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Rev Andal Med Deporte. 2013;6(2):85-89
Revista Andaluza de
Medicina del Deporte
Rev Andal Med Deporte. 2013;6(2):85-89
www.elsevier.es/ramd
Revista Andaluza de
Medicina del Deporte
Revista Andaluza de Medicina del Deporte
C
ENTRO
A
NDALUZ
DE
M
EDICINA
DEL
D
EPORTE
Volumen. 6 Número. 2 Junio 2013
Volumen. 6 Número. 2 Junio 2013
ISSN: 1888-7546
RAMD
Originales
Aerobic training and lipid prole of hypothyroid rats
Incidencia del ejercicio físico y el entrenamiento vibratorio sobre la amplitud
de movimiento de mujeres con bromialgia
Inuencia de la capacidad funcional sobre el perl lipídico, daño muscular y
perl biquímico en personas mayores no institucionalizadas
Estudio del crecimiento físico de escolares a moderada altitud usando el área
muscular del brazo por estatura y edad
Força muscular respiratória e pico de uxoexpiratório de pacientes com
bronquiectasia submetidos à reabilitaçãorespiratória
Revisión
Tecido adiposo, hormônios metabólicos e exercício físico
Artículo especial
Planejamento e monitoramento da carga de treinamento durante o período
competitivo no basquetebol
Indexada y Reconocida por: IME, IBECS
ABSTRACT
Planning and monitoring training loads during an in-season basketball period
This study aimed to examine the relationships between the difficulty of the matches (difficulty scheduled
at the beginning of the season [DBS] and the in-season match difficulty [DIS]) and the weekly internal
training load (ITL) in twelve professional male basketball players (25.3 ± 4.8 years, 97.6 ± 14.9 kg, and 195.8
± 10.2 cm) during a in-season period. DBS was determined before the commencement of the competitive
season, and DIS due to reassessing DBS on a weekly basis. ITL was determined by means of session-RPE
method. Significant correlations (p < 0.05) were verified between DBS and DIS (r = 0.86), DBS and ITL
(- 0.59), and DIS and ITL (- 0.65). The greater coefficient of relationship between DIS and ITL suggest a key
role of reassessing the difficulty of the matches on a weekly basis to provide appropriate information to
coaches regard planning and monitoring in-season training loads.
© 2013 Revista Andaluza de Medicina del Deporte.
Correspondência:
Prof. Dr. A. Moreira
E-mail: alemoreira@usp.br
Key words:
Session-RPE.
Basketball.
Sports training.
Internal training load.
Historia del artículo:
Recibido el 11 de febrero de 2013
Aceptado el 26 de marzo de 2013
Palabras clave:
Deportes colectivos.
Percepción subjetiva del esfuerzo. Planificación.
Entrenamiento.
Planificación y monitorización del entrenamiento durante un periodo de competición
de baloncesto
El estudio tuvo como objetivo examinar las correlaciones entre la dificultad de partidos (dificultad prevista
al principio de la temporada [DP] y la dificultad actualizada a cada partido [DA]) y la carga interna de en-
trenamiento en microciclo anterior al partido (CIT-A) de 12 jugadores profesionales de baloncesto (25,3 ±
4,8, masa corporal 97,6 ± 14,9 kg, altura de 195,8 ± 10,2 cm) durante una temporada de competición. CIT-A
se determinó por el método de la PSE del sesión. La relación entre DP, DA y CIT-A se analizó mediante el
coeficiente de correlación de Pearson. Se encontró fuerte correlación (r = 0,86) entre DA y PD (p <0,05), así
como entre la DP y CIT-A (r = -0,59) y DA y CIT-A (r = -0.65). El coeficiente más alto de correlación entre DA
y CIT-A sugiere que la dificultad prevista al comienzo de la temporada (DP) debe actualizarse durante la
temporada de competición, y por lo tanto puede proporcionar información valiosa para la planificación y
control de las cargas de entrenamiento en microciclos que preceden a los partidos oficiales.
© 2013 Revista Andaluza de Medicina del Deporte.
Artículo especial
Planejamento e monitoramento da carga de treinamento durante
o período competitivo no basquetebol
A. F. S. Arruda a, M. S. Aoki b, C. G. Freitas a, A. Coutts c e A. Moreira a
a Departamento de Esporte. Escola de Educação Física e Esporte. Universidade de São Paulo. São Paulo. Brasil.
b Grupo de Pesquisa em Adaptações Biológicas ao Exercício Físico. Escola de Artes, Ciências e Humanidades. Universidade de São Paulo. São Paulo. Brasil.
c School of Leisure, Tourism and Sport. University of Technology Sydney. Lindfield. Australia.
ARTÍCULO EN PORTUGUÉS
A. F. S. Arruda et al. / Rev Andal Med Deporte. 2013;6(2):85-8986
INTRODUÇÃO
Um dos principais desafios da periodização do treinamento esportivo é
promover o equilíbrio entre a carga de treinamento e recuperação, obje-
tivando o incremento do desempenho competitivo1. Com relação às ati-
vidades de endurance, notadamente aquelas que contemplam os espor-
tes caracterizados por movimento cíclicos e contínuos, o desempenho
competitivo parece estar intimamente determinado por uma relação do
tipo dose-resposta2. Entretanto, no esporte coletivo essa relação entre a
carga de treinamento e o desempenho competitivo ainda carece de elu-
cidação, principalmente, no que se refere à organização das cargas de
treinamento durante o período competitivo.
O período competitivo, para a grande maioria dos esportes coletivos,
apresenta elevada frequência de participação em jogos oficiais e longa
duração, dificultando a organização do treinamento, tanto no que se re-
fere à preparação física, quanto no que tange às sessões de treinamento
técnico e tático. Outra particularidade do período competitivo que me-
rece destaque é o fato das equipes se confrontarem com diferentes e
complexas situações que podem, por sua vez, influenciar o desempenho.
Entre estas situações destacam-se: o nível do adversário, o número de
dias de treinamento entre as partidas oficiais e o local no qual são reali-
zadas essas partidas (“em casa”, “fora de casa” ou “fora de casa com via-
gem longa”).
Considerando essas variáveis, Kelly e Coutts3 propuseram um siste-
ma de classificação do nível de dificuldade das partidas, que leva em
consideração o grau de dificuldade estimado para cada uma dessas par-
tidas, podendo assim, ser utilizado para planejar a carga de treinamento
do microciclo que precede a partida (microciclo pré-jogo). Segundo o
sistema proposto por Kelly & Coutts3, quando a próxima partida tem alta
pontuação (maior dificuldade), as cargas de treinamento do microciclo
que a precede, deveriam apresentar magnitude classificada como baixa
à moderada. Esse planejamento das cargas de treinamento poderia pro-
piciar uma adequada recuperação, favorecendo as adaptações fisiológi-
cas positivas, que em última instancia levaria ao aumento do desempe-
nho competitivo.
No que diz respeito às sessões de treinamento desenvolvidas ante-
riormente às partidas classificadas como de baixa dificuldade, estas de-
veriam ser utilizadas para o desenvolvimento das denominadas sessões
de desenvolvimento, ou seja, aquelas que têm como objetivo estimular
o aumento das capacidades condicionais, incluindo os treinamentos físi-
cos, técnicos e táticos, mediante a aplicação de estímulos severos; ou
seja, deveriam ser aplicadas cargas de magnitude moderada à alta.
No sistema proposto por Kelly e Coutts3, a utilização do método da
percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE da sessão; Foster4) tam-
bém é sugerido. O intuito da aplicação deste método é monitorar as car-
gas de treinamento ao longo do processo. Além de ser um método váli-
do5-8, não demanda custo adicional, podendo ser utilizado por
treinadores e técnicos no dia a dia do treinamento. Esse método consiste
em quantificar a carga interna de treinamento (CIT) através do produto
da duração total da sessão de treinamento (em minutos) pela percepção
do atleta em relação ao esforço global da sessão realizada9.
A partir do resultado da CIT de cada sessão, o técnico ou preparador
físico podem determinar se a carga está de acordo com o planejado5-8. A
partir dessa informação, estes profissionais podem realizar ajustes a
cada sessão de treinamento, podendo aumentar a magnitude dos estí-
mulos ou, ao contrário, incrementar tempo de recuperação.
Apesar da aparente utilidade do monitoramento do processo de trei-
namento e competição, através do sistema proposto por Kelly e Coutts3,
esse parece não ter sido alvo de investigação, notadamente, no que se
refere a sua aplicação em ambiente real de atletas de basquetebol. As-
sim, o presente estudo teve como objetivo verificar as relações entre a
dificuldade das partidas prevista no início da temporada (DP), a dificul-
dade atualizada das partidas (DA) e a carga interna de treinamento acu-
mulada em cada microciclo pré-jogo (CIT-A). Foi levantada a hipótese de
que haveria uma relação de moderada à alta entre a dificuldade prevista
no início do campeonato (DP) e a dificuldade atualizada a cada partida
(DA). Outra hipótese adicional é que poderia haver uma relação inversa
entre a dificuldade da partida (DP e DA) e a carga interna de treinamen-
to acumulada em cada microciclo pré-jogo (CIT-A), ou seja, a realização
de baixas cargas de treinamento nos microciclos pré-jogo que antece-
diam partidas classificadas como difíceis e cargas mais elevadas para
partidas definidas como fáceis.
MÉTODOS
Sujeitos
Foram avaliados 12 jogadores de basquetebol, profissionais, do sexo
masculino (idade: 25,3 ± 4,8; massa corporal 97,6 ± 14,9 kg; estatura
195,8 ± 10,2 cm) participantes de uma equipe da divisão A1 (divisão
principal) do Campeonato do Estado de São Paulo, Brasil. Todos os parti-
cipantes assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido,
aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da instituição de origem dos
pesquisadores (N.o 2008/21), após receberem todas as explicações sobre
os objetivos e procedimentos do estudo. Os jogadores estavam ampla-
mente familiarizados com o método da PSE da sessão, sendo este utili-
zado habitualmente pela comissão técnica da equipe investigada.
Cálculo da dificuldade das partidas
O estudo foi realizado durante a participação da equipe avaliada em uma
competição oficial organizada pela Federação Paulista de Basketball
(FPB). A equipe investigada disputou 14 jogos oficiais durante 12 sema-
nas de competição.
A fim de calcular a dificuldade de cada partida, três aspectos e seus
pressupostos foram considerados:
1) Nível do oponente – o grau de dificuldade do oponente é determi-
nante para a exigência física dos atletas durante a partida.
2) Dias entre partidas – este fator interfere significativamente na pro-
gramação dos treinos a serem realizados no microciclo, levando em con-
sideração a recuperação da última partida e a preparação para a seguin-
te.
3) Local – o local onde a partida será realizada interfere diretamente
no número de sessões que podem ser realizadas. Para cada um destes
fatores de influência, foi atribuída uma pontuação de acordo com a tabe-
la 1. A dificuldade de cada partida foi determinada pela soma da pontu-
ação atribuída a cada fator de influência.
A pontuação dos itens “Dias entre partidas” e “Local” foi realizada a
partir das datas e locais das partidas, divulgados pela federação respon-
sável pela organização do campeonato, tanto para a dificuldade prevista
(DP), quanto para a dificuldade atualizada (DA). A DA poderia variar, caso
houvesse mudanças de data e/ou local da partida ao longo do campeo-
nato.
Para o fator “Nível do adversário”, a dificuldade prevista no início do
campeonato (DP) foi realizada com base na expectativa de integrantes
A. F. S. Arruda et al. / Rev Andal Med Deporte. 2013;6(2):85-89 87
RESULTADOS
Na figura 1 são expostas a dificuldade prevista no início do campeonato
(DP) e a dificuldade atualizada a cada partida (DA). Foi detectada forte
correlação (r = 0,86; p = 0,001) entre a DP e a DA. Na figura 2 é possível
observar a dinâmica entre a dificuldade prevista (DP) e a revisão siste-
mática da dificuldade, atualizada ao longo da temporada (dificuldade
atualizada – DA), e a carga interna de treinamento acumulada a cada
microciclo pré-jogo (CIT-A). Correlações significantes foram verificadas
entre a DP e a CIT-A (r = – 0,59; grande; p = 0,026) e a DA e a CIT-A (r =
– 0,65; grande; p = 0,011).
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi investigar as relações entre a dificulda-
de prevista das partidas (DP e DA) e a carga interna de treinamento acu-
mulada em cada microciclo pré-jogo (CIT-A) durante um período com-
petitivo de 12 semanas (14 jogos) de uma equipe profissional de
basquetebol. A investigação teve como principais resultados: a) forte
correlação negativa entre a carga de treinamento e a DP; b) forte corre-
lação negativa entre a carga de treinamento e a DA, e c) forte correlação
positiva entre a DP e a DA.
No presente estudo número de dias entre os jogos foi maior do que
na proposta original. Essa maior disponibilidade de tempo pode possibi-
da comissão técnica em relação ao nível de cada adversário; para a difi-
culdade atualizada (DA), foi considerada a posição de cada oponente na
tabela de classificação imediatamente antes da realização de cada parti-
da.
Os três fatores de influência que fazem parte da proposta inicial de
Kelly e Coutt s3 sofreram adaptações quanto à pontuação, para atender
as especificidades do campeonato no qual a equipe investigada partici-
pou. Como o número de equipes participantes da competição no pre-
sente estudo era menor em relação à proposta original3, esse ajuste
fez-se necessário. Portanto, a maior adaptação realizada foi em relação
ao número de dias entre jogos; quando precedidos por microciclos
pré-jogo com mais de uma semana (8 ou mais dias), foi subtraída da
dificuldade da partida referente a uma pontuação média-baixa para
esta mesma tabela (3 pontos), já que com um maior intervalo entre os
jogos, existe uma maior disponibilidade de tempo para uma melhor
preparação e recuperação dos atletas até a realização da próxima par-
tida.
Percepção subjetiva de esforço da sessão
A carga interna de treinamento (CIT) foi quantificada através do cálculo
do produto da duração da sessão, em minutos, pelo score da PSE da ses-
são (CR-10), registrada 30 minutos após o término da sessão de treina-
mento, conforme procedimento proposto por Foster4. A CIT mensurada
é apresentada em unidades arbitrárias (UA)9.
Análise estatística
Inicialmente, verificou-se a normalidade dos dados através do teste de
Shapiro-Wilk. Os resultados são apresentados como média e desvio pa-
drão. Para a análise da relação entre a dificuldade prevista no início do
campeonato (DP) e a dificuldade atualizada (DA), assim como entre DP e
CIT-A, e DA e CIT-A, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson.
O nível de significância estabelecido foi de 5% (p < 0,05). Para analisar a
correlação entre as variáveis, foi utilizado o coeficiente de correlação de
Pearson. Foi considerado entre 0 e 0,1 = trivial; entre 0,1 e 0,3 = pequena;
entre 0,3 e 0,5 = moderada; entre 0,5 e 0,7 = grande; entre 0,7 e 0,9 =
muito grande e entre 0,9 e 1 = quase perfeito10.
Tabela 1
Pontuação para os fatores de influência da dificuldade dos jogos
Nível do adversário Pontuação
110
2 9
3 8
4 7
5 6
6 5
7 4
8 3
Dias entre jogos Pontuação
2 7
3 6
4 5
5 3
6 2
7 1
≥ 8 –3
Localização Pontuação
Casa 1
Fora 2
Viagem 3
20
15
10
5
01234567
Jogo
DP
DA
8910 11 12 13 14
Pontuaçao
Fig. 1. Comparativo entre a dificuldade prevista no início do campeonato (DP)
e a dificuldade atualizada a cada jogo (DA).
20
15
10
5
0
8000
6000
4000
2000
0
1234567
Jogo
8910 11 12 13 14
Pontuaçao
Unidades Arbitrárias (UA)
DP DA CIT- A
Fig. 2. Gráfico da dinâmica da dificuldade dos jogos (prevista e atualizada) e
sua relação com a carga interna acumulada.
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litar uma melhor preparação e recuperação dos atletas até a realização
da próxima partida. Portanto, o maior intervalo entre a realização das
partidas poderia ser utilizado para intensificar as cargas de treinamento
e, conseqüentemente, maximizar o desempenho, pois haveria maior
tempo para a recuperação dos atletas dentro desse microciclo pré-jogo.
Essa manipulação é baseada em constatações como a realizada por
Manzi et al.7. Estes autores mostram que a carga de treinamento em uma
semana sem partidas é maior em relação às semanas em que as partidas
estão presentes. Ainda segundo os autores7, isso ocorre por haver redu-
ção da carga de treinamento com a aproximação de partidas oficiais.
Essa estratégia também faz parte do sistema proposto por Kelly e
Coutts3, que sugere o emprego de cargas de treinamento elevadas quan-
do a dificuldade da partida seguinte for considerada menor. Já em um
microciclo que antecede um jogo classificado como difícil, a carga deve
ser reduzida, para que os atletas estejam com o menor nível de fadiga
residual possível e, portanto, em melhores condições de jogo3.
O monitoramento das cargas de treinamento foi realizado através da
percepção subjetiva de esforço da sessão (PSE da sessão)4. Este método
tem sido amplamente utilizado na literatura em diversas modalida-
des2,6,7,11,12. Estudos recentes com atletas de diferentes modalidades es-
portivas têm mostrado associações entre a carga interna de treinamento
e outras respostas decorrentes do processo de treinamento, como res-
postas imuno-endócrinas8,13, episódios de infecções do trato respiratório
superior e capacidade de tolerância ao estresse14,15.
Apesar da validade e utilidade da aplicação do método da PSE da ses-
são para o monitoramento da carga de treinamento6-8,11-13, é importante
destacar que outros parâmetros tem sido utilizados para avaliar a carga
interna, por exemplo, o perfil hormonal (cortisol, testosterona, GH etc.),
a concentração de metabólitos (lactato e amônia) o comportamento da
frequência cardíaca (FC)16, através de monitores de FC, ou ainda, a carga
externa através de GPS (Global Positioning Satellite) e acelerômetros17,18 .
Embora estes métodos possam fornecer informações detalhadas sobre o
estresse de treinamento dos atletas, e, portanto a ausência de métodos
adicionais de determinação da carga de treinamento (interna ou exter-
na) no presente estudo possa ser considerada como uma possível limi-
tação, eles têm vários fatores limitantes que impossibilitam a ampla
utilização, pois podem demandar um alto custo, um determinado nível
de expertise para a operacionalização, e ainda, a análise dos dados pode
ser extremamente demorada e, portanto, pouco útil para um controle
real e efetivo na prática esportiva.
Interessantemente, no presente estudo, a CIT-A dos microciclos pré-
-jogo apresentou forte correlação negativa tanto com a DP como com a
DA durante o período competitivo (- 0,59 e – 0,65, respectivamente).
Esta relação negativa indica que nos microciclos que precediam partidas
com baixa dificuldade, a carga acumulada foi elevada, por outro lado,
nos microciclos que precediam partidas classificadas como mais difíceis,
as cargas acumuladas apresentaram menor magnitude. Esses achados
reforçam a utilidade e confiabilidade do sistema proposto por Kelly e
Coutts3. Os resultados verificados no presente estudo sustentam a pro-
posta dos autores e indicam que esse instrumento pode ser utilizado por
treinadores e preparadores físicos, a fim de incrementar a precisão do
planejamento e monitoramento do processo de preparação, particular-
mente, durante a etapa competitiva.
Os achados do presente estudo indicam que houve pouca variação
entre a dificuldade prevista no início da temporada (DP) e a dificuldade
atualizada jogo-a-jogo (DA); tal fato é demonstrado pela correlação
muito grande entre DP e DA (0,86) (fig. 1). Esse resultado, possivelmente,
pode ser explicado pelo conhecimento dos adversários por parte da co-
missão técnica. Diante disto, é razoável admitir que a confiabilidade da
utilização deste sistema, proposto para o monitoramento, dependa, em
parte, do bom conhecimento dos adversários por parte dos integrantes
da comissão técnica. Esse conhecimento, por sua vez, é fundamental na
direção do processo de preparação e constitui-se em uma tarefa essen-
cial no esporte moderno. Assim, é possível afirmar que com o conheci-
mento do potencial dos atletas de cada equipe adversária e, da equipe de
modo geral, é viável fazer uma boa estimativa da classificação/desempe-
nho das equipes no decorrer da temporada (no basquetebol) e, assim,
organizar apropriadamente uma periodização de treinamento eficaz.
Apesar da forte correlação entre a DA e a DP (0,86), a correlação entre
a DA e a CIT-A (– 0,65) foi maior e mais forte do que a correlação entre a
DP e a CIT-A (- 0,59). Esses resultados sugerem que a atualização do mo-
delo é essencial e tem papel fundamental na diminuição dos riscos de
subestimar ou superestimar a dificuldade de determinadas partidas e,
em consequência, prejudicar uma mais eficiente organização dos estí-
mulos de treinamento no microciclo.
Durante a temporada, pode haver modificações no nível das equipes
adversárias, tanto em função do próprio desenvolvimento destas duran-
te a etapa competitiva, quanto, por exemplo, pela contratação de novos
jogadores; ou ainda, uma diminuição do nível, para aquelas equipes que
perdem atletas por fim de contrato, suspensão ou lesão.
Esse cenário reforça a validade da proposta de Kelly e Coutts3, suge-
rindo uma apropriada sensibilidade e utilidade do modelo, o que o torna
bastante útil na prática para o planejamento das cargas de treinamento
dos microciclos pré-jogo, levando em conta a dificuldade que será en-
contrada a cada partida durante o período competitivo.
Em conclusão, o modelo utilizado nesse estudo, adaptado do propos-
to por Kelly e Coutts3, pode ser considerado uma ferramenta prática e
acessível, podendo auxiliar na periodização das cargas de treinamento,
particularmente no decorrer da temporada competitiva. Os resultados
dessa investigação permitem afirmar a utilidade do modelo, contribuin-
do com importantes informações que, por sua vez, auxiliam na distribui-
ção apropriada das cargas de treinamento nos microciclos que antece-
dem as partidas oficiais.
A elaboração apropriada do conteúdo e magnitude das cargas de trei-
namento no microciclo depende em grande parte do conhecimento da
“dificuldade do jogo”. Nesse sentido, é possível, por exemplo, intensifi-
car as cargas de treinamento, com o objetivo de propiciar estímulos fi-
siológicos adequados para o desenvolvimento dos atletas, precedendo
um jogo considerado como “fácil”. Por outro lado, um maior número de
sessões de treinamento com cargas leves, dias de recuperação e treina-
mento técnico/tático de baixa intensidade poderia ser realizado em um
microciclo que antecede uma partida considerada mais difícil.
Vale lembrar que o monitoramento das cargas de treinamento atra-
vés do método da PSE da sessão também se faz importante para o mo-
delo, uma vez que esse método avalia o resultado global do esforço rea-
lizado pelo atleta, tanto em treinos físicos quanto em sessões de
treinamento técnico e tático. A utilização do modelo de cálculo da difi-
culdade da partida fornece informações adicionais que podem auxiliar
técnicos e preparadores físicos na estruturação, planejamento e monito-
ramento das cargas de treinamento no período competitivo.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos aos atletas e participantes da comissão técnica (Fernando
Marques da Costa – in memoriam –, Julio Malfi e Marcel de Souza) envol-
vidos neste estudo.
A. F. S. Arruda et al. / Rev Andal Med Deporte. 2013;6(2):85-89 89
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RESUMO
O estudo teve como objetivo examinar as correlações entre a dificuldade das
partidas (dificuldade prevista no início da temporada [DP] e a dificuldade atua-
lizada jogo-a-jogo [DA]) e a carga interna de treinamento acumulada no micro-
ciclo que precede uma partida (CIT-A) em 12 jogadores profissionais de bas-
quetebol (25,3 ± 4,8; massa corporal 97,6 ± 14,9 kg; estatura 195,8 ± 10,2 cm)
durante uma temporada competitiva. A CIT-A foi determinada através do méto-
do da PSE da sessão. As relações entre DP, DA e CIT-A foram analisadas através
do coeficiente de correlação de Pearson. Foi detectada forte correlação (r =
0,86) entre a DA e a DP (p < 0,05), assim como entre a DP e CIT-A (r = –0,59) e
DA e CIT-A (r = –0,65). O maior coeficiente de correlação entre DA e CIT-A suge-
re que a dificuldade prevista no início da temporada (DP) deve ser atualizada
durante a temporada competitiva, podendo, assim, fornecer informações valio-
sas para o planejamento e monitoramento das cargas de treinamento nos mi-
crociclos que antecedem as partidas oficiais.
Palavras-chave:
PSE da sessão.
Basquetebol.
Treinamento esportivo.
Carga interna de treinamento.
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