação que varia de 0 a 10. As pontuações menores ou iguais a sete são referentes à atitude negativa, e maiores, à positiva (19) . ...
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Objectives: to describe sociodemographic and health characteristics of older adults with morbidity, identify self-care practices and verify the association of sociodemographic variables with those related to health and self-care practices. Methods: a quantitative, analytical and cross-sectional household survey, developed in the urban area in the countryside of Minas Gerais, from 2017 to 2018. A total of 796 older adults were assessed using validated instruments, such as Geriatric Depression Scale: short form, Brazilian Questionnaire for Functional and Multidimensional Assessment, International Physical Activity Questionnaire, Instrument for Assessing Attitude Towards Taking Medications. Multiple logistic regression (p<0.05) was used. Results: negative self-perceived health was associated with low income and education. As for self-care in health, being physically active associated with the age group 60 |-| 79 years and higher education. Conclusions: sociodemographic variables such as sex, age group, income, education, marital status, housing arrangement were related to health status and self-care practice.
... No Brasil, a HAS representa sério problema de saúde pública, pela sua elevada prevalência, entre 15% e 20% na população adulta, e mais de 50% nos idosos; e por acometer indivíduos em plena fase produtiva. Quando associada ao tabagismo, diabetes mellitus e dislipidemia constitui-se decisivo fator de risco para as doenças cardiovasculares, as quais são responsáveis aproximadamente por 30% das mortes (2)(3) . ...
... No Brasil, a hipertensão arterial sistêmica (HAS) representa um grave problema de saúde pública, ante a sua elevada prevalência, acometendo entre 15% e 20% da população adulta, em plena fase produtiva e, mais de 50% dos idosos. Quando associada ao tabagismo, ao diabetes mellitus (DM) e a dislipidemia constitui decisivo fator de risco para as doenças cardiovasculares, as quais são responsáveis aproximadamente por 30% das mortes (1) . ...
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Estudo descritivo, avaliativo, com abordagem quantitativa, realizado nas Unidades Básicas de Saúde de Caxias-MA, com o objetivo de avaliar o Programa de Hipertensão Arterial e Diabetes (HiperDia) na perspectiva dos usuários. Os dados foram coletados entre novembro de 2010 e junho de 2011, com um plano amostral de 1.024 sujeitos. Constataram-se vários obstáculos no desenvolvimento das ações de controle da hipertensão e do diabetes que vão da falta de insumos necessários ao tratamento, como os medicamentos, até a não realização de atividades de educação em saúde pelos profissionais da Saúde da Família. Apesar disso, a avaliação feita pelos usuários acerca da assistência recebida foi muito favorável. O HiperDia é um primoroso dispositivo de acompanhamento aos pacientes e a pesquisa demonstrou grande importância, sugerindo ações conjuntas da instância municipal, das Coordenações da Atenção primária em Saúde e do Programa HiperDia, dos profissionais da Saúde da Família e usuários envolvidos na assistência.
... As VI DBH (11) (11,13) . ...
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A adesão ao tratamento da Hipertensão Arterial se revela como um desafio aos profissionais de saúde. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo averiguar a adesão ao tratamento da hipertensão de idosos acompanhados em um grupo e descrever as intervenções de enfermagem possíveis junto a esta clientela. A pesquisa descritiva foi desenvolvida em duas fases entre dezembro/2008 e janeiro/2009. Utilizou-se instrumento de coleta para avaliar a adesão ao tratamento; de fevereiro a abril/2009, técnica de Grupo Focal para investigar as intervenções de enfermagem e Discurso do Sujeito Coletivo para organização das falas. Cerca de 27 idosos foram avaliados e 23 apresentaram algum grau de não-adesão. Selecionaram-se 34 intervenções de enfermagem a serem implementadas na clientela e dez discursos foram consolidados ao final. O estudo revelou as dificuldades de seguimento terapêutico, embora a clientela detenha o conhecimento sobre os meios viáveis de implementação das intervenções de enfermagem.
... Atitude frente à tomada de remédios IAAFTR (25) . ...
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Objective: to propose a structural model of active ageing among elderly community members based on the World Health Organization’s theoretical framework and to identify the most relevant determinants of active ageing to the proposed model. Methods: a cross-sectional and analytical study conducted with 957 elderly community members. Confirmatory factor analysis and structural equation modeling were performed. Results: the final measurement model was composed of the six determinants of active ageing: behavioral (R²=0.66); personal (R²=0.74); physical environment (R²=0.70); social (R²=0.77); economic (R²=0.44); and social and health services (R²=0.95). The last one showed good quality of adjustment: χ²/gl=3.50; GFI=0.94; CFI=0.92; TLI=0.90; RMSEA=0.05. By analyzing the trajectories between determinants and active ageing, the most representative was social and health services  active ageing (λ=0.97; p<0.001). Conclusion: satisfaction with access to health services and positive self-assessment of health status were the factors that most contributed to active ageing in this population.
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Descrever os aspectos metodológicos e desenho amostral do Estudo das Doenças Crônicas sob a ótica da qualidade em saúde (Edoc-Quali). O estudo é composto por pesquisas de quatro populações distintas: coordenadores das unidades da Atenção Primária em Saúde; profissionais das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF); usuários cadastrados nas ESFs com hipertensão arterial; e usuários cadastrados nas ESFs com diabetes mellitus do tipo 2. Participaram 30 gestores e 338 profissionais, que responderam percepções sobre estrutura física e processo de trabalho da equipe, com aplicação do PCATool-Brasil, e dados relativos ao processo de cuidado a esses pacientes. Também foram entrevistadas 672 pessoas com HAS, e 324 com DM2, além de avaliação física, coleta de material biológico e realização do eletrocardiograma. A avaliação da qualidade do cuidado segundo os gestores e profissionais e dos resultados obtidos junto aos usuários do serviço favoreceu o controle de complicações.
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Introdução: Os acidentes ofídicos são um problema de saúde pública e como forma de remediá-los são utilizadas as toxinas ofídicas, devido as suas propriedades terapêuticas e farmacológicas. Portanto o objetivo deste trabalho é analisar os efeitos farmacológicos das toxinas ofídicas de serpentes oriundas da região amazônica no tratamento de doenças sistêmicas. Métodos: pesquisa bibliográfica utilizando as principais ferramentas de busca de artigos científicos e clínicos online como: Public Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (PubMed), Medscape, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e Web of Science, entre outros. Resultados: A pesquisa sobre as propriedades terapêuticas do veneno das serpentes dos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis apresenta resultados promissores e revela o potencial desses compostos na busca por novos medicamentos para o tratamento de diversas doenças. Conclusão: Essas peçonhas contêm uma ampla variedade de substâncias, como proteínas, glicídios e outras moléculas, que têm demonstrado atividade farmacológica em estudos.
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Foram entrevistados 205 hipertensos em tratamento ambulatorial para avaliar o papel do perfil bio-social no conhecimento e grau de gravidade da doença. As características da população foram: 72% mulheres, 63% brancos, 78% com mais de 40 anos, 60% casados, 68% com baixa escolaridade, 41% com renda de 1 a 3 salários, 75% com peso elevado, 76% não fumantes, 89% sem atividade física regular, e das mulheres 48% já tinham usado hormônios anticoncepcionais. A análise evidenciou que a ausência de conhecimento se associou com sexo masculino, idade entre 20 e 40 anos, viúvo, não branco e peso normal. Pressão arterial mais elevada (diastólica> 110 mm Hg) se associou com mais de 60 anos, não casado, acima do peso, baixa escolaridade, baixa renda, com mais de 5 anos de hipertensão e já ter feito tratamento anterior.
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Adherence to the medical regimen continues to rank as a major clinical problem in the management of patients with essential hypertension, as in other conditions treated with drugs and life-style modification. This article reviews the psychometric properties and tests the concurrent and predictive validity of a structured four-item self-reported adherence measure (alpha reliability = 0.61), which can be easily integrated into the medical visit. Items in the scale address barriers to medication-taking and permit the health care provider to reinforce positive adherence behaviors. Data on patient adherence to the medical regimen were collected at the end of a formalized 18-month educational program. Blood pressure measurements were recorded throughout a 3-year follow-up period. Results showed the scale to demonstrate both concurrent and predictive validity with regard to blood pressure control at 2 years and 5 years, respectively. Seventy-five percent of the patients who scored high on the four-item scale at year 2 had their blood pressure under adequate control at year 5, compared with 47% under control at year 5 for those patients scoring low (P less than 0.01).
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There is usually little information available on how well hypertensive individuals are managed at the community level. This survey measured the frequency of hypertension in a medium-sized Brazilian city by studying a cluster sample of 1657 adults aged 20-69 years. The 328 hypertensives (19.8%) answered a questionnaire on the knowledge and management of their condition. Two-thirds were aware of their status and more than half were on antihypertensive medication, but only one-third had their blood pressure under control. Physicians failed to advise a large proportion of their patients about the need to lose weight, take exercise, and quit smoking. Although laboratory tests were carried out in most patients, fundoscopy and chest X-rays were performed in fewer than 50%. Continued care by the same physician was the only factor significantly associated with compensated high blood pressure (relative risk for not having continued care = 1.35; 95% CI = 1.02-1.71). High levels of absenteeism, reduction of the work load, and early retirement were found among the individuals with high blood pressure.
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Compliance is defined as a patient's behavior in terms of taking prescribed medication, following diets, or executing medically recommended lifestyle changes. Furthermore, compliance measures the extent to which a person's behavior coincides with medical or health advice. The measurement of compliance over time is still a problem. The recently developed medication monitors, however, enable precise documentation of the taking of pills out of the container over long time periods. Long-term compliance with antihypertensive treatments is, referring to the literature, about 50%. The causes of partial compliance are not yet well known. Partial compliance is often accompanied by reduced benefit, e.g., poor blood pressure control. There are even strong arguments that partial compliance increases the risks of treatment, especially with beta-blockers. Thus, the traditional physicians' nonperception of patients' partial compliance is no longer acceptable, as partial compliance has a negative impact on the benefit/risk ratio.
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Hypertension and related diseases are a global burden of cardiovascular disorders. Ischemic heart disease and cardiovascular disease rank fourth and fifth among the 10 leading causes of mortality worldwide. A generation from now, these diseases will be an epidemic for which we should be ready and against which we should attempt to find the best preventive measures. In Canada, the percentage of cardiovascular deaths increases with age. After the age of 50 years, these deaths actually exceed 50% of total mortality. Cardiovascular diseases also have the highest financial health care costs. The newest guidelines from national and international societies have a unifying goal of controlling cardiovascular burden. Guidelines of the international societies are written for a worldwide audience, including countries with very variable health care systems. However, the supreme goal is universal - to lower blood pressure and other risk factors to reduce the risk of cardiovascular disease with its fatal consequences.
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A poor therapeutic compliance is a major cause of insufficient control of hypertension. As education of patients is fundamental in order to improve their compliance, we organised two pilot educational meetings aimed at (1) assessing the support of patients to this kind of meetings, and (2) verifying the impact on patient's education. We invited 225 consecutive patients referred to our Hypertension Clinic (some of them regularly followed up and some referred for the first time) to participate to an educational meeting on hypertension. Patients were divided in two groups, for organising reasons each attending a single meeting. Each meeting included four sessions: (1) the first session included a multiple choice questionnaire (nine questions, with answers collected by an interactive electronic system) in order to evaluate the degree of patient's information about hypertension (definition, prevalence, aetiology, complications and treatment), (2) a traditional teaching session, (3) an interactive phase aimed to assess the improvement of knowledge in which the same questions as in the first session have been asked again, and (4) a general discussion session. A total of 144 patients (mean age 54 +/- 12 years; 76 M, 68 F) of the 225 invited attended the meeting. The answers to our questions in the initial session were correct in a percentage ranging from 60% to 80%. During the third phase immediately after the teaching session, the percentage of correct answers increased significantly (range: 75--98%, P < 0.05 at least in all questions). This study shows: (1) a satisfactory adherence of patients to this educational initiative; (2) a positive impact of a single educational meeting on patient's knowledge about issues related to hypertension. The potential role of improving patient's education on clinical outcomes such as blood pressure levels and the rate of blood pressure control requires future controlled studies. Journal of Human Hypertension (2001) 15, 57-61
Concurrent and predictive validity of a self-reported measure of medication adherence Referências 9. Homedes N, Ugalde A. Estudos sobre el cumplimiento del paciente en paises en desarollo
  • De Morisky
  • Lw Green
  • Levine
Morisky DE, Green LW, Levine DM. Concurrent and predictive validity of a self-reported measure of medication adherence. Med Care 1986; 24:67-73. Referências 9. Homedes N, Ugalde A. Estudos sobre el cumplimiento del paciente en paises en desarollo. Bol Sanit Panam 1994;116:518-34.