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9
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
1
Submetido em 15/02/2009. Aceito para publicação em 16/09/2009.
Trabalho nanciado pela Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de
Mato Grosso- FAPEMAT.
2
Eng. Agr., Professor Departamento de Agronomia, Universidade do Estado
de Mato Grosso – UNEMAT, Campus Alta Floresta, Rodovia MT 208, km
145, Caixa Postal 324, CEP:78580-000, Alta Floresta-MT. marco@w3nt.
com; yama@unemat.br; roboredo@gmail.com.
3
Eng. Agr., Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT, Campus
Alta Floresta, Rodovia MT 208, km 145, Caixa Postal 324, CEP:78580-
000, Alta Floresta-MT. gaucho@w3nt.com.
DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO DE PLANTAS E QUALIDADE
FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE ARROZ PRODUZIDAS EM ÁREAS DE
RECUPERAÇÃO DE PASTAGEM
1
MARCO ANTONIO CAMILLO DE CARVALHO
2
, OSCAR MITSUO YAMASHITA
2
,
RAFAEL NOETZOLD
3
, DELMONTE ROBOREDO
2
RESUMO - O presente trabalho teve como objetivo avaliar o desenvolvimento vegetativo e a
qualidade siológica de sementes de cultivares de arroz produzidas em sistemas alternativos para
a renovação de pastagem. O trabalho foi conduzido no município de Alta Floresta-MT, na safra
2006/07. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos casualizados em esquema fatorial
2x8, perfazendo 16 tratamentos, constituídos pela combinação 2 cultivares de arroz (Oryza sativa L.)
(BRS Primavera e BEST 2000) e 8 modos de redução no desenvolvimento da braquiária (Brachiaria
brizantha cv. Marandu), sendo 4 doses reduzidas do herbicida cyhalofop butil (180 g L
-1
) (0; 0,40;
0,80 e 1,2 L ha
-1
) e a semeadura da braquiária a lanço e com incorporação aos 10 e 20 dias após a
emergência do arroz. Todos os tratamentos tiveram 4 repetições. Nos tratamentos em que a braquiária
recebeu doses reduzidas de herbicida, a forrageira foi semeada juntamente com o arroz. Foram
avaliadas as seguintes características vegetativas: altura de planta, comprimento e diâmetro de entre
nó e índice de área foliar e os seguintes testes de qualidade siológica de sementes: germinação,
primeira contagem, índice de velocidade de germinação, condutividade elétrica e envelhecimento
acelerado. O cultivar BRS Primavera produziu sementes de melhor qualidade; todas as alternativas
estudadas mostram-se viáveis para a produção de sementes e a região de Alta Floresta mostra-se apta
para a produção de sementes de arroz.
Termos para indexação: Oryza sativa L., integração lavoura pecuária, cyhalofop butil
ASSESS THE GROWTH AND PHYSIOLOGICAL QUALITY OF SEEDS OF RICE CULTIVARS
GROWN IN ALTERNATIVES TO THE RENEWAL OF PASTURE
ABSTRACT - The objective of this study was to assess the growth and physiological quality of
seeds of rice cultivars grown in alternative systems for pasture renewal. The study was conducted in
the municipality of Alta Floresta-MT in the 2006/07growing season. The experimental design was
in randomized blocks with 4 replications in a 2x8 factorial scheme, consisting of the combination
of two rice cultivars (BRS Primavera and BEST 2000) and eight options for renewal, and four low
concentrations of the cyhalofop butil herbicide (180 g L
-1
) (0, 0.40, 0.80 and 1.2 L ha
-1
) and brachiaria
10
M. A. C. CARVALHO et al.
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
sown by hand and incorporated 10 and 20 days after rice emergence. In treatments in which brachiaria
received low herbicide concentrations, the grass was sown together with the rice. The following plant
characteristics were evaluated: plant height, length and diameter of between node and leaf area index.
The tests on physiological quality of seed, germination, rst count, speed of germination index,
electrical conductivity and accelerated aging were carried out. The BRS Primavera cultivar produced
seed of better quality, all the alternatives were shown to be viable for seed and the region of Alta
Floresta was shown to be suitable for rice seed production.
Index terms: Oryza sativa L., crop-pasture integration, cyhalofop butyl
INTRODUÇÃO
A junção das palavras Amazônia, meio ambiente,
desenvolvimento econômico e desmatamento originam o
polêmico tema anexado à pauta da opinião pública mundial.
O tema é composto por uma complexa malha de ações
antrópicas, que responsabiliza a atividade da pecuária
extensiva como um dos principais agentes supressores da
oresta. Dentro dessa perspectiva, existe a necessidade
de buscar alternativas que promovam o desenvolvimento
regional, mas sem perder de vista as considerações sobre a
sustentabilidade, de forma que o solo seja considerado um
recurso natural renovável (Ichihara, 2003).
Devido ao manejo inadequado das pastagens e ao
uso indiscriminado desses solos, está ocorrendo uma
diminuição dos teores de matéria orgânica, além disso,
o pisoteio dos animais contribui para a degradação das
pastagens. Segundo Costa et al. (2006) na região Amazônica
do Brasil, cerca de 40% das pastagens cultivadas se
encontram em estágios avançados de degradação, os quais
se manifestam pela baixa disponibilidade de foragem,
dominância de plantas invasoras, baixa cobertura e erosão
do solo.
Nos últimos anos, muitas informações foram geradas
pela pesquisa, dando origem a várias tecnologias de
recuperação/renovação de pastagens (Zimmer et al., 1994).
A forrageira, no sistema consorciado, pode ser semeada
simultaneamente com a cultura produtora de grãos. Outra
forma de implantação desse sistema é a semeadura da
forrageira no momento da aplicação do fertilizante de
cobertura, ambos misturados, podendo ser utilizados até
com formulados (Borghi e Crusciol, 2007).
Para o sucesso da integração lavoura pecuária,
é necessário que a cultura a ser consorciada com a
forrageira apresente na região, a cadeia produtiva
consolidada. A cadeia produtiva de arroz do Mato Grosso,
nos últimos anos, tem sido de grande importância para
o desenvolvimento da região norte do Estado. Graças à
abertura de novos mercados para o arroz de terras altas, a
cultura tende a ser mais rentável e, ao mesmo tempo, mais
exigente em seu manejo técnico (Souza et al., 2007).
Na recuperação de pastagem, através da integração
lavoura pecuária, pode-se utilizar como estratégia para o
aumento da receita, a produção de sementes da cultura, para
posterior utilização na propriedade ou comercialização. A
semente, do ponto de vista agronômico, é o insumo que
dá origem a um novo cultivo e da qual, em função de suas
características e da maneira como é utilizada, dependem
os resultados da nova safra (Menon et al., 1993).
Segundo Souza et al. (2007), as sementes de arroz
utilizadas no norte do Mato Grosso apresentam qualidade
abaixo da exigida pela legislação, constituindo-se em
um importante fator restritivo à obtenção de lavouras
produtivas e posteriormente de um produto de qualidade.
Pesquisas que visem avaliar a qualidade siológica das
sementes produzidas em determinada região são de grande
importância, pois indicam a possibilidade dessa região
ser ou não apta à produção de sementes. Krzyzanowski e
França Neto (1991) relatam a importância da determinação
do vigor de sementes, na medida em que os métodos de
avaliação vêm sendo aperfeiçoados.
Considerando que o município de Alta Floresta
apresenta uma área territorial de aproximadamente 895 mil
hectares e destes, aproximadamente 367 mil correspondem
à área desmatada, e 80% desta área está sendo utilizada
com pastagem com variados graus de degradação, faz-
se necessário o desenvolvimento de estudos que visem à
reabilitação destas áreas e que as mesmas voltem a ser
produtivas. O presente trabalho teve como objetivo avaliar
o desenvolvimento vegetativo e a qualidade siológica de
sementes de cultivares de arroz produzidas em sistemas
11DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO E QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
alternativos para a renovação de pastagem.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado em campo, no ano agrícola
de 2006/07, na área experimental da Universidade do
Estado de Mato Grosso, no município de Alta Floresta-
MT, em solo originalmente sob vegetação amazônica. A
área apresenta como coordenadas geográcas: 09
o
52’32”
latitude Sul e 56
o
09’10” latitude Oeste e com altitude de
290 metros. A precipitação média anual é de 2.750 mm e
a temperatura média anual é de 24 °C. O solo do local é
da classe Latossolo Vermelho-Amarelo distróco típico
argiloso (Embrapa, 1999). As características químicas do
solo, no perl de 0-0,20 m, são: pH (H
2
O) de 5,4, P e K
de 1,2 e 104 mg dm
-3
e teores de Ca, Mg, Al e H de 1,63;
0,56; 0,25; 3,38 cmol
c
dm
-3
, respectivamente e M.O. de 13
g dm
-3
.
O preparo de solo foi realizado através de duas
gradagens pesadas e duas leves, sendo que a calagem foi
realizada com a aplicação de 1.000 kg ha
-1
de calcário
dolomítico 3 meses antes da implantação do experimento.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos
casualizados, em esquema fatorial 2x8, perfazendo 16
tratamentos, constituídos pela combinação 2 cultivares
de arroz (Oryza sativa L.) (BRS Primavera e BEST 2000)
e 8 modos de redução no desenvolvimento da braquiária
(Brachiaria brizantha cv. Marandu), sendo 4 doses
reduzidas do herbicida cyhalofop butil (180 g L
-1
) (0; 0,40;
0,80 e 1,2 L ha
-1
) e a semeadura da braquiária a lanço e
com incorporação aos 10 e 20 dias após a emergência do
arroz. Nos tratamentos em que a braquiária recebeu doses
reduzidas de herbicida, a forrageira foi semeada juntamente
com o arroz.
As parcelas foram constituídas por 7 linhas de 5,0 m
de comprimento espaçadas 0,30 m entre si. A área útil foi
constituída pelas 5 linhas centrais, desprezando-se 0,50
m em ambas as extremidades de cada linha. Todos os
tratamentos tiveram 4 repetições.
A adubação básica foi calculada de acordo com as
recomendações de Paula et al. (1999), sendo aplicado na
semeadura 20 kg ha
-1
de N, 150 kg ha
-1
de P
2
O
5
e 50 kg
ha
-1
de K
2
O, utilizando-se como fontes, uréia, super fosfato
simples e cloreto de potássio, respectivamente. A semeadura
foi realizada em 12/11/2006, utilizando-se 70 kg ha
-1
.
O cultivar BRS-Primavera teve a sua colheita realizada
em 19/02/2007 e o cultivar BEST 2000 em 12/03/2007.
Nos tratamentos que receberam as doses reduzidas do
herbicida cyhalofop butil, a aplicação foi realizada quando a
braquiária apresentava 3 a 4 perlhos, estando o arroz com
30 dias de emergência. A aplicação foi realizada com auxílio
de pulverizador costal, pressurizado por gás carbônico (CO
2
),
operando com pressão constante de 250 kPa, acoplado a uma
barra contendo 4 pontas de pulverização do tipo “leque” (SF
110.02), distanciadas de 0,5m, proporcionando a aplicação
de volume de calda de 200 L ha
-1
.
Na cultura do arroz, foram avaliados: altura de plantas,
comprimento de entre nós, diâmetro de colmo e índice de
área foliar, durante o orescimento pleno.
A qualidade siológica das sementes foi avaliada
pelos seguintes testes: Germinação - conduzido em
germinador tipo BOD (25 °C), com quatro repetições de
50 sementes para cada parcela de campo. As sementes
foram distribuídas em rolo de papel toalha umedecido
com água destilada, na proporção de 2,5 vezes o seu peso
seco. As contagens de plântulas normais foram realizadas
aos 5 e 10 dias após a instalação do teste (Brasil, 1992),
sendo os resultados expressos em porcentagem; Primeira
Contagem do Teste de Germinação - porcentagem de
plântulas normais computadas por ocasião da primeira
contagem do teste de germinação; Índice de Velocidade de
Germinação (IVG) - Determinado em conjunto com o teste
de germinação, avaliando-se diariamente a porcentagem de
plântulas normais até os 10 dias após a semeadura. O IVG
foi determinado empregando-se a fórmula apresentada por
Maguire (1962); Envelhecimento Acelerado - Conduzido
em caixas plásticas tipo “gerbox” modicada, contendo 40
mL de água destilada, com quatro repetições de 50 sementes,
uma de cada parcela. Essas caixas foram mantidas a 42 °C
por um período de 72 horas (Vieira e Carvalho, 1994).
Em seguida, as sementes foram submetidas ao teste de
germinação, conforme descrição anterior, com contagens
das plântulas normais aos 5 dias após a semeadura, sendo
os resultados expressos em porcentagem; Condutividade
Elétrica – foi determinada com quatro repetições de
50 sementes, uma de cada parcela de campo, pesadas e
dispostas em recipientes plásticos (200 mL) contendo 75
mL de água destilada. Após 24 horas em câmara tipo BOD
a 25 °C, foi efetuada a leitura da condutividade elétrica
utilizando um condutivímetro modelo Digimed D30. Os
resultados de condutividade foram expressos em µS. cm
-1
.
g
-1
de semente.
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância
utilizando o programa SANEST (Zonta e Machado, 1984).
As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste
de Tukey a 5% de probabilidade, de acordo com Pimentel-
12
M. A. C. CARVALHO et al.
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
Gomes (1987).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resumo da análise de variância e os valores médios
TABELA 1. Valores de F, Coeficiente de Variação (C.V.) e Diferença Mínima Significativa (DMS) para Altura de
plantas, Comprimento de entre nó, Diâmetro de entre nó, Índice de Área Foliar, de cultivares de arroz
submetidos a diferentes alternativas de recuperação de pastagem.
Altura de plantas (cm)
Comprimento de entre
nó (cm)
Diâmetro de entre nó
(mm)
Índice de Área Foliar
(m
2
m
-2
)
Cultivares
Primavera 111 a 21,9 a 0,35 b 2,29 b
BEST 2000 84 b 13,3 b 0,49 a 3,33 a
Valor de F 219,6* 287,5** 139,4 ** 31,27**
DMS (5 %) 3,0 1,02 0,02 0,37
Alternativas
1 97 16,9 0,40 2,68
2 99 17,5 0,41 2,84
3 95 16,9 0,44 2,60
4 96 17,4 0,41 3,00
5 95 16,7 0,38 2,58
6 101 18,8 0,42 2,89
7 99 17,7 0,42 2,85
8 101 18,8 0,41 3,04
Valor de F 0,99 ns 1,30 ns 0,76 ns 0,42 ns
DMS (5 %) 24,12 3,23 0,08 1,18
Valor de F
(Interação)
2,06 ns 2,08 ns 0,93 ns 0,69 ns
C.V. % 7,33 11,58 12,67 26,55
Alternativas: 1-Dose 0; 2-Dose 0,40; 3-Dose 0,80, 4-Dose 1,2 L ha
-1
do herbicida cyhalofop butil, 5-Semeadura de braquiária a lanço aos 10 dias após a
emergência do arroz e 6-Semeadura de braquiária a lanço aos 20 dias após a emergência do arroz, 7- Semeadura de braquiária no sulco aos 20 dias após
a emergência do arroz, 8- Semeadura de braquiária no sulco aos 30 dias após a emergência do arroz.
Valores seguidos pelas mesmas letras não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
ns
não significativo pelo Teste F.
**
significativo a 1% de probabilidade segundo o Teste F.
*
significativo a 5% de probabilidade segundo o Teste F.
das características referentes ao desenvolvimento vegetativo
encontram-se apresentadas na Tabela 1. Para todas as
características vegetativas, ocorreu diferença entre os cultivares.
Não houve diferença entre as alternativas, não havendo também
interação signicativa entre os fatores para as variáveis estudadas.
O cultivar BRS Primavera apresentou maior altura de
plantas e de comprimento de entre nó (Tabela 1). Essa
diferença está ligada às características genéticas dos
cultivares. Em pesquisa realizada no Estado de Roraima
por Medeiros (2000), o cultivar BRS Primavera apresentou
altura variando de 100 a 120 cm, concordando com o
observado na presente pesquisa. Segundo este mesmo
autor, o cultivar BRS Primavera é tido como rústico,
sendo muito utilizado em áreas de abertura e em área já
trabalhada sob condições de mata, com baixa ou média
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DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO E QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
fertilidade. Quando cultivado em solos férteis, devem-se
utilizar baixas doses de fertilizantes, principalmente os
nitrogenados devido a sua sensibilidade ao acamamento.
O cultivar BEST 2000 é considerado de arquitetura
moderna (folhas eretas, porte baixo, grande capacidade de
perlhamento) e exige nível tecnológico alto (Agronorte,
2009).
Para o diâmetro de entre nó e índice de área foliar
(IAF), o BEST 2000 foi superior. Isto novamente reete
a diferença genética entre os materiais e mostra que a
sensibilidade do cultivar BRS Primavera ao acamamento
pode estar ligada ao seu diâmetro de colmo. Em geral,
plantas altas são mais propensas ao acamamento, que
também depende do diâmetro e resistência do colmo,
intensidade dos ventos e disponibilidade de água (Fonseca
et al., 2002). Yoshida (1981) relata que, devido ao fato de
o índice de área foliar ser uma propriedade muito variável,
é difícil denir um valor ótimo. Em diferentes localidades
e épocas, Pinheiro e Guimarães (1990), para o cultivar
IAC 47, relatam ampla variação de IAF (1,5 a 8,3 m
2
.m
-2
),
sendo que o máximo rendimento em grãos ocorreu com o
IAF entre 4,5 a 6,3 m
2
.m
-2
e valores muito baixos do IAF
(inferiores a 2,0), apesar de minimizarem o risco de perda
por deciência hídrica, restringem o potencial produtivo.
Os valores observados na pesquisa encontram-se dentro
da faixa considerada adequada, porém não ótima.
Ocorreram diferenças entre os cultivares para os testes
germinação, envelhecimento acelerado e condutividade
elétrica (Tabela 2). O cultivar BRS Primavera apresentou
melhor qualidade siológica de sementes produzidas.
Apesar da diferença existente entre as cultivares, nota-
se que ambos apresentam ótimo potencial germinativo,
uma vez que os mesmos apresentam germinação acima do
padrão mínimo exigido para comercialização no Estado de
Mato Grosso, o qual segue a recomendação do Ministério
da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que tem como
padrão para produção e comercialização de sementes de
arroz a Instrução Normativa nº 25 de 16 de dezembro de
2005, que determina germinação mínima de 80%.
A qualidade siológica e física das sementes de arroz
depende do cultivar, estágio de maturação, conteúdo de
umidade e danos mecânicos, que podem ocorrer durante a
colheita, secagem, beneciamento e mesmo no período de
armazenamento (Smiderle e Dias, 2008).
Com relação às alternativas de recuperação de
pastagem (Tabela 2), não ocorreu diferença signicativa
entre as mesmas somente no teste de primeira contagem.
A alternativa com maior percentual germinativo e
velocidade de germinação foi o tratamento 3 que recebeu
aplicação de 0,80 L ha
-1
de cyhalofop butil. No entanto,
ele foi superior no teste de germinação ao tratamento
6 (semeadura a lanço da forrageira após 20 dias da
emergência da cultura) e no envelhecimento acelerado ao
tratamento 4 (1,2 L ha
-1
do herbicida cyhalofop butil). Já
para o índice de velocidade de germinação ele foi superior
aos tratamentos 5 (semeadura a lanço da forrageira aos 10
dias após a emergência da cultura) e 6 (semeadura a lanço
da forrageira aos 20 dias após a emergência da cultura) e,
para a condutividade elétrica superior a todos os demais
tratamentos.
O desdobramento da interação entre cultivar e
alternativa para o teste de condutividade elétrica, encontra-
se apresentado na Tabela 3. Dentro do cultivar BRS
Primavera, não ocorreu diferença entre as alternativas. No
cultivar BEST 2000, o tratamento 3 (dose de 0,80 L ha
-1
de cyhalofop butil) foi a que proporcionou pior qualidade,
não diferindo do tratamento 6 (semeadura a lanço da
forrageira após 20 dias da emergência da cultura). Dentro
das alternativas de renovação, o cultivar BEST 2000
sempre apresentou pior qualidade, não diferindo do BRS
Primavera apenas nas alternativas com a não aplicação do
herbicida (tratamento 1) e nas alternativas com semeaduras
no sulco aos 20 e 30 dias após emergência da cultura
(tratamentos 7 e 8). O teste de condutividade elétrica,
baseado na integridade dos sistemas de membranas, é de
grande interesse na determinação do vigor das sementes,
em virtude de permitir que o processo de deterioração seja
detectado em sua fase inicial, possibilitando que os efeitos
na qualidade siológica das sementes sejam reduzidos ou
minimizados (Dias e Marcos Filho, 1995). A metodologia
do teste baseia-se no conceito de que, quando as sementes
são imersas em água, as de baixo vigor liberam quantidade
de eletrólitos na solução, reetindo a perda de integridade
das membranas celulares e consequentemente a perda de
vigor.
Na Tabela 4 encontra-se apresentado o desdobramento
da interação entre cultivares e alternativas de renovação
para o teste de envelhecimento acelerado. No cultivar BRS
Primavera não ocorreu diferença entre as alternativas.
Na avaliação das alternativas dentro do cultivar BEST
2000, verica-se que o tratamento 4 (dose maior do
herbicida (1,2 L ha
-1
)) que não diferiu do tratamento 1
(não aplicação de herbicida) foram os que proporcionaram
os piores resultados . Dentro das alternativas, somente
ocorreu diferença entre os cultivares no tratamento 4
(dose maior de herbicida (1,2 L ha
-1
)), onde o cultivar
14
M. A. C. CARVALHO et al.
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
TABELA 2. Valores de F, Coeficiente de Variação (C.V.) e Diferença Mínima Significativa (DMS) para os testes de
Condutividade Elétrica, Primeira Contagem, Índice e Velocidade de Germinação, Germinação e
Envelhecimento Acelerado, de cultivares de arroz submetidos a diferentes alternativas de recuperação
de pastagem.
Condutividade
Elétrica
(µS cm
-1
g
-1
)
Primeira
Contagem (%)
IVG
Germinação
(%)
Envelhecimento
Acelerado (%)
Cultivares
Primavera 39,73 b 23,56 7,23 93 a 86,18 a
BEST 2000 49,67 a 23,75 7,03 90 b 77,12 b
Valor de F 97,7** 0,00 ns 1,90 ns 2,48* 23,41**
DMS (5 %) 2,77 7,42 0,28 2,80 3,77
Alternativas*
1 41,45 b 30,00 7,25 ab 90 ab 77,00 ab
2 46,04 b 34,00 7,19 ab 95 a 79,25 ab
3 52,93 a 16,50 7,66 a 95 a 86,75 a
4 45,33 b 21,75 7,22 ab 94 ab 71,75 b
5 43,59 b 16,50 6,71 b 89 ab 81,25 ab
6 44,99 b 18,75 6,57 b 86 b 87,50 a
7 43,70 b 22,25 7,14 ab 91 ab 87,50 a
8 40,30 b 29,50 7,31 ab 92 ab 82,25 ab
Valor de F 7,14* 1,65 ns 2,93* 7,03* 4,49*
DMS (5 %) 6,49 23,45 0,90 8,83 11,90
Valor de F
(Interação)
8,59** 1,69 ns 2,16 ns 1,71 ns 5,63**
C.V. % 9,13 62,34 7,97 6,06 5,63
* Alternativas: 1-Dose 0; 2-Dose 0,40; 3-Dose 0,80, 4-Dose 1,2 L ha
-1
do herbicida cyhalofop butil, 5-Semeadura de braquiária a lanço aos 10 dias após a
emergência do arroz e 6-Semeadura de braquiária a lanço aos 20 dias após a emergência do arroz, 7- Semeadura de braquiária no sulco aos 20 dias após a
emergência do arroz, 8- Semeadura de braquiária no sulco aos 30 dias após a emergência do arroz.
Valores seguidos pelas mesmas letras não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
ns
não significativo pelo Teste F.
**
significativo a 1% de probabilidade segundo o Teste F.
*
significativo a 5% de probabilidade segundo o Teste F.
BRS Primavera apresentou melhor média. O teste de
envelhecimento acelerado consiste em avaliar a resposta
das sementes por meio de teste de germinação, após elas
terem sido submetidas à temperatura elevada e umidade
relativa do ar próxima a 100%, por determinado período
de exposição (Marcos Filho, 2005). Nessas condições de
estresse, sementes de menor qualidade deterioram-se mais
rapidamente do que as mais vigorosas, com reexos na
germinação após o período de envelhecimento acelerado
(Torres e Marcos Filho, 2001).
* Alternativas: 1-Dose 0; 2-Dose 0,40; 3-Dose 0,80, 4-Dose 1,2 L ha-1 do herbicida cyhalofop butil, 5-Semeadura de braquiária a lanço aos 10 dias após a
emergência do arroz e 6-Semeadura de braquiária a lanço aos 20 dias após a emergência do arroz, 7- Semeadura de braquiária no sulco aos 20 dias após a
emergência do arroz, 8- Semeadura de braquiária no sulco aos 30 dias após a emergência do arroz.
Valores seguidos pelas mesmas letras não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey.
ns não signicativo pelo Teste F.
** signicativo a 1% de probabilidade segundo o Teste F.
* signicativo a 5% de probabilidade segundo o Teste F.
15
DESENVOLVIMENTO VEGETATIVO E QUALIDADE DE SEMENTES DE ARROZ
Revista Brasileira de Sementes, vol. 31, nº 4, p.009-016, 2009
TABELA 3. Comportamento Teste de Condutividade
Elétrica (µS cm
-1
g
-1
) em função dos
cultivares e alternativas de recuperação de
pastagem.
Alternativas* Cultivares
BRS Primavera BEST 2000
1 57,25 a A 54,67 c A
2 54,97 a B 69,35 b A
3 58,15 a B 84,77 a A
4 51,77 a B 70,62 b A
5 48,22 a B 69,45 b A
6 48,37 a B 73,10 ab A
7 56,05 a A 59,95 bc A
8 54,30 a A 54,52 c A
* Alternativas: 1-Dose 0; 2-Dose 0,40; 3-Dose 0,80, 4-Dose 1,2 L ha
-1
do
herbicida cyhalofop butil, 5-Semeadura de braquiária lanço a aos 10 dias
após a emergência do arroz e 6-Semeadura de braquiária a lanço aos 20
dias após a emergência do arroz, 7- Semeadura de braquiária no sulco aos
20 dias após a emergência do arroz, 8- Semeadura de braquiária no sulco
aos 30 dias após a emergência do arroz.
Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na
linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
TABELA 4. Comportamento do Teste de
Envelhecimento Acelerado em
função dos cultivares e alternativas
de recuperação de pastagem.
Alternativas*
Cultivares
BRS
Primavera
BEST
2000
1 84,5 a A 69,5 ab A
2 86,5 a A 72,0 a A
3 90,0 a A 83,5 a A
4 89,0 a A 54,5 b B
5 78,5 a A 84,0 a A
6 88,5 a A 86,5 a A
7 86,5 a A 88,5 a A
8 86,0 a A 78,5 a A
Alternativas: 1-Dose 0; 2-Dose 0,40; 3-Dose 0,80, 4-Dose 1,2 L há
-1
do
herbicida cyhalofop butil, 5-Semeadura de braquiária a lanço aos 10 dias
após a emergência do arroz e 6-Semeadura de braquiária a lanço aos 20
dias após a emergência do arroz, 7- Semeadura de braquiária no sulco
aos 20 dias após a emergência do arroz, 8- Semeadura de braquiária no
sulco aos 30 dias após a emergência do arroz.
Médias seguidas de mesma letra, minúscula na coluna e maiúscula na
linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
CONCLUSÕES
Todas as alternativas de renovação de pastagem
estudadas são viáveis para a produção de sementes de arroz
com alta qualidade siológica.
A região de Alta Floresta-MT mostra-se apta para a
produção de sementes de arroz de terras altas.
As cultivares produzem sementes com qualidade acima
do padrão mínimo para a comercialização, com superioridade
da cultivar BRS Primavera.
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos a Fundação de Amparo a Pesquisa
do Estado de Mato Grosso – FAPEMAT, pelo apoio
nanceiro.
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