O intenso processo de urbanização, principalmente em países em desenvolvimento, como o Brasil, tem provocado a expansão e o adensamento da ocupação do solo, inclusive em áreas ambientalmente frágeis, gerando impermeabilização crescente das áreas urbanas. De acordo com Righetto et al. (2017), esta impermeabilização é resultante da combinação entre o uso desordenado e a incapacidade de suporte do meio, sucedendo nos eventos de inundação. Segundo Rosa e Victorio (2018), as primeiras etapas da ocupação urbana, em território nacional, demonstram a sucessão do desenvolvimento embasado em condições desiguais, no acesso ao espaço e a moradias adequadas; que é representado, atualmente, por meio da existência de assentamentos precários. Nos assentamentos precários, em detrimento do desenvolvimento síncrono das melhorias de infraestrutura com o crescimento destes, existem falhas na efetividade do planejamento, assim a rede de drenagem não é capaz de acompanhar a sua expansão informal. O que por sua vez, sucede na incapacidade desta rede em atender à demanda da sua população e inviabiliza a garantia de preservação ambiental, tornando-os mais vulneráveis às inundações. Tais fenômenos vêm sendo amplamente discutidos e reconhecidos como uma das questões científicas prioritárias nas discussões ambientais (Bai et al., 2019). As inundações se constituem como ameaças aos assentamentos precários, causando impactos ao ambiente e à saúde pública, para tanto devem ser tratadas com uma gestão eficiente, sobretudo em áreas com maior vulnerabilidade mediante as dificuldades e ineficiência das políticas públicas em atender a esse contingente populacional. Assim, surge a necessidade de compreender como a forma de ocupação do espaço interfere na intercorrência de inundação, e de incorporar os estudos da morfologia urbana no planejamento dos sistemas de drenagem, para que as águas urbanas superficiais sejam escoadas em tempo hábil (Cui et al., 2019). Na literatura são encontrados alguns estudos que investigaram o modo como os fenômenos urbanos são influenciados pela morfologia, como no desenvolvimento urbano sustentável (Barau et al., 2015; Dadashpoor et al., 2019). Estes verificam que os padrões espaciais, os tipos de cobertura, as formas de ruas, a distribuição dos espaços livres, interferem na garantia e previsões de cenários que assegurem um desenvolvimento pautado na natureza.