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Abstract

O presente estudo foi realizado em uma área de ecótono de aproximadamente 30 hectares entre Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófila Mista, localizada na Capela do Calvário, município de Campo Mourão, PR. Para a análise fitossociológica foram selecionados 80 forófitos. No levantamento total foram encontradas 61 espécies, 39 gêneros e 13 famílias de epífitas (10 de Pteridófitas e 51 de Magnoliófitas). As famílias mais ricas foram: Orchidaceae (38%), Bromeliaceae e Polypodiaceae (13%), Cactaceae (11%) e Piperaceae (8%), que juntas compõem 83% das espécies amostradas. Os gêneros Tillandsia (Bromeliaceae) e Peperomia (Piperaceae) foram os mais ricos, com cinco espécies. A anemocoria foi constatada em 67% das espécies e 86% foram classificadas como holoepífitas verdadeiras. Das 61 espécies inventariadas, 43 ocorreram nas áreas de amostragem, sendo cinco em maior freqüência: Microgramma squamulosa, Pleopeltis angusta, Tillandsia loliacea, Tillandsia recurvata e Pecluma sicca. O índice de Shannon (H’) registrado para a área foi de 3,175 e a equabilidade (J) 0,863. Foram encontradas nove espécies epifíticas restritas a apenas um forófito. Microgramma squamulosa foi a espécie mais importante em toda área amostral. O trecho de vegetação em área de interflúvio, por apresentar estágio avançado de desenvolvimento, teve riqueza superior à área de vegetação ribeirinha.
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
Introdução
A importância ecológica do epifi tismo nas comunidades
orestais consiste na manutenção da diversidade biológica
e no equilíbrio interativo: as espécies epifíticas propor-
cionam recursos alimentares (frutos, néctar, pólen, água)
e microambientes especializados para a fauna do dossel,
constituída por uma infi nidade de organismos voadores,
arborícolas e escansoriais (Waechter 1992). As aves também
podem utilizar vários recursos de epífi tas, tais como frutos,
ores, sementes, água, invertebrados, material e local para
nidifi cação (Coelho et al. 2003). As epífi tas podem servir
como indicadores de estágio sucessional da fl oresta, uma
vez que comunidades secundárias apresentam diversidade
epifítica menor do que comunidades primárias (Budowski
1963; 1965 apud Dislich 1996).
Os epífi tos se estabelecem diretamente sobre o tronco,
galhos, ramos ou sobre as folhas das árvores, sendo estas
plantas hospedeiras denominadas de forófi tos (Dislich &
Mantovani 1998). Tem-se observado que as epífi tas apresen-
tam várias adaptações que as capacitam a ocupar o dossel da
oresta. Estas adaptações consideram características como
suporte, hábito de crescimento e formas de obtenção de água,
luz e nutrientes (Benzing 1990).
Além destas adaptações, os epífi tos desenvolvem me-
canismos próprios para sobreviverem às estações mais
secas, podendo captar e reter água em suas estruturas. De
acordo com Benzing (1995), tais mecanismos podem ser:
pseudobulbos (Orchidaceae); suculência de raízes, caules e
folhas (Gesneriaceae, Piperaceae, Cactaceae, Orchidaceae);
velame das raízes, que é um tecido morto que se incha para
reter o excesso de água e reduzir a evaporação (Orchidace-
ae, Araceae); e escamas foliares e cisternas acumuladoras
de água, formadas pelo imbricamento das bainhas foliares
(Bromeliaceae). Já as Pteridófi tas (samambaias e avencas),
de acordo com Rizzini (1997), apresentam uma estratégia
denominada poiquiloidria: podem dessecar a fronde e sub-
sistir com pequena fração de água tomada da atmosfera,
saturam-se prontamente quando chove e prosseguem em
suas atividades vitais até novo dessecamento.
Segundo Kress (1986), as epífi tas estão distribuídas em
84 famílias e representam 10% de toda fl ora vascular, sendo
mais abundantes principalmente nos Neotrópicos.
O estado do Paraná, com apenas 2,5% da superfície
brasileira, detém em seu território a grande maioria das
principais unidades fi togeográfi cas que ocorre no país. Na
região de Campo Mourão as principais formações fl orestais
são a Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófi la
1
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campo Mourão, PR, Brasil
2
Autor para correspondência: henriqueclg@hotmail.com
Composição fl orística e estrutura da comunidade de epífi tas vasculares
em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil
Henrique Cesar Lopes Geraldino
1,2
, Marcelo Galeazzi Caxambú
1
e Débora Cristina de Souza
1
Recebido em 2/04/2009. Aceito em 22/03/2010
RESUMO – (Composição fl orística e estrutura da comunidade de epífi tas vasculares em uma área de ecótono em Campo Mourão, PR, Brasil). O presente
estudo foi realizado em uma área de ecótono de aproximadamente 30 hectares entre Floresta Estacional Semidecidual e Floresta Ombrófi la Mista, loca-
lizada na Capela do Calvário, município de Campo Mourão, PR. Para a análise fi tossociológica foram selecionados 80 forófi tos. No levantamento total
foram encontradas 61 espécies, 39 gêneros e 13 famílias de epífi tas (10 de Pteridófi tas e 51 de Magnoliófi tas). As famílias mais ricas foram: Orchidaceae
(38%), Bromeliaceae e Polypodiaceae (13%), Cactaceae (11%) e Piperaceae (8%), que juntas compõem 83% das espécies amostradas. Os gêneros Tillan-
dsia (Bromeliaceae) e Peperomia (Piperaceae) foram os mais ricos, com cinco espécies. A anemocoria foi constatada em 67% das espécies e 86% foram
classifi cadas como holoepífi tas verdadeiras. Das 61 espécies inventariadas, 43 ocorreram nas áreas de amostragem, sendo cinco em maior freqüência:
Microgramma squamulosa, Pleopeltis angusta, Tillandsia loliacea, Tillandsia recurvata e Pecluma sicca. O índice de Shannon (H’) registrado para a área
foi de 3,175 e a equabilidade (J) 0,863. Foram encontradas nove espécies epifíticas restritas a apenas um forófi to. Microgramma squamulosa foi a espécie
mais importante em toda área amostral. O trecho de vegetação em área de interfl úvio, por apresentar estágio avançado de desenvolvimento, teve riqueza
superior à área de vegetação ribeirinha.
Palavras-chave: Diversidade, Floresta Estacional Semidecidual, Floresta Ombrófi la Mista, epifi tismo, fi tossociologia
ABSTRACT – (Floristic composition and structure of the vascular epiphyte community in a transition area at Campo Mourão, Paraná, Brazil). This study
was conducted in a transition area of approximately 30 hectares between Semideciduous Forest and Araucaria Forest located in the Capela do Calvário,
at Campo Mourão, Paraná. For the phytosociological analysis 80 phorophytes were selected. The survey found 61 species, 39 genera and 13 families of
epiphytes (10 pteridophytes and 51 magnoliophytes). The richest families were: Orchidaceae (38%), Bromeliaceae and Polypodiaceae (13%), Cactaceae
(11%) and Piperaceae (8%), which together make up 83% of the sampled species. Tillandsia (Bromeliaceae) and Peperomia (Piperaceae) were the richest
genera, each with fi ve species. Anemochory was found in 67% of the species and 86% were classifi ed as true holoepiphytes. Of the 61 species listed, 43
occurred in the sample area; the following fi ve had the highest frequency: Microgramma squamulosa, Pleopeltis angusta, Tillandsia loliacea, Tillandsia
recurvata and Pecluma sicca. The Shannon Index (H’) recorded for the area was 3.175 and evenness (J) 0.863. Nine epiphytic species were restricted to
just one phorophyte. Microgramma squamulosa was the most important species over the entire sample area. The vegetation of the interfl uvial area, in an
advanced stage of development, was richer than the riverside vegetation.
Key words: Diversity, Seasonal Semideciduous Forest, Mixed Ombrophilous Forest, epiphytism, phytosociology
470
Geraldino et al.: Spatial-temporal variation in coiled and straight morphotypes of Cylindrospermopsis raciborskii (Wolsz)...
Mista. Segundo Roderjan et al. (2002), nas regiões norte e
oeste do estado e nos vales dos rios formadores da bacia do
Rio Paraná, abaixo dos 800 metros de altitude, defi ne-se a
região com Floresta Estacional Semidecidual. Já na porção
oeste da Serra do Mar, ocupando as áreas planálticas do
estado, situa-se a região com Floresta Ombrófi la Mista
(fl oresta com araucária), ocorrendo entre 800 e 1200 metros
de altitude, podendo eventualmente ocorrer acima desses
limites. Ainda de acordo com Roderjan et al. (2002), na re-
gião oeste do Paraná a Floresta Ombrófi la Mista e a Floresta
Estacional Semidecidual podem ser encontradas na forma
de um ecótono, caracterizado como a interpenetração de es-
pécies características das duas grandes unidades geográfi cas
existentes. Para Odum (1972), ecótono é a transição entre
duas ou mais comunidades diferentes. É uma zona de união
ou um cinturão de tensão que poderá ter extensão linear
considerável, porém mais estreita que as áreas das próprias
comunidades adjacentes. A comunidade do ecótono pode
conter organismos de cada uma das comunidades que se
entrecortam, além dos organismos característicos.
O presente estudo teve como objetivo realizar um levan-
tamento da fl ora epifítica em uma área de ecótono de Floresta
Estacional Semidecidual com Floresta Ombrófi la Mista,
buscando desenvolver e comparar seus respectivos padrões
de diversidade e estabelecer parâmetros fi tossociológicos,
contribuindo para o conhecimento da fl ora local, sobretudo
da comunidade de epífi tas vasculares, uma vez que existem
poucos trabalhos publicados para a região.
Material e métodos
O município de Campo Mourão está localizado na mesorregião Centro
Ocidental do Paraná, compreendido no terceiro Planalto Paranaense entre
as coordenadas 23°/57’/18,26’ a 24°/17’/53,21’ Sul e 52°/32’/41,16’ a
52°/11’/10,36’ Oeste, com média altitudinal de 630 metros (IBGE 1997). A
topografi a é plana e ligeiramente ondulada e pertence à bacia hidrográfi ca do
Rio Ivaí, com seu afl uente mais importante o Rio do Campo (IBGE 1997).
Ocorrem no município diferentes classes de solos, identifi cados como
latossolos vermelhos, nitossolos vermelhos e neossolos litólicos, sendo estes
encontrados em locais de ocorrências do basalto; já nas áreas de ocorrência
do arenito ocorrem os latossolos vermelhos e argissolos (Souza 2003).
O clima, de acordo com a classifi cação climática de Köppen, é classifi -
cado como Cfa: clima subtropical úmido mesotérmico, com verões quentes
e geadas pouco freqüentes, com tendência de concentração das chuvas
nos meses de verão, sem estação seca defi nida, com as seguintes médias
anuais: temperatura dos meses mais quentes superior a 22°C e dos meses
mais frios inferior a 18°C; temperatura média de aproximadamente 20°C;
chuvas variando entre 1.300 e 1.600 mm; umidade relativa do ar 75%;
índice hídrico entre os níveis 20 e 60 e ausência de defi ciência hídrica. Os
ventos predominantes na região são os de quadrante nordeste, apresentando
probabilidade de geadas nos meses de inverno, quando sopram de sul e
sudoeste (Maack 1981).
A cobertura vegetal nativa de Campo Mourão é formada por Floresta
Estacional Semidecidual Montana, Floresta Ombrófi la Mista Montana e
áreas de transição entre as mesmas (Roderjan et al. 2002). Possui também
pequenos fragmentos de Cerrado (Hatschbach & Ziller 1995).
O presente estudo foi desenvolvido em uma propriedade particular
denominada “Capela do Calvário”, localizada aos fundos do Jardim
Tropical II no município de Campo Mourão, PR, com área fl orestal de
aproximadamente 30 hectares (Fig. 1). Seus limites são terrenos agrícolas
cultivados e uma represa no Rio do Campo, que atravessa a propriedade
de sul a norte. Na área da Capela do Calvário podem ser encontradas duas
tipologias vegetais, a Floresta Estacional Semidecidual e a Floresta Ombró-
la Mista. Estas, porém, se apresentam interpenetradas, constituindo uma
área de ecótono, caracterizada pela presença de indivíduos típicos de ambas
as formações. Pode-se observar também a presença de pequenos capões
remanescentes, vegetação de infl uência fl uvial, e alguns sítios em estágio
inicial de regeneração. O solo predominante é latossolo-roxo, existindo
áreas de neossolo fl úvico junto ao rio que corta a área de estudo, além de
áreas com afl oramento de rocha basáltica.
Para o inventário fl orístico dos epífi tos vasculares foram realizadas
excursões semanais durante o período de agosto de 2005 a agosto de 2006
e todos os epífi tos encontrados férteis foram coletados através da escalada
natural do forófi to, com o auxílio de tesoura de poda alta e eventualmente
com uma escada de cinco metros, conjugada a outras técnicas. A observação
visual foi feita com o auxílio de binóculo e o registro do material fotográfi co
com câmera digital. Alguns epífi tos encontrados em estado vegetativo foram
cultivados até apresentarem estruturas férteis e, posteriormente, submetidos
ao processo de herborização. Os forófi tos também foram coletados seguindo
procedimentos usuais em levantamentos fl orísticos (Marchiori 1995; Fidal-
go & Bononi 1989). Todo material foi incluído no acervo do Herbário (HCF)
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Campo Mourão.
As identifi cações foram feitas por meio de bibliografi a especializada, por
comparação e com auxílio de especialistas do Museu Botânico Municipal
de Curitiba (Herbário MBM). Os nomes dos táxons foram verifi cados na
base nomenclatural do Missouri Botanical Garden/W3tropicos (2009). As
Angiospermas foram organizadas segundo o sistema APG-“Angiosperm
Phylogeny Group” (Stevens 2006), as Pteridófi tas seguiram Smith et al.
(2006) e especifi camente para a subtribo Pleurothallidinae (Orchidaceae)
foi seguida a proposta de classifi cação de Pridgeon & Chase (2001, 2002).
Ao todo foram analisados 80 forófi tos, escolhidos aleatoriamente e
divididos em duas áreas amostrais, cada uma com 40 árvores. A primeira,
denominada “vegetação de interfl úvio” trata-se de um ambiente antropizado,
margeado por duas estradas e com alguns indivíduos esparsos de espécies
exóticas plantados no local (Eucalyptus sp.). De maneira geral, é formada
por indivíduos arbóreos com altura superior a 15 metros, bem espaçados
em meio à vegetação rasteira. A segunda área, denominada “vegetação ri-
beirinha” está localizada próxima à margem do rio, sendo um local úmido e
sombreado, com árvores jovens e poucos indivíduos remanescentes. Possui
vegetação mais densa, com algumas clareiras em fase inicial de sucessão.
Os forófi tos foram tomados como unidades amostrais naturais, tendo
sido incluídas apenas árvores com DAP (diâmetro à altura do peito, 1,30
m) mínimo de 10 cm. A contagem dos epífi tos presentes em cada forófi to
foi realizada por meio de inspeção visual, onde se considerou um indivíduo
todas as plantas isoladas e as colônias ou grupos compactos de plantas,
com limites bem defi nidos e distintamente separados de outros, da mesma
espécie. No caso de plantas como Barbosella porschii, Microgramma squa-
mulosa e Peperomia circinnata, as colônias foram separadas em intervalos
de 15 cm e cada intervalo contabilizado como um indivíduo.
A categoria ecológica dos epífi tos foi defi nida de acordo com os critérios
adotados por Benzing (1990), em cinco grupos: holoepífi tas verdadeiras
(plantas que em nenhum momento de sua vida mantêm contato com o solo,
maioria das Orchidaceae); holoepífi tas facultativas (plantas que podem
crescer normalmente sobre o solo ou em árvores, maioria das Bromeliace-
ae) e holoepífi tas acidentais (plantas que, embora não possuam nenhuma
adaptação para o hábito epifítico, podem, ocasionalmente, crescer sobre
outros vegetais) e também hemiepífi tas primárias (espécies que germinam
sobre os forófi tos e posteriormente estabelecem contato com o solo através
de raízes geotrópicas pendentes ou adpressas aos ramos e fustes, como as
gueiras mata-pau, Ficus spp.) e hemiepífi tas secundárias (espécies que
germinam no solo e, posteriormente, estabelecem contato com um forófi to,
perdendo a ligação com o solo por meio da degeneração basal do sistema
radical, como por exemplo, Philodendron entre as Araceae).
Para cada espécie também foi registrada a sua distribuição vertical no
forófi to, sendo este dividido em três partes: a primeira parte o fuste inferior
(do solo até sua metade); a segunda parte o fuste superior (da metade para a
copa) e a terceira parte a copa propriamente dita. Esta avaliação mostra as
estratégias adaptativas desenvolvidas pelas epífi tas em relação à sua posição
no forófi to. De acordo com Benzing (1990), essa distribuição vertical de
epífi tos em variados intervalos de altura decorre de fatores como busca de
luminosidade, umidade e condições do substrato.
A síndrome de polinização seguiu Proctor et al. (1996) e a síndrome de
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
471
dispersão Madison (1977), sendo relatadas apenas por meio de observação,
sem estudos específi cos. Ainda sobre a dispersão, também foram verifi cados
os tipos de diásporos, sendo classifi cados nas seguintes categorias: diás-
poros diminutos (de dimensões próximas ou inferiores a 1 mm) diásporos
planadores (dotados de estruturas para planar) e diásporos carnosos ou
viscosos (frutos indeiscentes).
Para a análise das relações de abundância entre as espécies encontradas
foram utilizados os seguintes parâmetros fi tossociológicos: densidade
relativa (DR), freqüência absoluta e relativa sobre indivíduos forofíticos
(FAI e FRI), freqüência absoluta e relativa sobre espécies forofíticas (FAS
e FRS) e também o valor de importância epifítico (VIE) obtido pela média
das freqüências estimadas. Estes valores foram empregados para o total de
epífi tas amostradas e também para o total de epífi tas de cada área amostral.
A densidade relativa é a proporção do número de indivíduos de
uma espécie em relação ao número total de indivíduos amostrados, em
percentagem (Martins 1993). A ocorrência sobre indivíduos forofíticos
é correspondente à freqüência, sendo as árvores suporte consideradas
como unidades amostrais. Freqüência é defi nida como a probabilidade
de se encontrar uma espécie numa unidade amostral (Chapman 1976). A
ocorrência absoluta sobre espécies forofíticas é dada pelo quociente entre
o número de espécies forofíticas que apresentam a espécie de epífi ta e o
número total de árvores amostradas.
Também foram desenvolvidos alguns parâmetros evidenciando as
ocorrências dos epífi tos nos forófi tos, a partir das médias de ocorrências
de indivíduos epifíticos e espécies epifíticas para cada forófi to, além dos
desvios-padrão e coefi cientes de variação.
O parâmetro de diversidade foi calculado pelo índice de Shannon,
visando o estabelecimento de relações entre riqueza e abundância das
epífi tas com os forófi tos, e também a equabilidade de Pielou, que avalia a
participação proporcional das espécies presentes. As fórmulas empregadas
para estas análises seguiram Waechter (1992) e Dislich (1996).
Resultados e discussão
No levantamento fl orístico foram encontradas 61 espé-
cies de epífi tas vasculares, distribuídas em 39 gêneros e 13
famílias, sendo 10 de Pteridophyta e 51 de Magnoliophyta
(Tab. 1 e Fig. 2).
As famílias com maior riqueza específi ca foram: Orchida-
ceae (38%), Bromeliaceae e Polypodiaceae (13%), Cactaceae
(11%) e Piperaceae (8%), que juntas compõem 83% das
espécies amostradas. Destacaram-se pela riqueza fl orística os
gêneros Tillandsia (Bromeliaceae) e Peperomia (Piperaceae)
com cinco espécies, Acianthera (Orchidaceae) com quatro
espécies e Lepismium (Cactaceae) com três espécies.
A síndrome anemocórica foi detectada em 67% das
espécies, com maior freqüência em Orchidaceae, Pterido-
phyta e a maioria de Bromeliaceae, enquanto a zoocórica
Figura 1. Localização da área de estudo na Capela do Calvário, situada em Campo Mourão, PR. Áreas de amostragem: VI - Vegetação de interfl úvio e VR - Vegetação
ribeirinha. Adaptado de Maack (1950).
472
Geraldino et al.: Spatial-temporal variation in coiled and straight morphotypes of Cylindrospermopsis raciborskii (Wolsz)...
Tabela 1. Epífi tas vasculares encontradas na Capela do Calvário em Campo Mourão, PR, com suas respectivas categorias ecológicas (CE): HLV - holoepífi ta
verdadeira, HLF - holoepífi ta facultativa, HLA - holoepífi ta acidental, HMP - hemiepífi ta primária, HMS - hemiepífi ta secundária; síndromes de polinização (SP):
ANF - anemofi lia, ENT - entomofi lia, ORN - ornitofi lia; síndromes de dispersão (SD): ANE - anemocoria, AUT - autocoria, ZOO - zoocoria; tipo de diásporo (DP):
CAR - carnoso, DIM - diminuto, PLA - planador, VIS - viscoso, IND - indeterminado; (HCF) número de registro no herbário.
FAMÍLIA / ESPÉCIE CE SP SD DP HCF
ARACEAE (1)
Philodendron bipinnatifi dum Schott ex Endl.
HMS ENT ZOO CAR 4676
ASPLENIACEAE (1)
Asplenium scandicinum Kaulf.
HLV - ANE DIM 3648
BROMELIACEAE (8)
Aechmea distichantha Lem.
HLF ORN ANE CAR 2778
Billbergia alfonsi-joannis Reitz
HLV ORN ZOO CAR 3672
Billbergia nutans H. Wendl. ex Regel
HLV ORN ANE CAR 3264
Tillandsia loliacea Mart. ex Schult. f.
HLV ORN ANE PLA 3602
Tillandsia meridionalis Baker
HLV ORN ANE PLA 3608
Tillandsia recurvata (L.) L.
HLV ORN ANE PLA 3674
Tillandsia tenuifolia L.
HLV ORN ANE PLA 3262
Tillandsia tricholepis Baker
HLV ORN ANE PLA 3603
CACTACEAE (7)
Cereus hildmannianus K. Schum.
HLA ENT ZOO CAR 6524
Epiphyllum phyllanthus (L.) Haw.
HLV ENT ZOO CAR 3652
Lepismium crussiforme (Vell.) Miq.
HLV ENT ZOO CAR 3610
Lepismium lumbricoides (Lem.) Barthlott
HLV ENT ZOO CAR 3609
Lepismium warmingianum (K. Schum.) Barthlott
HLV ENT ZOO CAR 2795
Rhipsalis cereuscula Haw
HLV ENT ZOO CAR 3607
Rhipsalis fl occosa Salm-Dyck ex. Pfeiff.
HLV ENT ZOO CAR 3270
COMMELINACEAE (2)
Tradescantia zebrina Heynh.
HLA ENT ZOO DIM 4829
Tradescantia sp.
HLA ENT ZOO DIM -
GESNERIACEAE (1)
Sinningia douglasii (Lindl.) Chautems
HLV ORN AUT DIM 3655
MORACEAE (1)
Ficus adhatodifolia Schott ex Spreng.
HMP ENT ZOO CAR 4058
ORCHIDACEAE (23)
Acianthera aphthosa (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
HLV ENT ANE DIM 4187
Acianthera fenestrata (Barb.Rodr.) Pridgeon & M.W. Chase
HLV ENT ANE DIM 4046
Acianthera violaceomaculata (Hoehne) Pridgeon & M.W. Chase
HLV ENT ANE DIM 4043
Acianthera pubescens (Lindl.) Pridgeon & M.W. Chase
HLV ENT ANE DIM 3675
Anathallis dryadum (Schltr.) F. Barros
HLV ENT ANE DIM 4185
Anathallis linearifolia (Cogn.) Pridgeon & M.W. Chase
HLV ENT ANE DIM 4186
Barbosella porschii (Kränzl.) Schltr.
HLV ENT ANE DIM 3657
Campylocentrum aromaticum Barb. Rodr.
HLV ENT ANE DIM 2717
Campylocentrum burchellii Cogn
HLV ENT ANE DIM 3611
Capanemia micromera Barb. Rodr.
HLV ENT ANE DIM 2712
Cattleya cernua (Lindl.) Van den Berg
HLV ENT ANE DIM 3649
Gomesa lietzei (Regel) M.W. Chase & N.H. Willians
HLV ENT ANE DIM 4423
Gomesa longipes (Lindl. & Praxt.) M.W. Chase & N.H. Williams
HLV ENT ANE DIM 3679
Continua
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
473
FAMÍLIA / ESPÉCIE CE SP SD DP HCF
Lankesterella ceracifolia (Barb.Rodr.) Ames
HLV ENT ANE DIM 1254
Leptotes unicolor Barb. Rodr.
HLV ENT ANE DIM 4045
Maxillaria punctulata Klotzsch
HLV ENT ANE DIM 4404
Miltonia fl avescens Lindl.
HLV ENT ANE DIM 3269
Octomeria sp.
HLV ENT ANE DIM 3676
Pleurothallis sp. 1
HLV ENT ANE DIM 2801
Pleurothallis sp. 2
HLV ENT ANE DIM 3656
Polystachya estrellensis Rchb. f.
HLV ENT ANE DIM 3650
Trichocentrum pumilum (Lindl.) M.W. Chase & N.H. Willians
HLV ENT ANE DIM 3653
Zygostates alleniana Kränzl.
HLV ENT ANE DIM 3604
PIPERACEAE (5)
Peperomia catharinae Miq.
HLV ANF ZOO VIS 3600
Peperomia circinnata Link
HLV ANF ZOO VIS 4168
Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn.
HLV ANF ZOO VIS 2802
Peperomia trineura Miq.
HLV ANF ZOO VIS 4056
Peperomia urocarpa Fisch. & C.A. Mey.
HLV ANF ZOO VIS 3682
POLYPODIACEAE (8)
Campyloneurum nitidum (Kaulf.) C. Presl
HLV - ANE DIM 3651
Microgramma squamulosa (Kaulf.) de la Sota
HLV - ANE DIM 2787
Niphidium crassifolium (L.) Lellinger
HLV - ANE DIM 3678
Pecluma pectinatiformis (Lindm.) M.G. Price
HLV - ANE DIM 3605
Pecluma sicca (Lindm) M.G. Price
HLV - ANE DIM 2811
Pleopeltis angusta Humb. & Bonpl. ex Willd.
HLV - ANE DIM 2718
Pleopeltis squalida (Vell.) de la Sota
HLV - ANE DIM 3273
Polypodium hirsutissimum Raddi
HLV - ANE DIM 3601
RUBIACEAE (1)
Mitracarpus hirtus (L.) DC.
HLA ENT ZOO IND 4050
URTICACEAE (2)
Cecropia pachystachya Trécul
HLA ENT ZOO IND 5469
Urera baccifera (L.) Gaudich. ex Wedd.
HLA ANF ANE CAR 4699
VITTARIACEAE (1)
Vittaria
lineata (L.) Sm.
HLV - ANE DIM 4055
Tabela1. Continuação.
esteve presente em 31% das espécies, com destaque para as
pertencentes às famílias Cactaceae e Piperaceae. Segundo
Fischer & Araujo (1995), as espécies anemocóricas tendem
a habitar a copa do hospedeiro em busca de zonas mais altas,
enquanto que as espécies zoocóricas ocupam estratos de
alturas mais baixas. Sinningia douglasii foi a única espécie
considerada autocórica.
Sobre a distribuição vertical dos epífi tos nos forófi tos
(Tab. 2), 29 espécies ocorreram no fuste inferior, a maioria
pertencente às famílias Cactaceae, Piperaceae, Polypodiace-
ae e algumas espécies do gênero Tillandsia (Bromeliaceae).
Também foi constatado que 39 espécies ocorreram no fuste
superior, sendo que Miltonia fl avescens ocorreu com maior
freqüência nos intervalos de três a cinco metros. Na copa foi
registrada a ocorrência de 37 espécies, a maioria da família
Orchidaceae e o gênero Billbergia (Bromeliaceae).
Com relação às categorias ecológicas, 53 espécies foram
classifi cadas como holoepífi tas verdadeiras (espécies de Orchi-
daceae, Bromeliaceae, Polypodiaceae, Piperaceae e a maioria
das Cactaceae); Aechmea distichantha (Bromeliaceae) foi
considerada holoepífi ta facultativa, pois pode ser encontrada em
hábito epífi tico e terrícola; e cinco espécies foram consideradas
como holoepífi tas acidentais, onde o gênero Tradescantia foi
representado por duas espécies. Ficus adhatodifolia (Morace-
ae) foi a única hemiepífi ta primária registrada e Philodendron
bipinnatifi dum (Araceae) a única hemiepífi ta secundária.
474
Geraldino et al.: Spatial-temporal variation in coiled and straight morphotypes of Cylindrospermopsis raciborskii (Wolsz)...
Para avaliação da diversidade foi utilizado o índice de Shan-
non (H’) onde o valor estimado foi de 3,175 e a equabilidade
de Pielou (J) igual a 0,863. Alguns estudos correlatos realiza-
dos no sul do Brasil apresentam resultados semelhantes aos
encontrados neste estudo, considerando também o número de
espécies (Tab. 3). De acordo com Giongo & Waechter (2004),
as áreas mais ricas estão situadas ao norte e apresentam índices
de diversidade mais elevados por possuírem infl uência tropical.
Por meio dos parâmetros fi tossociológicos das epífi tas
amostradas, podemos observar que Microgramma squamu-
losa foi a espécie mais importante, com valor de importância
epifítico superior a 50% na área de vegetação de interfl úvio
(Tab. 4 – 5). O táxon Pleopeltis angusta ocupou a segunda
posição (42,17% de VIE) e Tillandsia loliaceae e T. recur-
vata ocuparam a terceira posição (ambas com 36,62%). Já
na área de vegetação ribeirinha as espécies mais importantes
foram Microgramma squamulosa (35,48%) e Pleopeltis
angusta (29,36%). Em relação à ocorrência de indivíduos
epifíticos por espécie, a vegetação ribeirinha foi superior à
vegetação de interfl úvio, com exceção de Lepismium war-
mingianum e Leptotes unicolor com maior ocorrência de
indivíduos na vegetação de interfl úvio. Ficus adhatodifolia
e Polypodium hirsutissimum apresentaram a mesma quan-
tidade de indivíduos em ambas as áreas amostrais.
Considerando os valores de importância epifítico das
duas áreas amostrais, podemos destacar 10 espécies que
apresentaram valores superiores a 20%. As famílias Brome-
liaceae e Polypodiaceae foram as mais importantes, sendo
representadas por quatro espécies cada. As outras duas são
das famílias Cactaceae e Piperaceae.
Com relação à distribuição das espécies epifíticas sobre
copas e fustes dos forófi tos. Microgramma squamulosa
destacou-se das demais com valores elevados nos dois seg-
mentos, com 47 ocorrências na copa e 34 no fuste, além de
ser a espécie com maior VIE (Fig. 3). Sobre a ocorrência
nas copas, destacaram-se Pleopeltis angusta, Peperomia
catharinae e Tillandsia tenuifolia com 30, 29 e 28 ocorrên-
cias respectivamente. No fuste o destaque foi para Pleopeltis
angusta, com 32 ocorrências, e Pecluma sicca, com 29.
Das 61 espécies inventariadas na Capela do Calvário,
43 ocorreram nas áreas de amostragem, sendo que cinco
em maior freqüência: Microgramma squamulosa, Pleopeltis
angusta, Tillandsia loliacea, Tillandsia recurvata e Pecluma
sicca. A vegetação ribeirinha apresentou 30 espécies e sete
famílias e vegetação de interfl úvio apresentou 34 espécies
e nove famílias.
Além das espécies epifíticas também foram identifi cados
os forófi tos presentes nas áreas de amostragem (Tab. 6). O
Figura 2. Número de espécies epifíticas por família na área fl orestal da Capela do Calvário em Campo Mourão, PR. Orch (Orchidaceae), Brom (Bromeliaceae), Poly
(Polypodiaceae), Cact (Cactaceae), Pipe (Piperaceae), Comm (Commelinaceae), Urti (Urticaceae), Arac (Araceae), Aspl (Aspleniaceae), Gesn (Gesneriaceae), Mora
(Moraceae), Rubi (Rubiaceae), Vitt (Vittariaceae).
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
475
maior número de plantas epifíticas encontrado em um mes-
mo forófi to foi de 38 indivíduos sobre Cordia americana
(Boraginaceae), a maior riqueza específi ca em um único
forófi to foi 18, encontrada em Sebastiania commersoniana
(Euphorbiaceae). Outros forófi tos apresentaram números
relativamente baixos quanto à quantidade de amostras, como
em Araucaria angustifolia, Campomanesia xanthocarpa,
Chrysophyllum gonocarpum, Eugenia unifl ora e Para-
piptadenia rigida. Também foi constatada a inexistência
de epífi tos em alguns forófi tos com troncos lisos consi-
derados impróprios para o suporte das espécies: Cecropia
pachystachya, Eucalyptus sp., Euterpe edulis e Syagrus
romanzoffi ana.
Algumas espécies tiveram sua ocorrência restrita a
apenas um forófi to, como em Gesneriaceae (Sinningia
douglasii) e muitas Orchidaceae (Acianthera aphthosa,
Acianthera violaceomaculata, Anathallis linearifolia,
Cattleya cernua, Gomesa longipes, Pleurothallis sp. 2,
Polystachya estrellensis e Zygostates alleniana). Já Acian-
thera pubescens, Anathallis dryadum e Pleurothallis sp. 1
foram encontradas em dois forófi tos e Octomeria sp. teve
seu registro em três forófi tos.
Cattleya cernua (Orchidaceae) está incluída na Lista
Vermelha de Espécies Ameaçadas de Extinção no estado do
Paraná, na categoria em “perigo de extinção” (Hatschbach
& Ziller 1995).
Tabela 2. Distribuição vertical das espécies epifíticas da Capela do Calvário em Campo Mourão, PR. Classifi cação da distribuição vertical: FI - fuste inferior, FS -
fuste superior e CP - copa.
Gênero/espécie Distribuição vertical Gênero/espécie Distribuição vertical
FI FS CP FI FS CP
Philodendron bipinnatifi dum
■■
Cattleya cernua
Asplenium scandicinum
■■
Gomesa lietzei
Aechmea distichantha
■■
Gomesa longipes
Billbergia alfonsi-joannis
■■
Lankesterella ceracifolia
Billbergia nutans
■■
Leptotes unicolor
■■
Tillandsia loliacea
■■
Maxillaria punctulata
Tillandsia meridionalis
■■
Miltonia fl avescens
■■
Tillandsia recurvata
■■
Octomeria sp.
Tillandsia tenuifolia
■■
Pleurothallis sp. 1
Tillandsia tricholepis
■■
Pleurothallis sp. 2
Cereus hildmannianus
Polystachya estrellensis
Epiphyllum phyllanthus
■■
Trichocentrum pumilum
■■
Lepismium crussiforme
■■
Zygostates alleniana
Lepismium lumbricoides
■■
Peperomia catharinae
■■
Lepismium warmingianum
■■
Peperomia circinnata
■■
Rhipsalis cereuscula
■■
Peperomia tetraphylla
■■
Rhipsalis fl occosa
■■
Peperomia trineura
■■
Tradescantia zebrina
■■
Peperomia urocarpa
■■
Tradescantia sp.
■■
Campyloneurum nitidum
■■
Sinningia douglasii
Microgramma squamulosa
■■
Ficus adhatodifolia
■■
Niphidium crassifolium
Acianthera aphthosa
Pecluma pectinatiformis
Acianthera fenestrata
Pecluma sicca
■■
Acianthera violaceomaculata
Pleopeltis angusta
■■
Acianthera pubescens
Pleopeltis squalida
■■
Anathallis dryadum
Polypodium hirsutissimum
■■
Anathallis linearifolia
Mitracarpus hirtus
Barbosella porschii
Cecropia pachystachya
Campylocentrum aromaticum
■■
Urera baccifera
Campylocentrum burchellii
Vittaria lineata
Capanemia micromera
■■
476
Geraldino et al.: Spatial-temporal variation in coiled and straight morphotypes of Cylindrospermopsis raciborskii (Wolsz)...
Tabela 3. Riqueza e diversidade de epífi tos vasculares em diversos estudos realizados nos Estados do Paraná e Rio Grande do Sul (Brasil). (S) N° de espécies, (H’)
índice de diversidade de Shannon e (J) equabilidade de Pielou.
Local S H’ J Referências
Faxinal/Torres, RS 93 4,049 0,89 Waechter (1992)
Ilha do Mel, PR 77 3,609 0,784 Kersten & Silva (2001)
Eldorado do Sul, RS 50 3,434 0,878 Giongo & Waechter (2004)
Campo Mourão, PR 61 3,175 0,863 Presente estudo
Osório, RS 53 2,990 0,87 Waechter (1998)
Araucária, PR 51 2,706 0,767 Kersten & Silva (2002)
Maringá, PR 29 1,106 0,824
Dettke et al. (2008)
Tabela 4. Parâmetros fi tossociológicos dos epífi tos. N - número de indivíduos; DR - densidade relativa (%); NI - número de indivíduos arbóreos em que ocorre;
FAI - freqüência absoluta sobre indivíduos arbóreos; FRI - freqüência relativa sobre indivíduos arbóreos (%); NS - número de espécies arbóreas em que ocorre;
FAS - freqüência absoluta sobre espécies de árvores e FRS - freqüência relativa sobre espécies de árvores (%).
Espécie N DR NI FAI FRI NS FAS FRS
Microgramma squamulosa
81 11,98 66 33,83 14,29 24 25,72 9,52
Pleopeltis angusta
62 9,17 49 24,27 10,61 18 22,93 7,14
Pecluma sicca
44 6,50 37 17,64 8,01 11 11,14 4,37
Tillandsia tenuifolia
42 6,21 29 14,11 6,28 12 13,98 4,76
Peperomia catharinae
39 5,77 18 9,02 3,90 13 16,36 5,16
Lepismium crussiforme
36 5,33 12 6,07 2,60 6 6,68 2,38
Tillandsia loliacea
33 4,88 16 7,18 3,46 11 11,14 4,37
Tillandsia recurvata
33 4,88 14 6,76 3,03 9 8,73 3,57
Pleopeltis squalida
30 4,44 16 7,18 3,46 11 11,14 4,37
Tillandsia tricholepis
26 3,85 18 7,49 3,90 10 9,44 3,97
Rhipsalis cereuscula
25 3,70 16 7,18 3,46 10 9,44 3,97
Trichocentrum pumilum
22 3,25 15 6,87 3,25 12 13,98 4,76
Miltonia fl avescens
20 2,96 11 4,93 2,38 10 9,44 3,97
Peperomia tetraphylla
19 2,81 9 4,22 1,95 6 6,68 2,38
Billbergia nutans
18 2,66 14 6,76 3,03 7 7,04 2,78
Tillandsia meridionalis
17 2,51 13 5,81 2,81 8 7,65 3,17
Epiphyllum phyllanthus
14 2,07 13 5,81 2,81 6 6,68 2,38
Lepismium lumbricoides
12 1,78 11 4,93 2,38 9 8,73 3,57
Aechmea distichantha
12 1,78 10 4,55 2,16 6 6,68 2,38
Rhipsalis fl occosa
12 1,78 11 4,93 2,38 4 5,37 1,59
Peperomia trineura
11 1,63 8 3,84 1,73 6 6,68 2,38
Lepismium warmingianum
10 1,48 7 3,49 1,52 5 6,11 1,98
Philodendron bipinnatifi dum
8 1,18 8 3,84 1,73 4 5,37 1,59
Polypodium hirsutissimum
8 1,18 7 3,49 1,52 5 6,11 1,98
Campylocentrum burchellii
7 1,04 4 2,96 0,87 2 3,46 0,79
Capanemia micromera
6 0,89 5 2,67 1,08 3 3,81 1,19
Leptotes unicolor
5 0,74 3 2,17 0,65 3 3,81 1,19
Billbergia alfonsi-joannis
4 0,59 3 2,17 0,65 2 3,46 0,79
Asplenium scandicinum
2 0,30 2 1,63 0,43 2 3,46 0,79
Barbosella porschii
2 0,30 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Campyloneurum nitidum
2 0,30 2 1,63 0,43 2 3,46 0,79
Lankesterella ceracifolia
2 0,30 2 1,63 0,43 2 3,46 0,79
Continua
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
477
Espécie N DR NI FAI FRI NS FAS FRS
Ficus adhatodifolia
2 0,30 2 1,63 0,43 2 3,46 0,79
Campylocentrum aromaticum
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Cecropia pachystachya
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Cereus hildmannianus
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Niphidium crassifolium
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Gomesa longipes
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Acianthera aphthosa
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Pecluma pectinatiforme
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Tradescantia zebrina
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Tradescantia sp.
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
Zygostates alleniana
1 0,15 1 0,88 0,22 1 2,66 0,40
TOTAL 676 100 462 230,37 100 252 297,05 100
Continua
Tabela 4. Continuação.
Tabela 5. Parâmetros fi tossociológicos dos epífi tos por área fl orestal. FA - freqüência absoluta, FR - freqüência relativa (%), VIE - valor de importância epifítico e
(-) espécie que não ocorreu na área.
Vegetação ribeirinha Vegetação de interfl úvio
Espécie
FA FR VIE FA FR VIE
Microgramma squamulosa
29 12,95 35,48 52 11,40 57,70
Pleopeltis angusta
24 10,71 29,36 38 8,33 42,17
Pecluma sicca
18 8,04 22,02 26 5,70 28,85
Tillandsia tenuifolia
19 8,48 23,24 23 5,04 25,52
Peperomia catharinae
18 8,04 22,02 21 4,61 23,31
Lepismium crussiforme
18 8,04 22,02 22 4,82 24,41
Tillandsia loliacea
- - - 33 7,24 36,62
Tillandsia recurvata
- - - 33 7,24 36,62
Pleopeltis squalida
11 4,91 13,46 19 4,17 21,09
Tillandsia tricholepis
- - - 26 5,70 28,85
Rhipsalis cereuscula
11 4,91 13,46 14 3,07 15,54
Trichocentrum pumilum
9 4,02 11,01 13 2,85 14,43
Miltonia fl avescens
5 2,23 6,12 15 3,29 16,65
Peperomia tetraphylla
7 3,13 8,57 12 2,63 13,32
Billbergia nutans
6 2,68 7,34 12 2,63 13,32
Tillandsia meridionalis
7 3,13 8,57 10 2,19 11,10
Epiphyllum phyllanthus
5 2,23 6,12 9 1,97 9,99
Lepismium lumbricoides
- - - 12 2,63 13,32
Aechmea distichantha
4 1,79 4,90 8 1,75 8,88
Rhipsalis fl occosa
- - - 12 2,63 13,32
Peperomia trineura
- - - 11 2,41 12,21
Lepismium warmingianum
6 2,68 7,34 4 0,88 4,44
Philodendron bipinnatifi dum
2 0,89 2,45 6 1,32 6,66
Polypodium hirsutissimum
4 1,79 4,90 4 0,88 4,44
Campylocentrum burchellii
3 1,34 3,67 4 0,88 4,44
Capanemia micromera
- - - 6 1,32 6,66
Leptotes unicolor
4 1,79 4,90 1 0,22 1,11
478
Geraldino et al.: Spatial-temporal variation in coiled and straight morphotypes of Cylindrospermopsis raciborskii (Wolsz)...
Segundo Miller & Warren (1996), o gênero Cattleya
possui cerca de 70 espécies e inúmeras variedades havendo
mais de 100.000 híbridos. Cattleya cernua é bem diferente
das outras porque geralmente é multifl ora. Todas as espé-
cies nativas do Brasil habitam quase que exclusivamente
em fl orestas primárias, em geral acima de 1.200 metros de
altitude até o pico das montanhas mais altas. Na realidade,
é quase consenso em discussão que se espécies deste gênero
estiverem presentes nas árvores, trata-se de uma fl oresta
original ou remanescente da fl oresta primitiva.
Outra espécie que também está ameaçada de extinção
é Billbergia alfonsi-joannis (Bromeliaceae), incluída na
“Lista Ofi cial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçada de
Extinção” (Ministério do Meio Ambiente 2008). A espécie
está enquadrada na categoria “em perigo” nos estados do
Espírito Santo e Santa Catarina, porém, foi encontrada com
freqüência na área de estudo.
Também foram notadas diferenças na composição fl o-
rística da comunidade de epífi tos de acordo com os estágios
sucessionais: a Vegetação ribeirinha apresentou maior núme-
ro de plantas e menor riqueza; já na Vegetação de interfl úvio
a riqueza foi maior, porém o número de indivíduos menor.
Algumas epífi tas investigadas são diagnósticas de fl ores-
tas secundárias, como Campylocentrum burchellii, Leptotes
unicolor, Microgramma squamulosa, Peperomia catharinae,
Pleopeltis angusta, Polypodium hirsutissimum, Tilland-
sia recurvata e Tillandsia tenuifolia, todas consideradas
espécies pioneiras e observadas nas duas áreas de estudo.
Outras epífi tas foram encontradas em locais mais bem con-
servados com presença de árvores remanescentes, como,
Acianthera aphthosa, A. fenestrata, A. violaceomaculata,
Anathallis linearifolia, Asplenium scandicinum, Billbergia
alfonsi-joannis, B. nutans, Cattleya cernua, Maxillaria
punctulata, Niphidium crassifolium, Rhipsalis fl occosa,
Sinningia douglasii e Zygostates alleniana, mais freqüentes
na fl oresta primária.
O estudo sobre a vegetação do estado do Paraná reali-
zado por Maack (1981) apresenta a riqueza da comunidade
de epífi tas vasculares na Floresta Ombrófi la Mista, no qual
Bromeliaceae, Polypodiaceae (lato sensu), Orchidaceae,
Hymenophyllaceae e Araceae foram citadas como as famí-
lias com maior riqueza específi ca. Na Capela do Calvário,
Bromeliaceae, Polypodiaceae e Orchidaceae, também
estão entre as mais abundantes, mas Hymenophyllaceae,
também esperada para este tipo de formação fl orestal, não
foi encontrada. Porém, outros estudos realizados na região
de Campo Mourão registraram a presença de Trichomanes
radicans Sw. (Hymenophyllaceae) em áreas fl orestais dos
municípios de Luiziana-PR (localizado a 30 Km de Campo
Mourão) e Corumbataí do Sul-PR (localizado a 50 Km de
Campo Mourão).
Os resultados obtidos mostram um total de 13 famílias,
onde apenas cinco delas alcançaram 83% do total de espé-
cies (Bromeliaceae, Cactaceae, Orchidaceae, Piperaceae
e Polypodiaceae) e as pteridófi tas contribuíram com 10
espécies. Estes dados podem ser comparados ao estudo de
Borgo et al. (2002), realizado no município de Fênix, que
contempla a mesma microrregião de Campo Mourão. Neste
Vegetação ribeirinha Vegetação de interfl úvio
Espécie
FA FR VIE FA FR VIE
Billbergia alfonsi-joannis
- - - 4 0,88 4,44
Asplenium scandicinum
2 0,89 2,45 - - -
Barbosella porschii
2 0,89 2,45 - - -
Campyloneurom nitidum
2 0,89 2,45 - - -
Lankesterella ceracifolia
2 0,89 2,45 - - -
Ficus adhatodifolia
1 0,45 1,23 1 0,22 1,11
Campylocentrum aromaticum
1 0,45 1,23 - - -
Cecropia pachystachya
1 0,45 1,23 - - -
Cereus hildmannianus
- - - 1 0,22 1,11
Niphidium crassifolium
1 0,45 1,23 - - -
Gomesa longipes
- - - 1 0,22 1,11
Acianthera aphthosa
1 0,45 1,23 - - -
Pecluma pectinatiforme
1 0,45 1,23 - - -
Tradescantia zebrina
- - - 1 0,22 1,11
Tradescantia sp.
- - - 1 0,22 1,11
Zygostates alleniana
- - - 1 0,22 1,11
TOTAL 224 100 274,13 456 100 506,07
Tabela 5. Continuação.
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
479
Figura 3. Distribuição das epífi tas vasculares sobre copas e fustes dos forófi tos da Capela do Calvário em Campo Mourão, PR. O círculo horizontal destaca as maiores
ocorrências de espécies epifíticas no fuste e o círculo vertical as maiores ocorrências na copa.
Tabela 6. Componente arbóreo encontrado na área de amostragem da Capela do Calvário em Campo Mourão, PR. (S) N° de forófi tos; Md. ind. - média de ocorrência
dos indivíduos epifíticos; Md. spp. - média de espécies epifíticas; DP - desvio-padrão; CV % - coefi ciente de variação.
FAMÍLIA/ ESPÉCIE
Formação
orestal
Área
amostral
S
Md.
ind.
DP CV %
Md.
spp.
DP CV %
ANACARDIACEAE
Schinus terebinthifolia Raddi
FOM VRP 2 5 2,12 42,20 2 0,70 35
APOCYNACEAE
Aspidosperma polyneuron Müll. Arg.
FES VRP/ VRM 4 11 3,50 31,81 6 2,21 36,83
AQUIFOLIACEAE
Ilex paraguariensis A. St.-Hil.
FOM/FES VRM 2 4 2,12 53 2 0,70 35
ARAUCARIACEAE
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze
FOM VRP 5 9 3,70 41,11 3 0,89 29,66
ARECACEAE
Euterpe edulis Mart.
FES VRP 1 - - - - - -
Syagrus romanzoffi ana (Cham.) Glassman
FOM/FES VRP 2 - - - - - -
BIGNONIACEAE
Jacaranda puberula Cham.
FOM VRP/ VRM 3 16 5,85 36,56 9 2,51 27,88
Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo
FES VRP/ VRM 2 5 1,41 28,20 2 0,70 35
BORAGINACEAE
Cordia americana (L.) Gottschling & J.S. Mill.
FOM/FES VRP/ VRM 3 29 9,50 32,75 12 3,00 25
Cordia trichotoma (Vell.) Arráb. ex Steud.
FES VRP/ VRM 1 7 - - 4 - -
CANNABACEAE
Celtis iguanaea (Jacq.) Sarg.
FOM/FES VRM 3 15 5,56 37,06 10 3,60 36
Trema micrantha (L.) Blume
FES VRP 2 6 3,53 58,83 2 0,70 35
Continua
480
Geraldino et al.: Spatial-temporal variation in coiled and straight morphotypes of Cylindrospermopsis raciborskii (Wolsz)...
estudo foram constatadas nove famílias, sendo que 75% das
espécies foram representadas por Cactaceae, Orchidaceae,
Piperaceae e Polypodiaceae e as pteridófi tas contribuíram
com nove espécies.
A riqueza investigada neste trabalho segue o padrão
encontrado em diversos estudos envolvendo epífi tos vas-
culares, onde as espécies são agrupadas em poucas famílias
e com destaque para Orchidaceae e Bromeliaceae como as
mais ricas. O número de espécies encontrado foi superior
a muitos estudos realizados em Floresta Estacional Semi-
decidual (Tab. 7). Em relação à riqueza, também foi bem
similar ao estudo de Boelter & Fonseca (2007), onde foram
constatadas 62 espécies em uma Floresta Ombrófi la Mista
no Rio Grande do Sul. Porém, esta riqueza é considerada
baixa se comparada com a maioria dos estudos realizados
em Floresta Ombrófi la Mista: Dittrich et al. (1999) com 74
FAMÍLIA/ ESPÉCIE
Formação
orestal
Área
amostral
S
Md.
ind.
DP CV %
Md.
spp.
DP CV %
EUPHORBIACEAE
Croton fl oribundus Spreng.
FES VRP/ VRM 4 17 4,83 28,41 6 1,63 27,16
Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B. Sm. & Downs
FOM/FES VRP/ VRM 6 26 6,21 23,88 17 4,13 24,29
FABACEAE
Caesalpinia peltophoroides Benth.
EXÓTICA VRM 2 5 2,82 56,40 2 0,70 35
Bauhinia variegata L.
EXÓTICA VRM 1 3 - - 1 - -
Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan
FES VRM 4 8 2,21 27,62 3 0,82 27,33
LAURACEAE
Nectandra grandifl ora Ness & C. Mart. ex Ness
FOM/FES VRP 4 9 2,38 26,44 4 0,96 24
Nectandra lanceolata Nees
FOM/FES VRP 3 11 2,51 22,81 5 1,52 30,40
MALPIGHIACEAE
Malpighia glabra L.
EXÓTICA VRM 1 1 - - 1 - -
MALVACEAE
Ceiba speciosa (A. St.-Hil.) Ravenna
FOM/FES VRP/ VRM 2 6 0,70 11,66 2 0,70 35
Luehea divaricata Mart.
FOM/FES VRP/ VRM 1 1 - - 1 - -
MELIACEAE
Cedrela fi ssilis Vell.
FOM/FES VRP/ VRM 3 13 5,13 39,46 5 1,15 23
MORACEAE
Ficus sp. 1
- VRM 2 19 7,07 37,21 10 2,12 21,20
Ficus sp. 2
- VRM 3 14 4,58 32,71 7 2,08 29,71
MYRTACEAE
Campomanesia xanthocarpa O. Berg
FOM/FES VRM 2 5 1,41 28,20 1 - -
Eugenia unifl ora L.
FOM/FES VRM 1 2 - - 1 - -
Eucalyptus sp.
EXÓTICA VRM 3 - - - - - -
Plinia rivularis (Cambess.) Rotman
FOM/FES VRP 2 2 0,70 35 2 0,70 35
SAPOTACEAE
Chrysophyllum gonocarpum (Mart. & Eichler ex Miq.) Engl.
FES VRP 1 8 - - 6 - -
Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk.
FES VRP 2 13 4,24 32,61 5 1,41 28,20
SALICACEAE
Casearia sylvestris Sw.
FOM/FES VRP 2 16 7,07 44,18 6 2,12 35,33
URTICACEAE
Cecropia pachystachya Trécul
FES VRP 1 - - - - - -
FOM - Floresta Ombrófi la Mista; FES - Floresta Estacional Semidecidual; VRM - Vegetação remanescente; VRP - Vegetação ripária.
Tabela 6. Continuação.
Acta bot. bras. 24(2): 469-482. 2010.
481
Tabela 7. Comparação entre estudos envolvendo epífi tas vasculares na Floresta Estacional Semidecidual (FES) e Floresta Ombrófi la Mista (FOM) nos estados do
Paraná, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Localidade Formação fl orestal Área (ha)
N° de
espécies
Referências bibliográfi cas
Bacia do Rio Iguaçu, Primeiro Planalto Paranaense FOM - 114 Kersten & Kuniyoshi (2009)
Curitiba, PR FOM 97 96 Borgo & Silva (2003)
Parque Barigüi, Curitiba, PR FOM 50 74
Dittrich et al. (1999)
Floresta Nacional de São Francisco de Paula, RS FOM - 62 Boelter & Fonseca (2007)
Capela do Calvário, Campo Mourão, PR FES e FOM 30 61 Presente estudo
Parque Nacional do Iguaçu, PR FES e FOM 17.000 56 **Cervi & Borgo (2007)
Araucária, PR FOM 8,6 51 Kersten & Silva (2002)
Campus II da UFPR, Curitiba, PR FOM 13,9 40
Cervi & Dombrowski (1985), Cervi et al. (1988)
Floresta Nacional de Passo Fundo, RS FOM - 44
Buzzato et al. (2008)
CUASO, São Paulo, SP FES 10,2 37 Dislich & Mantovani (1998)
PEVR, Fênix, PR FES 354 32
Borgo et al. (2002)
Parque do Ingá, Maringá, PR FES 47,3 29
Dettke et al. (2008)
Jaboticabal, SP FES - 12
*Pinto et al. (1995)
* Apenas Magnoliófi tas **Levantamento preliminar
espécies, Borgo & Silva (2003) com 96 espécies e Kersten
& Kuniyoshi (2009) com 114 espécies.
O levantamento preliminar realizado por Cervi & Borgo
(2007) no Parque Nacional do Iguaçu em Foz do Iguaçu, PR,
apresentou grande similaridade com a área fl orestal da Capela
do Calvário em relação aos tipos vegetacionais e a fl orística.
O estudo foi desenvolvido numa área de Floresta Estacional
Semidecidual e Floresta Ombrófi la Mista, sendo esta restrita
a um pequeno trecho do parque. Foram listadas 56 epífi tas,
sendo 20 delas também registradas para Capela do Calvário.
Apesar de não se tratar de um estudo voltado para a
conservação e preservação de plantas, os resultados obtidos
apresentam grande importância para fi ns de conservação
e práticas de manejo fl orestal. As perturbações fl orestais
resultam em impactos signifi cativos sobre a comunidade de
epífi tas vasculares, podendo refl etir nos processos ecológicos
em que participam e também sobre a fauna que depende
destas espécies para sua sobrevivência. É importante des-
tacar que as epífi tas são plantas vulneráveis à degradação
ambiental e muitas espécies podem estar desaparecendo,
ainda sem o conhecimento da ciência. Portanto, sugere-se
o desenvolvimento de iniciativas objetivando a preservação
destes locais, mesmo que sejam pequenos fragmentos, e até
mesmo a reprodução de epífi tas com intuito de amenizar os
riscos de extinção.
Agradecimentos
A diretoria do Ministério Capela do Calvário por terem cedido á área para
este estudo, aos professores Dr. Marcelo Galeazzi Caxambú e Drª. Débora
Cristina de Souza pela orientação, aos amigos André Aparecido Machado e
Ronaldo César Ferreira pelo apoio nas excursões, à equipe do Herbário da
Universidade Tecnológica Federal do Paraná, campus Campo Mourão (HCF)
e do Museu Botânico de Curitiba (MBM) pelo auxílio nas determinações.
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Versão eletrônica do artigo em www.scielo.br/abb e http://www.botanica.org.br/acta/ojs
... A riqueza de espécies de samambaias epífitas encontrada na área de estudo está de acordo com os valores encontrados em outros estudos (p.ex. Bataghin et al., (21) 6 espécies; Geraldino et al., (22) 10 espécies), embora alguns trabalhos tenham encontrado valores maiores de riqueza (p.ex. Também foram registrados maior número de espécies de samambaias epífitas em um único tipo de planta hospedeira, como no caso de Alsophila setosa Kaulf. ...
... (20,34,35) O número de famílias registrado está de acordo com outros estudos similares (p.ex. 6 famílias; (21) 2 famílias; (22) 7 famílias; (23) 3 famílias; (24) 6 famílias, (25) incluindo Lycopodiaceae, 2 famílias (33) ), embora a maioria destes estudos tenha tratado de epífitos vasculares em geral, incluindo demais grupos taxonômicos e não especificadamente samambaias. Neste sentido, todos os estudos acima citados (exceto (23) ) encontraram Polypodiaceae como as samambaias epífitas melhor representadas. ...
Article
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Os epífitos desempenham importantes funções ecológicas, e em particular as samambaias, mostram uma diversidade significativa em ambientes florestais, ocupando microambientes específicos e diversos. A diversidade de samambaias epifíticas no estado do Paraná ainda é relativamente pouco conhecida. A região de Paula Freitas, em particular, não apresenta estudos específicos para este grupo de plantas. Neste sentido, o presente estudo teve por finalidade avaliar a riqueza de espécies de samambaias epífitas em regiões de trilhas no Parque Municipal Guairacá em Paula Freitas, Paraná. Foram registradas 10 espécies distribuídas em oito gêneros e quatro famílias. A família Polypodiaceae foi a mais rica na área avaliada (oito espécies), reflexo das características morfoanatômicas comuns às espécies da família. Os resultados encontrados contribuem com o reconhecimento das características florísticas e ecológicas de samambaias epífitas ocorrentes no estado do Paraná
... A localização das epífitas nas copas das árvores representa uma grande dificuldade de acesso para seu estudo, requerendo técnicas e equipamentos específicos para escalar até o dossel onde habitam, além de muitas espécies serem extremamente pequenas e com estruturas reprodutivas efêmeras, fatores que certamente contribuem para a baixa quantidade de estudos quantitativos deste grupo (KERSTEN, 2013). KUNIYOSHI; RODERJAN, 2009;GERALDINO et al., 2010;WAECHTER, 2011a) 3) fuste alto -último 1,3 m antes do ponto de inversão morfológica (início da copa); 4) copa interna -terço (1/3) interno da copa; 5) copa média -terço (1/3) intermediário da copa; 6) copa externa -terço (1/3) externo da copa. ...
Article
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Foi realizado o levantamento florístico e fitossociológico do componente epifítico vascular de um fragmento de Floresta Ombrófila Mista no município de Curitiba. Para amostragem fitossociológica, foram selecionados 20 forófitos, que foram divididos em 6 zonas ecológicas, sendo atribuídas notas referentes à dominância e à cobertura das espécies em cada zona. O valor de importância ecológica (VIE) foi calculado com base nos valores relativos de frequência, cobertura e dominância. Foram encontradas 80 espécies vasculares, 51 gêneros e 22 famílias. Orchidaceae foi a família de maior riqueza com 26 espécies (32,5%), seguida de Polypodiaceae com 12 (15%). Os gêneros mais ricos foram Acianthera com 6 espécies (7,5%) e Pleopeltis com 5 (6,3%) cada. No levantamento fitossociológico foram registradas 51 espécies e 17 famílias. O índice de Shannon (H’) estimado para a amostragem foi de 3,63 nats.ind-1 e a equidade (J’) foi 0,92. A maior parte das espécies (75%) são holoepífitos característicos, já os hemiepífitos e epífitas efêmeras foram pouco expressivos, com apenas 11,3% e 5%, respectivamente. As espécies com maior importância estrutural somaram 78,8% do VIE. Microgramma squamulosa e Lepismium warmingianum foram as mais importantes da comunidade, com VIE superior a 7% cada, já Campyloneurum nitidum foi a mais importante apenas na zona da base do fuste. Quatro famílias se destacaram: Polypodiaceae com VIE de 28,2%, Bromeliaceae com VIE 19,8%, Cactaceae com VIE 19,2% e Orchidaceae com VIE 17,3%, somando 84,6% do VIE. A maior parte dos registros ocorreu nas classes de cobertura 0-5 e 6- 10%, que somam 94,9% dos registros. Com relação à dominância, 87,1% dos registros de epífitas receberam nota 1 ou 2 (porte e biomassa reduzidos) e apenas 2,8% receberam nota 9 ou 15 (porte e biomassa expressivos) com destaque para Heptapleurum arboricola, espécie exótica invasora. Conclui-se que a comunidade epifítica apresentou elevada diversidade e riqueza, além de estrutura fitossociológica bem desenvolvida. A copa média e interna foram as zonas da árvore com maior diversidade e estrutura mais desenvolvida.
... Anemochory as the main dispersal syndrome is an expected pattern (Benzing 1990;Geraldino et al. 2010;Barbosa et al. 2015), considering the distribution of the plants on phorophytes (Madison 1977) and is influenced in the present study by the high number of orchids, ferns, and bromeliads of the genera Tillandsia and Vriesea. ...
Article
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Studies conducted on vascular epiphytes in Minas Gerais have revealed high richness in the seasonal semi-deciduous forests (SSF) in comparison with those of other Brazilian states. This study aimed to present a vascular epiphyte checklist of the Serra do Relógio (SR) in the Atlantic Forest of Minas Gerais, in order to analyze the similarity between two areas in different altitudes, as well as to discuss the high richness recorded for this synusia in the SSFs of this state. The survey was performed in two conservation units (CUs) apart from each other approximately 6 km and with elevations varying between ~500 and 1,434 m. The data were obtained from published articles and fieldwork performed between the years 2016 and 2019. We recorded 158 species distributed in 76 genera and 22 families. This richness is greater than those found in some ombrophilous forests, which was an unexpected result due to the high moisture of this phytophysionomy. Although approximately 66% of the species found in the SR are anemochoric and the compared CUs are geographically close, the similarity was only 22%, suggesting that the difference in altitude between the areas and the history of use can impose filters that influence the floristic composition of each one area. These results highlight the importance of preserving the forest remnants in Brazil and creating and maintain CUs to protect them.
... amostrou as matas de galeria inundáveis dos córregos Onça e Riacho Fundo, localizados no DF, e verificou que Orchidaceae, Polypodiaceae e Bromeliaceae também foram as mais representativas.Kersten et al., 2009;Petean, 2009; Bataghin et al., 2010;Geraldino et al., 2010; Blum et al., Vanilla chamissonis não é HV, sendo pertencente à categoria das HMS. As outras duas representantes das HMS são as espécies de Araceae (Philodendron bipinnatifidum e P. das espécies desta família também se comportaram como hemiepífitas. ...
Article
As epífitas vasculares contribuem substancialmente na diversidade da flora global,representando cerca de 10% das espécies de plantas vasculares. Foi realizado levantamento da comunidade epifítica de 50 forófitos na mata de galeria da Reserva Biológica do Guará, onde foram registradas 21 espécies, distribuídas em 18 gêneros e seis famílias. Na maioria das observações, foram visualizadas de dois a cinco indivíduos ou pequenos agrupamentos desses organismos vegetais. Orchidaceae obteve maior destaque na comunidade (nove espécies). As epífitas tiveram preferência pela copa (62,4%) e 71,4% delas foram categorizadas como Holoepífitas Verdadeiras. Tillandsia tenuifolia (Bromeliaceae) obteve o maior valor de importância epifítico (16,31%), seguida por Isabelia violacea (Orchidaceae) (10,42%) e Pleopeltis minima (Polypodiaceae) (9,79%). Não foi constatada nenhuma relação de preferência entre espécie epifítica e espécie forofítica.
... If considering the non-accidental species, we recorded 64 species (in approximately 17 ha sampled). This value is relevant, even if compared with several seasonal semi-deciduous forest remnants of South America presenting different extensions and distinct conservation levels (Dislich and Mantovani 1998;Borgo et al. 2002: Dettke et al. 2008Bataghin et al. 2010;Geraldino et al. 2010;Kersten and Rios 2013;Perleberg et al. 2013;Barbosa et al. 2014;Couto et al. 2016;Marcusso and Monteiro 2016;Marcusso et al. 2016;Marques 2016;Bataghin et al. 2017;Santana et al. 2017) with richness varying from 21 to 91 species (nine of them with less than 60 species) (see Table S4). ...
Article
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Urbanization is a disturbance process that can select species and result in biodiversity homogenization. Despite this, urban green areas shelter nature and are also important to human welfare. Epiphytes are an important functional group present in such areas, that are rarely studied. We evaluated the vascular epiphytic component in 26 urban green areas in the Brazilian Atlantic Forest and tested hypotheses related to the anthropogenic disturbances: 1) the community of epiphytes in urban green areas presents low richness and diversity of species; 2) there is low beta diversity due to flora homogenization represented by a reduced set of more tolerant species to disturbance. A total of 2288 trees (1563 representing phorophytes) and 110 epiphytic species were sampled. Six species were dominant, resulting in low diversity values, but some green areas had relatively high richness. The similarity found between the majority of the sampled areas suggests that epiphytic flora is subject to homogenization due to environmental filters. We found a high richness of species without adaptations to the epiphytic lifeform (accidental epiphytes) (42% of total sampled). Some results suggest that more comprehensive ecological and/or floristic studies about the epiphytes in the urban environment are necessary, such as Orchidaceae as the second richest family (since it is often poor in urban areas). More information about the species distribution patterns are necessary, both regarding the anthropized environments and the relationships with exotic or native phorophytes, as well as to enhance the knowledge of the ecological functions played by the epiphytes in these places. https://rdcu.be/b9feH
... A final data set used in our analysis was published by Geraldino et al. (2010). They report about 700 epiphytes in 37 species from a 30 ha transition area between semi-deciduous forest and Araucaria forest near Campo Mourão, Paraná. ...
Article
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Vascular epiphytes form a diverse group of almost 30 000 species, yet theory concerning their community structure is still largely lacking. We therefore employed the simplest models of biodiversity, (near‐)neutral models, to generate hypotheses concerning their community structure. With recently developed tools for (near‐)neutral models we analyzed species abundance data from many samples in Central and South America which we divided into four metacommunities (Mesoamerica, Central America, Amazonia and Paraná), where for each metacommunity we considered two subsets differing in dispersal syndrome: an animal‐dispersed guild and a wind‐dispersed guild. We considered three models differing in the underlying speciation mode. Across all metacommunities, we found observed patterns to be indistinguishable from patterns generated by neutral or near‐neutral processes. Furthermore, we found that subdivision in different dispersal guilds was often supported, with recruitment limitation being stronger for animal‐dispersed species than for wind‐dispersed species. This is the first time that (near‐)neutral theory has been applied to epiphyte communities. Future efforts with additional data sets and more refined models are expected to further improve our understanding of community structure in epiphytes and will have to test the generality of our findings. This article is protected by copyright. All rights reserved.
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The soils of the Amazon region, despite being under one of the densest forests in the world, are mostly characterized by low nutrient availability, with litter being the main nutrient input route. The present work aimed to evaluate the litter decomposition in forest, Cerrado and Cerradão environments in the Amazon. The litter decomposition rate was estimated by mass loss analysis using litter bags. The collections were performed at intervals of 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270 and 300 days, with four replications. Once collected, the material contained in each litter bag was placed to dry to obtain the dry mass. And so, the remaining mass percentage, the decomposition rates (k) and the half-life time (t1/2) are estimated. During the studied period, the Cerrado environment presented the lowest constant k (0.0017 g g-1 day-1) and consequently longer half-life (407 days). The monthly deposition in Cerrado input ranged from Mgha-1mother1 (June to September). Among the evaluated environments, the forest presented the highest decomposition speed and Cerrado presented the lowest one. It was evidenced that the decomposition process for all studied environments occurred with greater intensity in the rainy season.
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_______________________________________________________________________________________ Resumo Decomposição de serapilheira foliar em ambientes de cerrado, cerradão e floresta na Amazônia, Brasil. Os solos da região amazônica, apesar de estarem sob uma das florestas mais densas do mundo, são caracterizados, na sua maioria, pela baixa disponibilidade de nutrientes, sendo a serapilheira a principal via de entrada de nutrientes. O presente trabalho objetivou avaliar a decomposição da serapilheira em ambientes: floresta, cerrado e cerradão na Amazônia. A estimativa da taxa de decomposição da serapilheira foi feita pela análise de perda de massa utilizando-se litter bags. As coletas foram realizadas nos intervalos de 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270 e 300 dias, com quatro repetições. Após coletado, o material contido em cada litter bag foi colocado para secar para a obtenção da massa seca. E assim, estimados o percentual de massa remanescente, as taxas de decomposição (k) e o tempo de meia-vida (t1/2). Ao longo do período estudado, o ambiente de cerrado foi o que apresentou menor constante k (0,0017 g g-1 dia-1) e consequentemente maior tempo de meia vida (407 dias). Dentre os ambientes avaliados, a floresta apresentou maior velocidade de decomposição e o cerrado a menor. Ficou evidenciado que o processo de decomposição para todos ambientes estudados ocorreu com maior intensidade no período chuvoso. Palavras-chave: Ciclagem de nutrientes; Fertilização natural; Matéria orgânica. Abstract The soils of the Amazon region, despite being under one of the densest forests in the world, are mostly characterized by low nutrient availability, with litter being the main nutrient input route. The present work aimed to evaluate the litter decomposition in forest, Cerrado and Cerradão environments in the Amazon. The litter decomposition rate was estimated by mass loss analysis using litter bags. The collections were performed at intervals of 30, 60, 90, 120, 150, 180, 210, 240, 270 and 300 days, with four replications. Once collected, the material contained in each litter bag was placed to dry to obtain the dry mass. And so, the remaining mass percentage, the decomposition rates (k) and the half-life time (t1/2) are estimated. During the studied period, the Cerrado environment presented the lowest constant k (0.0017 g g-1 day-1) and consequently longer half-life (407 days). The monthly deposition in Cerrado input ranged from Mgha-1 mother 1 (June to September). Among the evaluated environments, the forest presented the highest decomposition speed and Cerrado presented the lowest one. It was evidenced that the decomposition process for all studied environments occurred with greater intensity in the rainy season.
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Considerando a importância ecológica das epífitas vasculares e a escassez de estudos em áreas verdes urbanas, objetivou-se avaliar a flora epífita através do estudo da composição florística e sua estratificação vertical na praça Barão de Ayuruoca, no município de Mar de Espanha, Minas Gerais. Os parâmetros calculados foram frequências relativa e absoluta, índice de diversidade de Shannon (H’) e uniformidade de Pielou (J). Foram registradas 49 espécies distribuídas em 17 famílias nas 229 árvores amostradas. As famílias mais ricas encontradas foram Bromeliaceae (nove espécies), representando 52% das ocorrências e Polypodiaceae (sete espécies) e 33% das ocorrências. As espécies mais frequentes foram Tillandsia recurvata e T. tricholepis (Bromeliaceae) encontradas em 186 e 182 forófitos, respectivamente e Pleopeltis pleopeltifolia (Polypodiaceae) em 144. A maioria das espécies se enquadrou na categoria epífita acidental (18 espécies) e a maioria das ocorrências foi na copa das árvores. Desse modo, os resultados reforçam a capacidade de algumas espécies de Bromeliaceae e Polypodiaceae ocorrerem em ambiente com intervenção humana, além da provável interferência da perturbação antrópica nas categorias ecológicas (onde se destacam as espécies acidentais) e estratificação (com maior ocorrência na copa das árvores).
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The aim of this work was to evaluate the epiphytic flora of an urban green area, taking into account its ecological importance and the scarcity of studies of the group in the urban environment. We evaluated the floristic composition and vertical stratification of vascular epiphytes in trees of the square Barão de Ayuruoca, in the municipality of Mar de Espanha, Minas Gerais. The calculated parameters were relative and absolute frequencies, Shannon diversity index (H') and Pielou evenness (J). We found 49 species distributed in 17 families in the 229 sampled trees. The richest families found were Bromeliaceae (nine species) and 52% occurrences and Polypodiaceae (seven species) and 33% occurrences. The most frequent species were Tillandsia recurvata and T. tricholepis, respectively found in 186 and 182 phorophytes, and Pleopeltis pleopeltifolia (Polypodiaceae) in 144. Most of species were classified as accidental holoepiphyte (18 species) and the majority of occurrences was in the crown of the trees. Thus, the results of this work reinforce the ability of species of Bromeliaceae and Polypodiaceae to occur in an environment with anthropic intervention, besides the probable interference of anthropic disturbance in the ecological categories, where the accidental species stand out.
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Two of us found some years ago that Phloeophila nummularia, type species of the genus Phloeophila, was placed in amolecular phylogentic study in Pabstiella. In this article, we show with the inclusion of new sequences of Phloeophila that this result was not correct. Phloeophila forms a unique clade in Pleurothallidinae and is not closely related to Pabstiella. In addition, the exclusion of three species, one transferred to Dryadella and two others to Acianthera, is proposed.
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Nomenclatural changes are made in order to place within Stelis a series of species that belong to it in the sense of Genera Orchidacearum, and without previous available names in that genus. New species, names and combinations are proposed, a short discussion for the reasoning is given.
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Vascular epiphytism is essentially a subtropical/tropical phenomenon, but often a highly significant one in humid regions. In addition to being notably influential where they occur abundantly, many epiphytes display biology consonant with climates that slow photosynthesis and substrates that impose high mortality. The most specialized species compensate for their lack of access to earth soil with devices and mechanisms that in the case of nutrition often involve joint enterprise between plants and symbionts, particularly ants. The vascular epiphytes also exhibit well-developed capacities to tolerate drought and avoid photo-injury, sometimes demonstrating more competence in these performances than circumstances seem to warrant. Most of the adaptations that foster epiphytism also occur among terrestrial flora, and many of them are broadly homoplasious. Biological novelty, in so far as it distinguishes the epiphytes, seems to involve resource acquisition, the use of fauna in this endeavor, and unusual structure and function that promote high material economy biased to favor reproduction. Growing conditions in the canopies that epiphytes inhabit range from relatively permissive to intolerable for higher plants. Epiphytes that occur where canopy-based substrates and climate most severely challenge the capacities of vascular plants to maintain populations belong to few families. These mostly bromeliads and orchids succeed because they possess features that maximize material economy and promote exceptional access to scarce resources. The ferns that root alongside them do so in part because they can also tolerate desiccation lethal to most vascular plants.
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Este trabalho trata do levantamento das especies de epifitas da Reserva da Cidade Universitaria "Armando de Salles Oliveira", em Sao Paulo, SP, aqui consideradas como plantas vasculares usualmente encontradas sobre outras, sem parasita-las, durantealguma fase do ciclo de vida. O local de estudos (aproximadamente46o43'W, 23o33'S) e uma ilha de mata secundariaem ambiente urbano e representa uma das poucas areas cobertas por florestas na regiao, tendo pouco mais de 10 ha. O clima e do tipo Cwa de Koppen, com precipitacao media anual de 1207mm. As familias de epifitas representadas sao Polypodiaceae (9 especies), Bromeliaceae (8), Orchidaceae (6), Moraceae (4), Araceae (4), Cactaceae (3), Piperaceae (1), Blechnaceae (1) e Araliaceae (1), totalizando 37 especies pertencentes a 20 generos. Tres delas sao exoticas: Schefflera actinophylla (Araliaceae), Ficus microcarpa (Moraceae) e Philodendrou erubescens (Araceae). Sao apresentadas descricoes das familias, generos e especies; uma chave para identificacao das especies baseada exclusivamente em caracteres vegetativos; chaves de identificacao para os generos e especies de cada familia, assim como comentarios sobre a fenologia, distribuicao geografica e ecologia das especies. A maioria delas apresenta ampla distribuicao geografica. Estao representadas todas as principais formas de vida epifiticas conhecidas.