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Abstract

Pesquisa qualitativa com objetivo de refletir e discutir a relação existente entre hospitalidade, cuidado e enfermagem sob o olhar e experiências de um grupo de pós-graduandas através do referencial da Hospitalidade enquanto cuidado em Enfermagem. Foram realizados dois encontros teórico-práticos, no segundo semestre de 2008, na disciplina "O cuidado em Enfermagem e Saúde" do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, de uma universidade federal do Sul do Brasil. Na coleta de dados aplicou-se um instrumento semi-estruturado e para análise dos dados a análise de conteúdo de Bardin. No total participaram dez pós-graduandas. A Hospitalidade é imperativa para a adaptação dos indivíduos no contexto hospitalar ou em qualquer área onde se realiza atendimento à saúde.
Disponível em: http://www.redalyc.org/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=267019594006
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Rede de Revistas Científicas da América Latina o Caribe, a Espanha e Portugal
Carvalho Barra, Daniela Couto; Waterkemper, Roberta; Silveira Kempfer, Silvana;
Carraro, Telma Elisa; Radünz, Vera
Hospitalidade como expressão do cuidado em enfermagem
Revista Brasileira de Enfermagem, vol. 63, núm. 2, abril, 2010, pp. 203-208
Associação Brasileira de Enfermagem
Brasília, Brasil
Como citar este artigo Número completo Mais informações do artigo Site da revista
Revista Brasileira de Enfermagem
ISSN (Versão impressa): 0034-7167
reben@abennacional.org.br
Associação Brasileira de Enfermagem
Brasil
www.redalyc.org
Projeto acadêmico não lucrativo, desenvolvido pela iniciativa Acesso Aberto
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Hospitalidad como expresión de la atención de enfermería
Hospitality as an expression of nursing care
Daniela Couto CarDaniela Couto Car
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RESUMORESUMO
RESUMORESUMO
RESUMO
Pesquisa qualitativa com objetivo de refletir e discutir a relação existente entre hospitalidade, cuidado e enfermagem sob o olhar e
experiências de um grupo de pós-graduandas através do referencial da Hospitalidade enquanto cuidado em Enfermagem. Foram
realizados dois encontros teórico-práticos, no segundo semestre de 2008, na disciplina “O cuidado em Enfermagem e Saúde” do
Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, de uma universidade federal do Sul do Brasil. Na coleta de dados aplicou-se um
instrumento semi-estruturado e para análise dos dados a análise de conteúdo de Bardin. No total participaram dez pós-graduandas. A
Hospitalidade é imperativa para a adaptação dos indivíduos no contexto hospitalar ou em qualquer área onde se realiza atendimento à
saúde.
DescritoresDescritores
DescritoresDescritores
Descritores: Humanização da Assistência; Acolhimento, Educação em enfermagem.
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACTABSTRACT
ABSTRACT
Qualitative research whose purpose was to reflect and argue about the relationship between hospitality, care and nursing according to
experiences of PhD students. The research was developed from theoretic and practical meeting carried through by disciplines “the care
in Nursing and Health” of PhD nursing Program at Santa Catarina Federal University. Its chosen theoretical frame of Hospitality
perspective while nursing care. Data were colleted applying a semi-structured questionnaire at ten doctoral students. The analysis of the
data was carried through under the perspective of the content analysis according to Bardin. Hospitality it is imperative for the individuals
adaptation in the hospital context or any area where it is looking for health care.
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K
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ds: Humanization of the assistance; User ambracement; Education, nursing.
RESUMENRESUMEN
RESUMENRESUMEN
RESUMEN
Es una investigación cualitativa que buscó reflejar y discutir referente la relación existente entre la hospitalidad, el cuidado y enfermería
en la visión de las experiencias del grupo de doutorandas. Fue desarrollada a través del disciplina “el cuidado en el oficio de enfermería
y la salud” del programa después de la graduación en el oficio de enfermería de una universidad del sur de Brasil. La recogida de datos
un cuestionario de la mitad-structuralized fue solicitado. Participaram de diez doutorandas. El análisis de los datos fue llevado a través
bajo perspectiva del análisis del contenido de Bardin. La Hospitalidad es imprescindible para la adaptación de los individuos en el
contexto del hospital o cualquier área donde si ella atención de los profisionales en salud.
DescriptoresDescriptores
DescriptoresDescriptores
Descriptores: Humanización de la Atención; Acogimiento; Educación en enfermería.
Submissão: Submissão:
Submissão: Submissão:
Submissão: 12/12/2008
AprApr
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Apr
ovação: ovação:
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ovação: 15/01/2010
PESQUISAPESQUISA
PESQUISAPESQUISA
PESQUISA
I
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.
Grupo de Pesquisa em Tecnologias, Informações e Informática em Saúde e Enfermagem. Florianópolis, SC
II
Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem.
Grupo de Pesquisa em Educação em Enfermagem e Saúde. Florianópolis, SC
III
Universidade Federal de Santa Catarina. Departamento de Enfermagem. Grupo de Pesquisa Cuidando e Confortando. Florianópolis, SC
PESQUISAPESQUISA
PESQUISAPESQUISA
PESQUISA
Telma Elisa Carraro.Rua José Brognoli, 118 - apto. 403. CEP: 88045-520. Florianópolis, SC.
E-mail: telmacarraro@ccs.ufsc.br
AA
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UTOR CORRESPONDENTEUTOR CORRESPONDENTE
UTOR CORRESPONDENTEUTOR CORRESPONDENTE
UTOR CORRESPONDENTE
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Brasileira
de Enfermagem
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INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
INTRODUÇÃOINTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
O cuidado é uma característica fundamental da prática de
Enfermagem. As enfermeiras como profissionais de Enfermagem,
podem contribuir para que a essência deste cuidado permaneça
centrada na sensibilidade, na ciência e na arte, refletindo sobre o
seu fazer e o conhecimento envolvido.
Considera-se que uma das formas que a enfermagem tem para
manifestar-se como ciência e arte seja através do cuidado, uma vez
que este é constituído por diversos elementos que o caracterizam
como o saber e o fazer da profissão
(1)
.
O cuidado em enfermagem implica em auxiliar o ser humano a
percorrer um caminho que lhe dê a compreensão de que a vida é
repleta de sentidos e sentimentos, bem como fazer com que as
pessoas prolonguem ou renovem as formas de ser e sentir-se
saudável
(2)
.
Neste sentido, o cuidado em saúde e em enfermagem, seja ele
individual ou coletivo, estabelece uma dinâmica intersubjetiva e,
por vezes, imperceptível, entre o cuidador (enfermeira) e o ser
cuidado (ser humano).
Refletir sobre o cuidado nos faz perceber que cuidar de seres
humanos implica ter intimidade, senti-los dentro de si mesmo,
acolhê-los, respeitá-los, dar-lhes sossego e repouso. Cuidar é entrar
em sintonia com, auscultar-lhes o ritmo e afinar-se com eles. Dessa
forma, o ser humano consegue viver a experiência fundamental do
valor, daquilo que tem importância e definitivamente conta. Tudo
começa com o sentimento, que nos faz sensíveis ao que está a
nossa volta, que nos faz gostar ou desgostar. É o sentimento que
nos une às coisas. Se formos capazes de sentir, podemos agir em
prol da melhoria do eu e do outro
(2)
.
Em todas as suas dimensões, o cuidado provoca reflexões acerca
de questões axiomáticas como a convivência, a tolerância, o respeito,
a hospitalidade, a ecologia, a espiritualidade do ser humano. Desta
forma, configura-se em uma perspectiva complexa de interação e
intenção humana no sentido de gerar reações dinâmicas em todos
os envolvidos.
A hospitalidade pode ser entendida como uma das expressões
do cuidado em saúde e enfermagem e percebida como um conjunto
de características qualificadas, humanizadas e acolhedoras por
meios olhares abrangentes voltados para o ser humano.
Na construção da relação entre os profissionais de saúde e os
seres humanos que necessitam de cuidado, algumas particularidades
destacam-se nas atitudes e nos comportamentos da Hospitalidade
em saúde e enfermagem, entre elas: a boa vontade incondicional, a
acolhida generosa, a escuta atenciosa, o diálogo franco, o negociar
honesto, a renúncia desinteressada, a responsabilidade consciente
e a relativização corajosa
(3)
.
A Hospitalidade como parte do cuidado, pode representar um
meio de cuidar do outro e cuidar de si, e estabelece uma relação
de integração e interação mútua. Esta relação de convivência,
entendida como a capacidade de fazer conviver as dimensões de
produção e de cuidado, de efetividade e de compaixão; a modelagem
de tudo o que produzimos usando a criatividade, a liberdade e
fantasia, caracterizando-se como uma mútua pertença
(4)
.
Esta convivência pode ser exercitada dinamicamente por meio
da hospitalidade. A partir destas considerações este estudo tem
por objetivo refletir acerca da relação existente entre hospitalidade,
cuidado e enfermagem a partir do olhar e das experiências de
enfermeiras pós-graduandas.
MÉTODOSMÉTODOS
MÉTODOSMÉTODOS
MÉTODOS
Este estudo foi desenvolvido a partir de encontros teórico-
práticos realizados na disciplina “O cuidado em Enfermagem e
Saúde” do Programa de Pós- Graduação em Enfermagem, em uma
Universidade Federal do Sul do Brasil, no segundo semestre de
2008. Trata-se de uma pesquisa do tipo exploratório-descritiva
com abordagem qualitativa, a qual busca uma compreensão mais
ampla da realidade estudada
(5)
. Participaram do estudo dez pós-
graduandas, sendo nove enfermeiras e uma fisioterapeuta mediante
o preenchimento do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE), conforme determina a resolução número 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde. Por se tratar de um estudo que
envolveu a participação de seres humanos foram também adotados
os procedimentos explicitados na Declaração de Helsinki e os cinco
referencias básicos da Bioética, quais sejam: autonomia, não-
maleficência, beneficência, justiça e anonimato. Neste sentido, os
participantes do estudo foram identificados pelas seguintes siglas:
Pós-Graduanda (PG1, PG2, e assim sucessivamente).
O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sob o número 407/
08. Utilizou-se como ferramenta de coleta de dados um
questionário semi-estruturado possibilitando identificar os diferentes
olhares e experiências acerca da Hospitalidade na saúde, na
Enfermagem, no cuidado e entre os seres humanos. Este foi entregue
às alunas após a realização de dois momentos durante o encontro
quinzenal da disciplina que serviram de incentivo ao processo de
discussão e reflexão sobre o tema “Hospitalidade”.
Os dados foram analisados qualitativamente por meio da técnica
de análise de conteúdo de Bardin. A análise de conteúdo está
fundamentada no que está escrito, falado, mapeado e
figurativamente desenhado e/ou simbolicamente explicitado e
sempre será o ponto de partida para a identificação do conteúdo
manifesto seja ele explícito e/ou latente
(6)
.
A análise e a interpretação dos conteúdos obtidos nesta técnica
enquadram-se em etapas a serem seguidas e, para a efetivação do
método, a contextualização deve ser considerada como um dos
principais requisitos
(6)
.
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TT
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ADOS E DISCUSSÃOADOS E DISCUSSÃO
ADOS E DISCUSSÃOADOS E DISCUSSÃO
ADOS E DISCUSSÃO
A partir da discussão realizada em sala de aula e após leitura e
análise minuciosa dos questionários, três categorias despontaram
para análise: “Hospitalidade e Ser Humano”, “Hospitalidade e
Cuidado” e “Hospitalidade e Enfermagem”.
Hospitalidade e o Ser HumanoHospitalidade e o Ser Humano
Hospitalidade e o Ser HumanoHospitalidade e o Ser Humano
Hospitalidade e o Ser Humano
Relacionar a Hospitalidade ao ser humano é um exercício reflexivo
profundo que resgata as formas de pensar e “ser hospitaleiro” destes,
ao longo de sua evolução histórica. Mergulhando na origem
gramática da palavra hospitalidade verifica-se que em grego significa
philoxenos”.
Esta palavra origina-se pela junção de dois termos:
phileo
que significa amar, ser amigo, mostrar afeição e
“xenos”
que significa estrangeiro, estranho
(7)
.
Através deste conceito e junção
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Hospitalidade como eHospitalidade como e
Hospitalidade como eHospitalidade como e
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xpressão do cuidado em enfermagemxpressão do cuidado em enfermagem
xpressão do cuidado em enfermagemxpressão do cuidado em enfermagem
xpressão do cuidado em enfermagem
de termos é possível iniciar essa discussão compreendendo que o
ser humano é capaz de amar ao outro, mesmo o estranho, desde
que seja desnudado de preconceitos, fator hoje, decisivo na sua
forma de ser e conviver em diferentes ambientes.
A hospitalidade é um ato de acolhimento entre seres humanos
que procuram ser recebidos entre si com atenção, amor e afeto de
forma a sentirem-se bem e satisfeitos em uma inter-relação
harmônica. Quando questionados sobre o que compreendiam sobre
a hospitalidade, enquanto seres humanos, um dos sujeitos relatou
que a hospitalidade é:
“Interesse desinteressado por ajudar a outra pessoa” [...] é
sinônimo de “Compaixão, no sentido não de lastima, e sim de
comprometer-se com a pessoa, de torcer por seus interesses”
(PG5)
Neste sentido, é possível verificar neste relato que a hospitalidade
é uma atitude que envolve o importar-se com o outro sem esperar
algo em troca e realizar este comprometimento na intenção de
proporcionar a satisfação e o bem-estar. É uma forma de:
receber com atenção e dedicação Demonstrar cuidado com
todos os detalhes para que a pessoa sinta-se bem e confortável”
(PG2)
Nesta relação de “hóspede-hospedeiro” há a necessidade de
apresentar e desenvolver algumas atitudes como
Atenção, Cuidado, Conforto, Sinceridade, Amor, Estar aberto
para (PG6)
Atitudes que possibilitem manter uma relação de “acolhida”,
ou seja, como mencionado por (PG6) “
estar aberto para
”. Esta
abertura só pode ser alcançada a partir do momento em que há
nesta relação, a disponibilidade e a flexibilidade, assim como
altruísmo e sentimentos como o afeto e o “querer bem”, como se
evidencia, também, no relato de (PG1) e (PG7):
Senso altruísta, carinho e afeto
(PG1)
Disponibilidade e flexibilidade
(PG7)
Para os sujeitos deste estudo a relação de hospitalidade entre
os seres humanos envolve satisfação, no sentido de sentir-se bem,
e estar em relação e ao reconhecer o outro como humano reconhece
as suas necessidades materiais, bens simbólicos e da existência de
outro ser humano.
Para que seja possível alcançar a satisfação desses três conjuntos
de necessidades o ser humano desenvolve diferentes formas de
interação e relacionamento afetivo, de elaboração de conhecimentos,
de atividades lúdicas, bens e serviços
(8)
.
Entretanto, em virtude de sua própria evolução social,
econômica e tecnológica a hospitalidade, característica peculiar do
ser humano, acabou se diluindo e distanciando os seres humanos
dessas relações e causando certa “xenofobia”, que significa a aversão
a coisas ou pessoas estrangeiras
(9)
. Para algumas pós-graduandas
a falta de hospitalidade pode ser observada no:
Sentimento de estranheza, distância, egocentrismo
(PG1)
Egoísmo, mau humor e agressividade
(PG7)
Hostilidade [...]
(PG2)
Pressa, Olhar Biomédico, Rotinas Pré Estabelecidas
(PG6)
Sentimentos e atitudes que são direcionadas a outros seres
humanos como nas relações entre: pais e filhos, casais, professor e
aluno, chefe e empregado, sociedades de povos “diferentes”, enfim,
em todas as relações possíveis entre seres humanos nos seus
diferentes contextos.
A discussão sobre “Hospitalidade” é uma das questões que
está, atualmente, ganhando espaço e destaque nos meios de
comunicação e em pesquisas, principalmente, na área hoteleira.
Por este motivo estimula a pesquisa sobre este tema tão simples e
que se tornou tão complexo ao mesmo tempo despertando a reflexão
em diversos cenários.
A hospitalidade talvez seja um foco a ser trabalhado, e deveria
ser condição básica para a sobrevivência de qualquer
empreendimento, principalmente daqueles cujo produto não é
tangível e que lida com pessoas. Neste caso a enfermagem é uma
área a ser destacada e relacionada à hospitalidade, pois cuida do
ser humano e ser hospitaleiro é uma atitude que permeia o
cuidado
(10)
.
Com estes conceitos podemos compreender que saber receber
seus “hóspedes” significa a atenção que se dá para os mesmos. A
maneira de como nos relacionamos passa a ser mais importante
que o processo de trabalho em si. Saber operar máquinas e
equipamentos também tem seu valor, mas não se deve valorizar
esse aspecto em detrimento a Hospitalidade oferecida às pessoas
(10)
.
Entretanto, ser hospitaleiro deve ser um ato presente na vida
cotidiana das pessoas, independente do ambiente em que se
encontre, ou seja, em casa, no trabalho, ou na rua. Apesar de
alguns autores compreenderem a Hospitalidade e dividi-la em três
âmbitos, o doméstico, o comercial e o público, o ser humano, por
ser único, ter caráter, valores e formas de entender o mundo, não
deve mudar seu modo de tratar as pessoas
(11)
.
Quando desprovida dos limites pré-estabelecidos nos conceitos
de hospitalidade doméstica, comercial e pública, pode evidenciar
o elemento humanizador no tratamento dispensado a qualquer ser
humano, como mostra PG5 em seu relato:
Desinteresse em estabelecer uma relação e em conhecer ao
hóspede, lástima, falta de comunicação, pré-conceitos
(PG5)
A partir desses depoimentos e conceitos é possível compreender
a hospitalidade no campo da saúde e em particular, na Enfermagem
cuja essência de trabalho é o cuidado.
Hospitalidade e o CuidadoHospitalidade e o Cuidado
Hospitalidade e o CuidadoHospitalidade e o Cuidado
Hospitalidade e o Cuidado
O cuidado é definido a partir da percepção individual e subjetiva
de cada sujeito e traz consigo um olhar histórico e social, o qual é
construído pelas vivências, principalmente as vivências familiares.
Podem-se considerar as relações maternas, a convivência com
irmãos, primos, avós, dentre outros, como os “primeiros cuidados”
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que se tem referência. Desta forma, pode ser observado como
uma constituição ontológica, ligado a construção individual e coletiva
de cada ser.
A abordagem filológica do cuidado traz um conceito referente
ao sentido de
cogitare-cogitarus
, como sendo o mesmo de cura:
cogitar, pensar, colocar atenção, mostrar interesse, revelar sua
atitude de desvelo e de preocupação.
(4)
Mas por outro lado,
mantendo uma atitude de cuidado com tudo o que compreende a
vida, pode antecipar-se aos problemas, evitando estados de
desequilíbrio e manter a harmonia, considerando tal atitude como
promoção da saúde.
Enquanto hóspedes, desfrutamos o que é oferecido e
disponibilizado e como hospedeiro, colocamos à disposição o que
temos, para que ambos em convivência possamos vivenciar
momentos ímpares. A hospitalidade está relacionada ao
acolhimento, ao deixar-se penetrar no íntimo, ao carinho e afeto,
aos sentimentos mais puros que se manifestam no outro e para o
outro.
Quando questionados sobre sua primeira referência de
hospitalidade, os sujeitos do estudo referiram:
Quando li esta pergunta fiquei pensando em lembranças [...] e
me veio à memória coisas da infância quando minha mãe trocava
o lençol da minha cama e eu deitava e sentia aquele cheirinho
bom
(PG2)
Quando criança ia de férias à casa de minhas avós e minhas tias,
sempre fui bem recebida, com afeto, comida, etc (PG4).
A casa de minha avó, nas férias de final de ano, me sentia muito
acolhida
(PG5)
Minha primeira lembrança é de quando passava férias na praia
na casa de minha avó.
(PG6)
Neste momento, os princípios do cuidado se misturam com os
da Hospitalidade. Emergem destes depoimentos sensações e
sentimentos como: carinho, afeto, bem estar, aconchego, família,
cama, casa, lazer, dentre muitos outros que nos remetem a situações
de conforto e alegria.
O cenário pode ser a casa de um familiar ou a sua própria casa,
mas o momento é que determina se a Hospitalidade traz boas ou
más recordações.
Enfim, a primeira lembrança familiar de ser hóspede e
Hospitalidade consolidam um gesto de cuidado, envolvendo a todos
em um clima amigável, sereno e leve, onde cada um sente-se
acolhido, sente-se bem e mesmo sem falar, quer sempre voltar.
Acolher é permitir, sob certas condições, a inclusão do outro no
próprio espaço
(12)
.
O hóspede pode vir em busca de auxílio, doente, em condições
fragilizadas, o que representa uma situação de cuidado. Presta
atenção na movimentação, permite-se, aceita os deveres com alegria,
inclusive aqueles que em seu cotidiano lhe causam desconforto.
Os sujeitos do estudo descrevem as sensações/sentimentos ao ser
hóspede/hospedado como:
Sentimentos de ser agradada, de ser cuidada com afeto e carinho,
de amor
(PG1)
Cama macia e gostosa, comida quentinha e gostosa, um banho
quentinho (
PG3)
Esta percepção do hóspede determina sua imagem e avaliação
do local onde está hospedado, conforme as instalações, a comida,
os objetos e utensílios dos quais desfrutou, ele estabelece uma
relação de intimidade ou não com o local.
De modo quase intuitivo, o viajante, o turista ou o migrante,
quando chega a uma cidade e percorre os espaços onde se
constroem essa forma urbana, é submetido a um sem-número de
percepções, de situações e de processos importantes de
informações
(12)
.
Outra questão relatada é quando o visitante permanece por um
tempo mais prolongado enquanto hóspede e passa a sentir saudades
de casa, de seu mundo. Neste momento, a estadia tende a se
transformar em experiência menos contemplativa e mais
condicionada às rotinas do local onde está no momento. Como se
percebe na fala de uma das entrevistadas:
De uma forma geral, tenho boas recordações quando penso
nesta questão, mas por mais bem recebida, acolhida que já
tenha sido após um determinado tempo começo a ficar cansada
e desejosa de retornar para meu ambiente
(PG5)
A hospitalidade é, portanto, uma relação espacializada entre
dois atores: aquele que recebe e aquele que é recebido; ela se
refere à relação entre um, ou mais hóspedes, e uma instituição,
uma organização social, isto é, uma organização integrada em um
sistema
(12)
. Nem sempre a rotina do local onde o hóspede está
aproxima-se daquela ao qual está habituado em seu cotidiano. Como
refere a entrevistada:
Me sentia acolhida porém devia seguir as regras da casa, que
eram diferentes da minha
(PG6)
A hospitalidade pressupõe a entrada, a inclusão daquele hóspede
em um sistema organizado como modalidade de funcionamento já
existente
(12)
. Em determinadas situações, o hóspede tem dificuldades
em adaptar-se à realidade do contexto onde está hospedado. Por
outro lado, quem hospeda sempre procura oferecer o que tem de
melhor ao hóspede, quer acolhê-lo com alegria e tenta manter um
ambiente agradável. Ao abordar os sujeitos do estudo quanto às
sensações/sentimentos que tiveram ao hospedar alguém, todos
manifestaram interesse em deixar o hóspede à vontade,
preocupando-se com o ambiente, com a comida, com os momentos
de diálogo, como podemos perceber nas falas:
Ah, sempre que recebo alguém dou o meu melhor para que essa
pessoa sinta-se querida e agraciada por meio de uma boa comida,
por meio de uma boa conversa em um clima harmonioso
(PG1)
Quando se estabelece um diálogo franco, há uma aproximação
das pessoas, começa então a ocorrer um contato mais íntimo, um
momento especial de integração de culturas, uma troca de
experiências e vivências. Por isto, dialogar é entrar em reciprocidade
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Hospitalidade como eHospitalidade como e
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xpressão do cuidado em enfermagemxpressão do cuidado em enfermagem
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e intercambiar
(3)
.
Outra expressão citada pelos sujeitos é a preocupação com a
manutenção deste ambiente acolhedor, como se percebe nesta fala:
Preocupação para acolher da melhor maneira possível... se estava
confortável e bem
(PG2)
A acolhida não deve ser vivida como uma condenação porque
não temos outra saída. Devemos viver a acolhida jovialmente como
quem vê no outro um próximo, um companheiro de caminhada,
um irmão e uma irmã
(3)
. Esta acolhida deve ser
demonstrada com
alegria, satisfação e bem querer, como se percebe nas falas:
Senti alegria pois quando percebo que alguém fica em minha
casa é por que se sente bem aqui
(PG3)
Interesse pela pessoa, satisfação, desejos de que a pessoa esteja
bem confortável
(PG4)
O ideal nunca se realiza totalmente. Nem é essa sua função.
Sua função é alimentar o ânimo de sempre melhorar e de nos
orientar na direção de práticas criativas que superem as
convencionais e rotineiras
(3)
. Porém, a busca pelo ideal quando o
desejo de receber alguém se transforma em preocupação, configura-
se em um momento de tensão e desequilíbrio, como se percebe
nesta fala:
É uma constante preocupação em fazer a pessoa se sentir bem,
“como se estivesse em casa”, que não lhe falte nada.
(PG6)
A preocupação com o ideal em receber alguém faz com que o
anfitrião planeje a recepção, pensando em tudo, um verdadeiro
preparo para que tudo ocorra da melhor forma possível, o que
observamos na fala descrita por PG5:
É todo um preparo anterior e uma concentração de energias
para que o “hóspede” sinta-se acolhido, integrante e integrado
nesta situação. Acabo abrindo mão de alguns hábitos, rotinas
na intenção de acolher o outro. Às vezes é cansativo e
dependendo do “hóspede” pode ser frustrante, intenso
(PG5)
O espírito de solidariedade humana e de parentesco com toda a
vida é fortalecido quando vivemos com reverência o mistério da
existência, com gratidão pelo presente da vida, e com humildade
considerando o lugar que ocupa o ser humano na natureza
(3)
.
Sendo o cuidado a essência do trabalho da enfermagem e a
hospitalidade uma atitude que demanda abertura pessoal e abrir
mão de preferências, relaciona-se ainda ao querer bem, ao
acolhimento, a estar aberto, ao aconchego, ao gesto de dar carinho
e afeto, entre inúmeras qualificações, torna-se uma necessidade
relacionar a hospitalidade com a enfermagem.
Hospitalidade e a Hospitalidade e a
Hospitalidade e a Hospitalidade e a
Hospitalidade e a
ee
ee
e
nfermagemnfermagem
nfermagemnfermagem
nfermagem
A enfermagem como uma ciência, arte e profissão cujo objeto
de cuidado é o ser humano apresenta como responsabilidade moral
e ética promover a hospitalidade como forma de expressão de sua
própria essência que é o cuidar de seres humanos. Na Enfermagem,
esta pode ser compreendida como uma:
[...] estratégia que abre a porta para o encontro entre seres
humanos e que permite que os momentos e relacionamentos de
cuidado possam acontecer como objeto da enfermagem
(PG5)
Uma estratégia que pode ser expressa como cuidado em saúde
e enfermagem e que se inicia através do acolhimento do ser humano
que necessita do cuidado em si, estando este doente ou não. Ao
chegar ao serviço de saúde este “ser” encontra um ambiente
diferente da sua convivência, desconhecido e por vezes, hostil e
frio e passa a ser hospedado nas dependências da instituição de
saúde.
Neste sentido, algumas características como a sensibilidade, a
compaixão pelo próximo, a acolhida, o convite para aproximar-se e
entrar, são dimensões da Hospitalidade inerentes aos profissionais
de saúde, em especial aos profissionais da Enfermagem, uma vez
que estes são os primeiros a receberem os pacientes que necessitam
de cuidado. Tais características, ao estarem presentes nos
profissionais de saúde, podem facilitar o momento de interação
entre o profissional-paciente.
As participantes do estudo ao serem questionadas sobre o que
entendiam por hospitalidade na enfermagem revelaram que esta
expressão do cuidado está diretamente relacionada com
“acolhimento”, conforme observado nas seguintes falas:
[...] é acolhimento, é permitir que o outro seja ele mesmo, sinta-
se confortável e cuidado num momento (ou ambiente) que não
é o [...] dele
(PG5)
É saber receber as pessoas, se dócil com as mesmas, fazer as
pessoas sentirem-se bem em sua casa
(PG3)
[...] é ser e estar aberto para receber, acompanhar, ouvir as
pessoas. Preparar e se preparar para cuidar ou oferecer um
ambiente receptivo
(PG7)
A palavra acolhimento, na enfermagem, pode ser definida como
posturas/condutas que o profissional da saúde, em especial, os
profissionais de Enfermagem devem desenvolver no sentido de
compreender e sensibilizar-se com outro, atendendo suas
necessidades e direcionando-as, quando necessário, para outros
locais do sistema de saúde capacitado para resolvê-las
(13)
.
Assim, “acolher” não significa essencialmente resolver por
completo todos os problemas relatados pelo paciente, mas sim
dispensar atenção na relação mediante a escuta sincera, a valorização
das suas queixas e identificação de suas necessidades
(14)
.
A construção do momento de interação/relação, ou seja, de
acolhimento do enfermeiro com o paciente é dinâmico, marcado
por intenções, competências e intersubjetividades
(15)
. Neste
momento, a escuta e o diálogo deve estar presente para que a
interação entre o profissional e o paciente ocorra de forma genuína,
estabelecendo-se assim, uma relação
(14)
.
Portanto, o acolhimento como integrante da hospitalidade, como
expressão do cuidado, concretiza-se no servir ao outro, percebendo-
o nos seus gestos, falas e limitações. Para isso, torna-se fundamental
que os profissionais possuam afinidade e afetividade em relação ao
208208
208208
208
Rev Bras Enferm, Brasília 20Rev Bras Enferm, Brasília 20
Rev Bras Enferm, Brasília 20Rev Bras Enferm, Brasília 20
Rev Bras Enferm, Brasília 20
10 mar10 mar
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10 mar
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REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
REFERÊNCIAS
paciente
(16)
.
Hospedar alguém presume que estejamos dispostos a dividir o
que temos com o outro, mesmo o outro sendo diferente vindo de
outro lugar, de outra cultura, com outros costumes, de outra classe
social ou país. O nosso hóspede passa ser o “estranho” que vem
de longe, de diferentes localidades, culturas e ambientes sociais e
que assim como os outros hóspedes requer empatia, afeto, amor,
ser ouvido, confortado, alimentado, receber confiança, ou seja,
ser cuidado incondicionalmente.
A hospitalidade supõe a superação dos preconceitos e confiança
quase ingênua, mas indispensável para que a hospitalidade e a
convivência sejam verdadeiramente hospitalidade e convivência sem
constrangimento
(3)
.
Ao questionar as participantes sobre a relação da Hospitalidade
com a Enfermagem verifica-se que:
o ser humano que precisa de cuidado, precisa antes de tudo
ser acolhido, e a enfermagem podem fazer parte deste
acolhimento de forma bem simples, pensar como gostaria de
ser cuidado”. Se cada Enfermeiro refletisse sobre isto, o cuidado
seria mais hospitaleiro.
(PG2)
Penso que para uma enfermagem que exerce o cuidado além da
doença, é essencial ter entre suas características principais a
hospitalidade e o cuidado ao ser humano. (
PG6)
Então, para os sujeitos deste estudo a hospitalidade apresenta
relação com a Enfermagem através do cuidado. Cuidar significa
acolher através da inter-relação. Acolher como “eu” enquanto
“cuidador” gostaria de ser cuidado.
CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAISCONSIDERAÇÕES FINAIS
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os profissionais de saúde devem ter no seu perfil a Hospitalidade,
onde o cuidado e o interesse pela busca do bem-estar do ser cuidado
sejam valorizados e representativos nos valores institucionais. O
interesse pelas necessidades apresentadas por quem recebe o
cuidado, o “querer bem”, pode ser identificado nas relações
construídas e desta forma, a hospitalidade assume sua face mais
nobre na moral humana, a de costurar, sedimentar, vivificar o tecido
social e colocar em marcha esse processo sem fim que alimenta o
vínculo humana
(17)
.
As categorias analisadas surgiram, espontaneamente, durante
as discussões em grupo e que, assim como no encontro, várias
respostas preenchidas no instrumento de coleta de dados, se
entrelaçavam/complementavam entre as categorias.
Esta pesquisa aponta a Hospitalidade como um gesto de
acolhimento, abertura, altruísmo, carinho e cuidado, ao mesmo
tempo em que, cada ser humano tem em sua casa, o cenário da
hospitalidade, e tem em sua família o primeiro contato com esta
dimensão da vida em comunidade.
Este estudo demonstrou que o ser humano é único em suas
escolhas, mas quando recebe alguém, não o faz somente em sua
casa, recebe em sua vida, na medida em que troca experiências
convive com diferenças, busca qualificar suas relações. Tal
comportamento configura-se em prática de cuidado, de
acolhimento, de interesse pelo outro.
Para a enfermagem este momento de hospedar, é único, pois
em muitas situações, esta é a última experiência de quem chegou,
tornando-se, portanto, um momento único também para quem se
hospedou.
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17. Vervisti CF, Babinski LR. O papel social do turismo junto aos
idosos asilados - um processo de humanização com
responsabilidade. Caxias do Sul: UCS; 2006.
... São Paulo, volume 16, n.01, p. 109-124, 2019 A hospitalidade é uma das formas de manifestações do cuidado em saúde e é entendida como um conjunto de características qualificadas, humanizadas e acolhedoras, através de olhares amplos voltados ao ser humano. É uma conduta de acolhimento entre seres humanos que buscam serem recebidos com atenção e afeto de forma que ocorra uma relação harmônica entre ambas as partes, além de ser uma atitude que envolve importar-se com o outro sem esperar algo em troca, buscando simplesmente a satisfação e o bem-estar do próximo (BARRA et al., 2010). ...
... Os autores destacam ainda que o Brasil é conhecido como um país hospitaleiro, em decorrência de sua cultura.Quando se acolhe alguém, está-se disposto a dividir o que tens com o outro, mesmo o outro sendo diferente e proveniente de outro lugar, de outra cultura, com outros costumes, de outra classe social ou país. Requer um cuidado incondicional, ou seja, requer empatia, afeto, dar ouvido, conforto, alimentação etc.(BARRA et al., 2010). A hospitalidade ocorre em diversas áreas, como recepção, telefonia, rouparia, lanchonete, etc. Receber informação e saber conduzi-la para melhor atender e acolher, são algumas das características da hospitalidade. ...
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A hospitalidade está ganhando cada vez mais espaço nas instituições que se preocupam com o bem-estar e a satisfação de seus clientes. Este artigo se propõe a contribuir com subsídios para a reflexão sobre a hospitalidade em ambientes hospitalares como fator estratégico, através da busca de documentos científicos e da percepção de gestores hospitalares do Vale do Sinos – RS. Trata-se de um estudo exploratório, descritivo e qualitativo realizado mediante um estudo de caso múltiplo, com aplicação de questionário com questões abertas desenvolvido a partir dos 10 componentes do Planetree. Os hospitais foram selecionados por conveniência e disponibilidade. Adotou-se para a categorização dos resultados, compreender o conceito de hospitalidade por parte dos hospitais, bem como verificar a incidência dos 10 componentes do Planetree, pois estes representam as principais dimensões da hospitalidade. Através da análise dos dados, observa-se que, como um diferencial competitivo, os hospitais ainda não possuem um serviço de hotelaria hospitalar de eficiência. Essas características apresentam-se de forma tímida. A hotelaria hospitalar ainda está em crescimento na maioria dos hospitais, pois é um assunto bastante novo, dessa forma, necessita de maiores reconhecimentos da sua importância dentro das instituições de saúde e do seu impacto positivo proporcionado aos pacientes.
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RESUMO: A mortalidade por doenças crônico-degenerativas mostra uma ascensão progressiva e o câncer é uma das que tem mais afetado a vida do indivíduo negativamente no que concerne aos fatores biopsicossociais. Portanto, objetivou-se analisar as tendências da mortalidade por doenças neoplásicas, segundo sexo, faixa etária e tipo de câncer, no período de 2010 a 2013, na cidade de Maceió, no estado de Alagoas. Realizou-se análise descritiva e quantitativa, por meio de pesquisa exploratória, transversal, epidemiológica e documental, utilizando-se os dados da taxa de mortalidade no estado de Alagoas, especificamente em Maceió, no período de 2010 a 2013, segundo sexo, faixa etária e tipo de câncer. Os dados foram obtidos no banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde e Instituto Nacional do Câncer. Dos 2.756 casos de mortes por câncer investigados em Maceió, no período de 2010 a 2013, verificou-se que a maioria das mortes aconteceu entre as mulheres, representando 1.505 casos, enquanto o número de mortes para o sexo masculino ficou em 1.251 casos. A causa prevalente no sexo feminino foi o câncer de mama, com 264 casos. Já no masculino houve prevalência do câncer de próstata, representado por 198 casos. Em relação à faixa etária, em ambos os sexos, o câncer predominou entre 60 e 69 anos. A partir desses dados sobre a situação da mortalidade por câncer em Maceió, as diferentes esferas do governo podem investir e direcionar os recursos nas ações preventivas e realizar intervenções específicas frente aos casos de neoplasias malignas mais prevalentes no município, de forma a estabelecer prioridades no atendimento dos grupos mais afetados por estas doenças.
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RESUMO: A equipe de enfermagem está sujeita a inúmeros riscos no âmbito da atenção primária. O objetivo do estudo é identificar na literatura os riscos ocupacionais no trabalho de enfermeiros atuantes na atenção. Trata-se de um estudo de revisão bibliográfica com abordagem qualitativa realizado mediante a busca de literaturas científicas encontradas no Portal de Pesquisa da Biblioteca Virtual de Saúde, da Literatura Latino-americanas e do Caribe e na Scientific Electronic Library Online, entre os meses de março e abril de 2016. Os resultados demonstraram que a literatura referente a riscos ocupacionais na atenção primária ainda é escassa. Os riscos de natureza biológica são os mais frequentes na literatura, e os demais riscos aparecem em menor quantidade. É necessário que os profissionais de enfermagem sejam orientados quanto às medidas de prevenção e proteção contra riscos e acidentes laborais através de cursos de reciclagem e educação continuada. UNITERMOS: Atenção primária. Enfermeiros. Riscos ocupacionais.
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RESUMO: Nos últimos anos, tem crescido o interesse em avaliar o uso de medicamentos e os fatores determinantes desta utilização pela população. Este interesse justifica-se pelo consumo crescente de medicamentos nos diferentes segmentos sociais, em que os idosos tornam-se um dos grupos mais vulneráveis. Diante disto, objetivou-se analisar o perfil das publicações sobre uso de fármacos e polifarmácia entre idosos. Utilizou-se o método de Revisão Integrativa da Literatura (RIL), com abordagem qualitativa e quantitativa. Foram identificados 327 artigos, porém, após a aplicação inicial dos filtros, restringiu-se a leitura dos títulos e resumos de apenas 41 publicações. Destas, a partir da aplicação dos demais critérios de exclusão, foram selecionados oito artigos para compor a amostra final desta RIL. O perfil das publicações está totalmente interligado ao conceito e causa da polifarmácia, os impactos da prevalência da polimedicação, ao padrão e categorização de consumo de medicamentos entre idosos e a automedicação. Tanto a presença da polifarmácia quanto o uso de medicamentos inapropriados pelos idosos é realidade na população brasileira, o que é preocupante, pois tornam os idosos mais suscetíveis à morbidade, mortalidade e utilização de recursos do serviço de saúde. Desse modo, é um grande desafio para os profissionais de saúde no Brasil trabalhar na melhoria da qualidade de vida do idoso, incluindo, a promoção do uso racional de medicamentos. Palavras-chave: Idosos. Fármacos. Polifarmácia.
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RESUMO: Objetivo: Avaliar a qualidade de vida de adultos jovens com sobrepeso/obesidade. Método: Trata-se de uma pesquisa do tipo transversal, com abordagem quantitativa e de caráter analítico. Foram incluídos nesta pesquisa os alunos do curso de Fisioterapia, maiores de 18 anos e menores de 35 anos. Foram excluídos da pesquisa: fumantes; portadores de doenças respiratórias e cardíacas; e os que apresentarem comprometimento na marcha. Resultado: Não foram observadas diferenças estatisticamente significantes com relação aos domínios da qualidade de vida entre os grupos eutróficos e sobrepeso/obesidade e entre o sexo masculino e feminino. Conclusão: O presente estudo mostrou que há decréscimo em todos os domínios relacionados ao estado físico e mental da qualidade de vida, porém esses declínios não apresentaram alterações consideráveis. Entretanto, não podemos afirmar que essas alterações no estado nutricional não promovem alterações nas condições de saúde dessas pessoas. Dessa forma, a prevenção é o melhor meio de impedir essa epidemia mundial que tende a tomar proporções cada vez mais alarmantes. Palavras-chave: Adultos jovens. Obesidade. Qualidade de vida.
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Objetivo: identificar quais são fatores de risco para o desencadeamento das doenças alérgicas em adolescentes. Método: pesquisa transversal, descritiva com abordagem quantitativa. Os dados foram coletadas em instituições públicas e privadas das cidades de Cajazeiras-PB e Juazeiro do Norte-CE com adolescentes entre 13 e 14 anos de idade e com aplicação de dois questionários adaptados: o questionário do Estúdio Internacional de Sibilâncias em Lactentes – EISL e o Questionário Padronizado pelo International Study of Asthmaand Allergies in Childhood–ISSAC. Os participantes foram divididos em dois grupos de acordo com a presença de sintomas específicos para asma, rinite e eczema. Resultados: participaram da pesquisa 104 alunos. O estudo mostrou que a alergia com prevalência elevada foi a rinite (49,0%), seguida por asma e rinite (16,3%) com predomínio nos adolescentes de 13 anos (74,1%), do sexo masculino (83,7%). O fator de risco com maior evidencia foi o tabagismo passivo, onde no grupo de pessoas com sintomas específicos, 86,5% disseram que estão nesta condição. Conclusão: o fator de risco com maior significância foi o tabagismo passivo com predomínio no sexo masculino e adolescentes de 13 anos de idade. Palavras chave: Asma. Rinite. Eczema. Agravamento.
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A insuficiência cardíaca (IC) é uma síndrome clínica complexa que compromete a função cardíaca e relaciona-se a um alto índice de complicações, gerando diminuição na expectativa de vida e redução da qualidade de vida. Diante disto, objetivou-se analisar o perfil das publicações sobre qualidade de vida em pacientes com insuficiência cardíaca. O método utilizado neste trabalho foi a Revisão Integrativa da Literatura (RIL), utilizando-se dois Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) associados: qualidade de vida e insuficiência cardíaca. Foram identificados preliminarmente 2.874 documentos e após a aplicação dos filtros, restringiu-se a 14 publicações completas. Constatou-se que o maior número de publicações ocorreu no ano de 2011, disponíveis na Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde e no idioma português. Quanto aos periódicos, os de maiores destaques foram a Fisioterapia e Pesquisa e a Fisioterapia e Movimento. Os estudos, por sua vez, se enquadram nas seguintes categorias: avaliação da qualidade de vida de pacientes com IC, estratégias para alcance da qualidade de vida em pacientes com IC, determinantes de qualidade de vida de pacientes com IC e instrumentos de avaliação da qualidade de vida para pacientes com IC. Mediante os estudos, foi possível visualizar que o enfoque dado ao objeto de estudo variou conforme os autores, contudo, a análise do nível de qualidade de vida do grupo estudado é prevalente. Palavras-chave: Qualidade de Vida. Insuficiência Cardíaca. Perfil.
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A violência é uma das principais causas de morbimortalidade em todo o mundo. Diante disto, objetivou-se identificar a situação do município de Belém, Pará quanto à violência doméstica, sexual e outras violências. Para tanto, foi realizada pesquisa documental com abordagem retrospectiva. A busca por fontes teve como panorama os dados referentes a violência doméstica, sexual e outras violências no município de BelémPA registradas no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Utilizou-se como delimitadores da pesquisa: município, sexo, escolaridade, raça, faixa etária, violência sexual, estupro, psicológica/moral, tortura, assédio sexual, exploração sexual e violência física. Evidenciou-se que a violência prevaleceu entre o sexo feminino (78,96%) com ensino fundamental incompleto entre 5ª a 8ª (18,86%), da raça parda (58,59%) e com faixa etária entre dez a catorze anos (29,71%). Os perfis da violência predominante foram a sexual, atrelada ou não ao estupro, e a física. De acordo com os resultados obtidos e mediante o objetivo proposto, verificou-se que o município de Belém, Pará tem vivenciado graves problemas em relação à violência, principalmente violência sexual. Este quadro demanda a efetivação de estratégias em caráter de urgência, a partir de ações intersetoriais. Palavras-Chave: Violência Doméstica. Violência Sexual. Violência.
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Resumo: O estudo em questão aborda à práxis do profissional de enfermagem considerando a ética profissional da referida profissão ao se deparar com o sofrimento dos pacientes oncológicos em estágio terminal. Tal abordagem requer humanização dos cuidados, passando de uma prática paliativa para uma perspectiva holística e multidisciplinar voltada para uma abordagem biopsicosocioespiritual no intuito de proporcionar ao paciente um tratamento adequado e com melhoria da qualidade de vida. O cuidado torna-se uma categoria que possibilita a inter e a multidisciplinaridade e é em torno dele que o vínculo que extrapola o profissionalismo pode ser estabelecido através da efetivação de medidas que criem possibilidades de interação entre enfermeiro-paciente (afeto) e a promoção do autocuidado. Palavras-chave: Enfermeiro. Pacientes Oncológicos. Cuidados Paliativos. Abordagem Biopsicossocioespiritual. Abstract: The present study deals with the praxis of the nursing professional, considering the professional ethics of this profession when faced with the suffering of oncological patients in the terminal stage. Such an approach requires the humanization of care, from a palliative practice to a holistic and multidisciplinary perspective aimed at a biopsychosocial and spiritual approach in order to provide the patient with adequate treatment and improvement of the quality of life. Care becomes a category that enables inter and multidisciplinarity and it is around it that the link that goes beyond professionalism can be established through the implementation of measures that create possibilities for interaction between nurse-patient (affection) and the promotion of self-care. Introdução Uma certeza que a sociedade contemporânea vivencia cotidianamente e é presente na vida de todo o ser humano é que, 'o mundo mudou'. Consequentemente, essas mudanças contribuíram para que a individualidade emergisse num mundo cada vez mais carente do social, 1 Mestre em Teologia pela Faculdades EST (EST, São Leopoldo/RS, Brasil).
Thesis
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Self-care is not to create coping strategies, but become yourself a political actions subject, that is, the relationship to the world should be based on the reflection on yourself, to know the own abilities and limits to subsequently act in detail over the world. Nurses find barriers to practice their reflection about themselves and self care, especially with regard to hospital care and work in the context of death. Therefore, this study aimed to understand the meaning attributed by nurses about their self-care experiences in their work with patients at risk or in death process, in a hospital department of hematology-oncology. This is a clinical-qualitative study with 06 nurses of the hematology-oncology unit from a university hospital, covering the sectors of chemotherapy clinic and children's hospital. Individual interviews were developed from a structured script, using the theoretical saturation as strategy to delimit the number of participants. This study was approved by the Research Ethics Committee CAAE 40608715.9.0000.5346. Articles 01 and 02 are from theoretical reflections about the themes and Article 03 dealt with a qualitative meta-synthesis that justified the analysis of field results. The categories derived from the data analysis are described and discussed in articles 04 and 05. From the analysis of the results, the importance of working with patients at risk or death process as the nurse anxieties generator was possible to highlight and also how these anxieties may be potential sources of reflection on you. Not find sources of motivation at work or quality of life references, makes it vulnerable nurse suffering at death or in building the relationship with the patient. Hopelessness comes sometimes with such burden that the risk of undermining the own life becomes real. A major reason is the moral pressure that nurses suffer to develop and work with a knowledge-power, which causes anxiety when faced with dying patient, who opens wide his not-knowing. The counterpoint that was perceived is encouraging the speaking and listening this nurse, making it apt to think their practices and develop learning and reflexive strategies to act on their dramas. Thus the nurse can develop a particular way of dealing with suffering and develop own powers, fleeing the moralization of your practice that is constantly imposed on him. From these discussions is possible infer that it is from the factors which cause suffering to the nurse that her reflection process on itself can be started. It can be started as a form of resistance, realizing that something beyond the rigidly systematic process of care can and must be thought of.
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This study aimed the identification of the use of soft technologies in nursing management processes and their interference in care production. It was constituted in a case study case of quality feature and the research subjects were nurses of a public hospital located in a city of Rio Grande do Sul. Data were collected by means of free observation of the nurses' job. In their managing processes, it was identified the use of soft technologies, among them the welcoming, as well as some factors that present it, what makes possible to affirm that, when the nurse uses this technology, he/she produces and promotes care humanization. Descriptors: Nursing care/organization and administration, Nursing services; Aadministration of health services. RESUMEN
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Pesquisa qualitativa, realizada nos meses de abril e maio de 2006, em uma unidade coronariana de um hospital público, especializado em cardiologia localizado na Região Sul do Brasil. Objetivou desenvolver uma proposta de implantação da tecnologia leve (acolhimento) no cuidado ao paciente/família, com diagnóstico clínico de infarto agudo do miocárdio. A construção da proposta foi embasada na percepção do paciente/família que vivenciaram a hospitalização na unidade coronariana. Os atores sociais foram nove pacientes/famílias. Para coletar os dados utilizou-se a entrevista e a observação sistemática. A análise dos dados foi fundamentada na análise de conteúdo. Os resultados destacam duas categorias: percepção paciente/família sobre o infarto; tecnologia de cuidado. Estas categorias favoreceram desenvolver uma proposta para usar a tecnologia leve ao paciente/família. Para o uso efetivo desta proposta é primordial o protagonismo de todos os envolvidos no cuidado em saúde não significando algo estanque, mas o que se pode produzir a partir desta
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Este estudo teve como objetivo analisar a percepção das enfermeiras sobre o significado do processo do cuidar dispensado ao paciente portador de câncer. Utilizou-se a abordagem qualitativa visando a busca da essência, particularidades e singularidades, sendo entrevistadas dez enfermeiras de duas instituições, da cidade de Juiz de Fora, atuantes no diagnóstico e tratamento do câncer. A captação de dados se deu a partir de roteiro semi-estruturado permitindo livres manifestações acerca do tema, gravadas em fita cassete. A análise compreensiva das entrevistas demonstrou a presença de um cuidar holístico e humanizado, o sofrimento e a sensação de impotência das enfermeiras diante da morte, a presença da fé como suporte de seu agir e o interesse em atualizar-se cientificamente e tecnologicamente, porém aponta inconsistências na implementação da Sistematização da Assistência de Enfermagem como estratégia do cuidar. Evidenciam-se vivências do cotidiano profissional perpassadas por características essencialmente femininas na relação estabelecida com a clientela.
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Aborda-se a visão dos usuários sobre fatores que influenciam a qualidade do atendimento em uma unidade de saúde de Porto Alegre, relativos a acesso e a acolhimento. Os dados, coletados através de entrevista semi-estruturada e observação participante, foram tratados mediante análise temática. Os resultados mostram facilidades e dificuldades de acesso geográfico, econômico e funcional. A organização do serviço e a competência profissional determinaram facilidades com relação ao acolhimento, levando à satisfação dos usuários. Má recepção e desempenho profissional insatisfatório foram dificuldades identificadas. Concluiu-se pela necessidade de aumento de profissionais, capacitação para o acolhimento, implantação de modalidade complementar de atendimento odontológico, antecipação da abertura do prédio para marcação de consultas e priorização de atendimento aos moradores da área de atuação.
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Este estudo configura um ensaio teórico-filosófico que teve como objetivo refletir acerca do elemento dialógico no mundo do cuidado de enfermagem, tendo como fundamentação os pressupostos de Martin Buber. Parte-se da compreensão das raízes históricas do conceito de cuidado como algo inerente ao existir do ser humano, chegando a sua vertente expressiva e profissionalizada – o cuidado de enfermagem – e como o diálogo produz, intermedeia e conduz as relações de cuidar. Finaliza-se acreditando que o diálogo precisa ser considerado para além de um mecanismo comunicacional, sendo um carreador de significações e sentimentos ao instaurar o encontro de cuidado em enfermagem. Abstract Resumen Este estudio configura un ensayo teórico-filosófico que tuvo como objetivo reflexionar sobre el elemento dialógico en el mundo del cuidado de Enfermería, teniendo como fundamentos los presupuestos de Martin Buber. Se parte de la comprensión de las raíces históricas del concepto de cuidado como algo inherente al existir del ser humano, llegando a su vertiente expresiva y profesionalizada – el cuidado de Enfermería – y cómo el diálogo produce, intermedia y conduce a las relaciones de cuidar. Se termina creyendo que el diálogo precisa ser considerado más que un mecanismo comunicacional, siendo un acarreador de significaciones y sentimientos al instaurar el encuentro de cuidado en Enfermería.
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Resumo: O artigo trata da possibilidade da prática social do turismo direcionada aos idosos asilados. Apresenta, rapidamente, considerações acerca das concepções de turismo tendo como eixo o projeto Turista Cidadão, concebido em 1999 pelo Porto Alegre Turismo-Escritório Municipal, utilizado neste estudo para direcionar a prática turística proporcionada aos idosos asilados. Objetiva-se, portanto, discutir a possibilidade de inserção e desenvolvimento do turismo com responsabilidade social junto aos idosos asilados, considerando a hospitalidade como elemento humanizador das relações empreendidas para com esse público, normalmente esquecido pela sociedade e pelos poderes público e privado. Palavras-chave: turismo; idoso asilado; Turista Cidadão; hospitalidade. Introdução O turismo vinculado ao lazer pode proporcionar momentos de consumo e alienação aos indivíduos, como também de desenvolvimento pessoal e social. Atendo-se a este enfoque, acredita-se na relevância desta atividade como prática de estudo e pesquisa no âmbito acadêmico, necessária para sua compreensão e melhor desenvolvimento. Aliar a este estudo os idosos torna-se relevante diante do gradual crescimento do contingente populacional de idosos no país, constituindo-se como um elemento de alerta a significativas alterações demográficas e à necessidade de estudos de diferentes áreas do conhecimento, inclusive no que diz respeito ao turismo.
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RESUMO Trata-se de um ensaio sobre a contribuição de Boff para o cuidado na dimensão macro, a partir de sua visão ecológica e micro no cuidado entre os seres humanos.O autor fundamenta o conceito de cuidado em questões teológicas, filosóficas, sociais e místicas, visualizando as relações humanas que perpassam pelas dimensões ecológicas: integral, social e ambiental. Objetiva compreender o cuidado abordado pelo autor para a fundamentação ontológica e epistemológica do cuidado em Enfermagem.O resultado deste, foi um despertar vigilante no sentido de visualizar e implementar estratégias de adaptação à proposta de um novo paradigma que envolve um resgate da essência do ser humano com um modo-de-ser-com-o-mundo que perpassa pelo cuidado. Descritores: Conhecimento; Cuidados de enfermagem; Enfermagem.
Virtudes para um outro mundo possível -Hospitalidade: direito e dever de todos. Petrópolis: Vozes
  • L Boff
Boff L. Virtudes para um outro mundo possível -Hospitalidade: direito e dever de todos. Petrópolis: Vozes; 2005.
Pesquisa social: teoria, método, criatividade. Petrópolis: Vozes
  • Mcs Minayo
Minayo MCS. Pesquisa social: teoria, método, criatividade. Petrópolis: Vozes; 2007.