Este livro apresenta o modelo planetário para o átomo desenvolvido por Wilhelm Weber (1804-1891) na segunda metade do século XIX, antes do modelo de Bohr. Ele é baseado na força eletrodinâmica de Weber de 1846 que depende da distância entre as cargas que estão interagindo, da velocidade relativa entre elas, assim como da aceleração relativa entre elas. Weber mostrou que duas partículas eletrizadas com cargas de mesmo sinal, interagindo entre si, poderiam se comportar como se possuíssem massas inerciais negativas. Para que isto ocorresse elas teriam de estar aceleradas uma em relação à outra, além de estarem muito próximas, abaixo de uma certa distância crítica r_c. Quando esta condição era satisfeita, estas duas cargas de mesmo sinal iriam se atrair, em vez de se repelir como fazem usualmente. Ele previu então que os átomos poderiam ser compostos de partículas negativas descrevendo órbitas elípticas ao redor de um núcleo positivo, sendo atraídas pelo núcleo, enquanto que as partículas positivas compondo o núcleo também iriam se atrair devido às suas massas inerciais negativas. Enfatizamos aqui três aspectos notáveis de seu trabalho:
1) A previsão de Weber foi feita antes da descoberta do elétron (1897) e também antes das experiências de espalhamento de Rutherford (1911). Seu modelo também foi desenvolvido antes da descoberta das séries de Balmer (1897) e Paschen (1908) descrevendo as linhas espectrais de emissão de um átomo de hidrogênio. O modelo atômico de Bohr (1913), por outro lado, foi inventado de forma a ser compatível com estes dados experimentais. Enquanto o modelo de Bohr foi inventado com esta finalidade, o modelo de Weber representou uma previsão real de como os átomos deveriam ser compostos.
2) No modelo de Weber não são necessárias forças nucleares para estabilizar o núcleo eletrizado positivamente. Afinal de contas, as partículas positivas compondo o núcleo são mantidas unidas por forças puramente eletrodinâmicas. Na física moderna, por outro lado, os cientistas tiveram de postular a existência de forças nucleares já que não estavam mais cientes da existência da eletrodinâmica de Weber. Portanto, após ter sido estabelecida a existência de um núcleo atômico positivo, surgiu o problema de explicar a estabilidade deste núcleo já que havia a força repulsiva Coulombiana atuando entre suas partículas eletrizadas positivamente. Para explicar a estabilidade nuclear postularam então a existência de forças nucleares. Já com o modelo planetário de Weber temos uma unificação do eletromagnetismo com as forças nucleares, antes mesmo que estes dois ramos da física fossem separados. Mesmo a estabilidade do núcleo foi prevista e explicada apenas com a eletrodinâmica de Weber.
3) Quando Weber desenvolveu seu modelo entre as décadas de 1850 e 1870, o elétron e o pósitron ainda não eram conhecidos, já que estas partículas só foram descobertas em 1897 e 1932. Portanto, ele só conseguiu fazer cálculos algébricos qualitativos com relação ao valor de sua distância crítica r_c. Mas quando utilizamos, por exemplo, o valor conhecido atualmente da massa e da carga de dois pósitrons, calculando a distância crítica de Weber abaixo da qual estas duas partículas começam a se atrair, encontramos um número da ordem de grandeza de 10^{-15}m, ou seja, essencialmente o tamanho conhecido dos núcleos atômicos. Esta similaridade entre o valor de r_c de Weber para estas partículas fundamentais e o tamanho dos núcleos não deve ser uma coincidência. Acredito que a eletrodinâmica de Weber apresenta a essência da explicação correta não apenas da estabilidade nuclear, mas também uma justificativa para o tamanho medido destes núcleos.