A bibliometria se baseia em citações de documentos acadêmicos. Porém, fortes pressupostos são feitos sobre o propósito da citação. Em especial, na bibliometria, não há diferença se as citações são feitas em certas partes do artigo: elas serão contabilizadas e analisadas da mesma maneira. Questionamos esse pressuposto e propomos uma métrica para análise de citações que considera o contexto da citação. Para demonstrar a métrica proposta selecionamos a teoria dos stakeholders, com 11.570 referências de artigos coletados na Web of Science. Como resultados do estudo identificamos que nas seções de revisão de literatura as referências são mais antigas e nas seções introdução e discussão as referências são mais atuais. Adicionalmente, a frequência de citações entre as seções também é diferente, sendo a seção de revisão de literatura a que apresentou uma maior frequência de citações. Além disso, a distribuição predominante dos pesos dos artigos citados nas seções de revisão de literatura, metodologia e discussão é uma distribuição Weibull e na seção de introdução é uma distribuição Gamma. A métrica proposta pode ser estendida para outros métodos bibliométricos ou bibliográficos que se baseiem no pressuposto de invariância de contexto da citação, podendo ser empregada para uma melhor compreensão das análises bibliométricas. Palavras-chave: índice de citação, bibliometria, stakeholders, métodos de pesquisa, medidas de desempenho acadêmico. Introdução A bibliometria é um campo de estudo das áreas da biblioteconomia e da ciência da informação. Surge pela primeira vez em 1917 com o estudo da história da disciplina de anatomia (Okubo, 1997). Porém, apenas a partir de 1923 que começou a ser reconhecida e denominada pelo termo statistical bibliography (Hulme, 1923). No início ela tinha como objetivo principal a análise da produção da literatura científica por meio da contagem de documentos. Atualmente, denominada como bibliometria ou estudos bibliométricos, refere-se às aplicações de métodos matemáticos e estatísticos para analisar a dinâmica e evolução da pesquisa científica (Dorsch, 2019; Vanti, 2002; Tague-Sutcliffe, 1992; Pritchard, 1969). Um dos precedentes legais da bibliometria é o Índice de Citação (IC), que é uma lista ordenada de artigos citados, cada um dos quais é acompanhado por uma lista de artigos que cita (Garfield, 1964). É uma medida geral no nível de contribuição do indivíduo para a prática da ciência que tem sido utilizada como um dos critérios para identificar os principais trabalhos e autores no campo. É relevante para este tipo de avaliação, pois não necessita da cooperação de um respondente, assim não contamina o resultado (Bornmann & Daniel, 2008; Garfield, 1979). Permite reconhecer influências e uma das vantagens em utilizá-lo é o fato de ser claramente testável (MacRoberts & MacRoberts, 1996). Contudo, autores relatam que o IC tem fraquezas percebidas. Não considera a contagem de artigos por razões negativas, contagens de autocitações, influências não citadas, citação tendenciosa, fontes secundárias preferidas, influências informais não citadas, variação nas taxas de citação por disciplinas, áreas que tradicionalmente não são citadas, ignorância sobre a literatura, dados enviesados, problemas técnicos, nacionalidade, período, tipo de especialidade, e tamanho do público (MacRoberts & MacRoberts, 1996; Garfield, 1979). Também não pondera a frequência de menções no texto que cita (Zhao & Strotmann, 2015) e não revela informações sobre os motivos pelos quais um artigo foi citado (Thelwall, 2019).