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Homeopatia: prática médica coadjuvante [Homeopathy: coadjutant medical practice]

Authors:
  • University of São Paulo, School of Medicine

Abstract

Considering that in the homeopathic conception, the binomial health-disease encompasses several aspects of human individuality, choice of the medication should include the patient's psychic, emotional, general and physical characteristics. In this process of "individualization of medication", understanding the human complexity demands time and dedication to finding the satisfactory reply after a variable number of attempts. Acting as coadjutant to other medical practices, the homeopath should be aware that he may only interrupt administration of the allopathic drugs necessary for maintenance of the patient's integrity when he is assured of the substitutive action of the homoeopathic medication chosen. This way, the Hippocratic aphorism primo non nocere will be fulfilled. RESUMO: Em vista do binômio saúde-doença da concepção homeopática abranger aspectos diversos da individualidade humana, a escolha do medicamento deve englobar as características psíquicas, emocionais, gerais e físicas do paciente. Neste processo de “individualização do medicamento”, o entendimento da complexidade humana exige tempo e dedicação, encontrando a resposta satisfatória após um conjunto variável de atuações. Atuando de forma coadjuvante às demais práticas médicas, o médico homeopata deve ter consciência de que poderá suspender os medicamentos alopáticos necessários à manutenção da integridade do paciente tão somente quando tiver certeza da ação substitutiva do medicamento homeopático escolhido. Deste modo, estará cumprindo o aforismo hipocrático primo non nocere.
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Prática
Clínica
Na
arte da significação (semântica),
estudamos as mudanças ou
as transições sofridas pelas palavras em seus significados, ao longo
do tempo e do espaço. No intuito de caracterizar a homeopatia
como modelo terapêutico para o tratamento das enfermidades
humanas, inúmeros adjetivos são-lhe atribuídos: medicina alterna-
tiva, complementar, não-convencional, coadjuvante, integrativa,
etc. Nestas acepções imputadas ao modelo homeopático, importa
entendermos o conceito ou a noção do que os termos expressam
ou exprimem, pois representam o papel que o agente da ação
(médico homeopata) deverá desempenhar quando assumir tal ou
qual atribuição.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), “os termos
‘complementar’ e ‘alternativa’ (e, às vezes, também ‘não-conven-
cional’ ou ‘paralela’) são utilizados para referir-se a um amplo grupo
de práticas sanitárias que não fazem parte da tradição de um país, ou
não estão integradas em seu sistema sanitário prevalente”, estando
a homeopatia encaixada nesta classificação
1
.
Dentro de uma conotação terapêutica, o adjetivo “alternativo”
significa “o que se diz ou faz com alternação” ou “que vem ora um,
ora outro”, descartando a freqüente atuação da homeopatia de
forma concomitante a outras práticas médicas. A denominação
“complementar” também não condiz com a atuação desta prática no
tratamento das enfermidades humanas, pois significa “que serve de
complemento” ou “que sucede ao elementar”, em contradição às
evidências clínicas que apontam para a resolutividade de diversos
problemas de saúde tratados exclusivamente pela homeopatia.
Assim como para outras formas de tratar distintas das empregadas
comumente pelo modelo tradicional, o termo “não-convencional”
HOMEOPHOMEOP
HOMEOPHOMEOP
HOMEOP
AA
AA
A
TIATIA
TIATIA
TIA
: :
: :
:
PRÁTICAPRÁTICA
PRÁTICAPRÁTICA
PRÁTICA
MÉDICAMÉDICA
MÉDICAMÉDICA
MÉDICA
COADJUVCOADJUV
COADJUVCOADJUV
COADJUV
ANTEANTE
ANTEANTE
ANTE
M
ARCUS
Z
ULIAN
T
EIXEIRA
Trabalho realizado pela Disciplina “Fundamentos da Homeopatia” da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
*Correspondência
Rua Teodoro Sampaio, 352/128.
Cep: 05406-000. São Paulo/ SP.
Tel.: (11) 3083-5243
Fax: (11) 3082-6980
marcus@homeozulian.med.br
RESUMO
Em vista do binômio saúde-doença da concepção homeopática abranger aspectos diversos da individualidade humana, a
escolha do medicamento deve englobar as características psíquicas, emocionais, gerais e físicas do paciente. Neste processo
de “individualização do medicamento”, o entendimento da complexidade humana exige tempo e dedicação, encontrando
a resposta satisfatória após um conjunto variável de atuações. Atuando de forma coadjuvante às demais práticas médicas,
o médico homeopata deve ter consciência de que poderá suspender os medicamentos alopáticos necessários à manutenção
da integridade do paciente tão somente quando tiver certeza da ação substitutiva do medicamento homeopático escolhido.
Deste modo, estará cumprindo o aforismo hipocrático
primo non nocere
.
U
NITERMOS
: Homeopatia. Diagnóstico Constitucional. Diagnóstico Medicamentoso. Simillimum. Terapêu-
tica. Bioética.
“Falar de medicina ‘alternativa’ é... como falar de estrangeiros – ambos os termos são vagamente
pejorativos e fazem referência a amplas e heterogêneas categorias definidas pelo que não são, em
lugar de definir-se pelo que são”. (OMS, 2002)
exprime uma conotação institucional e política para estas atitudes
terapêuticas “distintas das amplamente ensinadas nas faculdades de
medicina e geralmente utilizadas em hospitais”
2
.
No termo “coadjuvante”, que significa aquele que “coadjuva,
ajuda ou concorre para um fim comum”, encontramos um signifi-
cado apropriado para a forma como a terapêutica homeopática deve
se colocar perante as demais práticas médicas vigentes, em vista de
buscarem, como objetivo comum, o bem-estar físico, psíquico,
social e espiritual dos seus pacientes. O adjetivo “integrativo”
(“capaz de integrar ou juntar-se, tornando-se parte integrante”)
também exprime a idéia de atuar de forma integrada com outras
abordagens terapêuticas.
Aspectos práticos da terapêutica homeopática impedem que ela
se arrogue no direito de atuar, indistintamente, de forma indepen-
dente e autônoma (não-coadjuvante, não-integrativa) dos demais
conhecimentos e práticas da medicina moderna, como a prerroga-
tiva
sine qua non
de se valorizar a individualização do medicamento
homeopático,
que significa a
aplicação do princípio da semelhança
entre a totalidade de sintomas característicos do indivíduo e as
manifestações patogenéticas despertadas pelas substâncias nos
experimentadores humanos
3
. Apenas o medicamento homeopá-
tico corretamente adaptado ao conjunto de sintomas característicos
da individualidade enferma (individualizado) poderá promover a
reação homeostática almejada, responsável pela cura de enfermi-
dades crônicas e agudas das mais diversas categorias.
A não observância deste pressuposto obrigatório e intrínseco
ao modelo homeopático de tratamento das doenças redunda em
ineficácia terapêutica, como demonstrou a meta-análise do
The
Rev Assoc Med Bras 2007; 53(4): 374-6
375
Lancet
publicada em 2005: não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas quando se comparou a eficácia do
placebo versus a eficácia dos tratamentos homeopáticos que
des-
prezaram a individualização do medicamento homeopático
[a gran-
de maioria dos ensaios clínicos homeopáticos selecionados apre-
sentava desenhos impróprios à clínica da individualidade, empre-
gando “um mesmo medicamento” ou “uma mesma mistura de
medicamentos (complexos homeopáticos)” para uma queixa clíni-
ca comum de todos os pacientes, sendo que na análise final nenhum
dos oito ensaios clínicos homeopáticos incluídos aplicava a
individualização na escolha do medicamento]
4-5
.
Por outro lado, quaisquer médicos homeopatas honestos, que
aproveitem os ensinamentos que a prática clínica lhe demonstra
diariamente, sabem que este “processo de individualização
medicamentosa” nem sempre é imediato, exigindo consultas e
avaliações periódicas no processo gradual de conhecimento do
binômio doente-doença e suas suscetibilidades mórbidas individu-
ais. De forma análoga às outras práticas médicas, incertas por
natureza, as limitações existentes na homeopatia, no médico
homeopata e no paciente exigem um tempo mínimo para que o
ajuste satisfatório do medicamento e suas potências ocorram,
fazendo do tratamento homeopático uma técnica empírica, na qual
os resultados somente serão observados
a posteriori
da adminis-
tração da terapêutica.
Assim sendo, o diagnóstico medicamentoso correto poderá
ser um processo mais ou menos demorado (horas a dias nos
processos agudos; semanas a meses nos processos crônicos),
exigindo do médico homeopata uma conduta consciente e ética que
impeça a suspensão imediata dos demais medicamentos em uso,
desde que necessários e indispensáveis ao bem-estar físico, psíqui-
co, social e espiritual do paciente.
Ao contrário dos episódios benignos, que evoluem de forma
satisfatória, causando incômodos suportáveis ao paciente, nas
doenças agudas e crônicas graves a intervenção terapêutica pode
ser o diferencial entre a vida e a morte.
Todo médico homeopata consciente deve refletir na capacida-
de pessoal, evidenciada em sua experiência clínica diária, de atingir
o diagnóstico precoce do medicamento homeopático individualiza-
do ideal
(simillimum),
único capaz de atuar em profundidade e
estimular a resposta homeostática terapêutica nestes casos com-
plexos. Homeopatas respeitados referem o índice de 20%-30%
de acerto do medicamento
simillimum
num curto período de
acompanhamento do paciente. Desta forma, 70%-80% destes
casos graves, que necessitam de drogas alopáticas para a manuten-
ção das funções vitais, estariam desprotegidos e suscetíveis a
desenvolverem iatrogenias fatais com a suspensão prematura dos
medicamentos em uso.
Desprezando estas premissas inerentes ao modelo, muitos
colegas não assumem o caráter “coadjuvante” do tratamento
homeopático, suspendendo drogas aloenantiopáticas imprescindí-
veis à manutenção do equilíbrio orgânico numa primeira consulta,
ou mesmo antes de terem a confirmação da resposta clínica do
medicamento indicado, desrespeitando critérios fundamentais e
seculares da “boa prática médica homeopática”.
Como aceitar a suspensão imediata de hipotensores em paci-
entes hipertensos graves, da insulina em diabéticos tipo 1, de
anticoagulantes em cardiopatas severos, de broncodilatadores em
asmáticos graves, etc., sem que tenhamos total segurança da
atuação substitutiva do medicamento homeopático prescrito? Além
do possível agravamento da doença de base (AVE, cetoacidose
diabética, IAM, crise asmática grave, respectivamente), a suspensão
abrupta e indiscriminada dos medicamentos enantiopáticos poderá
desencadear a reação paradoxal ou efeito rebote do organismo
(reação vital) causando eventos graves e fatais
6-8
. Como desprezar
a probabilidade da ocorrência destas iatrogenias nesta conduta
homeopática imprudente?
Exemplos deste tipo de conduta inaceitável por parte de colegas
“homeopatas” são vivenciados freqüentemente em pronto-socor-
ros ou atendimentos de emergência, transmitindo a falsa idéia de
que “a suspensão imediata dos medicamentos alopáticos em uso”
representa uma prerrogativa da clínica homeopática. Este precon-
ceito, fomentado pelos casos de insucesso inicial da terapêutica
associados à postura irresponsável de médicos, contribui para que
a homeopatia encontre dificuldades em ser aceita como uma
importante colaboradora no tratamento de inúmeras doenças
perante a medicina convencional.
Em vista de ser um modelo de difícil execução, que exige
dedicação e estudo constante, a terapêutica homeopática deve ser
encarada como “prática médica coadjuvante” perante as demais
especialidades médicas, até que se atinja o
status medicamentoso
ideal
(simillimum),
que poderá permitir a substituição gradativa das
drogas aloenantiopáticas em uso, desde que viável fisiologicamen-
te. Para isto, devemos embasar nossa conduta substitutiva em
exames clínicos e subsidiários (bioquímicos, provas de função,
imagens, etc.) que atestem o reequilíbrio dos sistemas orgânicos
primordialmente alterados, desprezando as suposições da menta-
lidade “contracultural”, avessa aos avanços da ciência contemporâ-
nea, que ainda impregna alguns segmentos do movimento home-
opático.
Homeopatia é coisa séria! Não pode ser encarada como um
deslumbre de médicos “alternativos” que desprezam a integridade
de seus pacientes por acreditarem num “poder absoluto e imediato”
de qualquer substância homeopática prescrita, desprezando, na
maioria das vezes, o critério da individualização medicamentosa,
fundamental para o sucesso da terapêutica homeopática.
Para evitarmos estas disparidades, presentes em todas as
classes de especialistas despreparados, os cursos de formação e
educação continuada em homeopatia deveriam explicitar, de for-
mas claras e objetivas, as
limitações temporais do modelo,
evitando
os exageros da prática médica homeopática displicente, que pode
se transformar num instrumento nocivo quando utilizada de forma
inconseqüente.
Juntamente com a certeza dos benefícios do tratamento home-
opático bem conduzido, que contribui de forma eficaz e efetiva na
resolutividade de inúmeras enfermidades humanas, o médico
homeopata deve incorporar à sua conduta holística, generalista e
integrativa o aforismo hipocrático
primo non nocere
.
Rev Assoc Med Bras 2007; 53(4): 374-6
H
OMEOPATIA
:
PRÁTICA
MÉDICA
COADJUVANTE
376
Conflito de interesse: não há.
S
UMMARY
H
OMEOPATHY
:
COADJUTANT
MEDICAL
PRACTICE
Considering that in the homeopathic conception, the binomial
health-disease encompasses several aspects of human individuality,
choice of the medication should include the patient’s psychic,
emotional, general and physical characteristics. In this process of
“individualization of medication”, understanding the human
complexity demands time and dedication to finding the satisfactory
reply after a variable number of attempts. Acting as coadjutant to
other medical practices, the homeopath should be aware that he
may only interrupt administration of the allopathic drugs necessary
for maintenance of the patient’s integrity when he is assured of the
substitutive action of the homoeopathic medication chosen. This
way, the Hippocratic aphorism
primo non nocere
will be fulfilled.
[Rev Assoc Med Bras 2007; 53(4): 374-6]
K
EY
WORDS
: Homeopathy. Diagnosis Constitutional. Diagnosis
Medicamentous. Simillimum. Therapeutics. Bioethics.
R
EFERÊNCIAS
1. World Health Organization. WHO traditional medicine strategy 2002-
2005. Geneva; 2002. Avaliable from: http://www.who.int/medicines/
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similitude. Homeopathy. 2007;96(2):135-7.
Artigo recebido: 22/02/07
Aceito para publicação: 19/03/07
Rev Assoc Med Bras 2007; 53(4): 374-6
T
EIXEIRA
MZ
... A Homeopatia é considerada uma modalidade terapêutica complexa, que prega que todo indivíduo além de seu ser físico possui um mecanismo imaterial, e que o adoecimento é o processo de desequilíbrio entre o que é considerado uma adaptação e compensação normal e manifestações subjetivas como emoções, pensamentos, vontades, aversões, relação com o sono, como também outros aspectos clínicos habituais, dessa forma pode-se obter um diagnóstico para o estado do ser, e realizar a prescrição do medicamento homeopático segundo seus princípios (Hanhmann, 1996;Teixeira, 2007). ...
Article
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A Homeopatia é uma ciência que busca compreender o processo saúde-doença, através da perspectiva do equilíbrio e desequilíbrio do organismo, e vê-lo como um todo. Possui quatro princípios básicos, “Cura pela similitude”, “Experimentação de medicamentos em indivíduos sadios”, “Uso de medicamentos dinamizados” e “Prescrição de medicamentos individualizados”. E mesmo sendo uma terapia reconhecida, muitos profissionais da Odontologia ainda desconhecem essa ciência. Dessa forma o objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de literatura abordando a aplicação da Homeopatia na Odontologia. Foi desenvolvida uma revisão de literatura narrativa com o tema Homeopatia e sua aplicabilidade na Odontologia, a qual foi baseada em trabalhos dos anos 2010 à 2020. Encontrou-se para periodontia um bom efeito redutor de características da periodontite crônica, principalmente quando correlacionado a terapia convencional; na Odontopediatria os estudos mostram o efeito clínico, podendo inclusive ser associado a outras práticas que focam no emocional da criança. Já na área cirúrgica alguns estudos mostraram a eficácia de medicamentos Homeopáticos para edema em comparação à medicamentos alopáticos. Assim, pode-se perceber que já existem estudos que comprovam os benefícios que os medicamentos Homeopáticos proporcionam à prática odontológica, mostrando-os como alternativas à medicina convencional, no entanto alguns estudos experimentais necessitam de mais fases para comprovar os seus efeitos.
... 27 Até que se atinja o medicamento ideal (simillimum), a substituição das drogas alopáticas em uso, desde que imprescindíveis ao equilíbrio das funções vitais, deve ser realizada segundo critérios éticos e seguros, evitando-se as iatrogenias consequentes à possível ausência da ação terapêutica homeopática. 28 DISCUSSÃO Ao discorrermos sobre a homeopatia, frequentemente, notamos que as pessoas reagem com manifestações de desconfiança, questionando sua comprovação científica e a validade terapêutica do método. Proclamada em todos os meios, de forma reiterada, a falácia ou pós-verdade de que "não existem evidências científicas em homeopatia" acaba se incorporando ao inconsciente da coletividade, servindo como estratégia para aumentar preconceitos e radicalizar posicionamentos contrários a essa prática médica bissecular. ...
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A homeopatia é um modelo terapêutico empregado mundialmente, que vem despertando, nas últimas décadas, juntamente com outras abordagens da medicina integrativa, o interesse crescente de usuários, estudantes de medicina e médicos. A homeopatia propicia uma prática médica segura e eficiente, propondo-se a compreender e tratar o binômio doente-doença segundo uma abordagem antropológica vita-lista, globalizante e humanística, valorizando os diversos aspectos da individualidade enferma.
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Em vista da homeopatia estar fundamentada em pressupostos científicos distintos dos empregados pela prática médica convencional, frequentemente, é alvo de críticas infundadas disseminadas por indivíduos que, de forma sistemática, negam os princípios homeopáticos e qualquer evidência científica que os comprovem, por estarem envoltos em um negacionismo dogmático que impede uma análise correta e isenta de preconceitos. São pseudocéticos disfarçados em pseudocientistas. Para esclarecer médicos, pesquisadores, profissionais de saúde e a população em geral, desmistificando posturas dogmáticas culturalmente arraigadas e a falácia pseudocética de que "não existem evidências científicas para homeopatia", em 2017, a Câmara Técnica de Homeopatia do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (CT-Homeopatia, Cremesp) elaborou e publicou o "Dossiê Especial Evidências Científicas em Homeopatia", disponibilizado livremente na Revista de Homeopatia (São Paulo), periódico científico da Associação Paulista de Homeopatia (APH). Englobando nove revisões narrativas em diversas linhas de pesquisa homeopática (histórico-social, educação médica, farmacológica, básicas, clínica, segurança do paciente e patogenética) e dois ensaios clínicos randomizados e placebos-controlados desenvolvidos por membros da CT-Homeopatia, contendo centenas de artigos científicos publicados em inúmeras revistas científicas indexadas e revisadas por pares, este dossiê destaca para a classe médica e científica, bem como para o público em geral, o 'estado da arte' da pesquisa em homeopatia.
Book
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In view of homeopathy being based on scientific assumptions different from those employed by conventional medical practice, it is often the target of unfounded criticism spread by individuals who systematically deny the homeopathic principles and any scientific evidence that proves them, because they are wrapped in dogmatic negationism that prevents a correct and prejudice-free analysis. They are ‘pseudosceptics’ disguised as ‘pseudoscientists’. To clarify physicians, researchers, health professionals and the general population, demystifying culturally entrenched dogmatic postures and the pseudosceptic fallacy that “there is no scientific evidence for homeopathy”, in 2017, the Technical Chamber of Homeopathy of the Regional Council of Medicine of the State of São Paulo (CT-Homeopathy, Cremesp) elaborated and published the “Special Dossier: Scientific Evidence for Homeopathy”, freely available in the Revista de Homeopatia (São Paulo), scientific journal of São Paulo Homeopathic Medical Association (Associação Paulista de Homeopatia, APH). Encompassing nine narrative reviews in several lines of homeopathic research (historical-social, medical education, pharmacological, basic, clinical, patient safety and pathogenetic) and two randomized and placebo-controlled clinical trials developed by members of the CT-Homeopathy, containing hundreds of scientific articles published in numerous indexed and peer-reviewed scientific journals, this dossier highlights for the medical and scientific class, as well as for the general public, the ‘state of the art’ of the research in homeopathy. Troubled by the excellence of this vast body of evidence, in November 2020, a group of pseudosceptics who make up the Instituto Questão de Ciência (IQC) published a derisory and fallacious manuscript entitled “Counter-dossier of Evidence on Homeopathy”, in order to evaluate the articles published in the “Special Dossier: Scientific Evidence for Homeopathy” according to “the best scientific rigor” and “inform the population about what science says about the supposed efficacy of homeopathy”. Unfortunately, none of this occurred in the aforementioned manuscript. Unlike the advertised “better scientific rigor” in the analysis of articles, what is observed throughout the text is a set of criticisms based on known “pseudosceptic strategies” to disqualify certain scientific work: tendency to deny, rather than doubt; use of personal attacks; attempt to disqualify proponents of new ideas by pejoratively taxing them from pseudoscientists, promoters or practitioners of pathological science; conducting judgments without a thorough and conclusive investigation; insufficient or unconvincing evidence (absence of evidence); presentation of unsubstantiated or evidence-based evidence based solely on plausibility, rather than based on evidence; tendency to disqualify any and all evidence; suggestion that unconvincing evidence is sufficient to assume that a theory is false; vitrionic, slanderous or derogatory tone in the comments; non-specific and superficial comments; dissemination in mass media (non-scientific); among others. In the current digital book (Falácias pseudocéticas e pseudocientíficas do “Contradossiê das Evidências sobre a Homeopatia” / Pseudosceptic and pseudoscientific fallacies of the “Counter-dossier of Evidence on Homeopathy”), we highlight these pseudosceptic strategies in the counter-dossier and respond to the authors’ criticisms. In view that these indications of pseudoscepticism contaminate the entire manuscript, denoting the despicable scientific quality of the same, we leave it up to each author of the dossier, cited or not in the counter-dossier, the initiative to respond or not to the authors’ criticisms.
Article
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Homeopathy might be employed for the prevention of epidemic diseases (homeoprophylaxis) provided remedies are selected on an individual basis in compliance with the 'principle of symptom-based similitude' and according to the totality of symptoms peculiar to a given epidemic (remedy of the 'epidemic genius' or 'genus epidemicus'), as countless examples in the literature show. The use of nosodes for the prevention of epidemic diseases (isoprophylaxis), i.e., selected based on the 'principle of etiological identity' with full neglect of symptom-based individualization and pathogenetic trials, is not supported by the homeopathic epistemological model. As long as there are no reliable scientific evidences attesting to its efficacy and safety, 'isopathic immunization' might not be indicated as a regular replacement of classical immunization, as it would mean a transgression of the bioethical principles of 'beneficence' and 'non-maleficence'. Although many homeopathic practitioners systematically indicate that practice, it is condemned by homeopathic institutions worldwide. In this article, I elaborate on epistemological, ethical and scientific features of these disparate approaches to prophylaxis, which I had summarily addressed in a previous review. Available at: http://highdilution.org/index.php/ijhdr/article/view/707
Article
Objective: To investigate, through a systematic review, the effects of the use of highly diluted drugs in the treatment of experimental infection with Trypanosoma cruzi. Design: The authors searched for scientific publications in the databases PubMed, Web of Science, SCOPUS, LILACS, and the Google Scholar search system, from 2000 to 2018, following the Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-analysis (PRISMA) statement. According to the criteria established, a total of 22 studies were included. Settings/Location: The study took place at the State University of Maringá, Maringá, PR, Brazil. Subjects: Male mice (Mus musculus) or rats (Rattus norvegicus). Interventions: Highly diluted drugs. Outcome measures: The parameters evaluated in the studies were parasitological, clinical, immunological, histopathological and hematological. Results: The studies demonstrated that the effects of highly diluted drugs are related to their dynamizations, treatment regimen, and host susceptibility to T. cruzi infection, and depend on the initial information transmitted to the treated organism, making this information the "model" of how the treated organism will react. Regardless of the mechanism of action, these drugs provide a decrease in inflammation, which is one of the central phenomena of the pathogenesis of T. cruzi infection. Conclusions: This systematic review brings out the importance of the T. cruzi infection model as a reliable and valid model for studying different effects produced by highly diluted drugs. Considering the findings and in a broader perspective, this study contributes to considering these drugs as a possible way of dealing with "treatment" in general, presents the need to reexamine the biochemical model and develop a model for the effect of high dilutions in general, as well as for the treatment of parasitic infections.
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O texto busca esclarecer as peculiaridades da homeopatia que, apesar de fazer parte do rol das especialidades médicas brasileiras desde 1980, não é ensinada na maioria das escolas médicas. Associada a esta lacuna na educação dos estudantes de medicina, a aplicação de pressupostos distintos dos propagados pela ciência hegemônica contribui à disseminação de preconceitos arraigados à cultura médica, afastando graduandos e graduados do aprendizado de uma prática bisecular que deveria estar incorporada ao arsenal terapêutico vigente. Empregando um princípio de cura que estimula o organismo a reagir contra sua enfermidade (princípio da similitude) e valorizando a individualidade enferma em seus aspectos bio-psico-sócio-espirituais, o modelo homeopático favorece a relação médico-paciente e estimula o raciocínio holístico na compreensão do complexo fenômeno do adoecimento humano, propiciando uma terapêutica de baixo custo, isenta dos efeitos colaterais dos fármacos modernos e que incrementa a resolutividade clínica das doenças crônicas em geral.
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Resumo: Na última década, a demanda da população mundial por práticas não-convencionais em saúde aumentou substancialmente, exigindo cada vez mais do médico noções básicas das diversas terapêuticas vigentes, a fim de que possa orientar os pacientes que, sob seus cuidados, desejem utilizar tratamentos distintos dos que está habituado a empregar. Desta forma, compete às escolas de medicina propiciarem aos graduandos e pós-graduandos o conhecimento das evidências científicas, dos pressupostos teóricos e das abordagens clínicas e terapêuticas empregadas por estas distintas formas de tratamento. Com o intuito de fomentar a discussão sobre o ensino de práticas médicas não-convencionais (homeopatia e acupuntura) nas faculdades de medicina brasileira, apresentamos esta revisão sobre o assunto, enfocando o interesse da população e da classe médica (estudantes, residentes e especialistas) nestas terapêuticas, a importância e as iniciativas brasileiras e de outros países no ensino na graduação, na pós-graduação e na residência, e as perspectivas para o futuro da educação médica em práticas não-convencionais em saúde.
Article
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Background: Discuss the homeopathic research initiatives, difficulties and proposals before the modern scientific rationality and the homeopathic epistemology. Methods: After extensive bibliographical investigation, the several researches were clustered according to the homeopathic presuppositions, confirming if the inherent premises to the model were respected in the several studies outlines. Results: In spite of the reduced number of works of satisfactory methodological quality, evidences that corroborate the foundations and the viability of the homeopathic therapeutics exist, being necessary an increment in the future research, so that we have definitive conclusions to the method questioning. Conclusions: Presenting different characteristics from those used by the conventional scientific paradigm, the research projects in homeopathy should value the peculiarities of the system, incorporating changes to contemplate both forms of thinking. RESUMO Objetivo: Discutir as iniciativas, as dificuldades e as propostas da pesquisa em homeopatia perante a racionalidade científica moderna e a epistemologia homeopática. Métodos: Após extenso levantamento bibliográfico, as diversas pesquisas foram agrupadas segundo os pressupostos homeopáticos, verificando se as premissas inerentes ao modelo foram respeitadas nos diversos desenhos de estudos. Resultados: Apesar do reduzido número de trabalhos de qualidade metodológica satisfatória, existem evidências que corroboram os fundamentos e a viabilidade da terapêutica homeopática, sendo necessário um incremento na pesquisa futura, a fim de que tenhamos conclusões definitivas acerca dos questionamentos que permeiam o método. Conclusões: Apresentando características distintas daquelas empregadas pelo paradigma científico convencional, os projetos de pesquisa em homeopatia devem valorizar as peculiaridades do sistema, incorporando mudanças que venham a contemplar ambas formas de pensar.
Article
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This article seeks to explain the medical class on the critics to the homoeopathic model published in the medical journal The Lancet in 2005. RESUMO: Este artigo visa esclarecer a classe médica sobre as críticas ao modelo homeopático publicadas na revista médica The Lancet em 2005.
Article
Samuel Hahnemann attributed fundamental importance to the principle of similitude, promoting it to a 'natural law'. Observing that enantiopathic or allopathic treatment produced enduring aggravation of the disease symptoms after a brief and transitory initial relief, he systematised homeopathic treatment, prescribing substances that provoke similar symptoms in healthy individual. Based on clinical and experimental observations, he anticipated the concept of homeostasis, dividing the effects of substances into: primary action of the medicine followed by secondary action or reaction of the organism. This reaction, known as the rebound effect or paradoxical action by modern pharmacology, used to awake the curative response of the body when the principle of similitude is applied, is responsible for several iatrogenic diseases when used on the basis of the principle of contraries. This study discusses the role of this paradoxical reaction of the organism in the fatal side effects of four important drugs, used according to the model of enantiopathic treatment of the symptoms. I present evidence relating to acetylsalicylic acid, rofecoxib, antidepressants and long-acting bronchodilators. The consequences of the allopathic treatment could be decreased if health professionals valued homeostasis, minimising the rebound effect of the organism by gradual suspension of palliative drugs.
Será mesmo o fim da homeopatia? Diagn Tratamento
  • M Z Teixeira
Teixeira MZ. Será mesmo o fim da homeopatia? Diagn Tratamento. 2006;11(1):61-3. Disponível em: http://www.apm.org.br/fechado/ d_tratamento/dt_11ed1/RDT%2011(1)%2061-63.pdf.