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O livro: uma cultura em crise?
Certamente a mutação tecnológica produzida nas ultimas décadas do século passado nas
formas de comunicação ou, termo mais correntemente empregado, na
difusão
do
conhecimento científico ou artístico, trouxe para o que se pode denominar, desde o século
XVII, de
cultura do livro
, uma situação problemática, diríamos mesmo de crise .
O que queremos dizer aqui com a expressão
cultura do livro
? Não estamos nos referindo
apenas a uma forma específica de difusão sistemática de informações e de descobertas por
meio de um objeto material com certas características -papel, impressão, tinta gráfica:
estamos nos referindo ao livro como depositário central, na cultura moderna, não apenas da
transmissão do pensamento estruturado em forma de filosofia, ciência ou arte, ou da
divulgação da informação considerada socialmente importante, mas também da circulação
do imaginário, dos comportamentos e dos sentimentos humanos. Em suma: da expressão
formal da cultura em todos os seus aspectos. É isto que designamos aqui como “cultura do
livro”. Deve ser assinalado que esta cultura dominou a história da educação desde o século
XVII. Praticamente toda a pedagogia dos últimos três séculos apoiou-se no livro como
instrumento básico do ensino. De fato, em última análise poder-se-ia falar em uma
civilização do livro na modernidade
Sucede que o livro como instrumento de transmissão cultural apóia-se em um tipo de
linguagem específica, a da
língua
falada e escrita pelos povos, independentemente do
idioma em que é expressa. Uma exceção deve ser feita, naturalmente, às obras científicas
escritas em linguagens altamente abstratas - praticamente codificadas - sobretudo as
matemáticas, ou assimiladas a ela, que têm, ainda assim, o desenvolvimento do raciocínio
com seus enunciados intermediados pela linguagem dita literária, mesmo concisa, no
sentido de evidenciar-lhes a lógica na seqüência do processo demonstrativo/ explicativo.
O livro é, portanto, também,
linguagem em si mesma
, código e mensagem ao mesmo
tempo, linguagem apoiada na língua, materializada nos idiomas, cada qual com suas
normas sintáticas e gramaticais, exigências formais de expressão de conteúdo, regras de
O futuro do livro na avaliação dos
programas de pós-graduação:
uma cultura do livro seria necessária?
Madel T. Luz
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1
Professora titular, Instituto de Medicina Social, Universidade Estadual do Rio de Janeiro (IMS/UERJ). <madelluz@superig.com.br>
Rua Praia do Flamengo, 98, apto. 1111
Flamento - Rio de Janeiro, RJ
22.210-030
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Interface - Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.18, p.631-6, set/dez 2005
The future of books as evaluated by post-graduate programs:
is a book culture necessary?
El futuro del libro en la evaluación de los programas de postgrado:
¿Una cultura del libro sería necesaria?
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estilo etc. Em suma, trata-se de um objeto de comunicação de grande complexidade,
diferente de outras formas de impressos, como os folhetos, os panfletos, os manuais e
“calendários” de todos os tipos, todos contemporâneos do livro, pois frutos da mesma
matriz, a imprensa, e filhos do mesmo pai da modernidade escrita, Gutemberg.
Se acrescentarmos ao conjunto de exigências lingüísticas da produção de um livro todo o
progressivo acúmulo histórico de normas de expressão referentes às diferentes disciplinas
que constituem a árvore do conhecimento humano, teremos uma idéia aproximada da
complexidade do
objeto
livro como transmissor de cultura, seja ela artística ou científica. Pois
o “estilo”, se ousarmos empregar livremente esta expressão a propósito da linguagem das
ciências – próprio das disciplinas é bastante específico (
especializado
seria um termo mais
adequado aos dias de hoje) em cada uma delas, não sendo admitidas pelas respectivas
comunidades de autores e pesquisadores, “importações” ou “transferências” de formas de
expressão ou conteúdos – isto é, de
linguagem
- de uma para outra sem grandes restrições
de natureza metodológica e epistemológica. O
autor
, sobretudo o autor científico, é apenas
aquele agente social que conhece e sabe lidar bem com todas essas exigências, raramente
transgredindo-as, e quando as transgride é geralmente no sentido de propiciar o avanço do
conhecimento em sua disciplina. O autor não é o ator principal no processo que gerou a
obra, mas sim a obra em si mesma, isto é,
o livro.
Em linguagem teatral seria dito: a
personagem é quem importa e não o ator. A personagem é o livro, e o ator é o autor,
encarregado de “dar à luz” seu personagem livro. Este sim, poderá, por suas características
de força inovadora em termos de linguagem e conteúdo, provocar mudanças importantes no
conhecimento, na forma de expressar-se –linguagem - ou na conduta humana.
A (des) valorização do livro na cultura contemporânea: fim de um ciclo civilizatório?
Um momento de confusão cultural tende a se instalar quando esse objeto secular (alguns
estudiosos afirmam mesmo
milenar
, se considerados os pergaminhos e outras formas de
“escritura” do livro não impressa, como caracteres oriundos de civilizações antigas ou
orientais) perde seu espaço privilegiado de transmissor de conhecimento e arte, como
sucede atualmente. Não nos referimos simplesmente ao objeto material, pois o livro pode
tomar atualmente variadas formas, dentre as quais a
virtual
, tão em voga no presente, mas
sobretudo ao objeto simbólico, cujos conteúdos são o centro de transmissão da cultura.
Outras formas de expressão impressas, abreviadas ou codificadas, derivadas do livro
(não nos deteremos aqui na análise da explosão contemporânea das linguagens centradas
na
imagem
, ou no
mix
imagem/ palavra codificada, dominantes no mundo da comunicação
virtual que, é certo, em breve atingirão a difusão científica, e seu impacto sobre o livro),
sobretudo o artigo, ou mais simplesmente o
paper impresso
, designando a publicação de
um momento particular da investigação científica, ou sua conclusão, tomaram, desde o fim
do século XIX, cada vez mais o espaço de difusor da ciência, e depois da arte, tendo gerado
hierarquias de valor na difusão do conhecimento. Estas hierarquias valorativas das formas
de expressão e difusão da pesquisa, conduzidas pela autoridade epistemológica das
ciências ditas exatas, ou “duras”, tornaram-se progressivamente discriminatórias do livro
como expressão da produção de conhecimento. Tais hierarquias, oriundas do próprio mundo
acadêmico, isto é, basicamente de lideranças das grandes universidades e dos institutos de
pesquisa, tenderam a se institucionalizar nos últimos vinte anos nas agências públicas de
financiamento à pesquisa, centrais ou estaduais, nas quais predominam também líderes
pesquisadores das ciências duras, criando-se um
status quo
tácito de desvalorização
acadêmica dessa forma de transmissão e difusão do conhecimento, científico e artístico, na
maioria dos ramos da árvore dos saberes. Mesmo nas ciências humanas, até há quinze
anos centradas no livro para a difusão de suas atividades, há uma concepção crescente que
o livro é um instrumento “menor” de divulgação de resultados de pesquisa, ou até mesmo de
produção inovadora de conhecimento, tendo aumentado claramente na última década a
proporção de artigos no campo, afirmando assim a marca da hegemonia do “estilo” de
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comunicação das ciências exatas sobre a difusão do conhecimento científico.Do nosso
ponto de vista, a perda progressiva do “estilo” de comunicação das ciências humanas na
difusão do conhecimento repercute negativamente na própria produção do conhecimento.
A tal ponto que está presente na comunidade acadêmica uma concepção tácita que o
livro, como produção científica singular, constando de um conjunto de conteúdos
disciplinares atribuíveis a um autor, ou mesmo a vários, seria
inavaliável objetivamente
,
sendo por este motivo praticamente inafiançável como veículo difusor de conhecimento, uma
vez que o julgamento sobre o caráter científico dos conteúdos desse objeto único não se
embasaria em critérios
objetivos
de avaliação. Este já não seria o caso do
paper,
a ser
publicado em órgãos de difusão qualificados, dispondo de um conjunto de parâmetros de
avaliação, dentre os quais sobressai-se o
peer review
, isto é, o julgamento avaliativo do
pesquisador e seu produto pelos pares acadêmicos trabalhando no mesmo campo e
pesquisando eixos temáticos semelhantes ou próximos. Além deste critério de atestação de
qualidade há outro, indireto, de estabelecimento da qualidade do
produto artigo
, que é o
número de citações do mesmo em trabalhos publicados sobre o tema, isto é, seu “índice de
impacto” no campo.
Costuma-se entender, neste contexto,
objetivo
como
quantificável
, isto é, passível de
evidenciar-se, e reproduzir-se, quanto aos conteúdos/afirmações, em termos de tabelas,
curvas ou gráficos, mas quantificável principalmente no que concerne ao seu número
provável de leitores e sobretudo, o que não é a mesma coisa, em termos do
índice de
citações
do trabalho (pense-se que um só leitor pode citar várias vezes o mesmo trabalho), o
que atestaria, por seu “impacto” na área, sua qualificação face à comunidade científica.
Chegamos neste ponto a um paradoxo: o critério quantitativo do
impacto
não nos garante
que o
produto
artigo seja efetivamente inovador ou original, isto é, nada nos diz sobre sua
efetiva qualidade. Se na origem do processo da publicação, na avaliação dos pareceristas do
órgão difusor, houver
parti pris,
contra ou a favor do produto, jamais se saberá se o produto é
ou não cientificamente relevante. O valor do artigo científico em termos de conteúdo é assim,
de certa forma,
inefável.
O que já não sucede com um objeto de arte –ou até mesmo com um
livro - cuja qualidade é imediatamente apreensível. No caso da avaliação de artigos, tem–se
que supor que os pareceristas ajam isentos de valores e escolhas prévias metodológicas ou
teóricas, isto é, de
pré
conceitos. Supõem-se que sejam neutros.
Para as ciências sociais não há neutralidade axiológica na construção do
conhecimento.
Quando se considera o pequeno número de veículos de difusão existentes perante a
oferta de trabalhos, visto o crescimento das atividades de pesquisa nas últimas décadas, a
inclusão de um artigo em veículo constante das bases “Qualis” já mencionadas, a luta pelo
acesso a esses veículos transforma tais bases em uma pirâmide social hierárquica da
difusão do conhecimento, e neste caso não apenas dos trabalhos -ou seus autores- mas
principalmente dos próprios veículos difusores. Essa hierarquia gera freqüentemente duas
distorções acadêmicas principais:
1 um artigo/autor é avaliado como mais ou menos importante, não em função do eventual
caráter inovador ou criativo do trabalho, mas em função do lugar do veículo de difusão na
hierarquia dos veículos em relação à(s) base(s) de qualificação (“qualis”), existente(s) no
campo em que se insere o trabalho. Ora, tais bases são
socialmente geradas
, isto é,
organizadas com escolhas de critérios classificatórios específicos perante o campo em que
se inserem, pautadas em termos dessas escolhas de critérios por agentes sociais
específicos, individuais ou grupais, que tem interesses também específicos em suas
respectivas áreas, em termos de status, prestígio e poder no campo científico em que
operam;
2 ratificadas academicamente as hierarquias de veículos, os autores desencadearão um
processo competitivo desenfreado para publicarem seus trabalhos nesses mesmos
veículos, buscando neles estabelecer-se permanentemente como autores de referência.
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Como conseqüência, uma tendência à circularidade nas citações de autores tende a se
formar, originando um círculo vicioso já conhecido academicamente (os mesmos autores
citando sempre os mesmos trabalhos/autores).
Resumindo: publicar um artigo numa revista de nível Qualis A não remete, em si, à
criação científica ou à inovação tecnológica mas geralmente à reprodução do conjunto
disciplinar de conhecimentos estabelecidos, que Kuhn designava como “ciência normal”.
Por outro lado, trabalhos originais e inovadores são continuamente publicados por
jovens pesquisadores em veículos de nível menos qualificado, ou mesmo, às vezes, não
incluídos em bases “Qualis”, não sendo por isto considerados como
produção
nem por seus
pares nem pelas agências de fomento à pesquisa. De nosso ponto de vista, isto tende a
ratificar as bases de qualificação de veículos difusores como
fatos culturais
, isto é, como
produto da construção de agentes que incluem nessas construções interesses específicos
em termos de estatuto e prestigio social em seus campos, e
ações sociais
em função
desses interesses.
O futuro do livro nos processos de avaliação dos programas de pós-graduação pela
CAPES: uma cultura do livro seria necessária no Brasil?
No que concerne ao livro como um objeto singular perceptível, que “fala por si mesmo” –
menção aqui á idéia de “personagem”, feita páginas atrás – para ser efetivamente
avaliado
,
isto é, sobre se de fato contribui ou não para o avanço do conhecimento no campo em que se
insere, em termos de originalidade, inovação ou mudança, seja em seus conteúdos
substantivos em ou sua linguagem, necessita da construção de parâmetros objetivos
específicos de avaliação. Tais parâmetros são, por princípio, irredutíveis àqueles
quantitativos ligados às bases de qualificação de veículos aqui analisadas, pois os livros
devem ser avaliados basicamente quanto à qualidade de seus
conteúdos.
As bases “qualis”
são geralmente privadas e custosas (apenas começam a surgir nesta década bases
públicas de classificação/inclusão de veículos, construídas a partir de critérios estritamente
acadêmicos e biblioteconômicos, com a participação de pesquisadores líderes de todas as
áreas de conhecimento) e visam a enquadrar os veículos difusores dos
papers de pesquisa
das ciências quantificáveis, de cuja qualidade inovadora em termos de produção de
conhecimento não se pode, como vimos acima, ter noção exata.Não se aplicam aos livros.
Os parâmetros de avaliação dos livros estão, por sua vez, ainda em construção. Diríamos
mesmo mais
em debate
, neste momento. Devemos, como pesquisadores, sobretudo os
das ciências humanas e sociais, não apenas aguardar a construção desses parâmetros,
mas antecipá-la, dela participando ativamente, buscando nos comprometer com os
resultados de sua construção. Desvalorizar, neste momento, ou aceitar a desvalorização do
livro como instrumento mor de difusão da cultura científica e artística seria fazer prova, no
Brasil, de uma concepção atrasada da divulgação do conhecimento na cultura mundial
contemporânea, num momento em que na Europa, ou na França pelo menos, o livro
apresenta grande revitalização como difusor da ciência e da arte. Na França, de onde
escrevemos estas páginas, a cultura do livro, ameaçada pela “cultura da imagem”, é tema de
debates patrocinados tanto pelo poder público como por instituições sociais e fundações
privadas, como empresas e editoras. Tanto nas escolas, como nas universidades, e nos
museus - que aqui são centros vivos de transmissão cultural - assim como na
mídia
em
geral, tanto a da imagem, como a impressa e a falada, o
livro,
mais que um personagem, é
um verdadeiro
ator social
.É centro de tema de debates diários nos canais abertos de
televisão, nas rádios, nas palestras acadêmicas, nas exposições, até mesmo nos cafés.
Evidentemente os autores aí estão sempre presentes, bem como seus críticos, seus
interlocutores acadêmicos, representantes da sociedade civil, dos partidos, do Estado.
Enfim, pode-se dizer que há uma sólida
cultura do livro
, apesar do embate real com a
civilização da imagem que, mais do que se anuncia, se instala já pelo mundo inteiro. Mas
não provoca o dano que tem provocado em países como o Brasil, onde o livro como
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transmissor de conhecimentos restringiu-se a uma pequena parcela da população.
Em outras palavras, não há aqui nenhuma dúvida sobre o caráter central do livro na
difusão do conhecimento científico e artístico. Ele continua sendo o item nobre da produção
artística e científica, independentemente dos
papers
científicos publicados em revistas
importantes.
O mesmo já não se pode dizer do Brasil, apesar dos esforços recentes de reconhecer o
livro (ou o capítulo de livro coletânea) como efetiva produção científica, ligado à atividade da
pesquisa junto aos órgãos centrais de fomento à pesquisa, sobretudo a CAPES.
A mentalidade ainda predominante no mundo acadêmico é de desqualificação do livro
como produção de primeira grandeza do conhecimento. Em nossa experiência de anos
como membro de CA de área (Saúde Coletiva) tanto da CAPES como do CNPq, e de
comissões de análise e de criação de parâmetros de avaliação do livro da ABRASCO
(Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva) desde o fim da década de
1990, fomos chegando ao consenso,em nossa área, que há pelo menos cinco parâmetros
de avaliação a serem considerados no caso dos livros (incluídas as coletâneas):
1 A fonte de edição dos mesmos, isto é, a
editora
, tem de ter a confiança da comunidade
científica/artística
no campo
onde se insere (tradição de qualidade). Não necessita ser, para
isto, estatal, ou ligada a universidades ou institutos de pesquisa. Sua
tradição de qualidade
deve ser atestada não apenas: a) pela
qualidade
dos livros que editou em seu percurso; b) a
regularidade
com que o fez, mas também; c) pela
capacidade
que tem de editar obras
originais e inovadoras
no campo, sejam seus autores líderes já conhecidos ou jovens
talentos. Editoras universitárias, por sua ligação com os pesquisadores, têm oportunidade
de responder melhor a este último item, mas algumas do mercado editorial, sobretudo nas
ciências humanas: filosofia, psicanálise, sociologia, comunicação etc, também o fazem.
Não é necessário, é claro, que a editora tenha produzido
best sellers
, num país em que
um livro produto de uma pesquisa específica não pode ultrapassar, geralmente, dois mil
exemplares. Pois a editora de livros difusora do conhecimento não está pautada na lógica do
grande número de impressões ou exemplares.
2 A existência de um corpo ou conselho editorial respeitado no campo, formado por
pesquisadores líderes da(s) áreas(s) do mesmo, é um requisito importante para qualificar a
editora. O conselho editorial poderá eventualmente pedir pareceres de autores que
trabalham na área do livro em questão, buscando analisar a qualidade do produto/livro,
quanto à linguagem, ou conteúdo, geralmente ambos, visando sua avaliação.
3 A existência de séries ou coleções relativas aos temas das áreas em que se inserem
as obras, coordenadas por um líder ou equipe de autores da área.
4 A qualidade da edição e revisão do objeto livro.
5 A persistência da editora (diferente de regularidade de publicação) num determinado
período de tempo. Uma editora não pode ter uma existência fugaz, como uma loja que vende
produtos importados, ou coisa similar.
No que concerne ao
produto livro:
deve ser assegurado, pelos parâmetros aqui propostos
de avaliação, se este contribui, efetivamente, por seus
conteúdos substantivos
, por sua
linguagem
ou por ambos, para o avanço do conhecimento científico ou artístico de sua área.
O que gostaríamos de deixar claro, ao finalizar essas observações sobre o futuro do livro nas
avaliações dos programas CAPES, é que temos a possibilidade de efetivamente
avaliar
o
produto livro em sua qualidade e ter noção
objetiva
de sua contribuição, existente ou não,
para a área/campo de inserção. Este processo relativamente de construção está em debate
e em marcha, como assinalamos atrás. O que realmente preocupa é que não haverá
nenhum futuro para o livro, em nenhum nível de difusão do conhecimento, se não se
construir, entre nós, uma
cultura do livr
o. E, neste campo, tudo está ainda por ser construído.
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The future of books in contemporary culture is discussed, reiterating their contribution to the progress
of knowledge in different fields and stressing the need to construct parameters for evaluating books
that can ensure their contribution to the defense of science produced in Brazil.
KEY WORDS: book culture. science. scientific progress. evaluation.
Discute-se o futuro do livro na cultura contemporânea, reafirmando sua contribuição para o avanço
do conhecimento nas diferentes áreas e ressaltando a necessidade da construção de parâmetros de
avaliação de livros que assegurem sua contribuição para a defesa da ciência produzida no país.
PALAVRAS-CHAVE: cultura do livro. ciência. avanço científico. avaliação.
Se discute el futuro del libro en la cultura contemporánea, reafirmando su contribución para el avance
del conocimiento en las diferentes áreas y resaltando la necesidad de la construcción de parámetros
de evaluación de libros que garanticen su contribución para la defensa de la ciencia desarrollada en
el país.
PALABRAS CLAVE: cultura del libro. ciencia. avance científico. evaluación.
Recebido para publicação em: 27/10/05. Aprovado para publicação em: 04/11/05.